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Cinco dias passaram desde o “pior dia de do ano de incêndios”. Desde então, o número de vítimas mortais dos fogos que deflagraram na zona Centro e Norte do país ainda não parou de aumentar. O último balanço feito pela adjunta do comando nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Patrícia Gaspar, aponta para 44 mortos.
Três deles perderam a vida no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Só mais tarde será divulgado o local da morte.
Ainda não há uma lista oficial, até porque a contagem continua e as autópsias e o reconhecimento dos corpos estão a ser feitos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já avisou porém que a divulgação dos nomes por parte de outras entidades oficiais não prejudica a investigação. O número que fica, por enquanto, é 44 mas não se sabe se será o final. Não só porque poderá subir — há ainda feridos graves — como algumas das mortes podem não ser consideradas decorrentes dos incêndios. Por exemplo, mortes que aconteceram em acidentes de viação — tal como aconteceu no incêndio de Pedrógão Grande, em que uma das vítimas mortais não integrou a lista oficial.
A revelação de identidades “não prejudica as investigações” em curso, assegura a PGR. O Observador reuniu, por concelho, o que já se sabe das vítimas. Algumas delas não eram naturais das localidades onde perderam a vida.
ARGANIL
Três pessoas morreram em Arganil, no distrito de Coimbra: António Almeida, de 71 anos, Fernando Almeida, de 58, e Arlindo Marques, de 67. As idades de António e Fernando foram avançadas pelo Correio da Manhã (CM). A Proteção Civil também confirmou que três pessoas morreram em Arganil, sem referir nomes nem idades.
CARREGAL DO SAL
A Proteção Civil confirmou que há uma vítima mortal em Carregal do Sal, sem avançar com o nome.
NELAS
A Proteção Civil confirmou que há uma vítima mortal em Nelas, sem avançar com o nome.
OLIVEIRA DE FRADES
A Proteção Civil confirmou que há uma vítima mortal em Oliveira de Frades, sem avançar com o nome.
OLIVEIRA DO HOSPITAL
Oliveira do Hospital, em Coimbra, foi o concelho onde se registaram mais mortes: dez vítimas mortais, confirmadas pela Proteção Civil. Por enquanto, ainda só é conhecida a identidade de nove.
Só em Vila Pouca da Beira, união de freguesias de Santa Ovaia e Vila Pouca da Beira, morreram três pessoas. Duas delas — Paulo Alexandre Pires Costa, de 34 anos, e João André Pires Costa, de 29 — eram irmãos. O funeral foi esta sexta-feira.
A outra vítima mortal de Vila Pouca da Beira, Maria Celeste Neves Alves, tinha 70 anos.
Também o funeral de Pedro Luís Neves e de Ramiro Machado Marques Faria se realizou esta sexta-feira. Pedro tinha 46 anos, de acordo com o CM, e foi encontrado em Gramundes, Vilela, freguesia de Nogueira do Cravo.
Ramiro tinha 76, também de acordo com a mesma fonte. Morreu em Quintas de São Pedro, na união de freguesias de Penalva de Alva e São Sebastião da Feira.
Em Parceiro, freguesia de São Gião, morreram duas mulheres: Maria Rosa Marques e Isilda, cujo sobrenome não é conhecido. Na freguesia de São Gião, Cristiana Gouveia Brito foi encontrada morta. Tinha 40 anos, segundo o CM. Maria Fernanda Tavares Tomás Augusto, de 54 anos, morreu em Cabeçadas, freguesia de Lourosa.
PAMPILHOSA
A Proteção Civil confirmou que há uma vítima mortal em Pampilhosa, sem avançar com o nome.
PENACOVA
A Proteção Civil confirma a morte de três pessoas em Penacova no pior dia de incêndios do ano. Na aldeia de Vale Maior os irmãos José Américo Simões, de 43 anos, e Alfredo António Simões, de 41, perderiam a vida. O primeiro era engenheiro e o segundo apicultor. Foram as primeiras vítimas de que o país ouviu falar nos incêndios que devastaram o centro e norte do país no último domingo.
O jornalista do Observador Pedro Rainho visitou a aldeia e escreve que José e Alfredo viviam durante a semana em Coimbra – onde geriam alguns negócios de família –, visitando Vale Maior no fim-de-semana. No domingo, quando perceberam que o incêndio se aproximava do armazém onde guardavam o material usado na produção do mel, desceram o vale e tentaram combater o fogo. Não só não conseguiram como perderam a vida no local, morrendo a tentar abraçar-se. “O pai estava lá perto, só não morreu porque não calhou”, contou em Vale Maior ao Observador Pedro Coimbra, amigo de um dos irmãos.
A terceira vítima de Penacova é Almerinda Neves, de 65 anos, que morreria carbonizada em casa na aldeia de Lagares.
SANTA COMBA DÃO
A Proteção Civil confirmou que há cinco vítimas mortais em Santa Comba Dão, sem avançar com o nome.
SEIA
A Proteção Civil confirmou que há duas vítimas mortais em Seia, sem avançar com o nome.
SERTÃ
A Proteção Civil confirmou que há uma vítima mortal na Sertã, sem avançar com o nome.
TÁBUA
José Batista e Hermínia Batista morreram a tentar chegar a uma casa, na Quinta da Barroca, em Tábua. O casal de septuagenários foram confundidos com um casal com o mesmo nome: os avós da bebé Vitória que chegou a integrar a lista das vítimas mortais. Mais tarde, a Proteção Civil confirmou que a bebé estava viva e o jornalista do Observador Pedro Rainho encontrou-a “enrolada numa manta polar, ao colo da mãe”. José e Hermínia morreram a poucos metros da casa da bebé Vitória.
Na freguesia de Midões, segundo informação recolhida no local pelo Observador, morreu uma pessoa: João “Vermelho” Nascimento, de 48 anos. O filho, André “Vermelho”, de 23 anos, encontra-se em coma induzido no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o mesmo hospital onde o pai acabaria por morrer na segunda-feira. João e André foram apanhados pelas chamas a tentar salvar animais e tratores.
A Proteção Civil confirmou ao Observador as três mortes em Tábua.
TONDELA
A Proteção Civil confirmou que há duas vítimas mortais em Tondela, sem avançar com o nome.
VOUZELA
Há pelo menos oito mortes confirmadas pela Proteção Civil no concelho de Vouzela. O jornalista do Observador João de Almeida Dias visitou a aldeia onde residiam quatro das vítimas: Vila Nova da Ventosa.
Maria Rosa de Jesus tinha 93 anos. Morreu numa estrada próxima da aldeia, depois de as labaredas terem impedido que o carro em que tentava escapar de Vila Nova da Ventosa com a filha avançasse. A filha ainda conseguiu fugir, mas Maria Rosa perdeu-se e ficou para trás. O corpo foi encontrado na segunda-feira de manhã.
Sozinhos no meio das chamas: quando a água acabou, apagaram o fogo com mosto
Arminda de Jesus Lourenço, de 78 anos, o irmão Fernando de Jesus Lourenço, de 70, e a mulher deste, Laurinda, de 64, morreram em casa. Os vizinhos ouvidos pelo jornalista do Observador acreditam que os três perderam a vida nos quartos, a dormir, sem se terem apercebido que o incêndio se aproximava da casa onde habitavam.
Há outras duas vítimas de Vouzela cujas identidades foram confirmadas pelo Observador. Jorge do Vale, de 51 anos, era natural da aldeia de Quintela, freguesia de Queirã, mas vivia atualmente no Luxemburgo, onde era emigrante. Morreu na localidade vizinha de Igarei, em Queirã. Sabe-se ainda a identidade de outra das vítimas do incêndio de Vouzela: Abílio Rodrigues Moita, de 80 anos, que residia na aldeia de Covelo, freguesia de Ventosa.
Por fim, no domingo à noite, uma mulher de 19 anos, grávida, morreu na A25, perto da estação de serviço de Vouzela. O comandante dos Bombeiros de Oliveira de Frades confirmou a morte mas é ainda desconhecida a identidade da vítima, sabendo-se apenas que a morte terá resultado de um choque frontal em plena auto-estada.
Muitos condutores que circulavam no sentido Viseu-Aveiro terão tentado entrar na estação de serviço de Vouzela mas, cercados pelo fogo, resolveram voltar para trás em contramão.
A Proteção Civil confirmou ao Observador uma segunda morte resultante de um embate frontal na A25, não adiantando qualquer informação sobre a idade ou a localidade de onde era natural a vítima.