Foi o sexto dia da campanha da CDU com ações de rua na Grande Lisboa. Esta quarta-feira, João Ferreira voltou à margem sul do Tejo para arruadas praticamente iguais em dois municípios com autarquias lideradas pela coligação — Moita e Seixal. A fórmula usada durante a manhã na Baixa da Banheira e à tarde na Amora foi exatamente a mesma, e igual aos últimos dias: João Ferreira percorreu duas ou três ruas, distribuiu panfletos, entrou em cafés e lojas e, no final, discursou perante os apoiantes. De manhã contou com a companhia de Heloísa Apolónia, dos Verdes, e à tarde com a do líder parlamentar do PCP, João Oliveira.
João Ferreira usou cada um destes dois momentos quase iguais para trazer à campanha um tema diferente. De manhã, o novo aeroporto do Montijo, que afetará diretamente a população da Baixa da Banheira — em termos de saúde e ambientais, sublinhou. O candidato criticou a entrega dos aeroportos nacionais à multinacional francesa Vinci e disse que a opção Alcochete deveria ser a escolhida, já que as conclusões do estudo científico a apontam como melhor opção. À tarde, João Ferreira virou-se para as questões sociais, para acusar o PS de apresentar um “contrato social” que é uma “formulação vaga“, ao mesmo tempo que votou no Parlamento Europeu a subida da idade da reforma.
Entre selfies e beijinhos, João Ferreira na margem sul do Tejo para criticar aeroporto no Montijo
A arruada da tarde ficaria marcada pelos ataques mais duros proferidos por João Ferreira nesta campanha contra o PS. Com uma voz irritada, o cabeça-de-lista da CDU acusou o PS de não ser claro sobre o que fez no Parlamento Europeu e defendeu que “para lá de bandeiras que se agitam”, é preciso ser “concreto quanto àquilo que se pretende”. Foi este também o dia em que, questionado novamente sobre a posição da CDU sobre a moeda única, João Ferreira afirmou que não podia “ser mais claro” na afirmação de que “o país precisa de recuperar a sua soberania no plano monetário”.
Da Amora, João Ferreira seguiu para o Ribatejo. Esta noite, há comício em Alpiarça com Jerónimo de Sousa, naquela que é uma paragem no caminho até à primeira e única passagem da caravana pelo norte do país — com ações de rua entre o Porto e Braga agendadas para quinta-feira, antes de voltar à Grande Lisboa para o último dia de campanha, na sexta-feira.
Alto. Graças à forte implantação local do PCP, entre sindicatos, organizações de trabalhadores e autarquias, as ações de campanha da CDU mobilizam sempre muita gente. “Está marcada a mesa para a malta do sindicato?”, ouvia-se entre os apoiantes no arranque da arruada na Baixa da Banheira, que acabou mesmo antes do almoço. O empenho destes apoiantes é notável: nenhum baixa os braços enquanto não entregar todos os panfletos que lhe foram confiados.
Baixo. A mesma fórmula em todas as arruadas parece trazer pouco de novo à campanha. Esta quarta-feira, foi particularmente visível a repetição do esquema de manhã e à tarde — dada a proximidade dos locais, até havia muitas caras repetidas nas duas arruadas. Resulta? É preciso esperar pelos resultados. Mas a verdade é que o esquema feito e refeito vezes sem conta deixa-nos com pouco para contar de diferente dos últimos dias.
Durante a arruada na Baixa da Banheira, João Ferreira foi recebido com especial entusiasmo pelos apoiantes que o esperavam. Houve beijinhos, abraços e selfies, qual Marcelo. Mas o candidato, pouco dado à política-espetáculo, sorriu cordialmente e avançou para o trabalho da distribuição de panfletos e do apelo ao voto de forma imperturbável, como todos os dias.
Da Marinha Grande, onde terminou o dia de terça-feira, João Ferreira fez 163 quilómetros até à Baixa da Banheira, mais 23 quilómetros até à Amora e, finalmente, 113 quilómetros até Alpiarça, ultrapassando nesta quarta-feira a barreira dos dois mil quilómetros.
Total percorrido desde o início da campanha oficial: 2.123 quilómetros.