Pelo quinto ano consecutivo, o Observador, em parceria com a Nova School of Business and Economics (Nova SBE), elaborou os rankings das escolas para o ensino secundário, de acordo com os resultados obtidos pelos alunos nos exames de 2020. Este ano há uma novidade e as escolas aparecem também ordenadas pelo indicador da equidade, um dado que o Ministério da Educação introduz pela primeira vez. Em contrapartida, desaparece o chamado ranking do sucesso, por não haver dados disponíveis para calculá-lo. Todas as listas apresentadas são feitas com base nos dados enviados pelo gabinete do ministro Tiago Brandão Rodrigues, limitando-se o Observador a ordenar esses valores.
Ano de pandemia. As grandes diferenças
Este ano, devido à pandemia de Covid-19, os dados disponíveis (referentes ao ano letivo 2019-2020) não são iguais aos de anos anteriores e, em muitos casos, não são comparáveis. Para garantir as regras de segurança sanitária, e para não prejudicar os alunos pelo tempo em que o ensino foi feito à distância, as regras dos exames nacionais sofreram várias alterações.
No ano passado, por exemplo, não foram feitas as habituais provas nacionais do 9.º ano, motivo pelo qual não é possível apresentar esse ranking.
No ensino secundário também houve mudanças: só se fizeram 16 dos habituais 20 exames nacionais e as provas não foram requisito obrigatório para concluir o ensino secundário, como é habitual. Em alternativa, para completar o ciclo de ensino apenas contaram as notas internas, atribuídas pelos professores. Os exames nacionais serviram apenas como provas específicas para ingresso no ensino superior.
A consequência imediata foi haver menos 8.310 alunos inscritos (em relação a 2018/2019) e menos 87.705 exames realizados nas duas fases. Cada aluno também fez, em média, menos provas.
Os exames em si sofreram alterações: os enunciados eram compostos de perguntas obrigatórias e perguntas opcionais, permitindo que os alunos respondessem apenas a questões sobre matérias trabalhadas em aulas presenciais. No entanto, se escolhessem responder a todas as perguntas opcionais, só seriam contabilizadas as que tivessem melhor classificação. Também esta decisão teve consequências e, conforme era esperado, as médias dos exames nacionais subiram.
Ranking clássico e ranking da equidade
Mesmo com menos alunos e com menos provas, o ranking clássico é feito como em anos anteriores: é a média das notas obtidas pelos alunos nos exames que determina o lugar na tabela de cada escola. Não se trata de uma lista dos melhores ou dos piores estabelecimentos de ensino, mas antes das notas dos alunos, que podem ter sido conseguidas com muita (ou pouca) ajuda da escola.
Para o ranking da equidade, com dados de 2018/2019, o Ministério da Educação olha para o que chama de percursos diretos de sucesso — alunos que tiveram positiva nos exames finais após um percurso sem chumbos no secundário —, mas analisa apenas o caminho dos alunos mais carenciados. Assim, o indicador da equidade é a diferença entre a percentagem de percursos diretos de sucesso entre alunos com apoio da Ação Social Escolar na escola em causa e a média nacional comparável.
Que escolas entram nos rankings?
Devido às novas regras dos exames, os critérios utilizados pelo Observador e pela Nova SBE tiveram de ser alterados. Uma das mudanças foi deixar de exigir um número mínimo de provas realizadas por estabelecimento de ensino para poder considerar a escola no ranking.
Esta alteração deve-se ao facto de em 2020 os alunos não serem obrigados a fazer exames para concluir o ensino secundário. A não exigência de um número mínimo de exames implica que este ranking tenha um total de 620 escolas, por oposição às 539 analisadas em 2019. Por outro lado, para tornar os resultados mais comparáveis com os do ano anterior, consideramos apenas os alunos dos cursos científico-humanísticos.
Para efeito de cálculo de ranking geral por escola foram consideradas as seguintes disciplinas: Português, Matemática A, Física e Química A, Biologia e Geologia, Geografia A, História A, Filosofia, Matemática Aplicada às Ciências Sociais, Economia A e Geometria Descritiva A. Estas são as 10 disciplinas com maior número de exames realizados e as mesmas que foram consideradas em anos anteriores para cálculo da média de cada escola.
Outra diferença em relação a anos anteriores é o indicador das notas internas (classificação dada pelos professores). Habitualmente, é possível analisar a média das notas internas dos alunos que fizeram exame, mas, este ano, a base de dados disponibilizada pelo Ministério da Educação inclui as notas de todos os alunos de 11.º e 12.º anos, não sendo possível distinguir entre quem fez e não fez exame — ou seja, não se trata do mesmo universo de alunos.
Que outros dados foram recolhidos?
As listagens apresentam ainda dados de contexto sócio-económico dos alunos que frequentam escolas públicas do continente.
Entre os mais relevantes para o sucesso dos estudantes estão a percentagem que tem apoios da ação social escolar e a habilitação académica das mães, um dado que vários estudos apontam como sendo o de maior influência no desempenho escolar do aluno.
Outros dados disponíveis são as habilitações académicas dos pais, a percentagem de professores no quadro e a promoção do sucesso dos alunos.
O que pode pesquisar?
Poderá fazer uma pesquisa pelo nome da escola, por concelho, por tipologia (pública ou privada) ou ainda por disciplina.
Se não fizer qualquer pesquisa, é-lhe apresentada uma lista completa com todas as escolas onde pode ver em que posição está cada uma delas no ranking, em que concelho se insere, se é pública ou privada e qual a média que obteve nos exames nacionais.
Pode ainda obter mais informações clicando em cima do nome da escola. Aí encontrará uma ficha com toda a informação disponível e, no caso das escolas públicas do continente, terá também acesso a dados de contexto do agrupamento a que cada uma pertence (percentagem de alunos com ação social escolar, de chumbos, de professores dos quadros e média de anos de escolaridade dos pais).