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Jose Antonio Lopes Muñoz é o presidente executivo da Ericsson Espanha e o responsável máximo da empresa pelos mercados ibéricos. A empresa que lidera está em teletrabalho até ao final do ano, mas Muñoz viajou até Portugal há duas semanas para ver o ponto de situação do negócio e tentar uma garantia: “A partir de 2021, finalmente, os cidadãos portugueses devem ter 5G”. É a partir das suas decisões que a Ericsson vende os componentes 5G que concorrem com outros gigantes nas telecomunicações em Portugal, como a Huawei ou a Nokia. É por Muñoz que passam as perguntas chave à Ericsson do Governo e dos operadoras, como: é o 5G seguro para a saúde? Quanto a este caso, a sua resposta é “absolutamente”.
O que é o 5G?
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O 5G é o nome que se dá à próxima geração de redes de telecomunicações e que vai substituir o 4G — que usamos atualmente. O nome pode ser traduzido para “quinta geração de internet móvel”. Na prática, é o nome que se dá à tecnologia sem fios que usaremos para comunicar e que, nos próximos 10 anos (presume-se), vai substituir o 4G, oferecendo velocidades mais rápidas e a possibilidade de mais equipamentos poderem estar ligados entre si. Ou seja, será a base para a utilização de tecnologias como carros autónomos ou outras inovações.
Em entrevista ao Observador, assume que foi com “surpresa” que viu o calendário da Anacom para a próxima infraestrutura de redes no país, mas afirma: “É o que é”. Além disso, esclarece que não é isso que vai parar a empresa de componentes de telecomunicações de tentar conseguir negócios com a NOS e a Altice, além dos que já tem com a Vodafone. Quanto à expectativa de estar no 5G português, disso parece não ter dúvidas. Só há uma condição, que refere sem apontar o dedo a nenhum concorrente: tem de ser com “fornecedores confiança” definidos pelos governos.
Quanto aos efeitos da pandemia para a Ericsson em Portugal, Muñoz, que está na empresa desde 2008, diz apenas que o novo calendário significa “um atraso de seis meses” na chegada oficial do 5G em Portugal. Mesmo assim, refere que “não há motivos, devido à pandemia, para justificar nenhuma decisão excecional em termos de demissões a curto ou longo prazo”. Segundo o gestor, é business as usual [negócio como tem sido feito normalmente].
Quando é que vamos ter 5G em Portugal?
Foi com surpresa e um pouco de frustração que recebemos a notícia [do novo calendário do leilão]. Isto porque pensámos que ia haver 5G em setembro. Porém, agora, com o novo calendário, temos de esperar até janeiro. Esperamos que o leilão seja concluído em dezembro. Depois, é preciso ainda tornar as frequências disponíveis para o cliente final. Por isso, até agora, a única coisa que podemos continuar a fazer é testes. A partir de 2021, finalmente, os cidadãos portugueses devem ter 5G. É o que é.
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No caso de Portugal, esta pandemia significou um atraso de seis meses. Mas nós estamos prontos. Acredito que o ecossistema de vendedores, de operadores, de fornecedores, de dispositivos, está pronto. A questão é saber as condições finais das frequências e ter tudo disponível para concluir o leilão. Em janeiro, Portugal vai aproveitar o 5G.
Até que ponto o calendário revelado pela Anacom é exequível?
Como sabe, há um período de consulta. O que eles disponibilizaram é um rascunho das condições. Mas algo que é muito bom é terem aberto a consulta a toda a comunidade: públicos e privados. Ao todo, houve 500 comentários. Leva algum tempo para que os revejam todos. Sei que os comentários vão sempre contribuir para uma melhor situação final. Provavelmente, foi no interesse disso que surgiram tantos comentários. Quero dizer, a Anacom precisa de algum tempo para rever isso e se algum pode ter ou não impacto no projeto que foi negociado. Por isso, é normal.
Obviamente que a nossa vontade era começar o leilão em duas semanas e, depois, em julho tratar do necessário para em setembro estarmos prontos. Contudo, com 500 comentários, é melhor analisarem-nos, decidirem quais é que podem ser os benefícios dos comentários dos cidadãos e intervenientes portugueses. Penso que não vai significar uma grande mudança para o calendário e o 5G ser lançado em janeiro. É melhor olhar para os detalhes e ter as melhores condições possíveis.
Qual é a sua expectativa para o papel da Ericsson na infraestrutura de 5G portuguesa?
Temos expectativa, obviamente. Temos estado na implementação de todas as G até agora. No 3G, 4G e agora 5G. Além disso, isto é um mercado que vai ser completamente aberto. Somos uma empresa competitiva. Estamos agora numa posição diferente, somos um fornecedor móvel de um dos players, que é a Vodafone. Somos o único fornecedor de acesso, temos sido há alguns anos. A Vodafone, de acordo com a empresa alemã independente P3, tem sido por anos consecutivos a melhor rede móvel de Portugal. Vamos tentar continuar a ter a confiança. Vamos tentar continuar a ser o parceiro de core [núcleo da rede] enquanto os posicionamos como a melhor rede móvel para o futuro.
Depois, não estamos na NOS. Gostávamos de estar. Com cada novo G há uma oportunidade. Além disso, provavelmente, não vamos fazer parte da Altice. Provavelmente vão fazer isso com outro. No entanto, vamos estar sempre disponíveis para o caso de mudarem de ideias. Temos de ver as condições finais e saber se há novos players ou não. No que toca ao core das operações, temos uma presença forte e a ambição de ser um parceiro de todos eles. Por isso, felizmente para nós, os próximos meses vão ser muito ocupados. Temos grandes expectativas. Esperamos que a combinação de tecnologia, talento e pessoas, a competitividade e a experiência neste mercado — há 75 anos que estamos aqui –, traga valor para os consumidores e para a sociedade portuguesa.
Falou da Vodafone, mas também falou da NOS e da Altice. Está a ter conversas com a NOS e com a Altice, que podem fazê-lo esperar ser parte das infraestruturas destes operadores?
A NOS vai passar pelo processo normal para os pedidos de orçamento [RFQs, na sigla em inglês destes negócios]. Há conversas e queremos fazer parte disso e vamos competir. É sempre mais difícil competir quando não se está no ringue. Mas isso não importa. Acreditamos que temos bons recursos e valor a dar. Por isso, sim, vamos lutar por isso.
Quanto à Altice, isso não vai ser o caso provavelmente. Vamos focarmo-nos mais no Core RAS [disponibilidade e serviços]. Também é importante. Com o 5G há muitos elementos numa rede de telecomunicações, vamos lutar em qualquer uma que a Altice nos deixe competir. E vamos tentar ser competitivos e ter a melhor abordagem para eles. Mas, provavelmente, vamos estar mais no negócio do core.
Já falou com responsáveis governamentais portugueses sobre o 5G e estas negociações?
Respeitamos o processo todo que Portugal está a fazer. Quando fazem questões sobre a nossa segurança ou abordagem, sobre como os nossos produtos são desenvolvidos, respondemos. Temos muito orgulho em ser considerados em todo o mundo um fornecedor de confiança [trusted vendor], é algo que significa muito para nós. Há um grande esforço para se conseguir isso. E vamos continuar a trabalhar para isso: ter a confiança dos governos para ser considerado um fornecedor de confiança.
Há um grande nível de exigência em conseguir-se esta classificação. Passa por termos sobre como é que se conseguem fazer os processos, a transparência, a forma como se interage, a forma como se protege. A proteção e privacidade dos dados é um imperativo para nós e vamos continuar a trabalhar para que isso seja um dos nossos ativos principais no futuro. O Governo português sabe isso muito bem e consideram também que somos um fornecedor de confiança.
E o Governo tem continuado a fazer perguntas para garantir que a Ericsson cumpre com todas as questões de segurança que surgem?
Ultimamente, não tem acontecido. Estamos sempre prontos. Contudo, acreditamos que agora não é a principal preocupação. Todos os governos na Europa já concluíram processos para definir os fornecedores de alta confiança. Agora, é o processo normal que está a decorrer. Não temos recebido mais questões nesse âmbito.
Quando é que foi a última vez que teve conversas a nível governamental relativamente a cibersegurança?
Não sei o dia. Provavelmente, nos últimos, três, quatro… Vamos dizer cinco meses, quando todos os governos foram mandatados a criar as suas regras e a cumprirem o livro de norma [a toolbox] e as recomendações europeias. Creio que foram esses os meses em que todos os governos da Europa, não só o português, estava a fazer-nos perguntas e a tentar saber mais.
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Então, foi antes da pandemia?
Sim, antes da pandemia.
Espera que essas conversas surjam novamente com este novo calendário?
Não. Acreditamos que, no nosso caso — obviamente que não podemos falar pelos outros — está tudo claro. O facto de já termos sido parte de muitos, muitos lançamentos no 5G, no 4G, e 4G+, e no 3G, dá um nível de garantia. Por isso, não. No nosso caso em particular não esperamos mais questões. Pensamos que as decisões ou recomendações, quando quer que surjam e se tornem oficiais, já estejam definidas.
Quando fala com responsáveis das operadoras, quais são as principais preocupações? É o preço dos componentes que vão vender? É a cibersegurança? É outro tema?
É sempre uma combinação. Para nós é qualidade e performance. Primeiro, eles querem saber se as soluções que estamos a propor adaptam-se às necessidade do negócio. Segundo, é a perícia nas operações: pode-se ter a melhor rede de telecomunicações do mundo, mas se não tiver as pessoas para a instalar, integrar e lançar e prestar apoio técnico, é nada. É só um pedaço de hardware e software. Por isso, o conhecimento operacional, as pessoas operacionais no campo e a habilidade que têm é muito relevante.
Depois é competitividade, obviamente. Temos de ser competitivos e temos de criar soluções competitivas que tenham o preço certo. E, obviamente, a segurança é também uma parte da questão. Quero dizer, estamos cada vez com mais discussões sobre cibersegurança. Em suma, é um pouco uma combinação destas coisas.
Um dos vossos principais concorrentes é a Huawei. Considera que as preocupações relativamente a esta empresa são justificadas ou não?
Isso cabe-lhes a eles comentar. Nós temos orgulho em ser um fornecedor de confiança. Não gostaríamos de ser considerados um de alto risco. E isso é algo que eles têm de mostrar que são ou não são. Não nos cabe a nós julgar isso.
Mas vai a sua empresa aceitar ter parte dos componentes numa infraestrutura portuguesa partilhada com a Huawei?
Em que sentido faz essa pergunta?
Por exemplo, se a Vodafone usa componentes da Ericsson mas também usa tecnologia da Huawei. Por vezes têm de ter dois fornecedores.
O que quer dizer é que para a minhas próprias linhas, como estão em Portugal, vou estar debaixo de redes de telecomunicações de operadores com vendedores de alto risco dentro? Se for essa a pergunta, a minha resposta é não. Só vou contratar as minhas redes, o nosso pessoal e as nossas conexões com operadores que têm trusted vendors. Não importa quem sejam. Para nós, isso é absolutamente obrigatório. Para quê ter riscos?
Na vida, há uma questão que é a confiança. Vou tentar ilustrar com um exemplo. Temos tido situações assim com a pandemia. Não preciso de ver o seu teste da Covid-19 [PCR]. Se penso que tem 38 graus ou está a tossir, prefiro ter uma distância de dois metros. Para quê arriscar? Por isso, não preciso de testar o seu PCR. Prefiro prevenir isso, porque tenho alternativas. Se tenho alternativas para manter a distância, para ser 100%, completamente seguro, não quero ter uma escolha. Ou seja, pode ser que vá ter consigo e não tenha Covid, mas tenha uma alergia. Para quê arriscar? Temos de considerar isto com o mesmo exemplo com os assintomáticos. Desenvolvemos tecnologia e sabemos o quão difícil é neste novo mundo, há milhões de conteúdos de software que se entrega a uma infraestrutura numa base diária. Por isso, se, em vez de ter um PCR a cada 14 dias para ver se tem Covid ou não, tenho de ver em tempo real milhões de testes em toda a infraestrutura, para nós é uma questão de confiança.
Pode-se ter no 5G a rede mais segura, porque foi construída por dentro, mas nada é 100% perfeito. Uma parede de software está sempre a mudar. Prefiro ter as minhas conexões e o nosso pessoal com operadores e com fornecedores de confiança. Mas isto não quer dizer que os outros não façam o mesmo.
A Ericsson pode ser, por exemplo, o único fornecedor, da Vodafone e da NOS para 5G?
Absolutamente.
Os operadores vão querer isso? Porque, normalmente, querem também outro fornecedor caso possa ser necessário.
Imagine — esqueça a questão dos fornecedores de confiança e de alto risco –, há um princípio básico para diversificar o risco, mesmo com os vendedores mais confiáveis. A Ericsson, a sua posição, o escopo da atividade, é a arena wireless [sem fios]. Por causa disso, estamos a oferecer 5G, por exemplo, e elementos Core. O negócio dos operadores é a convergência. Em cima disso, do acesso wireless e elementos core, têm a implantação de fibra, redes IP, redes óticas, áreas onde não temos presença. Efetivamente, mesmo sendo o único fornecedor para um cliente, a percentagem de rede que isso pode representar é, talvez, 30%.
Por exemplo, se olhar para o caso da NOS ou da Vodafone, têm plataformas de IP, óticas, têm a implantação de fibra, onde não temos soluções. Consequentemente, há diferentes meios de diversificação. Em cima disto tudo é possível decidir se se quer players diversos na arena puramente wireless. É justo, porque hoje tudo é muito compatível e integrado. Estamos todos a seguir os padrões 3GPP [padrões base para este tipo de telecomunicações]. Cada equipamento é compatível com outros equipamentos. Esse não é um problema técnico.
Por outras palavras, vai aceitar, por exemplo, que a Vodafone use antenas da Huawei e da Ericson? Isso vai ser possível?
Tecnicamente, é perfeitamente possível. Se houver alguma restrição feita por governos, pela Europa, em que a Ericsson não é autorizada a trabalhar com um fornecedor não confiável, não o vamos fazer. Mas, tecnicamente, é possível.
E a Ericsson vai aceitar que o operador que vos compre antenas tenha também tecnologia da Huawei?
Os padrões do 3GPP não é uma exigência da empresa. Estamos a gerir um negócio que aceita ter produtos e soluções para que possam ser capazes de se integrar com qualquer empresa que siga os padrões 3GPP. Se se quer estar neste negócio, é preciso aceitar as regras do negócio.
O 5G é 100% seguro? “Absolutamente”
Durante a pandemia houve muitas notícias sobre este tema: é o 5G seguro para a nossa saúde?
[Risos] Absolutamente. Ficamos surpresos como é que alguém pode criar esse tipo de coisas. A tecnologia wireless, o 5G, o 4G, o 3G, não têm nada a ver com o vírus [risos]. Para nós foi, não sei como é que alguém pode espalhar esse tipo de notícias falsas. O mesmo que disse quanto à segurança em que referi que é difícil 100% de garantias? Nesta questão é possível pôr todos os zeros e afirmar que isso são 100% notícias falsas.
Há uma relação entre o lançamento do 2G, 3G, 4G e 5G e os vírus que surgiram na China?
E podemos dizer com 100% de garantias que esta tecnologia é tão segura como o 4G, correto?
Absolutamente.
Quanto é que uma infraestrutura destas pode custar por cidade a um operador?
Quer dizer que nível de investimento é necessário para o 5G?
Exatamente. Por exemplo, tem um contrato com a Vodafone, quanto dinheiro é que está envolvido nesta transação entre a sua empresa e o operador?
Há muitas variantes. Depende da capacidade, qual é a prioridade de clientes, qual é o número de antenas que se quer para fazer a cobertura.
A Vodafone diz: queremos pôr o 5G em Lisboa. Estamos a falar em que quantias? Centenas de milhões de euros? Milhões?
Se puder dar um exemplo. Se se olhar para a última geração, o 3G e o 4G, e definirmos que o ritmo de implantação é algo semelhante e o número de trabalho é o mesmo, a nível nacional estamos a falar de centenas de milhões. Não vamos chegar aos milhares de milhões. Todos os elementos juntos, é centenas de milhões ter uma implementação [deployment] que satisfaça as necessidades empresariais e residenciais no mercado português. E a implementação deve ser se os operadores estiverem a pensar num arranque em dois anos.
Tem alguma estimativa sobre quanto é que um consumidor vai pagar para ter 5G em dois anos?
Em dois anos, acreditamos que vai pagar o mesmo que paga agora por 5G.
Já?
Sim.
E vai haver a mesma cobertura ou menos?
Vai haver uma combinação com os benefícios do 5G em termos de capacidade, latência e outras vantagens, e algumas das coisa vão ser 4G. Porém, esperamos que nos primeiros picos em dois anos já existam vantagens. Se se olhar para o panorama europeu, cada vez mais há tarifários ilimitados. Isso vai ser, provavelmente, o cenário mais provável. Não prevemos que o consumidor vá pagar mais. O que vemos é que cada vez mais os negócios de empresas estão a investir neste tipo de tecnologia só pela eficiência e para fazer poupanças. Acreditamos que vários setores profissionais, governo, saúde, tirem vantagens. O uso residencial vai ser o padrão ao que temos com o 4G.
“A pandemia não deu motivos que justifiquem nenhuma decisão excecional em termos de demissões”
Como é que a pandemia afetou as operações da Ericsson em Portugal? Estão a preparar alguma medida como despedimentos ou lay-off estedido?
Não. Primeiro, porque não fomos tão impactados. Ou seja, não esperamos que a pandemia seja uma razão par fazermos algum trabalho ou ajustamento. Estamos à espera de resultados relativos ao segundo trimestre, mas no primeiro já começávamos a ter a pandemia em fevereiro e um bocadinho em março. Nalgumas predições a nossa visão foi de resultados estáveis. Se calhar vamos ter discrepância entre regiões, mas no geral apontamos que vamos manter os objetivos. Por isso, a pandemia não deu motivos que justifiquem nenhuma decisão excecional em termos de demissões a curto ou longo prazo. É business as usual [negócio como tem sido feito normalmente]. Comprometemo-nos a continuar a servir os nosso clientes.
Como é que têm gerido o teletrabalho?
Primeiro, estamos positivamente surpreendidos pela forma como estamos a gerir as coisas a partir de casa, a tratar da necessidades dos clientes e das pessoas. Funcionou muito bem. Somos uma empresa com o perfil que tem mais aptidão e é mais matura para o trabalho remoto. Normalmente temos treino para isso caso haja algum problema, como alguma rede ir abaixo. Temos de de estar preparados para trabalhar. Talvez a nossa orientação para isso facilitou-nos o trabalho em relação a outras empresas. Mas, no geral, a análise é boa.
Somos uma empresa na qual os trabalhadores têm um grande valor para nós. Temos validado isso e percebido que podemos trabalhar de tal forma que recomendamos a nível global aos colegas continuarem a fazer teletrabalho até ao fim do ano. A não ser em setores críticos, os escritórios estão abertos. Estou nos escritórios em Portugal, neste momento, mas é numa base voluntária.
Está em Portugal porquê? Qual foi a necessidade?
Vir. Uma coisa que funcionou muito bem, especialmente com as unidades de negócio, naquilo que chamamos core plataforms e assistências nos sistemas, pode demorar um pouco mais. Uma que não é substituível é o envolvimento das pessoas. Por isso, não estar aqui, e só fazer teletrabalho e não interagir com clientes, pode não haver tempo suficiente. É bom saber como é que está a indústria em Portugal.
Ontem [entrevista decorreu a 10 de julho], soubemos o novo calendário do leilão [para 5G]. Os acordos com os operadores estão a andar. O 5G está quase aí. Por causa disso, é importante fazer um ponto de situação aqui, enquanto faço teletrabalho, a assinar os protocolos para que os clientes possam estar uns com os outros cara a cara. Depois, tentamos adaptarmo-nos a nós próprios, em muitos casos tentamos melhorar protocolos. Tem sido uma semana boa. Estive a semana toda aqui a interagir com algumas pessoas e com alguns clientes.