895kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Durante o mandato de Bolsonaro, as relações com o "parceiro histórico, o irmão e pátria mãe" — Portugal —  ficaram por conseguinte, beliscadas, sinalizou Lula da Silva
i

Durante o mandato de Bolsonaro, as relações com o "parceiro histórico, o irmão e pátria mãe" — Portugal —  ficaram por conseguinte, beliscadas, sinalizou Lula da Silva

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Durante o mandato de Bolsonaro, as relações com o "parceiro histórico, o irmão e pátria mãe" — Portugal —  ficaram por conseguinte, beliscadas, sinalizou Lula da Silva

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Lula veio a Lisboa para "aprender com a esperteza política" de Costa e Marcelo e aprofundar laços entre países

Lula esteve em Lisboa e abordou questões de política interna e externa, dando prioridade ao ambiente. Jato que o levou até o Egito para participar na COP27? Foi por causa de "bolsonaristas raivosos".

Uma reunião entre amigos com ” alegria”. Este foi o clima que trespassou primeiro na reunião de Lula da Silva com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e depois com António Costa. Em São Bento, o primeiro-ministro surpreendeu ao fazer um ‘L’, o gesto de apoio à candidatura do Presidente eleito, que não fez apenas uma visita para marcar o reencontro entre Portugal e Brasil depois de quatro anos de afastamento — confessou também que veio aprender com a “esperteza política” do seus anfitriões e estudar a gerigonça.

“Vim aprender com o primeiro-ministro, porque eles inventaram uma tal de gerigonça que ganhou as eleições”, afirmou Lula da Silva, destacando que António Costa foi capaz, posteriormente, de “consertar a economia portuguesa”. E depois, continuou, o Presidente eleito brasileiro disse ter visto notícias de que o chefe do executivo português “ia perder”, mas acabou por “ganhar sozinho” e conseguir maioria.

Assim, a visita a Lisboa de Lula da Silva teve como objetivo, em parte, “para aprender com os sucessos do Presidente e do primeiro-ministro”. O motivo? “Para ver se a gente consegue fazer o mesmo no Brasil e dar certo”, assumiu. Isto num cenário em que o candidato do PT não dispõe de uma maioria no parlamento — essa está nas mãos da direita, que promete complicar-lhe o mandato.

Lula com Marcelo

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“Dar certo” e trazer o país de “volta” são prioridades de Lula no próximo mandato. Ao lado de António Costa, lamentou que o Brasil tenha passado de ser um “país alegre” para “triste”: “É um país onde a esperança desapareceu, que fazia questão de não falar com ninguém e de não se entender com ninguém”. Apontando o dedo ao Chefe de Estado ainda em funções, Jair Bolsonaro, o Presidente eleito descreveu um cenário em que o próprio governo “se isolou”. “Ninguém queria visitar o Brasil, havia um sentimento anti-Brasil.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Durante o mandato de Bolsonaro, as relações com o “parceiro histórico, o irmão e pátria mãe” — Portugal —  ficaram beliscadas, declarou Lula da Silva, que prometeu mudanças para quando regressar ao poder. Ou seja, esse cenário distante vai mudar a 1 de janeiro, em que a relação voltará a ser “carinhosa”. “Tenham a certeza de que o Brasil vai voltar a Portugal. Temos uma cimeira para fazer, o encontro da CPLP e vamos entregar o prémio Camões ao nosso querido Chico Buarque” –  o artista nunca o recebeu das mãos de Jair Bolsonaro, em 2019.

O clima e o Conselho de Segurança: as prioridades de Lula na política externa

Para além de querer restaurar os laços com Portugal, Lula da Silva assegurou que, no futuro, vai focar-se na questão climática. “Vamos cuidar do ambiente e da Amazónia. Precisamos de partilhar com o mundo o potencial da diversidade da mais importante floresta do mundo”, apontou o Presidente eleito, garantido que vai “preservar as zonas onde moram os povos indígenas”. “O mundo pode ter a certeza: o Brasil está a cumprir a sua tarefa junto à Humanidade”, sublinhou, dizendo que o aquecimento global é um “desafio para a Humanidade”.

“Não temos dois planetas Terras, temos um único. Vamos cuidá-lo com muita responsabilidade”, declarou o Presidente eleito. Aos países mais ricos deixou um recado: devem também comprometer-se na mesma questão. “Precisamos de uma governação global com mais representatividade”, pediu. Para que isso se concretize e para alertar para a situação na Amazónia, Lula da Silva já pediu à Organização das Nações Unidas para organizar a COP30, em 2025, no estado do Amazonas, desejo que António Costa assegurou que Portugal vai apoiar.

"O mundo pode ter a certeza: o Brasil está a cumprir a sua tarefa junto à Humanidade. Não temos dois planetas Terras, temos um único. Vamos cuidá-lo com muita responsabilidade"
Lula da Silva

No campo da política externa, Lula da Silva defendeu que as Nações Unidas têm de ser alteradas: “A ONU de hoje não pode continuar a ser a ONU de 1948. O mundo mudou, a geopolítica mudou, as pessoas mudaram, a cultura mudou, o conceito de segurança da ONU precisa de mudar. Precisa de ter mais gente a representar mais continentes e um país não pode ter direito de veto, uma vez que ninguém é superior a ninguém”, disse o Presidente eleito. Mais uma vez, António Costa voltou a concordar — e também acredita que o Brasil deve ter um lugar no Conselho de Segurança, o órgão mais importante das Nações Unidas.

A política interna: a pressão das bolsas, o jato e o novo governo

No domínio da política interna, e perante jornalistas brasileiros e portugueses, Lula da Silva voltou a frisar desejos de que na “sociedade volte a reinar a paz” e que se conviva “democraticamente na adversidade”. “Sem tranquilidade, não é possível fazer o país a crescer”, sublinhou, acusando depois Jair Bolsonaro de “ter aumentado a fome” durante o seu mandato.

Questionado sobre a queda da bolsa a pouco mais de um mês de tomar posse, o Presidente eleito decidiu desvalorizar, referindo que não existe “nervosismo”. E lembrou que, enquanto foi Presidente, diminuiu a taxa de inflação de 12 para 4,5%, diminuiu a dívida interna e pagou o empréstimo que devia ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “Aprendi com a minha mãe analfabeta”, recordou, assegurando que vai cuidar do “povo brasileiro com muito respeito e autoridade em alto e bom som”.

Lula e Costa em São Bento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“Vou aumentar o salário mínimo, vou gerar emprego, vou voltar ao sistema financeiro de quando eu fui eleito e vou aplicar a responsabilidade fiscal que aprendi com a minha mãe”, vincou Lula da Silva, que tentou tranquilizar os mercados: “Não há nenhuma razão para essa flutuação, é apenas ter cuidado para não se ser vítima da especulação”.

Outro dos tópicos abordados foi a viagem que Lula da Silva fez num jato privado ao Egito para assistir à cimeira do clima. O Presidente eleito explicou que “não podia arcar com as despesas” da deslocação e que “tinha um amigo com um avião bom de muita qualidade”. Também assinalou que é “muito importante cuidar da segurança”, sobretudo porque “existem bolsonaristas raivosos espalhados pelo mundo fora”.

“Segurança é uma coisa séria”, reforçou, culpando depois Jair Bolsonaro. “Se o Estado brasileiro fosse democrata”, Lula da Silva afirmou que teria ido num “avião oferecido” pelas Forças Armadas. Como tal não aconteceu, o Presidente eleito brasileiro destacou que é “muito grato ao amigo” que lhe emprestou o avião.

Marcelo reunido com Lula

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

No final, Lula da Silva anunciou que, assim que chegar ao Brasil, vai acabar de “montar o governo” e o “grupo de transição”. Sublinhou também que “nunca teve problemas com as Forças Armadas Brasileiras” e que, durante o seu mandato, as forças de segurança viveram um “momento excecional”.

Costa e Lula celebram reencontro dos dois países depois do “isolamento” de Bolsonaro

Lula da Silva esteve em Lisboa e encontrou-se primeiro com o Presidente da República, no Palácio de Belém, e depois com António Costa, em São Bento. Nos dois locais, um grupo de manifestantes apoiantes do Presidente eleito e outro contra ocuparam as ruas.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.