Quando Donald Trump chegou, Kenosha ainda cheirava a cinzas. Foi envolto nesse odor inconfundível que o Presidente dos EUA visitou aquela cidade de 99 mil habitantes do Wisconsin — e depois de uma semana que tornou Kenosha e o seu estado no centro das eleições.
Começou tudo a 23 de agosto. Nesse dia, a polícia de Kenosha foi chamada a uma ocorrência categorizada como “incidente doméstico”, em que uma mulher denunciava o seu “namorado”. Este, um afro-americano de 29 anos chamado Jacob Blake, resistiu à detenção e conseguiu dirigir-se para o seu carro. Dois polícias seguiram-no e, um deles, de acordo com testemunhas no local, gritou-lhe: “Larga a faca!”. Depois, disparou sete vezes contra as costas de Jacob Blake — que até hoje continua internado no hospital, em situação estável, mas com a certeza de que ficará paraplégico.
Logo nesse dia, as ruas do centro de Kenosha encheram-se de manifestantes contra a violência policial e a discriminação racial. As manifestações começaram pacificamente, mas rapidamente foram criados focos de violência. Ao longo dos dias que se seguiram, foram ateados 34 incêndios e pelo menos 30 lojas foram destruídas por manifestantes. Estes, além da polícia, tiveram pela frente grupos de vigilantes e milícias de extrema-direita. Entre eles, destacou-se Kyle Rittenhouse, de 17 anos, que na noite de 25 de agosto, matou dois manifestantes com uma AR-15, uma arma automática de porte militar. As manifestações continuaram até que, a 28 de agosto, aos mil soldados da Guarda Nacional (acionados pelo governador do Wisconsin) juntaram-se 200 agentes federais (acionados pela Casa Branca, após insistência do Presidente junto do governador) e puseram fim às manifestações.
Além do cheiro a cinzas, há outra coisa a sobrar de tudo o que se passou nestes dias: o facto de, com isto, Kenosha — que é visitada também por Joe Biden esta quinta-feira — e o estado do Wisconsin se terem tornado os locais mais importantes para as eleições presidenciais de 3 de novembro e que, algures naquele canto mais ou menos esquecido do país, se pode ter dado um momento de viragem no rumo da corrida para a Casa Branca. Resta saber para que direção.
Trump, à procura de ter razão no caos
Quando aquelas sete balas entraram nas costas de Jacob Blake, a 23 de agosto, o Partido Republicano ultimava os preparativos para a sua convenção.
O que estava em causa seria muito mais uma questão de forma do que de conteúdo. Obrigado a mudar de planos por causa da pandemia, o Partido Republicano fez uma convenção dividida entre o local originalmente pensado (Charlotte, na Carolina do Norte, onde se juntaram delegados de todo o país) e discursos feitos a partir de vários pontos do país, a maioria de Washington D.C.. Muitos destes detalhes foram acertados até à última hora.
Mas uma coisa é a forma — e outra, totalmente diferente, é o conteúdo. Quanto a isso, a Convenção do Partido Republicano dividiu-se em dois temas transformados em linhas de ataque conta Joe Biden: a de que o democrata é um candidato manietado pela ala progressista do próprio partido; e a de que o ex-vice-Presidente é anti-polícia e a favor das manifestações violentas que até aí tinham acontecido. No seu discurso de encerramento da convenção, que foi uma espécie de súmula de todos os anteriores, Donald Trump foi claro ao dizer: “Ninguém vai estar seguro na América de Biden”.
Ao mesmo tempo que a Convenção do Partido Republicano decorria, Kenosha começava a arder. E se, numa fase inicial (em que o foco mediático estava na atuação policial contra Jacob Blake), nenhum orador fez caso do que se passou naquela cidade do Wisconsin, quando as manifestações passaram à fase violenta o tema foi finalmente levantado. Aconteceu ao terceiro e penúltimo dia da convenção, quando foi a vez de o vice-Presidente, Mike Pence, discursar: “Na semana passada, Joe Biden não disse uma única palavra sobre a violência e o caos que estão a tomar as cidades deste país. Por isso, permitam-me que seja claro: a violência tem de parar, seja em Minneapolis, em Portland ou em Kenosha“.
Dias depois, esta é uma enumeração com um significado político estrondoso, afirma ao Observador William McCoshen, estratega ligado ao Partido Republicano no Wisconsin. “Muitas pessoas que vivem no Midwest [região de 12 estados na zona central dos EUA] não sentiam na pele quando viam motins a acontecer em Seattle ou em Portland”, explica numa entrevista por telefone. “Agora, com Kenosha, que é uma cidade de média dimensão onde nunca se pensou que isto poderia acontecer, já sentem tudo isso.”
Este é um cenário que muitos republicanos antecipavam.
A 1 junho, altura em que começavam os primeiros motins depois da morte de George Floyd, uma fonte republicana próxima da Casa Branca dizia ao Politico que a violência nas ruas era “uma mina de ouro” para Donald Trump em ano eleitoral. “Mas só se o Presidente conseguir retirar vantagens do flanco que a esquerda abriu”, disse a mesma fonte.
Num artigo publicado a 16 de julho no Washington Post, Marc Thiessen, membro do think tank conservador American Enterprise Institute, defendeu a hipótese de Donald Trump não insistir junto de estados cujos governadores são democratas e que, numa fase inicial das motins, resistiram a pedir o envio de agentes federais.
“Neste momento, muitas cidades americanas estão a pôr em prática experiências sociais em vandalismo, demonstrando ao resto do país o que acontece quando os líderes locais se juntam ao apelos para ‘desinvestir na polícia’ e se acobardaram perante a violência”, referiu aquele colunista. “Há um argumento a favor de que estas experiências continuem. Afinal de contas, dizem-nos sempre que as eleições têm consequências. Bom, as pessoas nessas cidades têm votado por autarcas e vereadores democratas fracos. Se passarem por uma liderança democrata incompetente, talvez façam o mesmo que os nova-iorquinos na década de de 1990 e votem em republicanos que são duros com o crime e que querem restaurar a lei e a ordem.”
E, mais recentemente, a 27 de agosto, aquela que foi até ao final de agosto uma das principais conselheiras de Donald Trump, Kellyanne Conway, disse à Fox News que “quanto mais o caos e a anarquia e o vandalismo e a violência reinarem, melhor é para deixar bem claro qual é a melhor escolha para a segurança pública e para a lei e ordem”.
Para o estratega William McCoshen, sediado em Madison, capital do Wisconsin, fica claro: “A 63 dias das eleições [a entrevista foi feita a 1 de setembro], Kenosha é um enorme ponto de viragem nas eleições, que vai ter impacto não só no nosso estado, mas também noutras partes do país”.
Esse impacto será, sem dúvidas para William McCoshen, em direção à reeleição de Donald Trump. “Há uma distinção muito clara na cabeça dos eleitores entre quem é que apoia os polícias e quem é que não os apoia. O Presidente foi muito claro quanto a isso, por isso é que vai a Kenosha agradecer à polícia”, disse, horas antes da chegada presidencial àquela cidade. “Já Biden agiu lentamente durante todo o verão, ao mesmo tempo que alguns dos seus assessores chegavam ao ponto de fazer donativos para pagar a fiança de pessoas que foram detidas nos motins por George Floyd.”
Para já, ainda não há sondagens no estado do Wisconsin que reflitam os efeitos das duas convenções e, talvez mais importante ainda, de Kenosha. Porém, a 26 de agosto o The New York Times publicou uma reportagem onde dá conta de vários eleitores que, antes dos motins, estavam inclinados a votar em Joe Biden ou indecisos — e que, depois da violência vivida naquelas ruas, decidiram votar em Donald Trump ou, pelo menos, considerar essa hipótese.
Em entrevista ao Observador, Dietram Scheufele, diretor do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade de Wisconsin-Madison e especialista em opinião pública, diz que também acredita que Kenosha pode levar alguns eleitores indecisos a caírem para o lado de Donald Trump.
“Entre os independentes que vivem no subúrbios, há muitos que não gostam da linguagem de Trump, da gestão que ele está a fazer da pandemia, da postura da Casa Branca”, diz. “Mas, numa situação destas, há muitos que simplesmente podem ficar em casa e não votar. E depois há outros que, perante isto tudo, podem decidir votar em Trump.”
A ajudar a essa dinâmica pode estar o resultado da sondagem da Marquette Law School, tida como a mais fiável no Wisconsin. Recolhendo dados ao longo de junho e até agosto (antes das convenções e de Kenosha), mostra a queda de popularidade do movimento Black Lives Matter naquele estado. Em junho, 59% dos inquiridos tinham uma visão positiva daquele movimento, contra 27% que o viam de forma negativa. Em agosto, essas percentagens mudaram para 49%-37%. A liderar essa queda estava a opinião do eleitorado dos subúrbios. Ou seja, precisamente aqueles que estão a meio caminho entre Donald Trump e Joe Biden — e que deverão votar no primeiro, caso identifiquem o segundo com aquele movimento ou com as manifestações violentas feitas em seu nome.
A expectativa entre republicanos é a de que esses indecisos agora caiam progressivamente para o lado de Donald Trump. Mas essa não é uma leitura consensual. Na revista The Atlantic, David Graham escreve que este momento pode levar a uma queda de popularidade semelhante às duas maiores até aqui sofridas por Donald Trump, sempre com o tema das tensões raciais no centro da questão: as manifestações da extrema-direita em Charlottesville, em 2017, onde uma contra-manifestante foi mortalmente atropelada, e sobre as quais Donald Trump disse que via “boas pessoas dos dois lados”; e as manifestações que se seguiram à morte de George Floyd em junho deste ano. Desta vez, Donald Trump tem sido acusado de desvalorizar a violência policial no caso de Jacob Blake, ao compará-lo com um “erro no golfe”, e de desculpar o atirador Kyle Rittenhouse. “Ele estava a tentar fugir deles, acho eu, pelo que parece”, disse Donald Trump, referindo-se às pessoas que agrediram Rittenhouse — duas das quais ele acabou por alvejar, uma delas mortalmente — já depois de ele feito a sua primeira vítima mortal. “Parece que ele estava em apuros, provavelmente iam matá-lo.”
Trump compares killing an unarmed black civilian to missing a three foot putt in a golf tournament, Ingraham jumps in to make him stop. pic.twitter.com/NeHqVn4Uvf
— Josh Marshall (@joshtpm) September 1, 2020
“Do impeachment do Presidente, aos destroços do coronavírus, passando pelo amplo colapso económico — nenhuma destas questões alterou a dinâmica da corrida Biden-Trump ou a taxa de aprovação do Presidente”, diz David Graham. “Enquanto isso, Trump está a agarrar-se comprometidamente a um tema que parece causar-lhe danos. E mesmo que as rondas anteriores tenham acabado mal para Trump, ele continua a dobrar e a triplicar esforços para exacerbar as tensões raciais”, escreve aquele jornalista da The Atlantic. “Ou talvez Trump, que foi à falência enquanto geria um casino, não seja um jogador assim tão inteligente.”
Biden e a demora em sair da sua própria casa
Os adversários de Joe Biden têm repetido ad eternum uma palavra para fazer pouco do democrata: “Cave”. Isto porque é na cave da casa do ex-vice-Presidente em Wilmington, no Delaware, que ele tem aparecido durante toda a campanha. Desdobrando-se em teleconferências, que vão desde proto-comícios a angariações de fundos virtuais, Biden tem hesitado em sair de casa.
Uma das primeiras vezes que o fez foi na Convenção do Partido Democrata — planeada para ser precisamente no Wisconsin, depois de aquele estado que votava democrata desde 1988 em eleições presidenciais ter escolhido Donald Trump após uma campanha em que Hillary Clinton não fez qualquer visita. Mas, em vez de ir falar a Milwaukee, onde a convenção acabou por não ter lugar, Joe Biden falou a partir do Delaware. À frente nas sondagens, Biden parecia não ter mesmo grande pressa de sair da sua “cave” — e não havia sequer data para ir a outras partes do país, tanto que, a 16 de agosto, a sua equipa de campanha nem sequer tinha fretado um avião, como é costume.
Esta demora levou várias pessoas perto do desespero, desde os setores liberais e a alguns conservadores que apoiam Joe Biden contra Donald Trump.
Entre liberais, poucos expressaram essa preocupação como o jornalista George Packer, da The Atlantic. “Biden tem de ir imediatamente ao Wisconsin, o estado crucial que Hillary Clinton ignorou”, escreveu. “Tem de se encontrar com a família de Blake e dar-lhes apoio e conforto. Tem de falar com as pessoas de Kenosha, como os pequenos empresários citados pelo The New York Times, que duvidam que os democratas se importam com o destroçar dos seus sonhos. E, nas ruas queimadas, sem um guião, e do coração, Joe Biden tem de falar à cidade e ao país. E tem de falar em nome da justiça e da segurança, pela mudança e contra os motins, e pela necessidade desesperante de voltar a unir o país.”
Para William Kristol, colunista conservador que nunca alinhou com o atual Presidente, Biden tem também a obrigação de “falar para a nação” e de afastar todas as acusações de que é a favor ou que pelo menos tolera os motins. Por isso, sublinha que “falar para nação” passaria por isto: “Condenar a violência de todos os lados, apelar à união nacional e ao civismo. E fazê-lo de uma forma nacional e não partidária”.
Aos poucos, Joe Biden foi dando ouvidos a estes apelos. Depois da convenção republicana, a 27 de agosto, o candidato avançou uma data para sair: depois do Labor Day, que este ano calha a 7 de setembro. Porém, a 30 de agosto, e perante rumores de que o democrata se preparava para ir a Kenosha, já havia nova indicação: Biden ia sair de casa, mas para falar em Pittsburgh, na Pensilvânia, e não naquela cidade do Wisconsin. E esta terça-feira, depois de vários apelos, comprometeu-se, afinal, com uma visita a Kenosha já esta quinta-feira, 3 de setembro.
Mark Mellman, estratega do Partido Democrata no Wisconsin e que está a trabalhar “independentemente para tentar eleger Joe Biden”, começou por desvalorizar a importância de uma viagem do democrata a Kenosha numa entrevista ao Observador, a 1 de setembro. “Em 2016, Hillary Clinton recusou viajar para alguns sítios e isso tinha um significado. Mas se Biden agora não decidir ir a um sítio, isso não será entendido da mesma forma porque estamos a atravessar uma pandemia”, disse. “Ele fez a coisa certa ao ter-se ficado pela Pensilvânia, porque nós estamos a atravessar uma pandemia e é difícil viajar e manter o distanciamento social. Se se vai estar sozinho numa sala, pouco importa em que parte do país é que essa sala é.”
Porém, no dia seguinte, e já depois de a campanha de Joe Biden ter anunciado a viagem do candidato a Kenosha, o estratega democrata parafraseou o general prussiano Helmuth von Moltke (“nenhum plano sobrevive ao contacto com o inimigo”) e já disse: “Ele fez a coisa certa ao não ter ido para lá da Pensilvânia, mas agora já passou algum tempo e, vendo que a situação no terreno mudou, decidiu avançar para Kenosha”.
O efeito de uma visita de Biden será contrário à de Donald Trump, argumenta. “Se a visita de Trump aumenta a possibilidade de violência, a de Biden vai ter um efeito apaziguador”, garante Mark Mellman.
Já o discurso de Joe Biden na Pensilvânia esteve longe de procurar um tom apaziguador. Mais do que isso, o democrata quis deixar duas ideias — ambas em resposta à narrativa do Partido Republicano e da convenção de final de agosto.
A primeira era a de que ele não apoia os motins. “Quero que isto fique absolutamente claro, portanto vou ser muito claro: os motins não são manifestações. Os saques não são manifestações. As fogueiras não são manifestações. Nada disto são manifestações. É simplesmente ir contra a lei e quem o faz tem de ser julgado”. E ainda acrescentou: “Vocês conhecem-me, conhecem o meu coração, a minha história, a minha história familiar. Perguntem a vocês mesmos: eu pareço um socialista radical com um fraquinho por motins?”.
A segunda era a de que a violência que está a acontecer neste momento não diz respeito aos EUA de Joe Biden — tanto que é durante a presidência de Donald Trump que ela está a acontecer: “Estas imagens não são de uma América de Joe Biden imaginada no futuro. Ele [Trump] está sempre a dizer que, se ele fosse Presidente, nada disto aconteceria. Se ele fosse Presidente…! Ele está sempre a dizer que, se fosse Presidente, vocês estariam seguros. Bom, ele é Presidente, quer esteja ou não a par disso. E isto está a acontecer e está a piorar. E sabem porquê? Porque Donald Trump põe gasolina em cada fogueira”.
Sobre este discurso, Mark Mellman diz que Biden “virou o argumento de Donald Trump de pernas para o ar” e que isso foi bem recebido. “Biden deixou claro que todas aquelas acusações fazem parte do rol de mentiras que saem da boca do Presidente a cada dia que passa”, diz aquele estratega democrata.
Quanto às acusações de o candidato democrata ser um “Cavalo de Tróia do socialismo”, Mellman não lhes atribui qualquer valor — apesar de Joe Biden tê-lo feito, ao referir-se a elas. “Ninguém pode acreditar nisso, simplesmente não é credível. Biden não só concorreu contra Bernie Sanders, ele sim socialista, como o derrotou”, refere.
Wisconsin, o swing-state em que tudo se decide por 22.748 votos
O facto é que a mensagem de Donald Trump na convenção foi, tal como grande parte daquela que foi ouvida na convenção republicana, um apelo à sua base eleitoral. Nada impede, porém, que algumas franjas eleitorais fora dos grupos mais pró-Trump também prestem atenção. E esse pode ser um problema para Joe Biden em cada swing-state (estados onde as sondagens não dão um vencedor claro) dos EUA, em especial no Wisconsin. É que, como 2016 veio provar, por 22.748 votos se ganha e por 22.748 se perde.
Foi essa a experiência de Hillary Clinton, que perdeu no Wisconsin por aquele número de votos depois de nunca ter feito ali campanha — ao contrário de Donald Trump, que na campanha presidencial de 2016 fez ali cinco comícios depois de vencer as eleições primárias daquele ano. No final de contas, Hillary Clinton não conseguiu mobilizar dois eleitorados de que tanto precisava (minorias e subúrbios) e Donald Trump atraiu para as urnas um grande número de eleitores brancos sem ensino superior, em particular agricultores.
Em 2020, vencer no Wisconsin poderá não ser visto inicialmente como uma prioridade. Entre os 270 votos que é necessário conquistar no Colégio Eleitoral para vencer as eleições, aquele estado representa apenas 10 — consideravelmente menos do que outros swing-states no Cinturão da Ferrugem (Rust Belt, a zona desindustrializada dos EUA, onde Donald Trump conseguiu vitórias essenciais para chegar à Casa Branca), como a Pensilvânia (20) ou o Michigan (16). Porém, mesmo que consiga reconquistar para o Partido Democrata estes dois últimos, Joe Biden não será Presidente se não juntar a essa conta o Wisconsin.
Por isso, vencer ali sempre foi do interesse de Joe Biden. Agora, ainda mais. Se lá chega, já é outra questão.
“Biden tem de fazer duas coisas para ganhar no Wisconsin: ser um bom candidato e presidencial. Para ser um bom candidato, tem de ser diferente de Hillary Clinton, que não visitou o Wisconsin”, diz Dietram Scheufele. “Quando Obama concorreu, a universidade ficou completamente vazia. Até quando John Kerry, que esteve longe de ser um candidato entusiasmante, juntou dezenas de milhares de pessoas, até porque trouxe o Bruce Springsteen atrás. É assim que se ganha um estado como o Wisconsin.”
Em tempos de pandemia, tudo isto será mais difícil, mas vale a pena tentar, defende aquele especialista em opinião pública e assumido eleitor democrata que, ainda assim, vê o “seu” partido a cometer os mesmos erros de 2016.
“Em 2016 ganhámos o voto popular por quase 3 milhões e isso não serviu de nada porque o Wisconsin foi deixado para trás. Agora já oiço gente do partido a dizer que desta vez vamos ganhar o voto popular por 5 milhões”, aponta. “Mas isso serve de quê se voltarmos a perder no Wisconsin e no Colégio Eleitoral?”