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epa10040282 Portuguese Prime Minister, Antonio Costa, arrives to attend the first day of the NATO Summit at IFEMA Convention Center, in Madrid, Spain, 29 June 2022. Some 40 world leaders are to attend the summit, running from 29 to 30 June, focused on the ongoing Russian invasion of Ukraine. Spain hosts the event to mark the 40th anniversary of its accession to NATO.  EPA/J.J. Guillen
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Em junho, a cimeira da NATO isolou-o durante horas enquanto o país conhecia uma solução para o novo aeroporto sem o seu aval.

J.J. Guillen/EPA

Em junho, a cimeira da NATO isolou-o durante horas enquanto o país conhecia uma solução para o novo aeroporto sem o seu aval.

J.J. Guillen/EPA

A máquina de comunicação e gestão política do Governo absoluto

Depois de conquistar a maioria, Costa contratou um diretor de comunicação mas é o próprio que tem estado mais na primeira linha de combate do que nunca. Como e com quem traça a estratégia do Governo.

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Nos tempos que correm há muita governação que se faz em grupos de WhatsApp e foi até por aí que António Costa se inteirou, no final de junho, do despacho que um ministro seu tinha publicado em Lisboa, depois de ter estado incontactável durante várias horas na cimeira da NATO, em Madrid. Não estava longe, mas estava a milhas do que se passava no país e no seu círculo mais próximo não há quem não ache que, se estivesse comunicável mais cedo, a crise não teria sido tão aguda como foi. O episódio do novo aeroporto mostra duas coisas, uma evidente e outra inevitável (ainda mais em maioria): a comunicação continua a ser central no Governo e António Costa é cada vez mais o elemento centralizador de tudo o que se passa e decide.

Entre Costa ter ficado sem rede e voltado ao mundo, o ministro das Infraestruturas passou de um discreto briefing não oficial com os jornalistas até aos ecrãs de televisão a assumir o plano pelo Governo com desafios ao Presidente da República incluídos. É neste espaço temporal que vários elementos da coordenação do Executivo acreditam que podia ter sido introduzido um travão, caso o chefe máximo o tivesse ditado logo, evitando o que se seguiu: o caos.

Foi a primeira grande crise — e que crise — da maioria e apanhou o novíssimo diretor de comunicação do Governo, João Cepeda, há apenas 24 dias em funções e a ver passar aquele avião a alta velocidade, sem fazer mais do que correr atrás do prejuízo, fornecendo (juntamente com os outros elementos do gabinete) a Costa elementos sobre o que se passava em Lisboa.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” com a jornalista Rita Tavares sobre como funciona a comunicação do Governo.

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Como funciona a máquina de comunicação do Governo?

Os seus primeiros dias em funções tinham sido passados em viagens com o primeiro-ministro — durante o périplo que incluiu Paris, Londres e Bruxelas — para entrar no mundo de Costa o mais rapidamente possível, foi uma sombra de Costa por aqueles dias. Até aqui presidente e diretor criativo do Time Out Market, Cepeda mergulhava então no mercado da alta política, com acesso direto ao primeiro-ministro e assento nas reuniões do núcleo político de Costa onde só está a nata do poder socialista do momento.

É ali que funciona verdadeiramente o centro político do Governo, se traça a linha política e as prioridades a cada momento, se driblam crises, discutem estratégias, todas as segundas-feiras e onde Carlos César, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva estão desde que Costa é primeiro-ministro. Duarte Cordeiro entrou depois e, mais recentemente, Fernando Medina e Pedro Adão e Silva e também o líder parlamentar Eurico Brilhante Dias e o secretário-geral adjunto João Torres.

Além de Cepeda, participa também sempre o chefe de gabinete do primeiro-ministro (desde 2020) Vítor Escária. Estar entre este grupo foi considerado fundamental para um diretor de comunicação, mas nem todo o PS morre de amores pela ideia (ver mais abaixo) e preferia ter ali mais experiência política.

Moção de censura ao Governo promovida pelo partido Chega na Assembleia da República. Ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos e o primeiro-ministro, António Costa Lisboa, 06 de Julho de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Costa deu caso como encerrado, mas foi o primeiro grande confronto com um peso político pesado da sua equipa

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

O novo elemento só fica abaixo do chefe de gabinete (pelo menos no salário)

Cepeda entrou para preencher a falha que a orgânica do novo Governo colocou: não havia nenhum governante incumbido da coordenação política. Antes dele, esse papel esteve entregue aos secretário de Estado Adjuntos de António Costa — primeiro Mariana Vieira da Silva e, depois, Tiago Antunes. Mesmo depois de a pasta ter sido insuflada, passando a Ministério, a questão da coordenação não seguiu com a ministra Ana Catarina Mendes.

O motivo é explicado pelo gabinete do primeiro-ministro com a necessidade de ter uma comunicação “mais especializada“, entregue a uma equipa que Costa tenciona aumentar sob a coordenação de Cepeda. Até ao momento, o ex-jornalista João Pedro Oliveira, é o primeiro reforço: vai ser adjunto e terá a pasta da “coordenação de comunicação”, missão que “envolve as relações com os media, mas também redes e plataformas digitais”, segundo detalha o seu gabinete.

A nomeação foi para “técnico especialista equiparado a assessor”, de acordo com as respostas ao Observador, mas a remuneração de Cepeda é bem superior a dos assessores do gabinete de Costa, como se pode ver na tabela de nomeações no site do Governo: o seu salário bruto é 5.606 euros (3.169 líquidos) — acima dele só o chefe de gabinete do primeiro-ministro (a diferença é de cerca de cem euros).

João Cepeda foi de presidente do Time Out Market, para diretor do núcleo do mercado político.

Jorge Amaral / Global Imagens

Crise na Saúde foi o primeiro grande teste

Entre março e o início de junho, a coordenação andou sem responsável direto, o que deixou os gabinetes menos articulados e o PS impaciente — embora neste último ponto existam outros motivos (ler mais abaixo). Quando o assunto queimava ou era transversal, era reencaminhado para as duas assessoras de imprensa do primeiro-ministro que acabavam a acumular funções.

A ideia de ter uma equipa concentrada exclusivamente nesta frente não é nova, Costa já a tinha na cabeça quando formou o Governo e deixou uma ala em São Bento livre (onde até ali tinham estado os seus secretário de Estado Adjuntos) para instalar esse gabinete mais especializado. Em 2015, quando assumiu funções, já tinha tentado entregar essa pasta a Mário São Vicente — vindo da comunicação empresarial — que esteve pouco mais de um ano como diretor de comunicação do Governo, sem deixar marca.

Mas a segunda tentativa de Costa neste sentido não se foca na comunicação política, aliás, fonte da sua equipa garante que a intenção vai além, até porque “a comunicação política não esgota a atividade do Governo. Há uma componente de comunicação simples que está vazia”, argumenta-se. “Na política, a comunicação ainda é feita como nos anos 90 e 2000, quando não havia redes sociais”, exemplifica a mesma fonte.

Ora, na reunião que já teve com os assessores, por videoconferência, Cepeda prometeu reuniões com regularidade com esses elementos que fazem a ligação com a imprensa — no total são quase quatro dezenas, entre o gabinete do primeiro-ministro e os dos seus 17 ministros) e têm feito reuniões ministério a ministério para fazer um levantamento do que existe e das necessidades.

Na primeira reunião com todos, repetiu também as três regras — não são novas, qualquer assessor que já estivesse nos governos de Costa conhecia-as — para reportar obrigatoriamente à direção de comunicação: temas politicamente sensíveis; temas transversais, que envolvam mais do que um ministério; perguntas da comunicação social que seguem iguais para todos os ministérios.

Nestas situações, a coordenação quer conseguir controlar questões e coordenar respostas. De acordo com quem assistiu à reunião, o novo diretor de comunicação terá passado a ideia de “não querer ser um controlador-mor, mas quer a mensagem coordenada”.

Entrou já com a questão das urgências na Saúde a queimar e, por isso, os esforços iniciais foram sobretudo nessa frente. Nas outras reuniões setoriais tem colocado especial foco na necessidade de comunicar melhor para fora, usar as redes sociais, “trabalhar mais a comunicação digital” e também “antecipar anúncios e potenciar eventos” de cada uma das áreas. É sobretudo aqui que se concentrará a sua ação.

Terá também a incumbência de ajudar à preparação de Costa para os debates parlamentares, o que já aconteceu no primeiro debate de política geral da legislatura, depois na moção de censura do Chega e, mais recentemente, no Estado da Nação.

Na coordenação dos inputs que chegam dos vários ministérios e também do gabinete do primeiro-ministro, que conta com quase 50 elementos: nove assessores, 11 adjuntos e oito técnicos especialistas, além das sete secretárias pessoais, os 11 motoristas e os dois auxiliares.

Mais junto de Costa está o chefe de gabinete Vítor Escária — que já tinha estado como assessor económico do gabinete de José Sócrates e também no seu primeiro Governo (de onde saiu por causa do Galpgate) –, as duas assessoras de imprensa e a secretária pessoal Conceição Ribeiro.

De acordo com quem assistiu à reunião entre Cepeda e os vários assessores governamentais, o novo diretor de comunicação terá passado a ideia de "não querer ser um controlador-mor, mas quer a mensagem coordenada".

Quem é quem no comando político central. E os desconfortos socialistas

Como elemento externo ao partido, o acesso ao centro político que João Cepeda ganhou é notado com alguma desconfiança. De 1999 a 2014, Cepeda foi jornalista em vários títulos e meios de comunicação, a maior parte do tempo no Diário de Notícias e, já nos últimos anos, foi diretor da revista Time Out Lisboa (e depois Porto). Depois saltou para o lado empresarial, tornando-se presidente e diretor criativo da Time Out Market, uma subsidiária do grupo Time Out onde já trabalhava.

Costa entusiasmou-se com este lado mais criativo que já conhecia há muito tempo, teve-o até numa das ações de campanha das últimas legislativas quando juntou independentes que o apoiavam num encontro em Monsanto — foi quando Rosa Mota chamou “nazizinho” a Rui Rio — e Cepeda desejou longa vida no Governo a António Costa. O então empresário disse que os indicadores económicos eram “importantes, mas que a cereja em cima do bolo é que a reputação deste país deu uma volta como nunca deu e isso devemos-lhe e deveremos sempre“. Um trabalho, dizia ainda, que tinha começado na Câmara de Lisboa e que ele mesmo tinha acompanhado de perto por causa das funções na revista (no vídeo a partir do minuto 46).

Tinha sido precisamente no tempo de Costa como autarca que foi lançado o concurso público para a concessão da exploração do Mercado da Ribeira, em Lisboa. Aconteceu em agosto de 2010 e a MC – Mercados da Capital, de que Cepeda era então sócio, foi a única concorrente.

O antigo jornalista esteve à frente da dinamização daquele espaço no Cais do Sodré que foi renovado, passando a concentrar os restaurantes da moda — tornando-se um ex-libris da revitalização dos mercados que constavam nos projetos de Costa para Lisboa.

Mas o tal entusiasmo do líder socialista não é necessariamente partilhado por todos os socialistas, com alguns a revelarem certa estranheza por verem um outsider sentar-se entre o topo do partido, na bancada das decisões estratégicas do Governo. A verdade é que, nesta fase, o incómodo socialista nem é só pela figura alternativa que Costa desencantou para lhe dirigir a comunicação, mas também pelo esvaziar de calo político que notam no seu núcleo mais próximo.

Como elemento externo ao partido, o acesso ao centro político que João Cepeda ganhou é notado com alguma desconfiança. Vários socialistas ouvidos pelo Observador, que preferiam um reforço político de peso da cúpula do Executivo.

César, ainda o conselheiro-mor

A saída de um veterano como Augusto Santos Silva da coordenação do Governo é notada por vários socialistas ouvidos pelo Observador, que preferiam um reforço político de peso da cúpula do Executivo. Entre os deputados socialistas, há quem até chegue a nomear Carlos César como uma figura que poderia conferir esse peso ao elenco governativo.

O próprio tem-se dito reformado de funções executivas, reservando-se a surgimentos pontuais nas reuniões partidárias (é presidente do PS) e mais discretamente em deslocações a partir dos Açores, onde está em permanência desde que deixou a liderança parlamentar, para as reuniões de coordenação. A verdade e que Costa não o dispensa em nenhuma situação e desde muito cedo (encontraram-se logo na Juventude Socialista).

No início de fevereiro, quando a Vodafone foi alvo de um ataque informático que deixou as comunicações no país (para quem usa a rede) em baixo, estava o recém-reeleito primeiro-ministro a tratar das primeiras mudanças a operar na era da maioria socialista e precisou de falar com Carlos César, que estava incontactável devido ao ataque. Nos Açores, o presidente socialista e um dos principais conselheiros (desde jovem) de Costa teve de parar, entre deslocações, e procurar um telefone fixo para se pôr em contacto com São Bento.

O primeiro-ministro ouve-o e o PS sabe que “não há nada que Carlos César diga ou escreva que não tenha um propósito”. Usa a palavra com precisão, mesmo que de forma nem sempre direta, como quando ainda esta semana notou, numa curta publicação no Facebook, o aumento dos preços e como essa realidade deve ser acompanhada “com muita proximidade e no limite das nossas finanças públicas”.

Em forma de desejo, carregado de avisos, rematou que isso é que “o Governo certamente já está a fazer ou fará com ainda maior cuidado“. Isto tudo numa altura de espera entre o pré-aviso de Costa, no debate do Estado da Nação, de um novo pacote de medidas de apoio às famílias e às empresas, e o conhecimento dessas mesmas medidas, que o primeiro-ministro está a reservar para setembro, para a rentrée socialista.

Esta quinta-feira, Carlos César voltou à carga, atirando para o centro do debate o assunto que o PS tem tratado com pinças (até aqui): a criação de uma taxa sobre os lucros excecionais das empresas em tempo de inflação galopante. Candeia que vai à frente alumia duas vezes — e Costa acabou por dizer que o Governo está mesmo a estudar essa hipótese.

São politicamente inseparáveis há muitos anos e, antes da crise política que desencadeou as eleições antecipadas, falou-se muito numa entrada sua para o Governo, mas tem resistido a esse chamamento, jurando sempre estar indisponível para o exercício de cargos de governo. Entretanto vai exercendo o seu papel de conselheiro-principal de Costa, dos poucos a quem o PS reconhece graduação para tal, neste grupo da coordenação, daí a argumentação insistente para que o seu papel vá além do quem agora tem.

No início de fevereiro, quando a Vodafone foi alvo de um ataque informático que deixou as comunicações no país (para quem usa a rede) em baixo, estava o recém-reeleito primeiro-ministro a tratar das primeiras mudanças a operar na era da maioria socialista e precisou de falar com Carlos César, que estava incontactável devido ao ataque. Nos Açores, o presidente socialista e um dos principais conselheiros (desde jovem) de Costa teve de parar, entre deslocações, e procurar um telefone fixo para se pôr em contacto com São Bento.

A falta de pulso político

Outro dos pilares de apoio — este mais na gestão diária (e legislativa) do Governo — é Mariana Vieira da Silva a quem Costa reconhece capacidade organizativa, mas também de leitura política, acima da média, não disfarçando que é a figura a quem reconhece maiores qualidade para liderar um governo. Mas falta tudo o resto (e também vontade da própria).

A atual ministra da Presidência é uma das razões pelas quais no partido se reclama maior pulso político no topo do Governo. “Costa salta ali uma geração”, no seu núcleo político, afirma um socialista em conversa com o Observador. “Uma coisa é ser a preferida, outra é ser a segunda do Governo”, adianta outro ainda sobre a promoção que Mariana Vieira da Silva teve no atual Executivo, ao passar para a segunda figura mais importante a seguir de Costa.

É da mesma geração que Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Fernando Medina, os outros três nomes da coordenação política que chegaram lá por diferentes razões. Pedro Nuno entrou na era da “geringonça”, como o principal pivot dessa frente de negociação com a esquerda que manteve Costa em funções até 2019, e nunca mais saiu.

É uma figura política de tal peso no PS que mesmo a trapalhada do novo aeroporto não foi suficiente para o primeiro-ministro o afastar do Governo. Costa reconhece capacidades na execução, embora o nível de confiança já tenha sido bem mais elevado do que é hoje — abalado não só pela mais recente polémica, mas também pela pressão alta que o outrora jovem turco do PS tem colocado para lhe suceder no partido.

Entre os dois há um elemento que foi cravando preponderância política junto de Costa ao longo dos tempos, Duarte Cordeiro. É amigo de Pedro Nuno e é também hoje incontornável no círculo de confiança de Costa, sobretudo depois do papel de diretor da campanha eleitoral que o levou à maioria absoluta.

E depois, neste mesmo lote da geração que se segue, há também Fernando Medina, que entrou para ministro das Finanças, um cargo que dá lugar cativo na coordenação política — na verdade, no caso do antigo autarca de Lisboa, a sua entrada no Governo, mesmo que noutra pasta, daria sempre acesso ao círculo de poder, dada a proximidade que tem com Costa já desde os tempos da Câmara de Lisboa.

Por fim, existe ainda Ana Catarina Mendes, que já lá estava como líder parlamentar e, agora que finalmente entrou para um Executivo de Costa, mantém o posto na coordenação.

De fresco, neste grupo, entra Pedro Adão e Silva, o novo ministro da Cultura que Costa quis que estivesse no comando central. No debate do Estado da Nação deu-lhe mesmo palco ao escolhê-lo para encerrar o debate num discurso marcadamente político e sem aquele cariz setorial que se espera. Costa conta com ele para o desenho da estratégia política e também para dar a cara na primeira linha de combate.

Sessão plenária na Assembleia da República, com a presença do Governo para o debate do estado da Nação. O primeiro-ministro, António Costa com Ministro da Cultura Pedro Adão e Silva e Ministro das Finanças Fernando Medina Lisboa, 20 de Julho de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Pedro Adão e Silva e Medina entraram diretos para o núcleo político.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Controlador e omnipresente

Mais ou menos recentes neste grupo de decisão política, todos conhecem António Costa há muito e todos sabem que é de ouvir, mas a decisão é muito isolada. E é controlador do que vai à volta. Os cinco meses desta maioria mostram como Costa está cada vez mais presente e interventivo, por via direta. Começou logo por avisar, quando ainda estava a formar Governo, que o que quer que circulasse na comunicação social sobre o futuro elenco sem selo do seu gabinete não passava de especulação.

Quanto ao episódio Pedro Nuno pode até ser um inédito na ação governativa, mas a ação de Costa — que enviou um comunicado a desautorizar o ministro e a detalhar que é o primeiro-ministro que decide — foi entendida entre pedronunistas como sobredimensionada. A decisão será tomada no seu timing e sempre depois de ser também ele mesmo negociar com o líder do PSD qual a solução mais adequada.

Depois há também o despacho que condiciona pagamentos à Endesa, mais uma comunicação direta de Costa e de enorme impacto público e sobre a elétrica espanhola e tudo para pôr um secretário de Estado a fiscalizar as faturas da empresa (e enviar uma mensagem política sobre o comportamento das empresas de energia durante a crise).

Nos incêndios, ao primeiro assomo de altas temperaturas, apareceu no palco das operações a comandar tropas e a desmarcar viagens oficiais ao estrangeiro para estar no país. Foi mais reservado quando o palco mediático foi ocupado pelos problemas nas urgências do Serviço Nacional de Saúde, mas chamou Marta Temido à liça e surgiu ao seu lado a apresentar o novo Estatuto do SNS pouco tempo depois. Parece que está em toda a parte e se não pode ser em pessoa, haverá sempre um grupo no WhatsApp que ajude a essa omnipresença.

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