Foi a a primeira de onze missões com o objetivo de montar em órbita a terceira geração da estação espacial chinesa — a Tiangong ou, em português, “Palácio Celestial”. A bordo do foguetão Long March 5B, enviado para o espaço a partir da Plataforma de Lançamentos de Wenchang a 29 de abril — às 11 horas, 23 minutos e 15 segundos em Pequim, menos sete horas em Lisboa —, a China enviou o núcleo desta estação espacial: uma cabine com 16,6 metros de comprimento, 4,2 metros de largura e 22,6 toneladas, o suficiente para três astronautas, onde ficará o centro de controlo da estação, a central de energia, a propulsão e os sistemas de suporte de vida.

Mas algo correu mal durante o lançamento. A cabine, cérebro de toda a estação, que até tem nome próprio — Tianhen ou “Harmonia dos Céus” — foi corretamente colocada em órbita, mas o primeiro estágio do foguetão, um cone com 30 metros de comprimento, cinco de diâmetro e 23 toneladas, que deveria ter começado a descer em direção à Terra de modo controlado, ficou a viajar em redor do planeta, numa altitude de entre 370 quilómetros e 170 quilómetros, e a uma velocidade de cerca de 28 mil quilómetros por hora. Há três décadas que nenhum objeto tão grande ficava à deriva em redor do nosso planeta, pronto a ser atraído pela força da gravidade e sujeito a tentar sobreviver à reentrada na atmosfera.

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