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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Como a AD tenta segurar o dia seguinte do seu Governo em três pontos

O que virá depois de 9 de junho ninguém sabe, mas na AD é claro o receio por um resultado que possa levantar (mais) problemas. Bugalho não tem ido sozinho a preparar o que aí virá.

Carlos e Júlia prendem o candidato na sua banca do peixe do Mercado do Livramento, em Setúbal. “Ele é da idade do nosso Diogo”, diz a mulher para o marido, lembrando um dos quatro netos que os levam a aproveitar o momento para partilharem a preocupação da fuga dessa descendência, licenciada, para fora do país à procura de emprego. Sebastião Bugalho comenta para o lado: “Eles têm toda a razão: nove anos de socialismo“. Vai na liderança da lista de quem hoje manda, mas (ainda) tem margem para sacudir responsabilidades.

A pressa em tirar a AD de cena quando se cruza com queixas é tão grande como aquela que o Governo tem revelado em mostrar planos e medidas no primeiro mês de governação, mesmo à beira de um teste eleitoral. Logo no primeiro dia de campanha, o próprio Luís Montenegro foi a um comício (em Évora) contabilizar esse tempo, para concluir: “Há quem diga, talvez com algum exagero, que fizemos mais em 40 em tal dias do que anteriormente em 3050 (…) Mas já mostrámos que vamos ser capazes de fazer muito mais nos próximos três mil”.

A AD não quer interrupções aos dez minutos do tempo, que é como quem diz que não quer ir a votos antes de 2028, cenário que estas Europeias podem precipitar. É o principal peso que a AD leva às costas nesta campanha, tanto que o líder da coligação e primeiro-ministro foi à campanha avisar: “Desengane-se quem acha que a dinâmica do Governo só existe por causa das eleições. No dia 10 e 11 estaremos com a mesma dinâmica qualquer que seja o resultado”. Leituras políticas da noite de 9 de junho afastadas. Entretanto, ao desejo vai juntando uma lista de três argumentos a apresentar ao eleitorado por estes dias de estrada eleitoral.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Explorar o medo de novas “geringonças”

Não há quase declaração aos jornalistas em que o cabeça de lista da coligação não garanta que as pessoas que tem ouvido na rua lhe dizem que “não querem voltar para trás, querem seguir em frente” — é curioso, porque a formulação é a mesma que o socialista Pedro Nuno Santos usou em toda a sua campanha das legislativas, mas para tentar manter a direita afastada do poder.

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Em três dias de campanha — em que só dois foram de rua, já que no segundo se dedicou à preparação do debate de terça-feira –, Bugalho já correu três mercados e demora-se na conversas com as pessoas, sobretudo quem tenta fazer o seu negócio por entre as bandeiras e megafones que a coligação faz entrar pelos corredores sempre apertados de legumes e peixe fresco. Pára, pergunta se pode contar com o apoio, ouve e quase sempre conclui que existe uma “enorme frustração com nove anos que não foram tão bem conseguidos”. Em Setúbal soma queixas na área da habitação, da emigração, do comércio e saúde. Do bolso tira canetas da AD para brindar quem lhe dispensa um momento, mas em troca nem sempre leva a promessa de apoio solicitado. “As pessoas ainda estão à espera de soluções para a sua vida diária”, justifica sacudindo responsabilidades do Governo da AD e atirando-as para os “nove anos de governação socialista”.

Pelo Algarve e Alentejo, no primeiro dia da campanha, já tinha usado essa linha e nesse mesmo dia, ao fim da tarde, Montenegro juntou-se para ainda acrescentar um aviso a quem possa estar à espreita, com a tal frase de “qualquer que seja o resultado” nas Europeias isso não terá qualquer efeito na capacidade de liderança do Governo. É que a pressão tem apertado neste primeiro mês de governação sem uma maioria parlamentar e com o PS a conseguir fazer passar alguns projetos contra a vontade (e o voto) da AD e com o voto do Chega: fim das portagens nas ex-SCUT, redução do IVA da luz, aumento de despesa dedutível do arrendamento no IRS, alargamento do apoio ao alojamento estudantil.

Uma realidade que tem sido contestada pela coligação e muito atacada nesta campanha, com o independente Bugalho a entrar nessa frente de ataque para dizer aos eleitores que afinal “quem não consegue governar sem a extrema-direita é o PS, quem nem consegue sequer fazer uma campanha para as Europeias sem a extrema-direita é o PS, quem nem consegue aprovar nada no Parlamento sem o Chega é o PS, quem não tem futuro na democracia sem o Chega é o PS”, acusou em Évora.

Já em Santarém, esta quarta-feira, teve junto de si o vice do CDS Telmo Correia para lembrar que não votar na AD é dar força “aos que se juntam todos os dias para obstruir e complicar aquilo de que o país precisa”, “aos que todos os dias se juntam com os populistas em coligações negativas para não deixar mudar este país”.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Mostrar que o que não funciona no país é culpa do passado

Foi também o mesmo Telmo Correia que deixou nesta campanha o pedido mais claro (até agora) para uma segunda oportunidade para a AD, ou seja, uma confirmação nestas Europeias de que é a coligação que deve governar — o que os dois partidos da coligação garantem ter ficado claro nas legislativas, mas que a prática tem suscitado dúvidas. Mesmo que Montenegro insista em fazer a separação dessas águas, a leitura nacional é fatal como o destino e o centrista não teve meias medidas e foi muito direto ao assunto, pedindo com todas as letras “o benefício da dúvida”.

Com pouco mais de um mês de governação, a AD não tem ainda nada de concreto para mostrar, embora tente a todo o custo (ler no terceiro ponto). Por isso, pelo caminho, vai avisando que este “é um momento muito importante para Portugal e para a Europa” e para a AD em particular “é o momento em que está a mudar o país, o que foram oito anos de estagnação socialista”, reforçou Telmo Correia. Foi aqui que pediu “força” nestas Europeias “para quem está a mudar o país”. “Em menos de dois meses decide, quer decidir, merece uma oportunidade”, disse mesmo o vice do CDS que acabou a pedir o “benefício da dúvida para quem está a governar o país”.

Ao mesmo tempo que ataca o PS, a coligação da direita tradicional quer avançar nesta campanha a  tentar colher o mal-estar em áreas como a saúde, habitação, condições de vida ou inércia em alguns setores de atividade, mas à distância de quem não governa há tempo suficiente para mostrar mudança que já se veja.

Disparar medidas (até em campanha oficial)

Esta quarta-feira, logo pela manhã, Sebastião Bugalho considerava uma “muito feliz coincidência” o Governo ter agendado para aquele mesmo dia a aprovação em Conselho de Ministros do plano de emergência para a saúde. “Coincidência” porque tinha acabado de ouvir, no mercado em Setúbal, queixas sobre o SNS, forçava o candidato.

Mas em política não há coincidências e Montenegro já tinha dito, dois dias antes, que estava preparado para isso mesmo. “Apresentaremos o plano de emergência, já apresentámos o programa estratégico para a habitação, já decidimos a localização de infraestruturas importantes para o crescimento da economia e para a valorização do trabalho”, avançou logo no comício de Santarém. E continuou a enumeração do que fez nestes primeiros dias, a tentar provar que a capacidade governativa está intacta apesar de todos os percalços parlamentares — até tocando num assunto sensível, a redução do IRS que está enredada numa guerra da nova configuração na Assembleia da República.

Montenegro foi à campanha dizer que quer as pessoas que trabalham “a pagar menos impostos” e que já começou pelos mais jovens, avisando: “Ainda não fomos a todos.” E a promessa de mais medidas na manga não fica por aqui, com o primeiro-ministro a falar ainda do “desbloqueio de fundos para requalificar e construir no novas escolas”. Depois do acordo com os professores, em ambiente de pré-campanha, a AD mantém o ritmo para mostrar tudo antes que o vento possa mudar de direção.

 
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