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A ModaLisboa de outubro de 2022 teve um calendário preenchido, muito público e convidados famosos. Mas uma das protagonistas que marcou as propostas para a primavera/verão 2023 foi a cor laranja, aqui utilizada por Luís Carvalho
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A ModaLisboa de outubro de 2022 teve um calendário preenchido, muito público e convidados famosos. Mas uma das protagonistas que marcou as propostas para a primavera/verão 2023 foi a cor laranja, aqui utilizada por Luís Carvalho

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

A ModaLisboa de outubro de 2022 teve um calendário preenchido, muito público e convidados famosos. Mas uma das protagonistas que marcou as propostas para a primavera/verão 2023 foi a cor laranja, aqui utilizada por Luís Carvalho

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

A festa de Luís Borges, skates, transparências e o laranja que se revelou tendência. Os destaques da ModaLisboa

Por quatro dias Marvila foi o epicentro da moda nacional com mais uma edição da ModaLisboa. As propostas para a primavera/verão 2023 contaram com homenagens, estreias, consagrados e uma cor estrela.

Se oásis pode ser sinónimo de quatro dias quentes em pleno outubro, então o tema da 59.ª edição da ModaLisboa foi uma escolha acertada. Ao quarto dia, uma leve queda de água ajudou a refrescar quem passou pela Lisboa Social Mitra, em Marvila, entre os dias 6 e 9 de outubro — mas foi breve e sem quaisquer danos a declarar. O saldo é positivo: os 22 desfiles encheram o recinto de criatividade e atraíram milhares de interessados no que a moda nacional tem para dar. E já há registos do streetstyle para ver no Observador.

Cor de laranja, pele à mostra e óculos escuros. Os destaques do street style na ModaLisboa

Depois de tantas edições marcadas pela pandemia, importa assinalar que, desta vez (e para alívio de todos) já não houve grandes indícios da sua existência — salvo raríssimas exceções, as máscaras ficaram em casa. Na realidade, foram avistados mais skates na Lisboa Fashion Week do que acessórios de proteção individual, isto graças a Flourish Society (concorrente de Sangue Novo) e Duarte, que puseram os manequins a transportar e a deslizar sobre pranchas na passerelle.

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O cor de laranja foi o tom desta edição: marcou os looks de street style, as coleções de Nuno Baltazar, Dino Alves, João Magalhães, Luís Carvalho, Ricardo Andrez e de Nuno Gama, este último que até contou com Carlos Moedas na primeira fila. “Como sabe, o laranja é uma cor de que gosto muito”, comentou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa com o Observador numa mini entrevista que pode ler no nosso liveblog. Coincidência ou não, era também esse o tom das plumas no vestido que Eduarda Abbondanza usou no mesmo dia.

ModaLisboa. O “laranja” de Gama, Baltazar (e Moedas) e o jardim de Peixoto a fechar

Os 10 concorrentes de Sangue Novo, Arndes, Fora de Jogo, Maria Clara, Carolina Machado, Miguel Flor — que encerrou o segundo dia com as suas peças de arquivo —, Luís Buchinho, Buzina, Filipe Augusto, Kolovrat, Carlos Gil, Ricardo Andrez, Luís Carvalho, Luís Borges, João Magalhães, Nuno Gama, Duarte, Ivan Hunga Garcia, Nuno Baltazar, Dino Alves e Gonçalo Peixoto foram os designers que preencheram o cartaz desta edição. Leia abaixo alguns destaques destes quatro dias de Lisboa Fashion Week.

Miguel Flor faz 50 anos e regressa à ModaLisboa. “Em Portugal, as pessoas têm medo de arriscar, por isso nunca saem da cepa torta”

Skates, Cristiano Ronaldo e limpezas domésticas. Não faltou originalidade nos desfiles de Sangue Novo

O arranque da 59.ª edição da ModaLisboa ficou, como de costume, a cargo dos 10 concorrentes do concurso Sangue Novo. Inês Barreto, Çal PFungst, Niuka Barreto, Darya Fesenko e Molly 98 — que estampou caras do Cristiano Ronaldo numas peças e construiu outras a partir de cachecóis da Seleção Nacional — são os 5 finalistas de um grupo que também contou com as participações de Veehana, Maria do Carmo Studio, Eduardo Moreira, Malteza e Flourish Society, que pôs dois manequins a descerem a passerelle de skate — se estragos tivessem havido, em Çal PFungst passou de seguida um outro modelo a limpar o chão com uma mopa. Os cinco vencedores receberam os Prémios ModaLisboa X Seaside e ModaLisboa Showpress e voltam a competir em março de 2023, nos prémios ModaLisboa IED – Istituto Europeo di Design e ModaLisboa Tintex Textiles.

Çal PFungst foi um dos 5 finalistas.

© Melissa Vieira / OBSERVADOR

Na Worstation também houve futebol. E ainda geometria e mímica…

O desfile Wokstation contou com as propostas de três jovens designers. Por se dedicar ao design técnico de moda, quando sugeriram a João Januário que apostasse no design ele respondeu “estou fora de jogo” e assim ficou o nome da sua marca. A expressão é muito associada ao futebol, mas o designer não é apreciador do desporto.“Tentei aproximar um mundo de que eu não gosto e não percebo [o do futebol], do meu. Tento sempre trabalhar o futebol dentro do mundo. Não numa perspetiva de caricatura, mas com alguma mensagem.” O designer ao leme da marca Fora de Jogo e vencedor de uma edição passada do concurso Sangue Novo, apresentou a coleção “RE-SET”, que descreveu como sendo “um projeto multidisciplinar, não é apenas um projeto de moda. É para envolver outras áreas.” Por isso, ao nylon, aos plissados e à malha com lurex, juntou-se uma parceria com o artista SORTE. No final uma modelo com um pompom de cheerleader com franjas prateadas (que parecia uma pinhata) chamou a atenção do público.

Em ARNDES, paleta clean e as silhuetas retas até podem indicar o caminho da simplicidade. Mas os volumes e cortes inesperados fazem-nos olhar com um pouco mais de atenção. “Esta coleção desconstrói a norma da silhueta feminina, de forma a compreender a essência do corpo e do seu espaço envolvente”, lê-se na descrição desta coleção. Já para Maria Clara, o ponto de partida foi a obra de mímica “Tant que la tête est sur le cou”, de Claire Heggen e Yves Marc, datada de 1978. Depois a designer juntou uma parceria com a Tintex Textile e usou peças em malha, que seriam consideradas lixo, para criar puzzles e apresentar uma coleção com nove looks. Importa ainda mencionar a marcante presença do Bordado Madeira e do azul especial da Fábrica Madeirense.

Dois momentos do desfile de Fora de Jogo, em cima. Em baixo: o final do desfile de Maria Clara e dois looks de ARNDES

Melissa Vieira

A viagem de Luís Buchinho ao passado para projetar o futuro

Luís Buchinho abriu o sábado e terceiro dia de ModaLisboa com alguma nostalgia dos anos 90. Conta o designer que deu por si de regresso a uma estética daquela altura. “Há um trabalho que eu não fazia há algum tempo e que, por acaso, dominava muito a minha estética mais no final dos anos 90 e no início dos anos zero, que é um recorte muito gráfico (que eu na altura fazia com malhas) com blocos de cor muito acentuados e com misturas de cor bastante inusitadas. Acho que voltei um pouco a isso.”

A inspiração da coleção foi o romance “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley (1932). As calças foram a peça-chave e, quanto aos vestidos, era nas costas que se escondiam os cortes e misturas. “Há uma silhueta bastante simples, mas tem muita informação na parte mais gráfica da peça.” A paleta de cores foi rica. Dos tons quentes, como os laranja, o cobre, o vermelho e os tons de rosa, aos mais frescos, entre os quais se destacou o malva. Bem como o leque de texturas onde destacam algodões mercerizados, cetins de viscose com alguns materiais festivos, como as lantejoulas ou o glitter. Os materiais de Luís Buchinho são transformados no atelier e, por isso, únicos.

Luís Buchinho

Melissa Vieira/Observador

Buzina e uma coleção de outro planeta

“O mote para esta coleção foi o Espaço, foram os planetas”, conta Vera Fernandes. “Para mim o que aconteceu foi um desfile de planetas”, disse a designer em relação ao desfile que a Buzina apresentou na passerelle da ModaLisboa. Esta coleção esteve guardada na gaveta durante algum tempo, à espera do seu momento. “Trabalhar estas cores e estas texturas era algo que queria fazer há algum tempo, mas achei que ainda não era altura.”

Da Joane de Vera ao Brasil de Tieta e Anitta: o encontro da Buzina com a São Paulo Fashion Week

E, além de uma reflexão sobre o estado do mundo, a coleção com o nome S4F3-PL4C3, traz consigo uma série de novidades para a marca. “Nunca tínhamos trabalhado transparências, brilhos, os curtos.” E ainda uma rica paleta cromática, com tons de vermelho, azul escuro e amarelo torrado também inspirados nos planetas. “O que procuro sempre nas coleções é que as mulheres sintam que podem recriar o que eu criei”, diz Vera Fernandes sobre as criações de Buzina.

Dois momentos do desfile de Buzina, com as criações de Vera Fernandes

Melissa Vieira/Observador

Da inspiração no Egito à sua nova fábrica em Almada, as novidades de Kolovrat

Quando, depois do desfile, pedimos a Lidija Kolovrat que falasse sobre as peças de alfaiataria da sua coleção, acabada de desfilar, a designer respondeu com uma novidade: “Eu comprei uma fábrica, vocês sabem? Eu comprei uma fábrica que fechou em Almada. Há 600 fábricas que fecharam na margem Sul, esta é uma das últimas.” Trata-se de uma fábrica de confeção e a designer explica que o fez “por um lado emocional, porque é pena.” Esta compra poderá ser apenas o início de uma grande mudança na marca, uma vez que a designer diz que vai mudar o seu atelier para a margem sul.

Dois looks do desfile de Kolovrat

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

De regresso à coleção… “Os fatos têm um lado sexual, têm um lado geométrico têm a ver com o Egito, têm a ver com o salto”, explica Kolovrat em relação aos fatos da coleção. “Ainda não começámos a produzir lá, mas estes fatos foram feitos lá.” Na verdade, foram costumizados. “Foi por quem dirigia a fábrica. Os fatos nunca foram usados nem estiveram em lojas, e foram costumizados nessa fábrica.” Na origem de toda a coleção está o Egito como fonte de inspiração e um intenso trabalho de toda a equipa que passou pela pesquisa e criação de novos padrões e estampados, alguns não chegaram mesmo a tempo de integrarem o conjunto de criações que foram apresentadas.

O desfile de Kolovrat fica também marcado pela estética da maquilhagem e dos penteados, uma vez que no rosto os manequins tinham desenhado um alvo e na cabeça exibiam cabelos arranjados em picos. Ao contrário da coleção, para qual a designer e a equipa fizeram uma intensa pesquisa sobre o Egito e as suas múmias, os cabelos resultaram de uma só inspiração: “Punk! New punk. É uma Cleópatra moderna”, exclamou Kolovrat quando questionada sobre os penteados.

Um primeiro plano do look de cabelo e maquilhagem em Kolovrat

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Ricardo Andrez e a ganga farfalhuda que ainda não sabe se vai ser produzida

O saco XXXL que Ricardo Andrez, de 40 anos, criou para esta coleção foi o pontapé de saída para a conversa do Observador com o criador na sala de imprensa, logo após o desfile. “Fui um bocado às minhas raízes de highschool. O saco era aquela coisa de rapariga que coloca tudo e vai para o liceu. Quis exagerar e tornar aquilo numa coisa mesmo gigante”, começa por explicar. Para apresentar a sua nova coleção, revisitou as bandas e os filmes do seu passado e mostrou-nos porta-chaves, peças reversíveis com fechos adaptáveis para “brincar” com os comprimentos, fivelas metálicas, um padrão floral feito por si (e que parece tie-dye), bustiers, saias compridas a pensar nos bailes e blusões de ganga. As silhuetas de homem e mulher mantêm-se unissexo, como habitual, mas nesta coleção o criador resolveu explorar também uma estética mais feminina. A ganga farfalhuda que marcou muitas das peças, explica, surgiu  com o apoio da Troficolor. Esta inovação da empresa portuguesa ganha vida durante a lavagem, processo em os fios do tecido se soltam. “Eles não têm a certeza se vão produzir isto ou não”, adianta ainda, o que significa que o que vimos no desfile podem vir a ser peças únicas. Se o seu eu teenager estaria orgulhoso do que o adulto construiu? “Acho que sim”, começa por responder, antes de corrigir: “Estaria a faltar às aulas e nem estava aqui.”

A tal ganga farfalhuda de que falávamos.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Call Me Gorgeous, de Luís Borges: “Quando me fizeram o convite, eu disse à Eduarda que ela era maluca.”

Foi Call Me Gorgeous, a marca de joalharia de Luís Borges, que fechou a noite de sábado. “Quando me fizeram o convite, eu disse à Eduarda que ela era maluca, porque a minha marca era muito comercial e eu faço coisas para vender”, contou ao Observador. “Acho que correu super bem”, acabou o manequim por dizer várias vezes ao longo da conversa com o Observador na sala de imprensa, logo após o desfile. Nós ficámos com a mesma impressão. Do desafio de apresentar uma coleção de joalharia no palco da ModaLisboa, nasceu a ideia de incorporar dança contemporânea (com claras influências africanas). Para o fazer, convidou Miguel Esteves, da Companhia Nacional de Bailado, para a coreografia e o resultado foi bem recebido, ainda que com um percalço pelo meio: um dos bailarinos perdeu um brinco a meio de um movimento. “É a peça da sorte”, remata. “Quem apanhou, voou.” O terceiro dia acabou em festa, com DJ e o público a dançar na Lisboa Social Mitra.

Luís Borges convidou a Companhia Nacional de Bailado.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Duarte pôs Tiago Teotónio Pereira a deslizar de skate pela passerelle

Ana Duarte, nascida em 1991, foi buscar inspiração às origens do skate para as suas propostas de primavera/verão. “Nós crescemos com isso, não é? Anos 90, montes de skaters na rua. Todos nós temos amigos que andavam de skate”. Foi esse o ponto de partida para a nova coleção, que apresentou durante a tarde de domingo na ModaLisboa. Se algumas pessoas da sua equipa sugeriram que fosse buscar referências ao Hip-Hop, a criadora tinha outra ideia. “A mim [o skate] lembra-me do rock, anos 90, Offspring, Sum 41, é o que me vem à cabeça.” O resultado é puro streetstyle, com um toque de cor-de-rosa.

O surfista adaptado Hugo Rocha.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Porquê chamar o Tiago Teotónio Pereira para abrir o desfile? “Tem a vibe de que nós gostamos. Ele também anda de skate, ele faz surf”, conta. Também Hugo Rocha, o surfista adaptado que perdeu a perna direita num acidente, deslizou pela passerelle a convite da criadora. Calças cargo, sweatshirts, um macacão e bucket hats estiveram em destaque, muitas vezes enfeitadas com um padrão camuflado criado pela designer. “Vi revistas de skate, tipo a Thrasher, e montei tudo”, conta. Os sapatos foram desenhados de propósito para o desfile em parceria com a Exceed Shoe Thinkers.

Mais um skate a deslizar passerelle fora.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Dino Alves e as marchas da Bica: “O folclore não nos faz menos modernos”

Dino Alves arrancou com o grupo de marchas populares da Bica, do qual foi convidado para fazer o figurino que competiu na Avenida da Liberdade em junho. “Envolvi-me à séria”, contou ao Observador no fim do desfile. “Montei um atelier dentro do bairro só para fazer isto, fui aos ensaios, deixei-me contagiar e esta coleção vem nessa sequência.” É de Anadia e já tinha feito algumas coisas influenciado pela sua infância no campo, mas aqui quis ir mais longe. “Ir mesmo à cena pop, ao folclore, porque as pessoas associam muito a ideia do pop à música inglesa, mas pop é a abreviatura de popular”, continua. A cultura popular portuguesa foi assim a sua inspiração para uma coleção carregada de tule, de cores e de transparências, saiotes que pretendem recriar uma silhueta do folclore dos anos 50. “O folclore não nos faz menos modernos”, remata. A coleção incluiu também um núcleo de peças de upcycling de stock parado e fatos e casacos de alfaiataria.

As marchas populares da Bica abriram Dino Alves.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Alguns dos famosos na passerelle

Tiago Teotónio Pereira em Duarte, a violinista Ian em Valentim Quaresma, e Liliana Campos e Oceana Basílio em Carlos Gil: eis alguns dos famosos que desfilaram na ModaLisboa.

Por ordem: Tiago, Ian, Liliana e Oceana.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

Os jogos de contrastes de Luís Carvalho (e mais um tom de laranja contagiante)

“This show is dedicated to Mariama Barbosa” ouviu-se no silêncio de uma sala escura e cheia de gente prestes a ver a nova coleção de Luís Carvalho. Depois arrancou o desfile. Depois seguiu-se o “verão na cidade”, nome da coleção do designer (“Summer in the City”). A principal inspiração foi a arquitetura contemporânea, que se refletiu na construção das peças. ”Formas mais gráficas, por exemplo nos blazers e nas camisas”, explicou Luís Carvalho. E ainda nos jogos de riscas com diferentes espessuras e direções na mesma peça que se viram em inúmeros looks, tudo está relacionado com a forma como vê os edifícios numa grande cidade. Fatos, camisas e vestidos foram as peças estrela, mas o destaque vai para a oscilação de bainhas, entre o muito curto e muito longo.

A coleção começou com branco e cinzas porque “os neutros são predominantes nas cidades”, mas o designer um entre tantos outros que nesta estação se renderam ao cor de laranja. No seu caso numa tonalidade fluorescente, quase com luz própria. “Como é uma continuidade da coleção, houve um bocadinho mais de laranja que já era a cor em destaque na última coleção.” Pelo meio houve ainda um surpreendente verde claro brilhante. Porquê? “Fazia sentido para mim na história da coleção. Gosto de olhar para a coleção e ver que ela vai crescendo e o verde fazia sentido na transição das cores.”

O laranja e o verde brilhante foram protagonistas na coleção de Luís Carvalho

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

“Às vezes quando te falha tudo, agarra-te à cor.” E assim foi, no colorido jardim de Nuno Baltazar

Saias amplas que enchiam a passerelle e cores gulosas que enchiam o olhar. São estes os destaques da coleção South Garden de Nuno Baltazar. Vamos por partes. Primeiro a rica paleta de rosas, laranja, amarelo ácido, azul céu e verde relva. Conta o designer que as tonalidades que hipnotizaram a assistência não foram criadas especialmente para si, mas sim escolhidas por si. “Sozinhas são bonitas, mas o conjunto e a forma como comunicam entre si é que torna tudo muito mais interessante. Tanto dialogam com outras tonalidades igualmente intensas e energéticas, como convivem com cores mais bafientas e empoeiradas, como o verde seco e o canela.”Coube ao tafetá, o material estrela desta coleção, dar expressão a todas elas. “Ele tem um comportamento que reflete o meu momento criativo. No sentido em que tem corpo, funciona bem em diversas peças e silhuetas, mas é leve. Mesmo as saias enormes são fáceis de usar. Eu queria que fosse uma coleção leve na cor e leve no comportamento do tecido.”

E que momento criativo está o designer a viver agora? “Os meus momentos criativos partem sempre de lugares difíceis. São momentos de perda… Há qualquer coisa no drama que me emociona”, confessa. E a prova é que o seu ponto de partida para este jardim colorido, em que se transformou a sua coleção, foi um jardim um pouco mais sombrio. Mais precisamente o documentário “Grey Gardens” (1975) que conta a história de Edith e Little Eddie Beale, mãe e filha e parentes de Jackie Kennedy Onassis, a viverem na sua mansão em East Hampton (Nova Iorque) numa total pobreza. “São duas mulheres que vivem em profunda decadência, numa casa sem condições… mas nunca deixam de pôr a maquilhagem e de cantar. Acho que essa forma de reagir à adversidade é super inspiradora, para mim.” Na passerelle as elegantes exploradoras de Baltazar deixaram bem explícita a sua mensagem sobre a importância da cor. “Às vezes quando te falha tudo, agarra-te à cor. Ela pode ajudar-te a espelhar o que tu sentes e ajudar-te a fazer o teu, ou contrariar essa emoção.”

O look em laranja vibrante que abriu o desfile Nuno Baltazar

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

“Esta coleção é um grito ao empowerment feminino. Ninguém é não válido.” O glorioso final de Gonçalo Peixoto

Para receber a coleção de Gonçalo Peixoto estendeu-se um tapete de flores na passerelle, mas já lá iremos. Os desfiles do designer prometem sempre boa disposição através de cores e texturas e assim foi. Nesta coleção bem feminina houve redes, brilhos, brocados, franzidos, tons pastel, flores e, quando achávamos que já tínhamos visto tudo, ainda apareceram plumas. Mas a maior constante neste desfile foram os looks com transparências. O que nos levou a perguntar ao designer se terá havido transparências a mais? Peixoto admite que houve, de facto, muitas, propositadamente. “Eu gosto desta liberdade, gosto que não haja impedimento de nada.” Mas explica: “Quando isto for para comercializar, toda a coleção será trabalhada. Os tops levarão forros, para as mulheres estarem confortáveis. Aqui é show e no show não deve haver limites.”

O designer conta que a coleção transmite o “empoderamento feminino, esta possibilidade das mulheres serem quem querem ser sem necessidade de validação de uma parte masculina. Esta coleção é um grito ao empowerment feminino. Ninguém é não válido”. A frase “Sometimes I just wanna kiss girls” foi o ponto de partida. “Esta frase ou mote entra na minha vida há cinco anos com vivências e torna-se uma frase muito importante para a marca e estampei-a em algumas t-shirts”, explica Gonçalo Peixoto, mas hoje é muito mais do que isso. “Com o tema ‘Sometimes I just wanna kiss girls’ eu posso criar 200 coleções até morrer, porque não é uma frase é um state of mind”.

O desfile de Gonçalo Peixoto

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

E esta coleção é também um reflexo do seu criador.  No leque de propostas que apresentou cabem diferentes momentos da sua vida. Do fato de riscas criado a partir de uma fotografia antiga da sua mãe, às flores que aparecem na coleção depois de Peixoto ter dado por si a apanhar flores para fazer o tapete de Páscoa, algo que, confessa, não fazia desde que perdeu as avós. “Para mim fez todo o sentido fazer um tapete para as manequins usarem, como fiz na Páscoa com a minha família.” As salas de desfiles estavam cheias, o desfile acabou em tom de celebração e, com ele, também a ModaLisboa Oásis.

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