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Fontes do PSD avisam CDS sobre alegados vetos nas negociações: "O CDS só tem é de aceitar o que o PSD definir"
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Fontes do PSD avisam CDS sobre alegados vetos nas negociações: "O CDS só tem é de aceitar o que o PSD definir"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Fontes do PSD avisam CDS sobre alegados vetos nas negociações: "O CDS só tem é de aceitar o que o PSD definir"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Albuquerque tem compromisso com o PAN. Liberais ficam cada vez mais longe do acordo

Albuquerque já teria garantias quando subiu ao palco no domingo, que se consolidaram esta segunda-feira. IL está cada vez mais longe de integrar acordo, mas PSD ainda vai reunir com liberais.

Miguel Albuquerque já assegurou as condições para formar governo de maioria através de um acordo com o PAN, confirmou o Observador junto de fonte do governo regional. A decisão vai ser anunciada nos próximos dias, previsivelmente esta terça-feira, como garantiu uma fonte do PSD/Madeira, sendo que os liberais perdem cada vez mais espaço para fazerem parte da solução governativa. Quanto a timings, um dirigente social-democrata é claro: “Quinta-feira, quando formos ao representante da República, já vai estar tudo formalizado”.

Os sociais-democratas ainda vão ter reuniões com PAN e IL, e não é impossível que os liberais voltem a entrar no jogo. Mas seria um volte-face: o mais provável mesmo é que o partido liderado por Rui Rocha fique fora do acordo de governação. “Não precisamos deles. E não confiamos no [Nuno] Morna”, diz um dirigente do PSD-M ao Observador. Ainda assim, e formalismos à parte, a confiança na Quinta Vigia é total: Albuquerque já tinha selado mesmo um acordo com o PAN quando subiu ao palco do Instituto do Vinho no domingo à noite.

Faltam, no entanto, essas formalidades. O PAN está a afinar a sua lista de exigências e a reunir as estruturas. Houve mesmo, sabe o Observador, uma reunião do PAN-Madeira esta segunda-feira, onde o acordo não foi travado. Um eventual acordo com o PAN teria sempre alguns irritantes — um partido ambientalista nunca poderia aceitar o projeto de teleférico do Curral das Freiras ou a Estrada das Ginjas, em São Vicente. No entanto, o PSD contorna essa questão com uma exigência: o PAN só terá uma palavra a dizer em obras futuras, e não sobre que já estão contratualizadas, cujo cancelamento poderia custar aos cofres regionais dezenas milhões de euros.

Numa altura em que o PSD tenta recuperar eleitorado defensor do mundo rural e das tradições que possa ter perdido para o Chega (Luís Montenegro até se reuniu há dias com a Pró-Toiro), a opção pelo PAN — ainda que numa região — pode parecer em contraciclo e menos natural do que a IL. No entanto, fontes sociais-democratas lembram o bom exemplo dos Açores: no orçamento para 2023 foi o deputado do PAN que votou a favor do documento apresentado por José Manuel Bolieiro, ajudando a garantir a estabilidade governativa do PSD/Açores. “O PAN dá-nos mais confiança“, dizem também no PSD-Madeira.

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Sobre o que dar em troca ao PAN, pode estar em cima da mesa uma secretaria regional (a do Ambiente) ou, em alternativa, a liderança de institutos ou direções regionais nas áreas de interesse do partido liderado por Inês Sousa Real. Tudo isso ainda está a ser acertado.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Uma IL quase de fora enredada num dilema

A Iniciativa Liberal disponibilizou-se para negociar com o PSD/Madeira, com Rui Rocha a dizer que não seria pela IL que a Madeira ficaria sem uma “solução de estabilidade governativa para os próximos tempos”. Mas tinha um problema de base: os liberais sempre disseram que não aceitariam integrar um governo, antes “negociar orçamento a orçamento” — que foi precisamente o que disseram ao Observador os líderes nacionais Rui Rocha e Nuno Morna.

Por respeito pela IL e pelo jogo democrático, o PSD/Madeira vai marcar reunião com os liberais ainda esta semana, mas a vontade de os integrarem numa solução é pouca. “Instabilidade”, “perigo“, “pouca confiança” em Nuno Morna, são algumas das palavras que os dirigentes do PSD/Madeira usam em conversas com o Observador para justificar o porquê de preferirem o PAN à IL.

Para a IL nacional este também foi sempre um dilema: demonstrar que são um partido “maduro“, que consegue ser um partido de governação; ou continuar a denunciar, na oposição, um pós-jardinismo em que o Governo Regional tem muita influência na economia. Entre os dirigentes da IL existe quem defenda que mudar a posição quanto a integrar o Governo poderia dar um sinal de que os liberais são um partido “responsável“. Outros, em contrapartida, defendem que não há razão para voltar com a palavra atrás, respeitando a velha máxima da IL que “não se move por cargos“.

O Observador tentou contactar o líder da IL-Madeira, Nuno Morna, mas não foi possível antes da publicação deste artigo. Entre os liberais circula ainda a ideia de que haverá uma tentativa de veto do CDS. No entanto, fonte do PSD/Madeira é bastante clara quanto ao papel dos centristas nas negociações. “Com o devido respeito, tendo em conta a força de cada um, o CDS só tem é de aceitar o que o PSD definir”, diz fonte social-democrata.

Na entrevista ao Observador na última quarta-feira, Miguel Albuquerque mostrava o desconforto com uma solução que incluísse a IL: “Tenho muitas dificuldades num quadro desses porque não posso fazer Governo neste momento, a negociar orçamento a orçamento, proposta a proposta. É um inferno. Depois, não conseguimos concretizar aquilo que propomos aos eleitores. Portanto, é um pouco difícil.”

Mónica Freitas (C), cabeça de lista do PAN e candidata a deputada na Assembleia Legislativa da Madeira, durante uma ação de campanha do PAN no jardim municipal do Funchal, esta tarde, no âmbito da campanha eleitoral para as eleições leislativas da Madeira, Funchal, Madeira, 20 de Setembro de 2023. As legislativas da Madeira decorrem em 24 de setembro, com 13 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único. HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

A deputada eleita do PAN, Mónica Freitas, é uma assistente social de 27 anos

HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Quem são os protagonistas da futura coligação

A aposta do PSD no PAN está relacionada com o perfil da deputada eleita, Mónica Freitas, que Miguel Albuquerque acredita ser de confiança. A assistente social de 27 anos teve a sua estreia na política e logo com uma eleição para o parlamento regional. O número dois Marco Gonçalves, que esteve afastado da campanha devido a uma queda que o chegou a deixar inconsciente, é outro nome “ministeriável” (neste caso, “secretariável“), caso o PAN venha a ocupar cargos no próprio governo regional. Marco Gonçalves é advogado e um dos nomes de referência do partido animalista na região da Madeira.

O CDS tem um líder caçador que já atacou a “rapaziada do PAN” há uns anos por não lhe quererem dar a liberdade de “perdiz de escabeche quando possa”, como eles têm direito “a só comer alface de manhã à noite”. Mas nem Nuno Melo se atreve a excluir o PAN. O líder democrata-cristão veio sublinhar que a escolha por IL ou PAN “depende de Miguel Albuquerque e da coligação do PSD e do CDS” e recusou comentar a preferência sobre qualquer um dos partidos, remetendo a decisão “para o pensamento sempre insondável dos dirigentes do PSD e CDS Madeira”.

Nuno Melo, ainda assim, deixou uma uma pista que dá margem de latitude para que o CDS consiga engolir um sapo — o PAN — que a nível nacional está, em muitos aspetos, nos antípodas daquilo que o partido defende. Disse Melo que a solução terá em conta as realidades da região da Madeira, “os relacionamentos entre as pessoas” e “a disponibilidade para o projeto”.

Já quanto a Nuno Morna acontece o inverso. O passado no CDS e a transferência para a IL deixaram marcas entre os centristas e o PSD também tem algumas desconfianças relativamente ao deputado eleito pela IL. Alberto João Jardim, em entrevista ao Observador na sexta-feira, definiu Morna como alguém que foi “um aguerrido militante de extrema-esquerda”, que depois “andou no PS”. “No PSD ele não entrou, que não deixei. Falaram-me uma vez e disse: ‘Nem pensar’”, acrescentou Jardim.

Muitos dirigentes com quem o Observador falou partilham desta desconfiança relativamente a Nuno Morna. O próprio CDS, que tem na IL um projeto que o esvaziou de apoiantes (o próprio Morna é exemplo disso), ficaria mais confortável se não tivesse, neste caso, de coabitar com a Iniciativa Liberal. O mais certo é que os liberais fiquem mesmo fora do barco.

Nuno Morna, da IL, tem anticorpos no PSD e no CDS

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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