908kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Corals at the reef at lady Elliot island.In the quest to
i

As consequências do fenómeno ainda não são totalmente conhecidas

LightRocket via Getty Images

As consequências do fenómeno ainda não são totalmente conhecidas

LightRocket via Getty Images

Cientistas portugueses registam fenómeno inédito em corais: estão a absorver redes e fios de pesca

Cientistas portugueses dizem que é a primeira vez que o fenómeno é registado a nível mundial. Redes de pesca estão a ser incorporadas no esqueleto dos corais. Em todo o mundo, corais estão sob ameaça.

É a primeira vez que o fenómeno é detetado a nível global. Cientistas portugueses identificaram que há corais, na costa portuguesa, que estão a absorver nos seus organismos redes e fios de pesca de plástico, um fenómeno cujas consequências para a biodiversidade ainda não foram totalmente estudadas.

Em causa está a espécie Dendrophyllia Ramea, uma espécie de coral de água fria, cujos exemplares — habitualmente laranjas e brancos e reconhecidos pelos pescadores pelo seu cheiro característico a anis — podem chegar a ter um metro de comprimento. Inicialmente originários do ambiente do Mar Mediterrâneo, já estão amplamente disseminados pela costa portuguesa.

Como explica a SIC Notícias, há dois anos um grupo de pescadores de Cascais encontrou exemplares deste coral com redes e fios de pesca incorporados no seu organismo. Os exemplares foram entregues a cientistas do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, que os estudaram e concluíram tratar-se de um fenómeno inédito.

“Há muitos reportes de redes a cobrirem os corais e a serem nefastas para os corais. Mas corais incorporados, em que se vê a entrada e a saída do fio, é a primeira vez, que nós saibamos, que é reportado no mundo inteiro“, explicou àquela estação televisiva a investigadora Sónia Seixas, do MARE.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

GettyImages-2147843029

Os recifes de coral são dos ecossistemas mais valiosos para a biodiversidade marinha do planeta

AFP via Getty Images

As consequências deste fenómeno ainda não são totalmente conhecidas, acrescentou a cientista: “Pode condicionar o crescimento, pode alterar a fisiologia do coral, pode alterar o sistema reprodutivo. Neste momento, não sabemos, de facto, o que é que estes fios incorporados podem fazer. Mas podem ser muito nefastos.”

“A melhor coisa que nós poderíamos desejar era que eles simplesmente incorporassem e não alterassem nada na sua fisiologia, respeitante a isto. Mas isso é uma coisa que não vamos ter a certeza a não ser quando desenvolvermos mais estudos“, assinalou ainda.

Os cientistas do MARE estudaram com maior detalhe o mar nas regiões de Cascais e Sines, onde existem grandes populações de Dendrophyllia Ramea, situados a partir dos 30 metros de profundidade, e concluíram que 6% dos corais desta espécie já incorporam redes e fios de pesca nos seus organismos.

Segundo a SIC Notícias, decorre agora um mapeamento dos corais daquela espécie na costa portuguesa, de modo a que possam ser, no futuro, criadas zonas de proteção para os corais. A descoberta, publicada na revista Marine Pollution Bulletin por uma equipa de investigadores composta por Sónia Seixas, João Parrinha, Pedro Gomes e Filipa Bessa, necessitará agora de ser aprofundada, defendeu Sónia Seixas à estação televisiva, argumentando ser necessário financiamento público para continuar este estudo.

"Há muitos reportes de redes a cobrirem os corais e a serem nefastas para os corais. Mas corais incorporados, em que se vê a entrada e a saída do fio, é a primeira vez, que nós saibamos, que é reportado no mundo inteiro."
Sónia Seixas, investigadora do MARE, à SIC Notícias

“Considerando que se tem de proteger 30% das áreas marinhas na Europa, e sendo esta espécie prioritária, de classificação de habitat vulnerável, faria todo o sentido”, sustentou.

Corais de todo o mundo sofrem quarta vaga de branqueamento em massa em três décadas

A descoberta dos cientistas portugueses surge numa altura em que soam os alarmes por todo o mundo relativamente à proteção dos corais, animais imóveis que se organizam em colónias, ou recifes, e que têm uma grande importância para a biodiversidade marinha. É nos recifes de coral que vivem e se abrigam milhares de espécies marinhas.

O investigador José Ricardo Paula, também do MARE, explicava recentemente ao Expresso que, “como os recifes de coral são a casa de imensos organismos”, os fenómenos que ameaçam os corais “têm um impacto direto na abundância e na diversidade de outras espécies” e também nas indústrias que dependem daqueles habitats, incluindo “a pesca, o turismo ou mesmo a proteção costeira”.

Segundo o mesmo jornal, os recifes de coral são a casa de cerca de 25% das espécies marinhas, estimando-se ainda, de acordo com números da World Wildlife Fund (WWF), que cerca de 850 milhões de pessoas dependam deles para a sua alimentação, para o seu trabalho e também para a proteção costeira.

Contudo, os recifes de coral são especialmente vulneráveis às alterações climáticas e ao aumento das temperaturas da água do mar. E o planeta está, neste momento, a atravessar mais uma perigosa vaga de aumento das temperaturas com um forte impacto nos recifes de coral.

A comunidade científica alertou este mês para o facto de o mundo estar a testemunhar o quarto episódio de branqueamento em massa dos corais de todo o mundo em apenas três décadas. As temperaturas recorde, motivadas pelo aquecimento global e intensificadas pelo fenómeno El Niño, levaram recentemente o Brasil a preparar-se para o pior branqueamento de corais de sempre.

“Este é o quarto evento de branqueamento de corais em massa a nível global das últimas três décadas. De facto, 54 países foram afetados diretamente pelo branqueamento de corais desde fevereiro do ano passado”, disse ao Expresso o investigador José Ricardo Paula, lembrando que o mundo já perdeu cerca de 30% a 50% dos corais — e que o resto poderá estar em risco até ao final deste século.

O impacto mais visível do aumento das temperaturas nos recifes de coral é o branqueamento, que conduz à morte do animal. O previsível aumento das temperaturas globais nas próximas décadas coloca em risco a totalidade dos recifes de coral do planeta — o que deverá traduzir-se num impacto trágico para a biodiversidade marinha.

A Grande Barreira de Coral, na Austrália, que é o maior recife de coral do mundo, estará já este ano a sofrer o maior episódio de destruição de que há registo.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.