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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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A criadora, Manuela, no apoio à criação, Rangel, ataca "desagregação" no país de Costa

Ex-líder do PSD, a criadora do Rangel europeu, fez críticas ao governo de António Costa que acusa de desagregar o país com falta de investimento à boleia do Eurogrupo de Centeno.

Manuela Ferreira Leite já foi acusada de defender mais António Costa do que o PSD, com elogios mútuos. Mas desta vez está em causa a sua criação e, por isso, foi até Ansião apoiar Paulo Rangel. Contra todas as expectativas, foi Ferreira Leite quem escolheu Rangel para líder parlamentar e logo depois como cabeça de lista em 2009 às Europeias. Foi ela quem criou o Rangel da Europa há dez anos. Agora sai em sua defesa, ao considerar “lastimável” que António Costa desconheça o trabalho de eurodeputados, como Paulo Rangel, mas saiba bem quem é o presidente do Eurogrupo, que é neste momento “um dos pontos mais frágeis e mais perigosos na política e no crescimento” do país.

Na sala houve quem temesse o pior quando Ferreira Leite começou o discurso a dizer que, da lista, só ia destacar Rangel por “razões hierárquicas” e que dispensava os elogios, pois “já todos o conhecem“. Mas ainda emendaria a mão, referindo-se a uma “lista de luxo” e lembrando a estima e amizade que tem por Rangel. Depois, como tinha feito Passos na segunda-feira, denunciou que “tudo aquilo que neste momento se passa no Eurogrupo, a que o nosso ministro das Finanças preside, significa que a política que está a ser seguida só tem motivos para ser reforçada”. A ex-líder do PSD denuncia falta de investimento e deterioração dos serviços públicos, que considera estarem relacionados: “Não teremos nenhuma dúvida que este tipo de investimento que está a ser feito não chega para recuperar o desinvestimento anterior, está a levar o país à desagregação“.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Ferreira Leite não apontou que serviços estavam a falhar: “Não vou falar do que está à vista de todos“. Mas disse que o governo não o podia esconder: “É muito difícil escamotear e encobrir o que está à vista de todos”. E, por fim, lançava a escada para Rangel: “Vou deixar isso para o nosso candidato”.

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Rangel lá repetiria, minutos depois, tudo o que tem dito durante a campanha, que o governo PS fez “o maior ataque ao Serviço Nacional de Saúde desde que existe”, os transportes onde se amontoam pessoas e os problemas quer no sistema de pensões, quer no cartão do cidadão.

Voltando a Ferreira Leite, a novidade do dia, quis gritar PSD com o V de vitória que chegou a usar como símbolo no seu tempo. Mas Rangel não percebeu e encaminhou-a para se sentar: “venha, venha por aqui”. E acabou a puxá-la pelo braço impedindo uma Manuela super star. Lá se sentaram e se prepararam para os discursos.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Do ponto de vista político, não falou de Pedro Marques e optou por apontar a António Costa: “Fiquei um pouco espantada quando o primeiro-ministro disse que não sabia bem o que faziam os deputados do Parlamento Europeu. Tem tido frases infelizes, mas esta foi particularmente infeliz. Se não sabe, não está a cumprir os seus deveres de dirigir o país”.

Depois, com ironia disse que o Governo tem “um trabalho muito difícil”, por isso há que lhes “desculpar as distrações”. Sobre a importância de votar nas Europeias, além do Brexit, Ferreira Leite destacou o crescimento das forças anti-europeias e no reforço dos “extremismos”. E utilizou um argumento que Rangel e Rio têm utilizado na campanha de que o problema não é só a extrema-direita: “Quando falo de extremismos não estou a falar só dos extremismo de direita, estou a falar dos extremismo de esquerda. Os de esquerda quando são eleitos e vão para o Parlamento Europeu não vão lá para construir, vão lá para criticar”.

Rangel aproveitou assim a deixa de Ferreira Leite e insistiu nos “sinais de desagregação dos serviços públicos essenciais”. O eurodeputado lembra que “este governo, para cumprir as metas europeias, para cumprir os desígnios do Eurogrupo fez escolhas erradas”. E voltou a pedir aos presentes que aproveitam as Europeias para “questionar, sancionar e criticar as opções políticas do PS” e dar “uma enorme lição à arrogância e aparente superioridade moral de António Costa”.

Rangel admitiu erros de governos PSD na gestão da floresta

Rangel visitou o comando de Bombeiros da Marinha Grande e seguiu no carro do comandante até ao Pinhal de Leiria. Ao chegar não se vislumbrava uma única árvore verde, naquilo a que o candidato chamou de “floresta negra”. Mário Silva, comandante da corporação disse que “não foi por falta de aviso” que não houve uma maior prevenção no Pinhal de Leiria antes do grande incêndio de 2017 e que o apoio dado para reflorestação e ordenamento “devia ter chegado mais cedo”.

O candidato do PSD, desta vez com os pé no chão e não de helicóptero, começava precisamente por desmistificar que ir ao terreno não é apenas um efeito do caso do helicóptero. “Temos dado uma importância enorme à Proteção Civil, acabámos por estar logo na pré-campanha sem comunicação social em Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, depois estivemos em Monchique também ainda na pré-campanha, depois a visita técnica de helicóptero”, explicou Rangel.

O eurodeputado denunciou que, quando o pinhal ardeu em 2017, “havia avisos e consciência” de que a situação era uma “bomba-relógio”, mas “embora houvesse fundos (…) nada foi feito”. Também aqui, alerta, “está a criar-se uma situação explosiva para o futuro e não vemos preocupação do governo”. Além disso, insiste, “metade dos meios aéreos continua no chão”.

Em pleno pinhal ardido, Rangel disse estar perante a prova de que “o mato [está] outra vez ao abandono, apesar de haver planos, não  há execução, com as cativações”. Isto, explica é “mais um sinal de alerta, com um tema em que se sabe o que é preciso fazer, mas o governo PS não tem nenhuma capacidade nem competência para intervir”.

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O comandante tinha alertado para a apatia das autoridades entre 2003 e 2017, o que incluiu os governos do PSD de Durão, Santana e Passos. Rangel divide, no entanto, este problema “duas dimensões, uma é a dimensão do curto prazo, que tem a ver com o combate aos incêndios e aí os governos PSD mostraram muito mais capacidade que os governos do PS”. Para o candidato, “2017 é exemplo disso”, num ano em que “houve falhas sérias, de negligência séria, cortes e cativações sérias na Proteção Civil “. Já “no médio prazo” Rangel admite que é “um problema estrutural do país” e não coloca “em causa, do ponto de vista do ordenamento, que todos ponham em causa alguma responsabilidade.”

Ainda em fase de rescaldo estavam os resultados das sondagens da Católica de segunda-feira, em que o PSD está dez pontos atrás do PS. Rangel diz que não valoriza sondagens, até porque quando concorreu em 2009 e 2014 numa perdia “as Europeias e ganhou” e noutra ia “ter uma diferença de oito nove pontos”e resultou no “poucochinho de António Costa”. Logo, está “muito tranquilo”.

Depois tenta descredivilizar as próprias sondagens, dizendo que “vale a pena ver as últimas sondagens feitas pelo mesmo instituto [Católica]” e que “resultado é que tiveram”. E exemplificou: “Se olhar para as eleições no Porto, essa mesma instituição previu um resultado que falhou em mais de 20 por cento”. Rangel alerta ainda que “as fichas técnicas dizem que [as sondagens] não têm relevância estatística” e lamentou: “É pena que os jornalistas não digam isso.”

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