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As histórias de "Uma Aventura" em 35 anos

Chega agora às livrarias "Uma Aventura em Conímbriga", o 59.º título de uma coleção que começou em 1982. As autoras, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, recordam o início, as viagens e as mudanças.

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Vamos a contas: 35 anos de Uma Aventura. Uma data certa que é celebrada com um inevitável novo número, o 59, daquela que é a coleção infanto-juvenil com maior longevidade nos livros em Portugal — na verdade, será uma coleção imbatível em qualquer critério. O novo livro é Uma Aventura em Conímbriga, que chega depois de Uma Aventura na Madeira. A história tem os heróis habituais: as gémeas Teresa e Luísa, Pedro, Chico e João, além dos cães Faial e Caracol. Na antiga cidade transformada em ruínas, há uma recriação histórica que esconde alguns segredos e é aí que entram os protagonistas.

Mas 35 anos também é uma boa idade para recordar histórias, do início de uma história que começou entre reuniões de professores e as aulas, às viagens a Marrocos ou à Madeira em busca de inspiração, passando pelas mudanças e atualizações que a série teve de fazer, inevitavelmente. Foi o que fizemos com as autoras de Uma Aventura, fotografias incluídas — e a que abre este artigo é mesmo de 1982.

No início não havia editora

Ana Maria Magalhães conheceu Isabel Alçada em Outubro de 1976, no primeiro dia do ano letivo, na sala de professores da Escola Básica Fernando Pessoa, em Lisboa. Eram professoras de Língua Portuguesa. “Começámos a fazer histórias pequeninas para dar aos alunos”, recorda Isabel Alçada. O projeto de escreverem uma coleção juvenil de aventuras para adolescentes surgiu anos mais tarde, em 1982. “As editoras não acreditavam em aventuras passadas em Portugal. Só queriam histórias de autores estrangeiros. Nós tínhamos ideia que não, que havia mercado”, explica Ana Maria Magalhães. Começaram o primeiro volume — Uma Aventura na Cidade — em Janeiro de 1982, ainda sem editora. Demoraram três meses a escrevê-lo, depois começaram a procura por quem tivesse interesse em publicá-lo. “Era muito difícil. Havia poucas editoras na época. Só à quarta vez é que aceitaram”, afirma Isabel Alçada.

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Receberam o “sim” da editora Caminho no verão de 1982. Não queriam acreditar. Ana Maria Magalhães vai buscar a agenda desse ano. “Tenho esta mania de ir registar o que acontece em cada dia. Há quem me ligue para saber o que aconteceu neste dia, daquele ano”, comenta a autora. Estão por ordem cronológica na escrivaninha antiga que tem na sala de estar de sua casa. Desde os 13 anos que Ana Maria guarda religiosamente todas as agendas. Tal como esta. “Em setembro disseram que iam fazer 8 mil exemplares. Era um número muito bom”, diz. “Um autor conhecido editava dois mil na altura. Até ficámos na dúvida se eles iriam conseguir vender esse número”, acrescenta Isabel Alçada.

A agenda de 1982 que Ana Maria Magalhães guarda, como todas as outras

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

“Uma Aventura na Cidade” chegou às bancas no dia 25 de novembro de 1982. “Foi um sucesso explosivo”, exclama Ana Maria Magalhães. O primeiro livro contava uma história que envolvia assaltos e roubos de carros em Lisboa. “Percebemos que os miúdos gostavam. O livro era realista, mostrava o que era a escola, o que as pessoas pensavam, como os alunos eram. Não era poético nem moralizante”, descreve Ana Maria Magalhães. Até os miúdos mais difíceis aderiram.

“Porque a história falava de jogar à bola, andar à chapada, partir os óculos. Sem incentivar à agressividade. E eles reconheciam-se ali”, dizem. Ana Maria e Isabel sentiam isso na pele, todos os dias. “Quando dava livros poéticos nas aulas de português, que na verdade nada tinham de poesia nem interesse nenhum, os meus alunos achavam aquilo uma grande seca. Em vez dos cativar para a leitura, estava afastá-los”, explica Ana Maria Magalhães.

Esta é a primeira versão da obra, sempre escrita à mão, tal como continua a acontecer hoje

Durante as férias grandes, de Natal ou da Páscoa, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada pesquisavam e avançam para novos cenários, que dariam origem a novos livros. Recordam, por exemplo, a ocasião em que foram “às minas da Panasqueira falar com os mineiros”, enquanto olham para a foto que no verso tem escrito a lápis “1985”. Vestiram-se a rigor com o fato próprio para conseguirem autorização para entrar. “Disseram que saias não entravam na mina. Então pedimos um fato”, explica Ana Maria. “Eles só tinham botas tamanho 42 e eu e a Ana somos 36. Pareciam uns badalos nos nossos pés”, recorda Isabel Alçada, entre gargalhadas.

Pega na foto e observa com atenção. “Ó Ana, as tuas botas ainda parecem maiores que as minhas”, diz. Nem a claustrofobia de Ana Maria impediu que descessem e se enfiassem num buraco debaixo da terra para perceber como era o dia-a-dia daqueles profissionais. “Nessa altura recebemos cartas e cartas de familiares de mineiros e pessoas que já não estavam no ativo. Foi uma coisa comovente”, relembra Ana Maria que ao fim dos 200 metros de profundidade voltou. Isabel continuou. “Esta aventura [na Mina] queria dar a entender aos miúdos como a vida era dura ali”, acrescenta.

As autoras nas Minas da Panasqueira, em 1985

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Queriam escrever histórias imaginativas mas em locais portugueses. “Com um interesse patrimonial que chamasse a atenção, que os fizesse interessar e que valesse a pena a ler”, explica Isabel Alçada. Sentiram que era uma novidade. “Não existe nem nunca houve a ideia que as crianças sonham com passarinhos e com estrelinhas de prata. Queríamos coisas reais”, acrescenta Ana Maria. Começaram logo a receber cartas de crianças, familiares e até colegas a elogiar o trabalho. “Houve uma professora que nos disse uma coisa comovente: ‘reconciliei-me com uma turma com o vosso livro’”, relembra Ana Maria Magalhães. As autoras continuaram a dar aulas: “Os nossos alunos eram fonte de inspiração. Aquele contacto diário com eles permitia-nos transmitir a vivacidade deles”.

Fins de semana e feriados

Desde 1982, a casa de Ana Maria Magalhães foi o ponto de encontro das autoras das obras “Uma Aventura”. Trabalhavam fins de semana inteiros e feriados: “Ainda me lembro de um dia que com um calor de morrer, de estares ali sentada e comentares: ‘Ana, devemos ser as únicas pessoas que não foram para a praia hoje’”. Mas, anos depois, a memória é a que já se esperava: “Não foi um sacrifício. Foi sim um período de muita produção e de intensa escrita. Lançámos 4 livros por ano”, recordam.

Em 1986, Ana Maria e Isabel começaram as viagens internacionais. “Tínhamos uma leitora de São Tomé a pedir para escrevermos uma aventura passada no deserto, com camelos e tudo”, diz Isabel Alçada. A caixa de correio enchia com pedidos e cartas de leitores. Foram a uma agência de viagens e marcaram tudo: Marraquexe, Ouarzazate e Zagora.

Foram convidadas para participar em muitos eventos e para ir à televisão. “Fomos a um programa da Margarida Mercês de Melo. No final o nosso editor disse que tínhamos falado de tudo mas nunca dissemos o nome do livro”, diz Isabel Alçada. Do outro lado da mesa, Ana Maria levanta os olhos. “Foi proibido, Isabel. Não nos deixaram dizer. Diziam que era publicidade. Nem a capa mostrámos”.

Em 1986, Ana Maria e Isabel começaram as viagens internacionais. “Tínhamos uma leitora de São Tomé a pedir para escrevermos uma aventura passada no deserto, com camelos e tudo”, diz Isabel Alçada. A caixa de correio enchia com pedidos e cartas de leitores. Foram a uma agência de viagens e marcaram tudo. Marraquexe, Ouarzazate e Zagora foram algumas das cidades que percorreram — camelo incluído. “O pôr-de-sol no deserto é incrível. O sol fica enorme, uma bola vermelha”, recorda Ana Maria. Nunca tinha visto uma areia tão fina na vida. “Enfiou-se em tudo que era buraco. Ouvidos, nariz, boca. Quando cheguei ao hotel, vim-me grega para tirar aquilo dos dentes”, acrescenta.

As autoras em Marrocos, 1986

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As viagens aconteciam sobretudo em Portugal. “Foi a magia das lagoas das sete cidades que nos levou aos Açores”, conta Isabel Alçada ao recordar mais uma dessas viagens. Percorreram o continente e as ilhas mas também voaram para outras paragens. França, Espanha ou Escócia, por exemplo: “Houve viagens em que uma de nós não foi. A Escócia foi uma delas, foi só a Isabel. Mas pelo menos uma ia e contava o que via”, comenta Ana Maria. O mesmo aconteceu no Egito, onde Ana Maria Magalhães também não esteve. E em algumas das histórias há também toques biográficos. “No caso do Uma Aventura no Natal, fui muito inspirada pelo que vivi em pequena na quinta dos meus avós”, diz Ana Maria Magalhães. “E houve um incêndio na Serra de Sintra em miúda que me marcou muito. Acho que Uma Aventura no Bosque surge daí”, confidencia Isabel Alçada.

A popularidade dos livros também acabou por motivar propostas e convites que tornaram possível usar outros cenários, mais distantes. Em 1994, receberam um convite para ir a Macau, da parte da Fundação Oriente: “A ideia era deixar um registo da administração portuguesa. Estávamos em 94, cinco antes de Portugal entregar Macau à China. Estudámos a história e convivemos com as famílias locais durante 17 dias”, explica Isabel Alçada. “Ainda há pouco tempo falei com o Pedro Xavier, o nosso colega lá”, acrescenta. A autora recorda o calor da cidade. “Foi um sofrimento. Passava mal com o calor. Parecia uma panela de pressão. Às tantas nem queríamos sair do hotel”, relembra Isabel.

Na Lagoa das Sete Cidades

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As sessões de fotos, as entrevistas e os serões de escrita eram sempre em casa de Ana Maria Magalhães. Mas a pesquisa é feita antes e durante, sem horários e com uma exigência constante. “Quando a história é passada num local verdadeiro, que seja verosímil, tem que ter sensações”, explica Isabel Alçada. “Por isso, a investigação é fundamental nas nossas histórias. E há sempre pormenores que escapam”, diz Ana Maria.

Quando pensaram em escrever Uma Aventura na Amazónia, começaram a pesquisar na internet para escrever a história a partir das informações que encontravam. Viram vídeos, fotos e leram diários de viajantes. “Mas não é igual. Um blogue, por mais informação que tenha, por mais bem escrito que esteja, não nos permite sentir, navegar no Rio Negro ou no Amazonas nem ver os macacos no nosso colo a brincarem”, justifica Isabel Alçada.

“Há coisas que queremos desenvolver, temas que gostávamos de aprofundar, mas não podemos porque, se o fizermos, vamos perder a atenção de quem nos lê. Tem que ser o suficiente eficazes para os prender”, explica Isabel. Acreditam que os mais pequenos não lidam bem com descrições. “Se tiver muitas, eles abandonam o livro ou saltam essa parte”, acrescenta Ana Maria.

A viagem proporcionou coisas que nem sabiam que existiam. “O encontro das águas, que eles chamam de lugar mágico, onde os dois rios se tocam mas não se misturam, é incrível”, descreve a autora. Alugaram um barco só para as duas com um guia e viajaram pelo Amazonas. “Tínhamos a ideia de estar no silêncio ali, aproveitar o esplendor da selva, mas o guia não se calava. Contava histórias e mais histórias”, confidencia Isabel. A certa altura tiveram que pedir delicadamente para estarem em silêncio e viver aquilo.

Estiveram 10 dias em viagem. “Recordo tudo. Foi tudo muito intenso mas o mais extraordinário é que ficávamos com a energia da juventude”, explica Ana Maria. “Acordava às 5h da manhã, sem o menor sacrifício e comia grandes pequenos-almoços. Aqui só como um kiwi de manhã. Se comer mais, fico enjoada. Lá comia omeletes e tudo”, acrescenta. “E atenção que eu sou medrosa e a Amazónia não é para brincar.” Mas sim, também tomaram banho em rios com piranhas. “Eles diziam que não havia perigo. Vimos um casal de médicos com filhos pequenos a entrar. E a seguir fomos nós”, conta Isabel. “Se me dissessem que ia tomar banho num rio com piranhas, diria que isso era impossível, que nunca haveria de acontecer”, diz Ana Maria.

No barco que os levou a conhecer o rio Amazonas

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Agora há tablets e smartphones

Ana e Isabel sempre escreveram os livros da coleção Uma Aventura com a preocupação simples de quem quer contar uma boa história. A essa estrutura fundamental juntam depois algumas regras — poucas — que têm em atenção o público alvo das obras. Qualquer leitor de qualquer idade os pode ler mas é inevitável concentrar atenções nos mais novos.

Há coisas que queremos desenvolver, temas que gostávamos de aprofundar, mas não podemos porque, se o fizermos, vamos perder a atenção de quem nos lê. Tem que ser o suficiente eficazes para os prender”, explica Isabel. Acreditam que os mais pequenos não lidam bem com descrições. “Se tiver muitas, eles abandonam o livro ou saltam essa parte”, acrescenta Ana Maria. Por isso, apostam em colocar duas frases estimulantes e deixar que a imaginação faça o resto. “Estas aventuras são coisas inspiradas pelos locais que conhecemos, construímos peripécias que são engraçadas para quem está a ler porque também elas podem criar as suas, de alguma forma”, diz Isabel.

No meio destas descobertas, há momentos em que também as autoras se transformam em catraias. Um desses momento aconteceu há pouco tempo. No ano passado foram desafiadas por uma escola da Madeira a escrever sobre a ilha. Já a conheciam mas nunca tinham escrito um livro com esse cenário. “Decidimos fazer aquela descida dos cestos. Quase que morria”, diz Ana Maria. Resolveram incluir a peripécia na história. “É como voltar a ter 12 anos”, dizem. Voltam a outro ritmo, a pensar como eles e a escrever de outra forma.

Sim, é aquela descida de cestos na madeira

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Há coisas no público juvenil — na verdade, em qualquer público — que nunca vão mudar mas outras insistem em procurar a mudança. E se alguns princípios que sempre orientaram as histórias de Uma Aventura parecem imutáveis, outros tiveram que ser “atualizados”. “Os nossos leitores usam tablet agora”, comentam as autoras. Nas primeiras edições não havia espaço para a tecnologia. A aventura dos cinco jovens era feita em diferentes ambientes mas sem recurso a smartphones, tablets ou portáteis. “Fomos obrigadas a incluir todos esses elementos porque se nao o fizéssemos, corríamos o risco de ter histórias que pareciam absurdas por estarem distantes da realidade”, diz Isabel.

O primeiro livro em que apareceu um telemóvel foi o volume 34, Uma Aventura Perigosa. “Se queremos dizer que eles ficaram isolados, por vezes temos que dizer que ficaram sem bateria ou que os telefones foram roubados, não podemos ignorar essas possibilidades”, explica Ana Maria Magalhães. Quando viajam para participar em conferências nas escolas, por exemplo, o mais comum é optar pelo comboio. E fugir da realidade é impossível: “Hoje as pessoas vão ao computador, a enviar emails ou a ler livros no Kindle. A vida mudou”, conta Isabel. “É o século XXI. Só estou à espera que apareça o tele-transporte, ou pelo dia quem só por bater palmas aparecemos na Austrália”, confidencia Ana Maria Magalhães.

Afinal, quem são as gémeas?

Com personagens que atravessam diferentes décadas e gerações, é inevitável que as curiosidades se mantenham, ou que às vezes até evoluam para algo próximo de um mito urbano. “Uma das perguntas que mais nos fazem é o que é que as gémeas têm a ver connosco. E a verdade é que elas existem mesmo, foram nossas alunas”, diz Ana Maria. A Teresa e a Bárbara (esta última nos livros haveria de chamar-se Luísa) eram sobrinhas de uma colega da escola e foram alunas das autoras. “Eram engraçadas, vivas, muito imaginativas, despachadas e brincalhonas”, descreve. Tinham 10 anos quando o primeiro livro foi apresentado. Faziam partidas aos professores e alunos. Foram a inspiração que as autoras encontraram para dar vida às protagonistas.

“Uma das gémeas, no primeiro dia de aulas, veio ter comigo: “Dizem quem os professores são os nossos melhores amigos mas eu não acho”, recorda Ana Maria que lhe respondeu que também não concordava. “No último dia de aulas veio ter comigo e perguntou-me: ‘diga-me a verdade, deu-me 5 porque mereço ou porque gosta de mim?’.” Ana Maria continua a dizer que ela merecia. “Não dou notas como quem dá rebuçados. Mas a miúda tinha piada”, lembra. Anos depois, em eventos como a Feira do Livro, em Lisboa, encontram-se com elas. “Já com os filhos e os maridos. Devem ter uns 40 anos”, acrescenta Isabel Alçada.

Aprenderam a relacionar ideias, a estruturar uma história e seguir para a escrita. Sempre à mão, com a caneta de Ana Maria Magalhães. “A minha letra é mais legível”, afirma. Guardam todos os manuscritos porque as obras são sempre feitas em papel e caneta, a quatro mãos e dois cérebros.

Este é só mais um detalhe que ajuda a confirmar o essencial: se não se tivessem conhecido em 1976, se não tivessem trabalhado como professoras nas mesmas escolas, a preparar aulas, visitas de estudo, a fazer atas de reunião ou a imaginar histórias sem qualquer intenção de publicar, Uma Aventura provavelmente não existia. Mais: foram também sempre vizinhas. “Os pais da Isabel moravam em frente à minha casa”, diz Ana Maria.

Contudo, e mesmo numa parceria que vai além dos objetivos profissionais, “não é fácil escrever a dois”, dizem. Aprenderam a relacionar ideias, a estruturar uma história e seguir para a escrita. Sempre à mão, com a caneta de Ana Maria Magalhães. “A minha letra é mais legível”, afirma. Guardam todos os manuscritos porque as obras são sempre feitas em papel e caneta, a quatro mãos e dois cérebros. “É mais rápido também. O ritmo a que nos sai a história vai logo para o papel e nada se perde”, acrescenta a escritora. “Se uma está sem ideias, a outra tem. Azar é não termos as duas”, comentam. Depois pagam a uma pessoa para passar tudo a computador, “a mesma que está connosco desde principio”, explica Isabel.

Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães na mesa onde trabalham juntas há mais de 35 anos

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

Livro após livro, o procedimento é o mesmo. Assim que um dos livros fique pronto, entregam-no de imediato na editora. “Percebemos que era importante dar os originais porque há um conjunto de pessoas que vive à volta daquilo”, comenta Isabel. Estão com a Caminho deste primeiro volume em 1982. O primeiro editor, Zeferino Coelho, é o editor de hoje. “Por sinal, meu marido também desde 1985”, diz Ana Maria. As autoras separaram-se quase na mesma altura, logo após os primeiros números. “Foi uma altura que escrevíamos muito ao fim-de-semana. Os nossos filhos já eram grandes e autónomos”, assumem. Ambas voltaram a casar. “Damo-nos todos bem. Quando há assuntos sobre Uma Aventura, o Zeferino não fala sem a presença da Isabel”, conta Ana.

É na mesma mesa onde trabalham há mais de 35 anos que se juntam os três para discutir o futuro da coleção. Um futuro que se confunde com o das autoras. “Gostava de ir às Galápagos. Deve ser extraordinário ver os animais de perto”, diz Isabel Alçada. Querem continuar a mostrar o país e o mundo e assumem que quando se escreve para crianças é muito importante despertar a curiosidade. A lista dos destinos por explorar é extensa. Acreditam que há muitas aventuras ainda a fazer “mas nem sempre ao alcance”. “Gostava de ir ao Canadá, de ver os ursos, as reservas dos índios. Esse não será muito complicado, pois não?”, pergunta Ana Maria Magalhães.

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