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Alex Brazier trabalhou mais de 20 anos no Banco de Inglaterra, tendo passado para a gigante BlackRock em 2021.

Bloomberg via Getty Images

Alex Brazier trabalhou mais de 20 anos no Banco de Inglaterra, tendo passado para a gigante BlackRock em 2021.

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BCE. "Taxas de juro vão baixar para entre 1% e 2% – mais perto de 1%", antecipa a BlackRock

Com economia em apuros, BCE deverá baixar as taxas de juro para "entre 1% e 2% – mais perto de 1%", antecipa a gestora de ativos BlackRock, que diz estar atenta a "oportunidades" em Portugal.

Os mercados financeiros estão a antecipar que a Reserva Federal dos EUA irá fazer mais descidas das taxas de juro do que o BCE, mas essa previsão tem uma grande probabilidade de revelar-se errada, afirma Alex Brazier, diretor global de estratégia de investimento e consultoria de portfólio da “gigante” gestora de ativos BlackRock. O economista britânico está convicto de que a economia europeia enfrenta “ventos contrários” muito mais desafiantes do que os EUA e, por isso, embora possa ser um processo longo, “as taxas de juro irão precisar de ser colocadas num nível mais baixo” na zona euro.

“Se não houver mais choques — o que é, claro, um grande se — eu admitiria que as taxas de juro europeias podem cair para um nível entre 1% e 2%. Talvez mais perto de 1% do que de 2%, por causa dos tais ventos contrários que a economia europeia enfrenta”, afirma o especialista, em entrevista ao Observador durante uma visita a Lisboa por ocasião do 30º aniversário da presença da BlackRock em Portugal.

Para este especialista, o investimento em ações norte-americanas vai continuar a valer a pena. Aliás, Alex Brazier salienta que as valorizações recentes dos índices se deveram, sobretudo, aos ganhos em algumas empresas e setores específicos (como a tecnologia). Agora, acrescenta o especialista, essas empresas podem subir menos mas o avanço nas bolsas deverá generalizar-se a mais setores, sobretudo numa fase em que a Reserva Federal está a aliviar o garrote das taxas de juro elevadas.

Já na Europa, as perspetivas económicas gerais são muito menos animadoras, considera a BlackRock – o que não impede que possam ser muito rentáveis os investimentos “cirúrgicos” em alguns setores específicos.

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“Taxas de juro na zona euro vão baixar para um nível entre 1% e 2% – mais perto de 1% do que de 2%”

Os principais mercados de ações têm tido desempenhos muito positivos nos últimos anos, mesmo quando os bancos centrais estavam a subir as taxas de juro – desempenhos positivos que vão um pouco contra aquilo que se poderia esperar numa altura de aperto monetário tão agressivo. O S&P 500 dos EUA subiu mais de 30% no último ano e o Stoxx Europe 600 valorizou-se em quase 15%. Agora que entrámos numa nova fase, de descida dos juros, o que podem os investidores esperar daqui para a frente?
Os bancos centrais de ambos os lados do Atlântico estão a avançar para uma fase de descida dos juros porque consideram que as consequências inflacionistas da pandemia, e todo o ajuste difícil à saída desse período, estão agora a solucionar-se. Na Europa, sobretudo, também temos a grande crise energética, cujo impacto tem vindo a atenuar-se. Tanto o BCE quanto a Reserva Federal sentem que podem começar a reduzir as taxas de juro para o que se poderá considerar um nível mais neutro [nem expansionista nem restritivo da atividade económica]. E vemos muitos dos nossos clientes a quererem fixar as rendibilidades para um prazo um pouco mais longo…

Quer dizer investindo em obrigações, ativos de rendimento fixo, em vez de ações?
Sim, temos tido uma grande fluxo para obrigações de longo prazo, investimentos que tentam “segurar” as taxas altas por mais tempo. Além disso, outra implicação do contexto atual, para quem investe, é que há oportunidades interessantes para tentar ganhar com as formas diferentes como os vários bancos centrais estão a descer a montanha. Os mercados estão a incorporar a expectativa de que a Fed irá cortar as taxas até cerca de 3% – estavam em 5,50%, portanto serão 250 pontos-base de corte, acumulado, na taxa de juro. Porém, os mercados preveem que o BCE irá reduzir os juros até 2%, ou seja, como estavam em 4% são apenas 200 pontos-base de cortes. Para nós, isso é interessante porque acreditamos que, na realidade, o BCE vai acabar por cortar as taxas de juro mais do que a Fed.

O índice S&P 500, o mais representativo da bolsa norte-americana, mais do que duplicou desde os mínimos do início da pandemia. FONTE: TradingEconomics

Vamos ter um nível de juros mais baixo na Europa do que nos EUA?
O BCE poderá ser um pouco mais lento a descer, por causa da maior rigidez da inflação na zona euro. Mas, no final de contas, achamos que a economia europeia enfrenta ventos contrários mais fortes do que a economia dos EUA. Os EUA têm uma política orçamental muito expansionista, um grande défice orçamental que, provavelmente, tem tendência para crescer ainda mais – independentemente de quem for escolhido para próximo Presidente dos EUA. Já a economia europeia não tem o mesmo grau de estímulo por parte da política orçamental. Outra questão é o diferente grau de exposição de cada uma dessas economias à difícil situação económica da China.

A Europa está mais exposta do que os EUA?
Está. E a China entrou num período de crescimento bastante lento, o que vai penalizar as exportações da Europa. Ou seja, como dizia, a Europa tem perspetivas económicas mais desafiantes e, eventualmente, isso significará que as taxas de juro irão precisar de ser colocadas num nível mais baixo – mas os mercados não estão a incorporar esse cenário…

Os mercados estão a prever que os juros vão para sensivelmente 2% na zona euro e 3% nos EUA, as chamadas taxas terminais [o nível que se atinge no final de um dado ciclo de subidas ou descidas dos juros]… Não vai ser assim, na sua opinião?
Na verdade, na nossa opinião, a taxa terminal pode ser um pouco maior do que 3% nos EUA e, na Europa, menor do que 2%.

Quão menor?
Bem, se não houver mais choques — o que é, claro, um grande se — eu admitiria que as taxas de juro europeias podem cair para um nível entre 1% e 2%. Talvez mais perto de 1% do que de 2%, por causa dos tais ventos contrários que a economia europeia enfrenta. Para quem investe, isso significa que a oportunidade está em tentar fixar as taxas de juro de longo prazo, onde estão atualmente, comprando instrumentos como obrigações de longo prazo, com juros [fixos] mais elevados. Sobretudo títulos de dívida na Europa.

"Se não houver mais choques — o que é, claro, um grande se — eu admitiria que as taxas de juro europeias podem cair para um nível entre 1% e 2%. Talvez mais perto de 1% do que de 2%, por causa dos tais ventos contrários que a economia europeia enfrenta."

Subidas na bolsa foram à conta de algumas “gigantes”. Ganhos podem, agora, “generalizar-se”

Mas, voltando ao mercado de ações, é razoável esperar valorizações ainda maiores, depois daquilo que os índices já subiram em tão pouco tempo?
Olhando para os últimos 12 a 18 meses, o que foi impressionante, por exemplo na bolsa dos EUA, não foi tanto o aumento generalizado nos preços das ações. [A subida dos índices bolsistas] deveu-se muito às valorizações em algumas empresas de tecnologia, as hyper-scalers, as fabricantes de semicondutores… Isso foi consequência de uma mudança muito grande nos fundamentos da economia mundial, à medida que a revolução da Inteligência Artificial ​foi desbloqueada. A procura por semicondutores aumentou, a procura por data centers, por energia, tudo isto são oportunidades reais de investimento e os preços das ações dessas empresas ajustaram-se para refletir isso. Penso que agora, nesta nova fase, o que antevemos é um movimento nos mercados de ações de forma mais transversal. Note que, durante o verão, o índice equal-weighted de ações dos EUA ponderado igualmente — onde todas as empresas têm o mesmo peso no índice — tem aumentado significativamente.

Tem aumentado mais do que os índices mais conhecidos, onde as empresas maiores pesam mais. O que é que isso lhe diz?
Isso diz-nos que o mercado está, de facto, a incorporar – de uma forma mais transversal – as perspetivas de cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal. E também está a incorporar outra coisa fundamental, que está relacionada com isso e que é uma das razões pelas quais a Reserva Federal se sente capaz de cortar as taxas de juro: é que, embora a economia dos EUA pareça estar a crescer a uma taxa próxima de 3% ao ano, essa forte taxa de crescimento não está a sobreaquecer a economia (criando inflação). A população ativa está a aumentar muito rapidamente e a produtividade está a crescer muito rapidamente nos EUA. Estes são desenvolvimentos positivos que estão a aumentar o potencial de crescimento da economia sem evidências de que esteja a gerar inflação.

Quem é Alex Brazier?

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Alex Brazier, formado em Cambridge, trabalhou mais de 20 anos no Banco de Inglaterra, foi chefe de gabinete do governador e acabou como diretor-executivo na área da estabilidade financeira.

Em 2021 passou, porém, para a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, como diretor global de Estratégia de Investimento e de Consultoria de Portfólio.

A BlackRock é uma empresa multinacional de investimentos fundada nos EUA em 1988. Inicialmente, era uma empresa de análise de riscos empresariais e geria carteiras de investimento em obrigações. Mas hoje é a maior gestora de ativos financeiros do mundo, com quase 10 biliões de dólares em ativos sob gestão.

E na zona do euro?
Na zona do euro, o cenário é um pouco diferente, porque não está a ter estas melhorias que os EUA estão a ter – refiro-me ao potencial de crescimento económico. A produtividade na Europa tem tido uma evolução comparativamente mais fraca e estamos a ver nos dados alguns sinais de enfraquecimento da economia, o que, mais uma vez, nos diz que a política monetária na Europa está a pesar na economia.

O objetivo era esse, fazer abrandar a atividade económica para travar a inflação…
Certo, mas acho que o BCE, à medida que a inflação cai, não vai querer fazer isso em demasia.

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“Os nossos clientes estão a mostrar interesse em fundos de ações europeias, em setores específicos”

As avaliações das ações ainda estão baratas, depois da valorização recente?
Bem, não acho que estejam baratas, de um modo geral, mas acho que há uma série de oportunidades. Nos EUA, durante o verão, vimos algum ajuste na forma como o mercado avalia o crescimento futuro das empresas de tecnologia e produtoras de semicondutores. Isso não quer dizer que o crescimento delas deverá ser fraco, de modo algum. Penso que é apenas o mercado a dizer “ok, vamos fazer aqui uma pequena pausa…”. O interessante, para nós, é a generalização das subidas das ações, de forma mais generalizada e em vários setores. Isso é consistente com o crescimento da economia de que falávamos há pouco, sem estar a gerar inflação, o que para nós aponta para uma aumento adicional do potencial da economia dos EUA.

Mas se espera, agora, uma generalização maior dos ganhos na bolsa dos EUA, isso significa que aquelas que tinham vindo a subir mais podem, agora, sofrer uma correção?
Bem, na verdade, penso que elas já tiveram alguma correção nos últimos meses. Como dizia, isso é visível na forma como o índice equal-weighted aumentou em mais de 7% nos últimos três meses e, no mesmo período, o índice ponderado de mercado — que dá maior peso às grandes empresas, como as tecnológicas — ficou razoavelmente estável. Essa é uma mudança relativa bem grande… Eu esperaria que parte desta generalização das subidas vá continuar, em grande parte por causa do aumento dos preços de muitas dessas outras empresas, mas isso não precisa de implicar uma redução do preço das maiores empresas.

E na Europa?
Do lado europeu, na verdade, as avaliações são bastante boas…

Melhores do que nos EUA?
Melhores do que nos EUA. E, sobretudo, pensamos que existem oportunidades na Europa se tivermos uma abordagem mais seletiva [em vez de investir nos índices gerais]. Estou a falar das ações de setores como os bancos, construção, algumas empresas de bens de luxo e empresas de energia. São áreas onde achamos que o mercado está com preços razoáveis. Estamos a ver, particularmente na Europa, ao longo dos últimos meses, os nossos clientes a mostrarem mais interesse em fundos de ações europeias, para tentar tirar vantagem de algumas dessas oportunidades específicas.

"Pensamos que existem oportunidades na Europa se tivermos uma abordagem mais seletiva [em vez de investir nos índices gerais]. Estou a falar das ações de setores como os bancos, construção, algumas empresas de bens de luxo e empresas de energia."

Mas isso, por si só, significa que, afinal, há algum otimismo em relação à economia europeia?
Não necessariamente. É uma questão de ver como as pessoas avaliam os atuais preços das ações versus as perspetivas que existem.

Quer dizer, procurar os casos onde as valorizações já se esgotaram, nesta fase, e onde ainda têm espaço para subir…?
Exatamente. Na Europa, as pessoas estão a ser mais cirúrgicas sobre onde estão as oportunidades, em vez de fazer uma grande aposta com base nas perspetivas macroeconómicas. A política monetária está a pesar na economia, como era suposto acontecer. Por isso é necessário ser mais seletivo, cirúrgico…

Referiu alguns setores, construção…
Construção, bancos, alguns produtores de artigos de luxo, o setor da saúde, também. É uma mistura interessante, cada um dos setores por razões diferentes.

“É importante que as carteiras de investimento acautelem os riscos de escalada de conflitos”

Na Europa, acha que o facto de a guerra na Ucrânia ainda continuar, dois anos e meio depois de ter começado, é um constrangimento para as ações europeias enquanto opção de investimento? Ou os mercados tornaram-se dormentes, insensíveis ao facto de termos uma guerra aqui ao lado?
Não acho que a economia possa tornar-se insensível a algo assim, principalmente quando afeta diretamente os preços da energia. O que houve foi uma adaptação ao nível de preços que temos na energia. Além disso, os mercados também estão a incorporar as implicações desta guerra para a economia em geral e, de forma mais ampla, os mercados estão a prestar cada vez mais atenção aos riscos geopolíticos.

Os mercados mundiais, quer dizer? Ou só na Europa?
Sim, a nível mundial. Estamos a ver uma mudança estrutural na economia global, passámos a ter uma separação entre vários blocos: um bloco em torno da China, um bloco associado aos EUA e alguns países no meio. A principal consequência disso é que passamos a ter um sistema de comércio muito menos aberto do que aquele a que nos habituámos nos anos 90 e 2000. Isso, provavelmente, irá significar uma inflação um pouco maior, nas próximas décadas. E os bancos centrais vão desempenhar um papel um pouco diferente do que tinham no passado porque, quando a maior abertura do comércio mundial estava a reduzir os preços, os bancos centrais habituaram-se a fazer política com o objetivo de estimular a inflação. Agora, se isso se inverter, teremos episódios mais frequentes em que os bancos centrais têm de fazer o contrário, ou seja, têm de se mover para baixar a inflação. O que significa, em termos práticos, que mais frequentemente teremos os bancos centrais a contribuírem para a fraqueza do crescimento, e não o contrário.

"Os bancos centrais vão desempenhar um papel um pouco diferente do que tinham no passado porque, quando a maior abertura do comércio mundial estava a reduzir os preços, os bancos centrais habituaram-se a fazer política com o objetivo de estimular a inflação. Agora, se isso se inverter, teremos episódios mais frequentes em que os bancos têm de se mover para baixar a inflação."

E o conflito no Médio Oriente, que está a ameaçar transformar-se num conflito regional mais amplo? Quais são as implicações para a economia europeia e para os investidores em ações europeias?
A primeira implicação, mais direta, está relacionada com os preços da energia. Um conflito mais amplo no Médio Oriente irá, obviamente, ter implicações profundas para os preços da energia – aliás, já temos visto o mercado da energia a refletir isso nas últimas semanas. Isso terá consequências mais graves para a Europa do que para os EUA, já que os EUA também são produtores e exportadores de bens energéticos. À medida que estas tensões geopolíticas estão a aumentar, estamos a ver os mercados a refletirem prémios de risco mais elevados. E vemos os investidores mais interessados ​​em ativos como obrigações, com juros fixos, além do ouro. É importante que as carteiras de investimento acautelem alguns desses riscos e tenham ativos que forneçam alguma proteção no caso de escalada de um conflito – seja no Oriente Médio ou em outro lugar.

“Vemos uma série de oportunidades de investimento em Portugal”

Há pouco referiu os bancos como uma das oportunidades para investir em ações na Europa. Em Portugal, a BlackRock já não aparece como um dos principais acionistas do BCP, mas era até há alguns anos. Foi acionista do BES e, também, é um grande acionista do espanhol Santander, que tem um grande banco em Portugal. A BlackRock poderia ser um participante em qualquer tipo de consolidação bancária envolvendo alguns bancos de Portugal?
Esses são investimentos que estão enquadrados numa vasta gama de fundos em que nossos clientes investem – ou seja, não é nosso dinheiro, é o dinheiro de nossos clientes. Nessa perspetiva, estamos sempre à procura do melhor retorno para os nossos clientes, de acordo com o mandato que eles nos deram. Não quero ir além disso.

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Mas disse que, pelo menos na Europa, há apetite por ações de bancos. Isso faz com que, na sua opinião, os mercados estejam recetivos a ofertas públicas iniciais (IPO) nesse setor? Estou a perguntar porque um dos maiores bancos em Portugal, o Novo Banco, tem dito que está a preparar-se para fazer um IPO, assim que haja uma “janela de oportunidade” nos mercados…
A nossa recomendação de compra nos bancos europeus está relacionada com o facto de eles, após a crise recente, terem tido um período difícil, precisaram de ser capitalizados. Esse processo foi longo, mas muito eficaz. Mas os mercados continuam a avaliar as ações dos bancos europeus num nível relativamente baixo. Achamos que as ações podem valorizar-se não necessariamente porque achamos que vai haver consolidação mas porque acreditamos que o negócio vai correr bem… Muitos bancos continuam a ser cotados abaixo do valor contabilístico, desde quando se achava que iam necessitar de mais capital. Daí que nos pareça haver aqui uma oportunidade interessante para investir neste setor.

"Muitos bancos continuam a ser cotados abaixo do valor contabilístico, desde quando se achava que iam necessitar de mais capital. Daí que nos pareça haver aqui uma oportunidade interessante para investir neste setor."

Do ponto de vista macroeconómico, nesse contexto europeu que descreveu, como é que avalia atualmente o risco de Portugal de um modo geral (enquanto emitente de dívida pública, as ações das empresas, etc.)?
É interessante, na nossa perspetiva, a forma como países como Portugal estão a sair-se neste momento, em comparação com o chamado centro da Europa. É uma reversão completa daquilo que tínhamos há 10, 15 anos, que está associada ao ajuste económico muito difícil que foi feito. Mas agora isso está a dar frutos. Portugal está com um superávit nas contas públicas, tem um crescimento razoavelmente sólido e o desemprego em níveis baixos. Por todas essas razões, acho que vemos uma série de oportunidades de investimento em Portugal.

Em que setores vê essas oportunidades? Falou dos bancos, mas o que mais?
Sobre os bancos, eu quis dizer em toda a Europa – ou seja, alguns deles estarão em Portugal. O mesmo se aplica ao setor da construção, uma aposta que está ligada ao facto de vermos no mundo uma grande necessidade de desenvolver e reconstruir infraestruturas, seja em torno do fornecimento de energia – em especial na Europa, que está a tentar ter uma maior independência energética – seja em torno de data centers para desenvolver capacidade de IA. Acreditamos que essas são grandes transformações no mundo que irão exigir um grande investimento.

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