Janeiro

Marcelo todo o terreno

O ano começou na estrada. A campanha presidencial fez Marcelo Rebelo de Sousa percorrer o país de lés a lés, encarando o frio que só ele detesta. De sandes e sumol sempre prontos no carro, foi a campanha minimalista — sem apoios partidários e com a comitiva mais pequena de que há memória — que o levou a Belém.

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LUSA

Janeiro

Regra número um: não perder Marcelo de vista

O mote foi dado na campanha mas serviria de lição para o resto dos 12 meses do ano: Marcelo candidato – assim como Marcelo Presidente -, é de tal forma imprevisível que o melhor é mesmo não o perder de vista. Haverá sempre um bom momento, um bom soundbite ou, melhor ainda, um bom recado a parceiros ou adversários.

EPA

Janeiro

Os afetos, sempre os afetos. E um Presidente na rua

Selfies, beijinhos a idosas, abraços, mais beijinhos, engraxar sapatos no meio da rua, pentear senhoras num cabeleireiro. No fundo o truque é espalhar afetos. Foi assim na campanha, mas não foi assim só para amealhar votos. Marcelo manteve o registo de Presidente do povo até ao último dia do ano.

LUSA

Janeiro

Entre visitas a lares, sanitas e feiras de enchidos

No mês da rota eleitoral, a socialista Maria de Belém destacava-se pela campanha murcha que fazia. Ora visitava lares de idosos, ora se deixava fotografar entre morcelas e farinheiras, ora visitava empresas como a Valadares que, sim, produz loiças sanitárias. Acabou por ser a derrotada da noite eleitoral.

EPA

Janeiro

Morre Almeida Santos, campanha eleitoral suspensa

A 19 de janeiro morre o socialista Almeida Santos, ex-presidente da Assembleia da República e presidente honorário do PS. Um dia antes de morrer tinha estado num almoço de campanha a demonstrar apoio à candidata Maria de Belém. A campanha seria suspensa durante um dia.

LUSA

Janeiro

Comício vazio, derrota anunciada

O comício de 22 janeiro na antiga FIL, em Lisboa, a dois dias da ida às urnas, foi o prenúncio da morte anunciada. A máquina da campanha ainda tentou atrasar o evento algumas horas mas nada feito: o que ficou foi a imagem de uma sala às moscas. Maria de Belém ficou em quarto lugar, com apenas 4,24%.

LUSA

Janeiro

SNAP: as aulas, a bola e um 15-0

Foi o candidato revelação mas o título não lhe serviria de muito. Não era apoiado pelo PS, mas tinha todo o PS na estrada consigo. Fez uma boa campanha eleitoral, mas Sampaio da Nóvoa, antigo reitor da Universidade de Lisboa, jogador de futebol nos tempos livres, conseguiria apenas 22,88% dos votos.

Pedro Correia

Janeiro

Marisa Matias, a “engraçadinha” que chegou ao pódio

Marisa Matias foi a candidata presidencial do Bloco de Esquerda e cantou vitória quando viu o seu nome aparecer no pódio, em terceiro lugar (com 10,12%). Lutou por uma segunda volta para impedir a eleição do “candidato da direita”, mas nada feito. Foi a segunda boa eleição do BE, depois das legislativas.

Diana Quintela

Janeiro

PCP podia ter sido mais “engraçadinho”? Poder podia mas não era a mesma coisa

Edgar Silva, o candidato do PCP às presidenciais, espalhou charme durante a campanha, mas no final do dia o resultado ficaria “aquém das expectativas”, como reconheceu Jerónimo. Numa boca ao BE, ainda ousou dizer que podia ter “arranjado uma candidata mais engraçadinha”. Mas mudar não é com o PCP.

Leonardo Negrão

Janeiro

Tino de Rãs, uma aparição de janeiro

Apareceu para a campanha eleitoral e desapareceu depois da noite eleitoral. Vitorino Silva, o calceteiro da freguesia de Rãs conhecido por Tino de Rãs, conseguiu 3,28% dos votos — pouco menos do que Edgar Silva e Maria de Belém. Mas ficou contente pela vitória de Marcelo: “O povo gosta de si”, disse.

Gustavo Bom / Global Imagens

24 janeiro

A eleição

O antigo professor de Direito escolheu precisamente a Faculdade de Direito para receber os jornalistas e apoiantes na noite eleitoral. 24 de janeiro foi o dia da eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República (com 52% dos votos). Desde o primeiro dia prometeu ser um Presidente próximo das pessoas.

LUSA

28 janeiro

O primeiro dia do resto das vidas deles

Depois da eleição, começaram os contactos oficiais. O primeiro-ministro António Costa recebeu o Presidente eleito em São Bento, para um jantar resguardado. Na altura não fizeram declarações aos jornalistas mas deixaram-se fotografar (muito). Foi o primeiro de muitos encontros numa coabitação pacífica.

Filipe Amorim

28 janeiro

O último adeus

No mesmo dia em que foi a São Bento, Marcelo também esteve em Belém, para receber o testemunho do Presidente em funções. “Senhor Presidente eleito, bem-vindo a esta casa que em breve será sua”, disse Cavaco, queixando-se depois da “ditadura dos fotógrafos” que os obrigaram a posar. Marcelo pouco se importou.

Paulo Spranger /Global Imagens

Fevereiro

O primeiro orçamento da “geringonça”

2016 foi ano de orçamentos do Estado. Não houve um, como é costume, mas sim dois. Em fevereiro foi concertado o primeiro orçamento da “geringonça”: reverteu os cortes salariais na função pública e iniciou a eliminação parcial da sobretaxa de IRS. Centeno explica Orçamento na sede das Finanças.

Fevereiro

“Best Friends Forever”: check

Ano de orçamentos foi também ano de fortalecer relações à esquerda: os anunciados best friends forever viriam mesmo a ser “amigos” de verdade. Ao contrário do que muitos esperavam, Costa, Catarina, Jerónimo e Heloísa entenderam-se em tudo o que foi necessário e nenhum roeu a corda.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A dança das cadeiras e um novo posto, do lado de lá do hemiciclo

2016 foi o ano em que Pedro Passos Coelho teve de se adaptar a um novo posto, o de líder da oposição. Começou bem, mas a tarefa é árdua e para o fim do ano as críticas que começaram em surdina já se tornaram mais audíveis. Senta-se sempre na primeira fila, mas é quase sempre Luís Montenegro que lidera a bancada.

Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Março

Juro cumprir a Constituição

9 de março: tomada de posse do Presidente da República. Depois do juramento, Marcelo cumprimentou Ferro Rodrigues com um abraço e tentou fazer o mesmo com Cavaco, mas o que seria um abraço ficou reduzido a um aperto de mão bem apertado. No final, BE e PCP não aplaudiram.

Leonardo Negrão/Global Imagens

Março

Primeira visita, primeiro banho de multidão

Primeira visita de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto Presidente da República empossado foi ao Porto, a 11 de março, e foi reveladora do que seria o seu mandato: começou logo a furar o protocolo e mergulhou num banho de multidão.

Artur Machado

Março

“God made her this day”: Cristas segue-se a Portas

Congresso do CDS foi o primeiro do ano e foi o único onde houve mudança de líder. Depois de um vai-não-vai de Nuno Melo, foi Assunção Cristas quem levou a melhor e, em março, o partido uniu-se para a eleger (só com uma lista adversária ao Conselho Nacional). Eleição foi ao som de “Changes”.

Março

“E pronto, finito”. 16 anos depois, as lágrimas de Portas

Anunciou a saída da liderança do CDS em dezembro de 2015, mas só em março, no congresso, saiu oficialmente. Na hora da despedida emocionou-se. “E pronto, finito”. Decidiu “mudar radicalmente de vida” e fazer “sete coisas ao mesmo tempo”. Entre a Mota Engil, a Pemex e a Câmara do Comércio, não lhe falta trabalho.

ESTELA SILVA/EPA

Abril

Passos relegitimado, resta saber até quando

A partir de abril seguiram-se os congressos. Passos, o vencedor vencido das eleições, tinha sido reeleito em diretas com 95% dos votos e foi relegitimado no congresso de Espinho. Disse que “quem não muda morre” e que “não tem pressa”, mas em surdina foi acusado de fraca renovação. Estará a prazo?

Abril

Maria Luís, uma escolha de Passos e de mais ninguém

Foi a escolha pessoal do líder mais criticada, ainda que em surdina. Passos promoveu a ex-ministra das Finanças a vice do partido, assim como Teresa Morais e Sofia Galvão. Marques Mendes viria (muito) mais tarde a apelidar a dupla Maria Luís/Passos de “o clube dos amigos”, numa crítica ao isolamento do líder.

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

Abril

Keep cool que o enfant terrible está de volta (ou não)

Santana Lopes protagonizou o momento mais alto do congresso quando subiu ao palco para manter o tabu das autárquicas. “Keep cool”, disse. Durante meses manteve acesa a possibilidade de se candidatar à câmara de Lisboa. Só em dezembro disse que não. E deixou o PSD e a distrital de Lisboa com um berbicacho em mãos..

Pedro Correia
/ Global Imagens

Maio

Bloco de Esquerda em bicos de pés

Poucos dias depois do congresso do PSD deu-se a convenção do Bloco de Esquerda, no início de maio. Catarina Martins subiu a um banco para fazer uma declaração de guerra (se houvesse sanções da UE, pedia referendo) e para deixar um caderno de encargos a Costa para o OE 2017.

FÁBIO PINTO / OBSERVADOR

Maio

Bloco unido jamais será vencido

Desta vez, o Bloco de Esquerda apareceu unido, com a tendência liderada por Pedro Filipe Soares (derrotada na convenção de há dois anos) a alinhar com a direção de Catarina Martins. Foi o primeiro congresso do pós-geringonça e foi só preciso lidar com a moção R, que queria mais autonomia e mais avanços face ao PS.

FÁBIO PINTO / OBSERVADOR

Maio

Sócrates com Costa no túnel que já foi de Passos

Em maio, um momento desconfortável: José Sócrates marcou presença na inauguração do Túnel do Marão, obra iniciada no seu governo em 2009, parada em 2011, resgatada em 2014 pelo Governo de Passos/Portas e inaugurada por Costa. A presença de Sócrates ofuscou, mas não há fotos dos dois a registar o momento.

ESTELA SILVA/LUSA

Junho

O adeus ao Parlamento

No início de junho Paulo Portas fez a sua última intervenção na Assembleia da República. Foram mais de 20 anos de política ativa e todos lhe reconheceram o dom “inovador” da oratória. Saiu pela porta da frente, com aplausos e, garante, sem inimigos. “Tanto quanto tenho consciência, não deixo inimigos, nem os fiz”.

Gustavo Bom / Global Imagens

Junho

Costa, o irritante optimista, sem oposição interna

Continuam os congressos. Em junho foi a vez do PS se reunir em Lisboa, no primeiro encontro depois da viragem à esquerda. António Costa saiu da FIL com a liderança confirmada, com um discurso europeísta (mas menos que o costume) com a garantia de que o país sairia da “desgraça”. Quase sem ruído de fundo….

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Junho

Assis, o último crítico

Quase. Francisco Assis, que há dois anos tinha acusado o partido de o querer silenciar, verbalizou perante os congressistas o que já se sabia que pensava: “Tenho uma opinião muito crítica em relação à forma como o partido tem vindo a ser conduzido”. Mas o barulho não ecoou para lá das paredes da FIL.

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

10 de Junho

We’ll always have Paris, António….

Marcelo e Costa foram comemorar o 10 de junho a Paris — e fizeram-no num autêntico clima de lua de mel. A coabitação perfeita entre PR e PM de partidos opostos. Jantaram a sós, andaram juntos no carro e voaram no mesmo avião. Quando choveu, foi Costa quem socorreu o Presidente, com um chapéu da Fidelidade.

Junho

Marcelfies: com Costa e com todo o mundo

Da ida a Paris ficou para a história a fotografia, captada pela lente dos fotógrafos oficiais do primeiro-ministro, em que PR e PM, em mais um momento de afeto e coabitação perfeita, tiram uma selfie. Por esta altura o primeiro orçamento da geringonça já estava aprovado e não havia obstáculos de maior…

Junho

A vistoria semanal

A reunião das quintas-feiras entre PR e PM sempre existiu mas Marcelo não abdica delas. Este ano chegou a “obrigar” Costa a deslocar-se a Évora, quando Marcelo estava no seu primeiro “Portugal Próximo”, e em junho reuniram-se no Porto, na Casa de Serralves.

JOSÉ COELHO/LUSA

Julho

Os campeões voltaram

11 de julho: Fernando Santos tinha dito que só voltaria a Portugal naquele dia e assim foi. Depois de vencer a taça de campeões europeus, a seleção nacional de futebol foi recebida em Belém pelo Presidente da República, Presidente da AR, PM e delegações de todos os partidos. Só o avião de Passos não chegou a tempo

Julho

Mário Soares, a homenagem

Foi a penúltima vez que apareceu em público. Antes de ser hospitalizado, Mário Soares tinha marcado presença, em setembro, num evento de homenagem à mulher, Maria Barroso, na Cruz Vermelha Portuguesa. Em julho foi o centro das atenções numa homenagem aos 40 anos do 1º governo constitucional chefiado por si.

António Pedro Santos

Agosto

Um verão aquecido pela Galp

Agosto podia ter sido um mês pacato não fosse ter rebentado o Galpgate, com o secretário de Estado do fisco, Rocha Andrade, no centro da polémica: governantes foram ao Euro de futebol em viagens pagas pela Galp. Acontece que a Galp tem um diferendo fiscal com o Estado no valor de 100 milhões de euros.

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Setembro

Com o vento de Lisboa colado à pele

Em setembro, Assunção Cristas escolheu o comício de rentrée para anunciar a candidatura à Câmara de Lisboa nas autárquicas de 2017. Fê-lo em Oliveira do Bairro, não em Lisboa, mas ainda assim garantiu que tinha “o vento de Lisboa colado à pele e a água do Tejo no fundo da alma”.

PAULO NOVAIS/LUSA

Outubro

Guterres, o melhor de todos nós

A 5 de outubro voltou o feriado da implantação da República mas este ano ficou para a história por outro motivo: foi quando se soube António Guterres iria vencer a nomeação de secretário-geral da ONU. A aclamação formal foi a 13 de outubro e o juramento (na foto) a 12 de dezembro. Entra em funções a 1 de janeiro.

Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Novembro

Esquerda de pé, direita sentada

O momento em que o Orçamento do Estado para 2017 foi votado e aprovado, na Assembleia da República, em novembro ficou registado numa fotografia recorrente este ano: os partidos da esquerda de pé, a votar a favor, e os da direita sentados, a votar contra. Geringonça passava no seu segundo teste de vida.

TIAGO PETINGA/LUSA

Para a esquerda, para a esquerda!…

Este foi o ano em que o hemiciclo da Assembleia da República mais se polarizou. Com os partidos da esquerda a apoiarem o Governo numa solução inédita, as diferenças ideológicas acentuaram-se e as tensões agudizaram-se como há muito não se via.

Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

Novembro

Ups, a gafe de Marcelo perante a rainha

Marcelo visitou Londres e esteve com a rainha no Palácio de Buckingham. Cumprimentou-a e, durante breves minutos, contou-lhe que tinha estado presente nas duas visitas de Isabel II a Portugal — uma delas quando Marcelo era criança, e a outra quando era líder da oposição. Bem, não foi bem assim… mas não faz mal.

Getty Images

Dezembro

PCP adia a sucessão

Durante grande parte do ano a dúvida existia: é desta que Jerónimo sai ou não? Não foi. Em dezembro, PCP reuniu o primeiro congresso pós-geringonça e correu tudo sobre rodas.Críticos? Quais críticos? Durante três dias, não se ouviu uma única crítica em Almada à forma como Jerónimo de Sousa tem conduzido o partido.

MICHAEL M. MATIAS/ OBSERVADOR

Dezembro

Uma carvalhesa anti-europeísta

Carlos Carvalhas não faz parte da oposição interna (longe disso, aliás, oposição interna é coisa que não se vê no PCP), mas foi o ex-líder comunista quem levou mais longe as críticas à União Europeia no congresso comunista. Nas entrelinhas, uma crítica à aproximação ao PS europeísta e fiel aos compromissos.

TIAGO PETINGA/LUSA

25 dezembro

Uma mensagem de Natal diferente

O primeiro-ministro gravou a mensagem de Natal no Jardim de Infância do Lumiar. Disse que a prioridade para 2017 era a educação, porque esse é o “maior e verdadeiro défice”. O outro défice ficará orgulhosamente abaixo dos 2,5% e o ano de Costa fecha com “chave de ouro”: acordo para atualização do salário mínimo.

Joao Relvas/LUSA