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CONGRESSO PSD: Entrevista para a rádio Observador, a Carlos Moedas, no 40º Congresso Nacional do Partido Social Democrata (PSD), no Pavilhão Rosa Mota, no Porto. 2 de Julho de 2022 Pavilhão Rosa Mota, Porto TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Entrevista a Carlos Moedas: "Pedro Nuno Santos contou-me as linhas gerais do plano para o aeroporto"

Em entrevista à Rádio Observador, Carlos Moedas diz que às conversas entre PS e PSD sobre aeroporto é preciso somar a autarquia de Lisboa e revela que Pedro Nuno Santos o tinha informado dos planos.

Ao contrário de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Carlos Moedas não teve qualquer surpresa quando na quarta-feira o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, divulgou publicamente o despacho com o plano para o novo aeroporto de Lisboa. A 14 de junho, ambos estiveram juntos numa obra da responsabilidade do Governo e da autarquia e, à margem da cerimónia, Pedro Nuno Santos “explicou as linhas gerais” da sua solução a Carlos Moedas.

Agora que o processo voltou atrás, consequência da crise política, e que Luís Montenegro já lidera o PSD formalmente, Carlos Moedas, que é o número um da lista ao Conselho Nacional do partido, vem exigir um lugar à mesa nas conversas entre o Governo e o PSD para a solução final.

Carlos Moedas sobre planos de Pedro Nuno Santos: “Não fiquei surpreendido”

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O que significa aceitar este convite para liderar a lista de Luís Montenegro ao Conselho Nacional do PSD?
Quis dar um sinal de união, de que estamos juntos. A batalha vai ser longa e, por isso, precisamos de estar todos juntos — e o PSD precisa de estar unido. O que disse sempre a Luís Montenegro é que não podia ter nenhum cargo executivo, sou presidente da Câmara Municipal de Lisboa a tempo inteiro, eu sou Lisboa. Posso ajudar de outra maneira, dizendo que estou presente, com ele, para a luta e para um momento que vai ser muito difícil para o país.

Luís Montenegro não tentou juntar todos os possíveis sucessores ou quem lhe pudesse fazer sombra nos próximos anos para os tentar controlar?
Deixo isso para os jornalistas e para os que analisam estas coisas. Luís Montenegro é um homem que consegue congregar diferentes pessoas, com diferentes ideias, sempre foi assim. É um homem que está aberto a ouvir e a receber esses conselhos. O que quis, penso eu, foi congregar os que ele considera que têm talento no partido para conseguir levar o PSD para outro nível. Sentimos isso hoje aqui. Senti que é um congresso diferente, com mais pessoas e mais unido do que vi anteriormente.

Sei que não é muito elegante falar sobre convites recusados, mas Luís Montenegro convidou-o logo para este cargo ou tentou que tivesse um lugar executivo?
Isso tem que perguntar a Luís Montenegro. Aquilo que disse foi que aceitaria este convite, para esta função de número um no Conselho Nacional — não vou aqui revelar as conversas.

Não fazia sentido ocupar um cargo executivo?
Disse desde início que não poderia ocupar um cargo executivo, nunca falámos sobre isso. Falámos sobre a hipótese de eu ajudar sem ser num cargo executivo e Luís Montenegro pediu-me e aceitei com muito gosto encabeçar a lista ao Conselho Nacional.

Há muita gente que o tem referido como um dos grandes ativos do partido, também na perspetiva da liderança. O facto de vir também na lista oficial, de Luís Montenegro, significa que está com ele e dá a garantia de que será candidato a Lisboa?
Primeiro, estou a cumprir o mandato de presidente da Câmara de Lisboa e é preciso que isso fique claro. Falaremos do futuro quando o tempo chegar, mas agora não. O sinal que dou é de que estou completamente comprometido com Lisboa, sobre isso não há qualquer dúvida, é um privilégio e vou ser presidente da Câmara de Lisboa. Dei sempre tudo ao partido e tentei sempre ajudar, neste caso estou também a ajudar um amigo que conheci num tempo muito difícil do nosso país. Vi-o atuar no parlamento como líder parlamentar e criámos uma ligação forte. Há também uma componente de ajudar um homem que acredito que é uma pessoa extraordinária e estou disponível para o ajudar na liderança e ser presidente da Câmara de Lisboa, que é essa a minha função.

Se tivesse um cargo executivo isso condiciona-o mais, de certa forma ficava mais ligado à direção de Luís Montenegro. Neste caso não fica. Não se pode tirar daí a leitura de que está mais livre para mais tarde poder criticá-lo e, quem sabe, desafiá-lo?
Isso é uma leitura rebuscadíssima. O que se pode ler é que estou disponível e estou a ajudá-lo. Estou a ajudar o líder eleito. O país chegou a um ponto em que precisa do PSD, o país está completamente controlado por um partido. O que estamos a realizar, apesar da maioria absoluta que está a governar o país, é que as pessoas precisam de um partido que seja de união. Este PS é um partido da divisão. Temos uma ministra da Saúde que só gosta do público, outro ministro que só gosta de outra coisa. Cada um divide as suas capelinhas, o PSD foi sempre o partido da união. Nunca fomos mais a favor da saúde pública ou privada, somos a favor das duas. É disso que os portugueses estão à espera.

Dá a garantia de que é candidato em 2025 à Câmara de Lisboa?
Essa pergunta é totalmente extemporânea, os lisboetas sabem que estou totalmente comprometido em ser presidente da Câmara de Lisboa, que é um privilégio enorme. Essa pergunta, neste momento em que estamos, não faz sentido, não lhe vou responder — mas estou aqui comprometido com os lisboetas e com aquilo que era o maior desafio da minha vida. É um grande desafio ser presidente da câmara de Lisboa, mas estou a fazê-lo com grande energia. Depois o futuro dirá.

Como neste ciclo político temos europeias, é importante para o PSD vencer ou basta melhorar o resultado atual?
Quando olhamos para umas eleições aquilo que queremos é fazer tudo para as vencer. O PSD vai fazer tudo para ganhar essas eleições. Tendo como primeiro vice-presidente Paulo Rangel penso que isso é uma garantia. É um dos melhores eurodeputados, de todos os países da Europa, não só de Portugal.

Será o candidato mais natural?
Isso só líder sabe.

É o candidato inevitável, a partir de agora?
Acho que é um grande deputado europeu. Também temos o José Manuel Fernandes, que é considerado um dos melhores ao nível da Europa. O PSD tem uma tradição de ter grandes deputados europeus.

E o seu colega da Câmara do Porto, Rui Moreira, pode ser um bom nome para as listas de eurodeputados do PSD?
Isso tem que perguntar a ele. Gosto muito do meu colega do Porto, Rui Moreira, temos trabalhado muito bem em conjunto. Podia ter uma maior aproximação à Câmara do Porto. Lisboa e Porto são o maior e mais importante eixo do país. Estivemos juntos em França a tentar falar com investidores, tenho a melhor relação e grande amizade por Rui Moreira.

Passemos à questão do aeroporto. Luís Montenegro deve sentar-se com o Governo para discutir esta questão? É importante o PSD negociar com o PS?
Aí, temos a posição do presidente da Câmara de Lisboa. É importante que se avance com uma solução, que tem de ser definida por quem governa. Agora, o Governo decidiu e voltou para trás.

Elogiou no Twitter a solução de Pedro Nuno Santos.
Temos de andar com isto para a frente e tem que haver uma escolha técnica. Estou aqui para ajudar, não para ser um obstáculo. Tem de ser o Governo a apresentar essa solução, vamos esperar e ver qual é a solução que vai ser apresentada.

"A solução [para o novo aeroporto] tem que passar também pela Câmara de Lisboa. A Câmara de Lisboa é parte interessada nessa discussão"

Essa negociação com o PSD não vai atrasar o aeroporto?
Tem que ser o Governo a responder a essa pergunta. Até agora não aconteceu nada e eles já lá estão há sete anos.

Na intervenção de abertura do Congresso, Luís Montenegro parece ter introduzido muitas exigências para que o processo avance e isso pode torná-lo mais lento.
Sobre isso, o presidente do partido falará com o primeiro-ministro. Eu, como presidente da Câmara de Lisboa, o que digo é que estarei do lado de uma solução que avance rapidamente. Lisboa está a chegar ao limite. Este fim de semana, estamos no pico e vemos a quantidade de aviões que estão a aterrar. Lisboa não pode ter durante mais cinco ou seis anos apenas aquele aeroporto. Se a solução é a Portela +1 ou Portela +2 ou Portela -1, é o que for. Tem que acontecer, não podemos obstaculizar.

Tinha conhecimento desta solução? Pedro Nuno Santos informou-o antes de toda esta crise?
Tive uma conversa informal com Pedro Nuno Santos numa inauguração de habitação social que a Câmara Municipal e Governo estão a fazer. Falámos lateralmente, sem detalhes sobre a solução. Teve a gentileza, nessa altura, de me falar sobre a solução que estava a imaginar, mas sem detalhes. Foi uma conversa de cinco minutos.

Essa conversa aconteceu quanto tempo antes desta crise?
Penso que terá sido uma semana antes, não me recordo exatamente do dia. Não foi uma conversa formal, repito. Tivemos uma conversa, a verdade é essa.

Não é bizarro que o tenha informado a si e o primeiro-ministro não soubesse?
Não. Há uma conversa, estávamos os dois num evento, é natural que falássemos. É um membro do Governo e é um tema de que eu estou sempre a falar, é natural que Pedro Nuno Santos me estivesse a informar, de certa forma, informalmente.

Não ficou, então, surpreendido quando a notícia foi publicada?
Não fiquei surpreendido, mas não tenho que ficar ou não, sou o presidente da Câmara de Lisboa.

Já sabia, não foi novidade para si.
Não sabia dos detalhes, sabia de algo que Pedro Nuno Santos me disse numa conversa informal durante cinco minutos à saída de um evento. Não sabia os detalhes, não se coloca a questão de estar surpreendido ou não. Sabia que se estava a caminhar nesses moldes, isso tenho que reconhecer. Essa conversa existiu, mas foi informal. Não houve uma informação formal, não transmiti isto à Câmara Municipal.

Pedro Nuno Santos continua a ter as condições necessárias para gerir o processo do novo aeroporto de Lisboa?
O primeiro-ministro é que tem de responder a isso, não o presidente da Câmara de Lisboa. O presidente da Câmara de Lisboa quer é que o aeroporto avance e quer uma solução aeroportuária rápida. Sei que estamos em grandes dificuldades e que não vamos ter um verão fácil em termos de aeroporto. Temos de caminhar para a solução e não podemos esperar 10 anos. Estou do lado da solução.

Da próxima vez que Pedro Nuno Santos for ter consigo para lhe apresentar uma ideia vai perguntar-lhe se o primeiro-ministro já sabe?
Repito, não foi uma apresentação. Foi uma conversa informal.

"Não tenho nada a esconder, nem Pedro Nuno Santos terá nada a esconder. É normal que essas conversas existam. Ele tinha aquela solução já a tinha há muito tempo"

Quando acontecer de forma mais formal.
Isso depois veremos. O importante é que, neste aspeto, houve realmente uma conversa informal comigo. Não tenho nada a esconder, nem Pedro Nuno Santos terá a esconder. É normal que essas conversas existam. Ele tinha aquela solução, já a tinha há muito tempo. Quando falou comigo contou-me as grandes linhas gerais. Neste momento não temos nenhuma informação. Não sabemos quanto custa, não conhecemos os detalhes. Não é assim que se informa, tem que haver uma informação e discussão formal, mas penso que  é importante para o país que nos deixemos de política neste aspeto, no pior aspeto da política. Isto é importante para o país e temos que estar unidos.

Não o choca, então, que seja uma solução de bloco central, com os dois partidos sentados à mesa, desde que o aeroporto avance rapidamente.
Não me choca, mas essa solução tem que passar também pela Câmara de Lisboa. A Câmara de Lisboa é parte interessada nessa discussão.

Vai insistir com Luís Montenegro para que o processo seja mais ágil? O PSD pode precisar nesta fase de ter uma marca de distanciamento do Partido Socialista e as negociações serem mais difíceis por isso. Vai fazer esse pedido para que o assunto seja despachado o mais rapidamente possível?
O líder do partido é que sabe, fará como entender. Estou aqui para o ajudar e falar com ele. Vamos avançar e falar, mas penso que aqui não há nenhum diferendo, uma vez que todos concordamos que temos de ter uma solução para o novo aeroporto. Temos que deixar espaço ao líder do partido para tomar essas decisões.

[Veja a entrevista a Carlos Moedas na Rádio Observador, durante o 40º Congresso do PSD:]

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