909kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Lockdown To Combat Covid-19 Continues In Portugal
i

NurPhoto via Getty Images

NurPhoto via Getty Images

As linhas vermelhas para recuar no desconfinamento se a epidemia se descontrolar outra vez

O desconfinamento está para breve, mas os peritos já orientaram o Governo sobre como voltar atrás caso os números aumentem de novo. R não pode passar de 1 e não pode haver mais de 1.765 casos diários

O epidemiologista Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), definiu seis indicadores que devem servir de bandeira de perigo para a necessidade de restabelecer novas medidas, mais restritivas, mesmo após o desconfinamento. A ideia é que sirvam de guias para acompanhar a situação e agir rapidamente caso os números voltem a aumentar e a epidemia se descontrole de novo.

As “linhas vermelhas”, como o próprio classificou, foram apresentadas na reunião no Infarmed esta segunda-feira, que juntou também outros peritos responsáveis pelo aconselhamento científico ao poder político. Segundo o especialista, será necessário regressar às medidas mais restritivas quando:

1A incidência atinja os 240 casos diários acumulados ao longo de 14 dias por cada 100 mil habitantes, o que em Portugal se traduz na identificação de 1.765 novos casos em 24 horas. Segundo Baltazar Nunes, estes níveis, além de serem internacionalmente referenciados para medir o nível de controlo sobre uma epidemia, também simbolizam um decréscimo na eficácia da testagem massiva;

2O risco de transmissão (R), que representa quantas pessoas um infetado pode contagiar, for superior a 1 e a incidência for maior que 120 casos ao longo dos 14 dias anteriores por 100 mil habitantes. Ou seja, a epidemia só pode ser dada como controlada quando a incidência não ultrapassar os 60 casos por 100 mil habitantes ou, sendo o dobro disso, o R estiver abaixo de 1. A incidência e o R são os indicadores mais importantes de todos, aponta o epidemiologista;

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

3taxa de positividade (a porção de testes positivos à presença do coronavírus do total de testes realizados) ultrapassar os 4% ou houver um atraso na notificação em mais de 10% dos casos confirmados. Neste contexto, considera-se um “atraso na notificação” sempre que ela não ocorre até ao dia seguinte à colheita de amostra para teste;

4A percentagem de casos com isolamento e rastreio de contactos efetuado nas primeiras 24 horas após a notificação for inferior a 90%. Se isso acontecer, é necessário reforçar imediatamente os recursos humanos. Caso o problema permaneça por mais de sete dias, coloca-se em xeque a capacidade para travar a circulação de casos positivos, afetando a gestão do nível de transmissão;

5A ocupação das camas nas unidades de cuidados intensivos com doentes Covid-19 alcançar os 245. O objetivo, explica Baltazar Nunes, é que a taxa de ocupação pela Covid-19 seja inferior a 85% da capacidade de camas abertas depois de março de 2020. A atividade relacionada com a Covid-19 não deve prejudicar a qualidade de resposta aos doentes que sofrem com outras patologias;

6Forem identificadas variantes potencialmente mais transmissíveis (que aumentarão a incidência de casos positivos), mais severas (que causarão mais internamentos e um aumento da letalidade) e com capacidade de fugir ao sistema imunitário (comprometendo a eficácia das vacinas e provocando reinfeções). Segundo Baltazar Nunes, e de acordo com aquilo que João Paulo Gomes, investigador do INSA, já havia alertado, é preciso prestar especial atenção à vigilância dessas variantes no pós-desconfinamento.

Se estas linhas vermelhas forem ultrapassadas, a situação epidemiológica do país compromete o controlo da transmissão na comunidade, a sustentabilidade e qualidade da resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e pode implicar um aumento do impacto social e económico da Covid-19. As orientações de Baltazar Nunes foram resumidas no quadro aqui em baixo.

Numa audição na Comissão de Administração Pública, Modernização Administrativa, Descentralização e Poder Local da Assembleia da República, outros especialistas já tinham apontado critérios que indicariam a necessidade de apertar as medidas de restrição.

O matemático Jorge Buescu estabeleceu nessa mesma audição que, sempre que o R chega a 1,2, a incidência de contágios torna-se demasiado difícil de controlar porque a inércia da onda é complicada de reverter: “Quase fatalmente, dali a quinze dias, estabelece-se uma vaga”, determinou o perito quando foi ouvido no Parlamento, apelando a que esta métrica seja continuamente monitorizada após o desconfinamento, sob pena de Portugal viver uma quarta vaga.

Carlos Antunes, engenheiro da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que tem seguido a evolução da pandemia em Portugal, estabeleceu cinco níveis de risco para classificar a situação epidemiológica no país, segundo os quais se devem aplicar as medidas mais rígidas ou aliviá-las. Em conjunto com Manuel Carmo Gomes, que abandonou as apresentações no Infarmed há poucas semanas, participou no estabelecimento das linhas vermelhas apontadas esta segunda-feira por Baltazar Nunes.

De acordo com o perito, é necessário apertar as medidas sempre que se ultrapasse o segundo nível da tabela, o que implica que a incidência alcance 2.250 casos diários, o R chegue a pelo menos 1,05, a taxa de positividade ultrapasse os 5% e as camas ocupadas por doentes Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos ultrapasse os 190.

Ou seja, quando Portugal passar do nível 2 para o nível 3 na escala de risco e permanecer neste nível durante cinco a sete dias, é preciso impor medidas mais fortes. Os dois níveis seguintes já assinalam uma situação epidemiológica muito grave que pode ser irreversível e tudo deve ser feito para não se chegar ao quinto e último degrau da escala.

As linhas vermelhas para desconfinar (ou ter de confinar novamente) segundo os quatro especialistas ouvidos no Parlamento

Há duas semanas, a 24 de fevereiro, Carlos Antunes previa que o país só deveria reunir todas as condições necessárias para desconfinar no fim do mês março. Foi a primeira vez que os especialistas delinearam objetivos concretos que determinam os momentos ideais para iniciar o desconfinamento do país

Mas, na reunião desta segunda-feira, Baltazar Nunes antecipa que, como a incidência em Portugal está em fase decrescente, é expectável que a 15 de março se esteja “numa situação muito perto dos 60 casos por 100 mil habitantes e da taxa de ocupação desejada” para as unidades de cuidados intensivos — podendo isso permitir o início do desconfinamento faseado.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.