Numa altura em que assistimos à “maior migração da história”— em 2050, dois terços da humanidade estarão a viver em cidades —, o historiador Ben Wilson dedica-se ao estudo intensivo dos ambientes urbanos que, em tempos de pandemia, contribuíram para o espalhar “veloz” da Covid-19, com os sucessivos confinamentos a ilegalizarem “as vantagens das cidades”, incluindo “os encontros casuais” outrora dados como garantidos.

Wilson, formado em História, consultor de vários programas de televisão e presença assídua nos media, esteve em Lisboa a promover “Metrópoles. A história da cidade, a maior criação da civilização” (Edições Desassossego). Um livro que recua sete milénios no tempo até Uruk, “a primeira cidade do mundo”, e viaja por diferentes épocas e destinos, incluindo Lisboa do século XV, para desenhar o trilho da urbanização até aos dias de hoje.

Em entrevista ao Observador, Wilson comenta que, tradicionalmente, as cidades não fizeram muito pela saúde mental das populações, ainda que o tema esteja, muito provavelmente, em agenda num futuro próximo: a pandemia inverteu a existência citadina e fez muitos de nós questionar modos de vida e virar a atenção para o campo. Se os meios urbanizados podem contribuir para problemas como a ansiedade e a solidão, eles conseguem também “suportar muita dor” e ser muito “resistentes”. Afinal, as cidades “não são os edifícios — eles podem ser destruídos por bombas —, mas sim as pessoas que lá vivem e que estão preparadas para fazê-las funcionar”.

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