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O Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa (3D), acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão (7E), pelo presidente da Camara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (4E), e pelo responsável pela Grupo de Coordenação da JMJ, José Sá Fernandes (6E), visita os terrenos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Beirolas, Lisboa, 23 de fevereiro de 2022. TIAGO PETINGA/LUSA
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Equipa de Sá Fernandes garante que tudo está a correr bem; Câmara e Igreja apreensivas

TIAGO PETINGA/LUSA

Equipa de Sá Fernandes garante que tudo está a correr bem; Câmara e Igreja apreensivas

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Atraso no plano de mobilidade dificulta organização da JMJ. Câmara e Igreja desconhecem documento do Governo

José Sá Fernandes, coordenador escolhido pelo Governo, ainda não partilhou plano de mobilidade com parceiros. Preocupação da Igreja e queixas da Câmara de Lisboa aumentam a poucos meses do evento.

Continua a troca de acusações entre os vários intervenientes na organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Desta vez, e numa altura em que ainda estão a ser revisitados os valores envolvidos na construção dos altares-palco, os olhares voltam-se para José Sá Fernandes, o coordenador escolhido pelo Governo: até à data, as partes garantem não conhecer o plano de mobilidade para o evento, missão que é da responsabilidade do antigo vereador de Fernando Medina; na equipa de Sá Fernandes nega-se qualquer atraso e garante-se que tudo está a correr como previsto.

Há vários meses que a organização da JMJ tem afirmado que o plano de mobilidade é um dos documentos mais importantes para o planeamento do evento — que vai incluir cerca de 1,5 milhões de jovens a deslocarem-se continuamente pela área metropolitana de Lisboa durante uma semana, para um evento que terá vários polos dispersos por toda a Grande Lisboa.

O plano foi apontado pela Igreja Católica como condicionante para a escolha dos lugares onde vão ser alojados os participantes inscritos e para a organização das catequeses diárias — dezenas de conferências de bispos de vários países do mundo que vão decorrer naquela semana em toda a Grande Lisboa.

Em outubro do ano passado, num encontro com os jornalistas na sede da Fundação JMJ, o bispo D. Américo Aguiar, responsável pela organização da JMJ 2023, e o secretário executivo da organização, Duarte Ricciardi, já se tinham pronunciado sobre o assunto, explicando que ainda havia pontos por esclarecer (incluindo as localizações de alguns recintos e eventos), cujos detalhes dependeriam de um plano de mobilidade ainda em preparação pelas autoridades.

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Além de o plano ser fundamental para que sejam definidos os reforços de transportes públicos na cidade de Lisboa e na área metropolitana (a que os participantes inscritos vão ter acesso através de um passe específico incluído na inscrição), também é crucial para antecipar as movimentações dos cerca de 1,5 milhões de participantes que vão chegar em massa a Lisboa, de avião e autocarro nos dias que antecedem a JMJ.

A falta de um plano concreto já está, por isso, a motivar sérios constrangimentos na organização da JMJ. Por exemplo, o Observador sabe que há grupos de peregrinos a procurarem informações junto da organização do evento no que toca às deslocações dentro do território nacional ao chegarem a Portugal — por exemplo, saber que opções têm para o transporte caso aterrem no Porto, em vez de Lisboa. Ou como se podem deslocar entre o ponto A e o ponto B. Se devem alugar um autocarro e onde podem estacionar. Todas as dúvidas têm ficado sem resposta porque a Igreja não as tem.

As questões não se esgotam aí. Até ao momento, ainda não é possível saber que opções terão os peregrinos que cheguem a Lisboa, não apenas através do aeroporto da capital portuguesa, mas também através de outros aeroportos nacionais ou espanhóis. Nem como serão os serviços do Metro de Lisboa, Carris, TML, CP ou Fertagus, por exemplo, se existirão shuttles do aeroporto até vários pontos da cidade e como será a ligação entre as várias cidades que acolherão o evento.

A título de exemplo, é de prever que o plano de mobilidade contemple a utilização de todos os aeroportos nacionais e não só. Esta gigantesca operação, além de contar com a colaboração das autoridades espanholas, tem de acautelar que há oferta de ligações entre esses vários pontos e a cidade de Lisboa, sob pena de deixar milhares de peregrinos sem forma de se juntarem ao evento.

Quadro macro conhecido em dois meses

Ora, entre elementos da equipa de José Sá Fernandes, a garantia que é dada é de que tudo está a correr dentro do esperado e que não existe qualquer motivo para alarme. Para já, será prematuro avançar com detalhes concretos sobre o plano de mobilidade, que nunca será um documento fechado e que estará em permanente avaliação até ao final do evento.

A título de exemplo, o grupo liderado pelo antigo vereador deverá ter reuniões com todos os operadores da Área Metropolitana de Lisboa (pelo menos, aqueles que estarão mais diretamente envolvidos no evento) até ao final da semana. Mas nem aí será possível apresentar como fechados os reforços das carreiras, as soluções dos bilhetes ou o alargamento dos horários — o plano não é estático.

A hipótese mais provável é que apenas daqui a dois meses seja possível apresentar um quadro macro do plano de mobilidade, que dependerá sempre da informação que for recolhida sobre o número de peregrinos que se deslocarão até Lisboa, o meio de transporte ou o sítio onde vão dormir.

Apesar de a realização da JMJ 2023 em Lisboa estar agendada desde 2019, o Governo só adjudicou a elaboração do plano de mobilidade em dezembro do ano passado. A empresa escolhida foi a VTM – Consultores em Engenharia e Planeamento, por 89 mil euros e o contrato, disponível no Portal Base, inclui um prazo de execução de 212 dias — fontes ligadas ao processo descrevem a empresa com uma das melhores do setor e garantem ter confiança total no trabalho que está a ser desenvolvido.

Igreja e autarquia ainda esperam plano

Tanto na Câmara Municipal de Lisboa como no Comité Organizador Local (o organismo da Igreja que está a organizar os detalhes do evento), ainda não há informações completas sobre o plano de mobilidade. Há um ano, existia a expectativa de que o plano já estivesse traçado nesta altura. No entanto, nem a Igreja nem a autarquia tiveram, para já, qualquer desenvolvimento nesse sentido.

A título de exemplo, é de prever que o plano de mobilidade contemple a utilização de todos os aeroportos nacionais e não só. Esta gigantesca operação, além de contar com a colaboração das autoridades espanholas, tem de acautelar que há oferta de ligações entre esses vários pontos e a cidade de Lisboa, sob pena de deixar milhares de peregrinos sem forma de se juntarem ao evento.

Do lado da autarquia, garante-se que, desde que foi assinado o memorando de entendimento entre as câmaras de Lisboa e Loures, Fundação JMJ e Governo, pouco ou nada mudou. E cresce a apreensão sobretudo depois de a autarquia e José Sá Fernandes terem cortado relações institucionais à boleia do caso do altar-palco do Parque Tejo. A relação – que já não era boa – deteriorou-se depois das considerações do antigo vereador, com a autarquia a fazer questão de tornar público que tinha passado a excluir Sá Fernandes das reuniões técnicas do evento.

A ausência de um plano de mobilidade traduz-se em dificuldades práticas para a organização da JMJ. Por exemplo, serão organizadas catequeses em vários pontos da cidade — em função da língua nativa dos vários grupos de peregrinos. É da responsabilidade da Fundação JMJ garantir alojamento desses grupos, distribuindo-os em função dos transportes que existam ou não. E a localização das catequeses será pensada em função da distribuição dos peregrinos. Sem um plano de mobilidade conhecido, é praticamente impossível fechar uma grande parte desses detalhes.

Já em dezembro, o Observador explicava parte desse processo. “Irá haver catequeses em várias línguas e dedicadas a vários temas (…) e, embora os jovens possam escolher quais as conferências a que pretendem assistir, a organização da JMJ vai encaminhar os participantes por línguas e geografias. Tentaremos orientar pelo plano de mobilidade e pelas línguas”, explicava então o secretário-executivo da organização, Duarte Ricciardi. Até ao momento, no entanto, pouco ou nada mudou — e a inexistência de um plano de mobilidade contribui para o atraso dos trabalhos.

Entre elementos da equipa de José Sá Fernandes, a garantia que é dada é de que tudo está a correr dentro do esperado e que não existe qualquer motivo para alarme. Para já, será prematuro avançar  com detalhes concretos sobre o plano de mobilidade, que nunca será um documento estático e que estará em permanente avaliação até ao final do evento.

Mobilidade também condiciona resposta de segurança

Além de ser um instrumento crucial para a organização logística do evento, o plano de mobilidade é também um documento fundamental para a elaboração do plano de segurança da JMJ — outra responsabilidade do Governo.

É só com base na informação sobre onde vão estar a cada momento os vários grupos de jovens que será possível desenhar a megaoperação necessária para garantir a segurança dos participantes e do Papa Francisco durante a primeira semana de agosto em Lisboa.

O plano de mobilidade será também vital para garantir que tudo corre bem nas últimas 24 horas da JMJ — quando cerca de 1,5 milhões de jovens se vão juntar no Parque Tejo-Trancão para uma vigília com o Papa Francisco (dia 5 de agosto à noite), para uma dormida ao ar livre naquele local e para a missa de encerramento com o Papa (dia 6 de agosto de manhã).

Os participantes vão ser distribuídos pelos vários setores do recinto após uma grande caminhada pela cidade de Lisboa, durante o dia de sábado, mas a própria distribuição dos participantes terá de ser feita com base no plano de mobilidade, consoante o lugar onde estiverem alojados os diferentes grupos de jovens.

As informações que constarão do plano de mobilidade serão também imprescindíveis para a organização da JMJ orientar os padres (dezenas de milhares), bispos (centenas) e outros convidados VIP que vão participar na celebração final.

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