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Pedro Nuno Santos foi deputado em duas legislaturas antes de chegar ao Governo, primeiro como secretário de Estado e depois ministro
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Pedro Nuno Santos foi deputado em duas legislaturas antes de chegar ao Governo, primeiro como secretário de Estado e depois ministro

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Nuno Santos foi deputado em duas legislaturas antes de chegar ao Governo, primeiro como secretário de Estado e depois ministro

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Em modo pop star, Pedro Nuno voltou para dizer que não é candidato a nada “neste momento”

Ex-ministro voltou ao Parlamento rodeado da sua "guarda" de amigos e apoiantes. Distribuiu cumprimentos, até por uma escola que estava de visita, mas garantiu que será um deputado como os outros.

“Até pensei que vinha aí o Pierce Brosnan…”, comentou uma deputada que passava esta terça-feira pelo aparato montado à porta do grupo parlamentar do PS. Não se esperava que andasse por ali nenhuma estrela de cinema, mas a expectativa no Parlamento era alta na mesma: no dia de regresso de Pedro Nuno Santos aos corredores parlamentares, a bancada do PS mostrou-se “entusiasmada” por receber de volta o ex-ministro, que promete manter-se discreto e ser apenas “um deputado entre 230”, empenhado na sua missão de “apoiar o Governo”.

A chegada estava marcada para perto das 14h, hora a que arrancava uma sessão plenária sobre a Jornada Mundial da Juventude. Mas as atenções estavam viradas para os corredores onde Pedro Nuno Santos iria aparecer. Não apareceu sozinho corredor fora, minutos depois das 14h, mas antes rodeado pela sua “guarda” de amigos e apoiantes, incluindo os socialistas Alexandra Leitão, Tiago Barbosa Ribeiro, Francisco César, Hugo Oliveira e João Paulo Rebelo, com quem tinha almoçado.

[Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador]

Pedro Nuno Santos: “Sou um deputado que apoia o Governo”

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No centro vinha Pedro Nuno, por quem os jornalistas esperavam, e que sorriu ao ver o aparato. Nas poucas respostas que deu, enquanto tentava chegar à porta que lhe daria acesso ao hemiciclo, tentou desvalorizar o momento: falou de um regresso que é “normal” para alguém que já foi “parlamentar durante muitos anos”, de um deputado “orgulhoso” desse papel e que será apenas “um entre 230” — ou “um como os outros” –, agradeceu a atenção ao regresso mas insistiu: é apenas mais um deputado. “Nada de bombástico”, rematou.

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O deputado que não é “candidato a nada” — para já

Na prática, não será bem assim: Pedro Nuno Santos é conhecido há anos por ter a ambição, nunca desmentida, de chegar a secretário-geral do PS no futuro pós-Costa. E este ponto é importante: a ideia não será, pelo menos para já, entrar propriamente em confronto com o Governo de que fez parte até sair na sequência da polémica de Alexandra Reis, nem mostrar discordâncias com António Costa — por isso, fez questão de deixar aos jornalistas duas garantias.

Uma: “neste momento”, Pedro Nuno não é “candidato a nada”. Quando isso acontecer, será previsivelmente no ciclo pós-Costa, para o qual o aparelho do PS se vai preparando — ou não fosse Pedro Nuno Santos o proto-candidato que recolhe mais apoios entre as tropas socialistas, mesmo depois do caso Alexandra Reis e da sua demissão do Governo.

A convicção no PS, mesmo entre quem não se identifica com a ala mais à esquerda que o ex-ministro representa, é que Pedro Nuno fez uma espécie de “reabilitação” nas audições parlamentares de junho, quando deu explicações sobre a TAP e o caso Alexandra Reis, com uma prestação elogiada no partido e vista com bons olhos pela direção, que encontrou um Pedro Nuno com um discurso alinhado com a cúpula do PS.

Aliás, na última audição chegou a ser questionado sobre a relação com António Costa — que chegou a picos de tensão quando o primeiro-ministro criticou publicamente a forma como a relação com empresas públicas como a TAP tinha sido gerida no consulado de Pedro Nuno — e fez questão de assegurar que é boa e que nunca sentiu qualquer falta de solidariedade da parte de Costa.

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A outra garantia é que será mais um deputado que “apoia o Governo”. Aliás, por agora, sabe o Observador, o plano do ex-ministro passará mesmo por gerir com “prudência” e “cuidado” a sua presença e as suas declarações públicas, tendo a noção de que tudo o que fizer e disser será escrutinado e notado dentro e fora do partido. Por isso, espera-se um regresso “calmo” e sem grande agitação ou pronunciamentos públicos — esses ficarão guardados para setembro, quando assumir o posto de comentador na SIC.

Até porque no círculo de Pedro Nuno Santos recorda-se que o calendário político é “imprevisível”: por muito que António Costa tenha vindo garantir que é o “garante da estabilidade” política e que por isso não deverá sair do Governo rumo a Bruxelas no ano que vem, em política nada é estanque — e o PS, tal como Pedro Nuno, sabe disso, pelo que a gestão dos tempos partidários tem de ser extra-cautelosa.

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Almoço italiano e uma ronda de beijos e abraços

Mesmo assim, se a ideia de Pedro Nuno não é promover essa agitação, ela foi incontornável durante esta tarde no Parlamento. Depois do almoço num restaurante italiano perto do Parlamento, onde bebeu vinho branco e almoçou massa trufada com o pequeno grupo de amigos e apoiantes — e onde se terá falado pouco de política, exceto para pensar no que diria à chegada aos corredores do Parlamento onde seria esperado pelos jornalistas — Pedro Nuno entrou no hemiciclo e começaram os cumprimentos.

Falou durante uns minutos com o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, sentados lado e lado e sorridentes nas bancadas; foi mudando de lugar para conversar com Alexandra Leitão (que foi sua colega de Governo), dar um abraço a Marta Temido (idem) e distribuir beijinhos e passou-bens, apesar de se ter fixado na última fila ocupada pelos deputados do PS, ao lado dos socialistas Joana Sá Pereira e Hugo Oliveira (que foi seu adjunto no Governo e com quem tirou uma selfie). Tratou de burocracias próprias do regresso ao lugar de deputado.

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E até subiu às galerias do Parlamento para cumprimentar alunos e professores de uma escola de Santa Maria da Feira (em Aveiro, terra natal do socialista) e, de caminho, dar um passou-bem aos polícias que guardavam as portas.

No plenário, Pedro Nuno ainda seria brindado por uma referência ao seu regresso, mas do lado do Chega: André Ventura — a quem ainda no ano passado, antes de se demitir do Governo, atirava uma farpa: “Garanto-lhe que quando sair deste Parlamento eu ainda vou cá estar” — aproveitou a agitação na bancada do PS para acusar os socialistas de estarem mais focados no regresso que marcava o dia do que no debate sobre a Jornada Mundial da Juventude.

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“Estranho receberem o ex-ministro com abraços e fixes para aqui e para ali e ninguém se virar para trás e dizer que destruiu o aeroporto. Tem de ser o Chega a fazê-lo!”, lançou Ventura. Pedro Nuno Santos respondeu, entre sorrisos, precisamente com um gesto de “fixe” e levando as mãos ao peito, como num agradecimento.

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Mas é verdade que a bancada do PS está sobretudo entusiasmada com o regresso do antigo jovem turco, mesmo tendo em conta o estado hiperfragilizado em que saiu do Executivo. Ao longo do dia, e já dos últimos dias, o Observador foi ouvindo elementos da bancada assumirem esse “entusiasmo”, convictos de que a chegada de Pedro Nuno melhorará a “qualidade” e o nível de “energia” da bancada socialista.

Para já, é um deputado sem pasta — em setembro se verá se assume um lugar em comissões específicas — e um alvo provável para a oposição. Até porque, pelo meio do frenesim, Pedro Nuno Santos sentou-se no lugar de deputado precisamente no dia em que será entregue o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP — um dossiê em que o seu historial deverá continuar a ser lembrado pelos seus adversários políticos, e sobre o qual garantiu aos jornalistas não estar “expectante”, sem se alongar.  Enquanto isso, Pedro Nuno trabalha, passo a passo e com calma, na sua reabilitação política, de olhos postos no futuro.

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