Não é preciso ter uma lanterna de médico colocada na cabeça, e apontá-la para a tabela, para ver que profissão sobressai. Nem de propósito, é a de outros profissionais de saúde, os enfermeiros. Entre os cursos superiores com desemprego zero, estão 6 de Enfermagem. Além disso, e num total de 43 ofertas para esta formação superior, outros 18 cursos têm desemprego muito baixo, não passando de 1%. Apesar disso, há uma redução em relação ao ano passado. Em 2021, havia 10 cursos de enfermagem em que todos os diplomados estavam a trabalhar. No ano antes, eram 6 (tal como agora) e, há dois anos, apenas 4.
Olhando para o panorama geral, este ano, há 33 licenciaturas e 5 mestrados integrados com emprego garantido, um número total (38) quase idêntico ao do ano passado, quando a soma foi 33. Embora seja uma série demasiado curta, pode indiciar uma nova tendência. No passado, os números de cursos com desemprego zero eram bastante mais altos: em 2020 foram 68 e, em 2019, 63. Os dados são do Ministério do Ensino Superior e foram divulgados às 00h01 deste sábado no portal Infocursos.
Com emprego garantido, estão também vários cursos de engenharia, 8 no total (eram 6 no ano anterior). Destaque para a Engenharia Informática e de Computadores, do Instituto Superior Técnico, que consegue garantir emprego aos seus 333 diplomados. Números superiores só mesmo entre os mestrados integrados de Medicina.
Na Faculdade de Ciências Médicas da Nova de Lisboa, 944 diplomados conseguiram emprego, enquanto que no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar foram 715. No curso de Medicina da Universidade da Beira Interior foram 551.
Entre os cursos sem desemprego, olhando para o tipo de ensino, 21 são ministrados em politécnicos, 17 em universidades. Quanto à natureza do ensino, 11 são de instituições privadas, 27 de públicas.
Todos estes números são divulgados numa altura em que as vagas para o concurso de acesso ao Ensino Superior deverão ser conhecidas em breve. Os números traduzem a percentagem de recém-diplomados registados como desempregados no IEFP — Instituto do Emprego e Formação Profissional. Ou seja, apesar de estarem a trabalhar podiam não estar a fazê-lo na área em que se formaram.
Ao longo da tabela aparecem todo o tipo de cursos: Educação Básica, Terapia da Fala, Farmácia, Química, Arquitetura, Dança, Música, Biologia, Matemática Aplicada ou Computação, Economia, Ortóptica e Ciências da Visão, Psicologia, Segurança Informática em Redes de Computadores e Tecnologia e Gestão Industrial.
Há 74 cursos com desemprego residual
Os cursos de Medicina que não estão na primeira lista, aparecem na segunda, onde estão os cursos com desemprego abaixo de 1%. Tradicionalmente, Medicina é uma profissão com desemprego zero, portanto, o padrão mantém-se. Em 6.504 diplomados nos 7 cursos existentes no país, só 10 não tinham encontrado lugar no mercado de trabalho.
Ainda na área da Saúde, encontramos, de novo, Enfermagem com 18 cursos representados. Os restantes cursos para formação de enfermeiros ou não tem dados sobre a empregabilidade ou têm no máximo 1,4% de taxa de desemprego.
A engenharia está representada com 14 cursos, a maioria deles de Engenharia Informática, enquanto que Educação Básica tem 6 cursos representados. Com representação significativa, 5 cursos no total, surgem os cursos de Ciências Biomédicas, seguidos de Bioquímica (3), Matemática (3), Música (3) e Física (2). A lista completa é muito diversa e surgem cursos como Animação Sociocultural ou Farmácia, Audiologia ou Design de Produto, Estudos Europeus ou Fisioterapia.
Com desemprego acima de 10% há 91 cursos
Entre os cursos com taxa de desemprego mais elevada, encontramos três que ultrapassam os 17%: dois de Turismo e um de Marketing. O valor mais elevado, é de um dos cursos de Turismo (17,6%) ministrado na Universidade Católica Portuguesa. Em segundo lugar, surge o curso de Marketing (17,2%) da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela (Politécnico de Bragança). Por último, com 17%, aparece de novo Turismo, este ministrado na Escola Superior de Tecnologias de Fafe.
Embora com percentagens mais baixas, há outros 11 cursos de Turismo nesta lista. Gestão, incluindo a Gestão Turística, tem 15 presenças. A Comunicação, seja Ciências da Comunicação ou Comunicação Social, tem 7 presenças na tabela.
Tal como nas restantes tabelas, também entre os cursos com taxa de desemprego mais elevada há um pouco de tudo. Criminologia, Artes Plásticas, Cinema e Audiovisual, Solicitadoria, Ciências da Nutrição, Serviço Social, e Administração Pública, entre outros.
Em relação ao ano passado, quando os números refletiam a pandemia, há uma melhoria. Havia 164 cursos com desemprego acima de 10% e, no Turismo, um dos setores mais afetados pela Covid-19, a taxa chegava aos 25%.