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Shaoshan, 26 de dezembro de 1893. Província chinesa de Hunan (que, literalmente, significa ‘lago sul’, que os chineses são cartesianos a dar nomes às realidades; a norte, sem surpresas, está a província de Hubei, ou ‘lago norte’). Interior da China nos tempos da dinastia imperial Qing. Na pequena aldeia rural de Shaoshan, onde viviam apenas trezentas famílias, a maioria de apelido Mao, nasce o filho mais velho de Mao Yichang e Wen Qimei. Ele era um pequeno proprietário que ao longo da vida foi prosperando e aumentando o tamanho das terras familiares. Viria a ter uma relação truculenta e turbulenta com o primogénito. Ela era atraente e uma budista devota que iria adorar e apoiar o seu filho mais velho, inclusive conspirando com ele contra o pai e marido.
O filho, Mao Zedong, seria, anos mais tarde, o imperador vermelho. Ou, como o jornalista Edgar Snow sugeriu, ‘a estrela vermelha sobre a China’. Aquela figura que nos posters de propaganda (cuidadosamente executados, com direito a prisão dos artistas desleixados) aparecia sempre no centro, alguma vezes até com raios de sol a emanarem da sua imagem.
Um imperador tão importante que em 1971 o presidente do poderoso país chamado Meiguo (conhecido por cá como Estados Unidos da América) – que anos antes havia atacado a amiga Coreia do Norte e levaria algumas crianças chinesas a terem de nome próprio preciosidades da estirpe de ‘combater os Estados Unidos’ – se deslocou a Pequim para cumprimentar Mao Zedong. Uma espécie de regresso ao sistema tributário da gloriosa época Ming, em que os dignitários dos países vassalos vinham oferecer o tributo ao imperador chinês e fazer o kowtow. (Sim, foi assim que a viagem de Nixon foi apresentada aos chineses.)
Porém, até os imperadores se deixam afetar pelos inícios de vida. Lucian Pye, sinólogo que escreveu sobre os efeitos que as relações e experiências privadas de Mao tiveram no líder carismático da China comunista, atribui ao nascimento e infância e adolescência nesta aldeia rural e remota a tendência de Mao durante toda a vida se incomodar com as opiniões que outros, mesmo se desconhecidos e pouco importantes, expressavam sobre ele.
Podemos ainda especular a influência que estas raízes rurais tiveram no comunismo de Mao. Acresce a tais raízes a total ausência de experiência cosmopolita que (não) teve Mao. Ao contrário da elite letrada (comunista ou não), que se fazia educar na Europa ou no Japão (Deng Xiaoping e Zhou Enlai estudaram em França, Zhou também no Japão, Liu Shaoqi na União Soviética), Mao apenas saiu da China um par de vezes, e para visitar Moscovo. O desconhecimento do resto do mundo e as origens agrárias sem dúvida tornaram Mao num marxista criativo e heterodoxo.
Mao faz uma troca no marxismo: camponeses em vez de proletários
Vejamos. A versão chinesa do marxismo não assentava na revolução e na deificação do proletariado. A classe de eleição de Mao Zedong era o campesinato. Os camponeses eram os portadores de todas as virtudes, segundo a revolução maoista, e a coluna vertebral da conquista do poder aos nacionalistas. Nos antípodas, o grupo social mais execrado pelo regime que Mao criou (mais ainda que os intelectuais e os letrados) seria o dos grandes terratenentes, precisamente a classe a que o pai se esforçou por pertencer. Não é fácil escapar à tentação de formularmos aqui uma ou outra teoria psicanalítica sobre esta peculiaridade ideológica de Mao Zedong.
Já em 1927 este filho da ruralidade afirmava (traduzo de Jiang Yihua, em A Critical Introduction to Mao): ‘Sem os camponeses pobres não haverá revolução. Negar o seu papel é negar a revolução. Atacá-los é atacar a revolução. Eles nunca estiveram errados quanto à direção geral da revolução.’ E, de facto, foi com base nos exércitos de camponeses, seduzidos que estavam pela organização agrária dos sovietes que Mao foi constituindo – primeiro em Jinggangshan, na zona montanhosa na fronteira entre as províncias de Hunan e Jiangxi, de onde partiu a Longa Marcha, e por fim em Yan’an, no nortenho Shaanxi, onde terminou a Longa Marcha e se tornou a base dos comunistas até 1949 – que Mao logrou vencer aos nacionalistas de Chiang Kai-shek.
Claro que tanto amor pelos camponeses era sobretudo retórico – mas não é sempre assim com o comunismo? Em boa verdade, o regime maoista foi aquilo que se pode chamar de exploração dos camponeses pelas populações urbanas. As terras dos grandes proprietários foram divididas pelos camponeses, é certo, mas lembremos o Grande Salto em Frente, entre 1958 e 1962, cujas dezenas de milhões de mortes (45 milhões, estimados pelo académico Frank Dikotter) ocorreram nas zonas rurais, aquelas onde as parcas colheitas eram confiscadas para se transportarem para as cidades onde, apesar da escassez de alimentos, não havia mortandade por fome.
Em todo o caso, segundo Mao, os camponeses eram (na teoria) o paradigma das virtudes chinesas, aqueles que deviam ser imitados pelas classes mais limitadas e defeituosas – é como quem diz os artistas e intelectuais e os estudantes. Para estes últimos, durante a Revolução Cultural, nos últimos dez anos da vida de Mao, ressuscitou-se um programa governamental, em 1968, chamado ‘Shang shan xia xiang’ – ‘subir à montanha, descer à aldeia’ (que afinal os chineses também sabem dar nomes poéticos) – pretendendo tornar os jovens estudantes citadinos em camponeses para o resto da vida.
Claro que as principais razões do programa eram a falta de empregos para estes jovens nas cidades, quando terminassem a escola, bem como a necessidade de os punir pelo caos e violência que haviam provocado nos primeiros anos da Revolução Cultural. No entanto, a desculpa política apresentada foi a vontade de dar aos zhiqing (como ficou conhecida esta geração, da expressão zhishi qingnian, ‘jovens educados’) a suprema felicidade: irem viver definitivamente para as zonas rurais como os heróis da revolução comunista, os camponeses. (Obviamente esta pena perpétua era o maior pesadelo para qualquer rapaz ou rapariga das cidades, que via a vida no campo como uma enorme despromoção social e económica.)
Já para os artistas e intelectuais temos as famosas Conversas de Yan’an, de maio de 1942. Mao Zedong pegou nos soldados do exército vermelho, camponeses maioritariamente analfabetos, e por dois dias diferentes e por longas horas falou-lhes, no meio das cavernas do soviete de Yan’an (Mao vivia numa caverna com três divisões com a sua terceira mulher, Jiang Qing), sobre algo que certamente muito inquietava estes soldados e lhes tirava horas de sono: a função das artes numa sociedade comunista. Dizia então Mao que os artistas e intelectuais deviam aprender as maneiras e a moral dos camponeses e dos trabalhadores, abandonar os maneirismos pretensiosos, as divagações artísticas e intelectuais, purificar-se vivendo no meio das massas camponesas e proletárias. Porque a sabedoria e o purismo revolucionário não estava nos artistas e intelectuais mas sim nas ditas massas. Não existiria arte nem produção intelectual que não passe pelo retrato e exaltação das classes revolucionárias do campesinato e do proletariado e que não sirva para as educar e entreter.
Esta ideologia elencada em 1942 seria mais tarde aplicada em campanhas sucessivas de perseguição aos intelectuais, começando na campanha das Cem Flores, em 1956, e terminando com o êxtase destruidor da Revolução Cultural (que terminou porque Mao morreu). Há dúvidas, no entanto, que os campos de reeducação pelo trabalho para onde se enviavam estes degenerados tenham sido bem sucedidos em apaixoná-los pelas tarefas agrícolas.
Os líderes fazem uma troca de mulheres: mais jovens, mais bonitas e das cidades
Evidentemente o amor revolucionário de Mao e amigos marxistas pelos camponeses também tinha limites. Afinal, se as gentes campestres apoiaram a distribuição das grandes propriedades pelos trabalhadores agrícolas, os camponeses desgostavam dos excessos da reforma agrária que lhes retiravam as porções de terreno para exploração privada (e venda da sua produção nos mercados) para os entregarem às grandes comunas agrícolas. Boicotavam tanto quanto conseguiam a coletivização dos animais de criação doméstica. E, sobretudo, não se tornaram no homem novo perfeito que o comunismo prometia. Ao invés, mantinham tradições centenárias (ou milenares) chocantes, como a compra de mulheres para casar, superstições religiosas ou métodos de cultivo ancestrais.
Acima de tudo, a preferência pelos camponeses (no caso, pelas camponesas) ficava à porta da vida pessoal destes líderes (homens, claro) comunistas. Quando os sobreviventes da Longa Marcha se fixaram em Yan’an, muitas jovens mulheres citadinas, seduzidas quer pelo marxismo quer pela aura de aventura do Exército Vermelho, viajaram para aquela parte do norte da China para se tornarem participantes na revolução comunista. Como resultado, muitos destacados comunistas (e alguns não destacados também) trocaram as suas mulheres, mais velhas e de origens rurais, pelas mulheres mais novas, mais bonitas e com o élan de virem das cidades.
Mao Zedong terminou o casamento com He Zizhen, a camponesa e guerrilheira com quem se havia envolvido aquando da estada no soviete das Montanhas Jinggang, respeitadíssima pelos outros camaradas comunistas e ela própria uma participante na Longa Marcha, e arrebatou para si a bonita atriz de Shanghai Jiang Qing. Mas não foi o único. Liu Shaoqi fez novo casamento nestes anos, com Wang Guangmei, filha de um diplomata, falante de várias línguas, que foi para Yan’an para se tornar secretária e intérprete nas negociações com os americanos para o Plano Marshall. Também o marechal Chen Yi e o futuro ministro da agricultura de Mao, Tan Zhenlin, aproveitaram para terminar os seus casamentos e recasar com citadinas sofisticadas que se fixaram em Yan’an.
Bom, que injustiça. Toda a gente sabe que os comunistas amam sobretudo a revolução e não são suscetíveis a argumentos burgueses como a beleza física, uma pele de aparência mais jovem e o cachet social que na China tem a origem urbana. Não, estas novas ligações amorosas nasceram apenas porque os comunistas preferiram estas novas mulheres, frequentemente muito educadas e versadas no marxismo, pelo seu ardor revolucionário. As convicções comunistas das suas novas senhoras tornavam-nas muito mais adequadas a companheiras destes líderes do que as anteriores, maioritariamente iletradas e pouco cultas e sem grande proficiência no comunismo. O facto de as novas eleitas serem mais jovens, mais bonitas e das cidades era apenas coincidência.
Os chineses fazem uma troca na religião: em vez da divindade, Mao
Pelo seu lado, os camponeses retribuíram a Mao este amor limitado. É certo que alegremente embarcaram em todos os excessos do culto de Mao (afinal, à falta de outras manifestações religiosas permitidas, a religião maoista era um bom substituto do que havia sido suprimido), mas na vida quotidiana não espiritual eram religiosamente pouco praticantes. Frank Dikotter argumenta, agora no seu livro Cultural Revolution, A People’s History, que foi o renascimento dos mercados agrícolas, possibilitados pelo colapso do Estado na última década da vida de Mao que originou a reforma económica. Não se conseguindo reprimi-los, ganharam uma tal vitalidade, contaminando outras atividades nas regiões agrícolas, que obrigaram Deng Xiaoping, incapaz de conter e exterminar este vírus empreendedor, a adotá-los como política.
Shaoshan, 26 de dezembro de 2018. Apropriadamente à celebração dos 125 anos do nascimento de um imperador tão cintilante, há abundante peregrinação ao local de nascimento de Mao Zedong. A 26 de dezembro de 2017 foram dezenas de milhares os que visitaram a aldeia onde nasceu Mao. A casa da família ainda existe e pode ser visitada. Há poucos anos inaugurou-se um comboio de alta velocidade entre Changsha (a capital do Hunan) e Shaoshan, para transportar os numerosos turistas que visitam aquele lugar quase sagrado.
Muito adequado ao ar do tempo e ao comunismo (ou é capitalismo?) com características chinesas, o grande líder comunista da China está transformado em objeto de turismo e de marketing de souvenirs. Desde os anos noventa do século passado, de resto, quando os chineses embarcaram numa onda de nostalgia pelos tempos maoistas. (Alguém falou em populismo? Também na China, ao começarem a sentir-se os efeitos sociais das reformas capitalistas, com pessoas enriquecendo quase de súbito, outras a perderem os empregos porque não tinham qualificações para trabalharem nas novas indústrias, com a ‘taça de ferro com arroz’ que eram as proteções sociais no tempo maoista evaporando-se na era capitalista, houve um movimento – controlado pelo partido reinante, claro – de vontade de regresso a tempos passados, mais pobres mas que passaram a ser representados como de maior valor e gloriosos. Wang Xiaobo chamou-lhe a ‘estetização da fealdade do passado’. Conhecer a história permite-nos sempre perceber os fenómenos semelhantes que vão ocorrendo aqui e ali. E, já agora, não tomar tudo como uma novidade absoluta criada pelos génios atuais.)
Nas últimas décadas Mao Zedong tem sido alvo de um culto póstumo, ainda que mais mercantilista que político – sendo que, claro, a distinta figura fundadora da república comunista permanece como uma fonte de legitimidade do governo pelo Partido Comunista Chinês. Neste contexto da ‘Mao craze’, podem comprar-se reedições do Livrinho Vermelho, dos posters de propaganda, pins de Mao (um acessório clássico da forma de vestir maoista, de resto), estatuetas de Mao fluorescentes (assim como as de Nossa Senhora de Fátima).
O Grande Timoneiro é também bom material para o desenvolvimento do turismo de várias regiões. Além de Shaoshan – que tem no turismo inspirado em Mao a grande receita para ganhar dinheiro – os chineses viajam também para Yan’an e para Jinggangshan, o local do primeiro soviete.
Na verdade, este turismo dos locais sagrados do comunismo chinês não é novo. Já tinha ocorrido durante a Revolução Cultural – e em bom. Em 1966, os adolescentes foram incentivados a viajar pela China para conhecerem jovens de outras paragens chinesas, para assistirem aos oito grandes comícios de Mao em Tian’anmen naquele ano e para prestarem o devido culto nos locais emblemáticos da libertação comunista – os mesmos de hoje: o percurso da Longa Marcha, Jinggangshan, Yan’an e Shaoshan. Digo em bom porque as viagens de comboio eram gratuitas para estes jovens, o alojamento e alimentação em Beijing também, houve incontáveis cenas de pancadaria provocadas por estes ‘pequenos generais de Mao’ nas viagens de comboio (e fora delas) aos desafortunados que caíam nas desgraças dos jovens e terminavam acusados de inimigos da revolução. Foram roubados, algumas raparigas violadas e, dado que o ambiente não era propenso à higiene e às boas condições sanitárias, um surto de meningite matou milhares dos adolescentes que desataram a viajar pela China.
(Manda o equilíbrio e a verdade reconhecer que a maioria das viagens foi feita em perfeita segurança, mesmo nos casos de raparigas viajando sozinhas ou com amigas. Que estas viagens, compreensivelmente, foram dos melhores momentos das vidas dos chineses desta geração. Que viajar e conhecer novos locais e pessoas diferentes é sempre uma aprendizagem insubstituível. E, não despiciendo, foram momentos de liberdade e libertação nunca antes conhecidos pelos jovens chineses – incluindo as jovens chinesas, que puderam ter durante a Revolução Cultural um grau de liberdade que a patriarcal cultura tradicional chinesa nunca lhes permitiria.)
Como referi acima, Mao, o grande pensador comunista chinês e fundador da República Popular da China, permanece como pilar de legitimidade do regime chinês. Esta figura tutelar é de sobremaneira utilizada por Xi Jinping, muito mais que pelos seus antecessores. Xi, não por acaso, fez parte desta geração adolescente durante a Revolução Cultural, enviada para as zonas rurais anos a fio, que perseguiu gente e que, por sua vez, sofreu perseguições. É uma geração curiosa, que se divide entre grandes vencedores e grandes perdedores. A maioria que foi transferida para os campos ficou sem educação formal e, quando regressou à vida citadina para a era da reforma capitalista, as suas qualificações não eram suficientes para lhes assegurar empregos no novo ambiente económico.
As palavras desesperançadas de um destes jovens da Revolução Cultural (citadas por David J. Davies em Re-enviosioning the Chinese Revolution, The Politics and Poetics of Collective Memories in Reform China) ilustram bem estes percursos de vida. ‘Crescemos durante os três anos de dificuldades [eufemismo para o Grande Salto em Frente] e perdemos a oportunidade de uma educação quando fomos enviados para o campo durante a Revolução Cultural. A maioria dos zhiqing casou tarde e, quando quisemos ter filhos, o governo começou o planeamento familiar e pudemos ter apenas um. Agora somos de meia idade, o nosso filho está na escola e nós estamos desempregados e não temos dinheiro.’
No lado oposto do destino, uma numerosa minoria tornou-se mais resiliente, mais propensa ao risco e, no caso das mulheres desta geração, entraram para a universidade em percentagens superiores às das jovens que não participaram no programa ‘xia xiang’. Uma boa porção destas mulheres terminou saindo do país e escrevendo as suas memórias destes tempos, deixando um testemunho incontornável sobre a História da China. Jung Chang é a mais famosa delas. Nas palavras de Helena Grice, ‘calhou a um grupo de mulheres expatriadas serem porta-voz da história da emergência do comunismo no seu país.’ Vários empresários multimilionários saíram desta geração de zhiqing. E alguns políticos destacados também, entre eles Xi. É um bom tema de estudo esta influência que os anos formativos do presidente chinês, durante o clímax do maoismo, têm no seu estilo político atual de político de ferro.
Mas Mao não é útil para compreendermos apenas Xi Jinping. A personalidade de Mao dá-nos pistas para outros lados. O ressentimento anti-intelectual. A deificação das classes mais baixas da pirâmide social, que usa mas no fundo despreza. A paranoia com a lealdade (a si próprio, não aos ideais comunistas ou à República Popular da China). O espírito vingativo que leva a que se enxovalhem os adversários mesmo depois de derrotados. A mesquinhez que impele a que se tenha de responder brutalmente às mais pequenas provocações. O gosto por provocar instabilidade para conseguir solidificar o poder próprio. A obsessão com a popularidade junto das massas.
Depois de Lin Biao morrer, juntamente com a família, em fuga para a União Soviética após uma conspiração proto-golpista falhada, as autoridades revelaram documentos do grupo de descontentes que criticavam fortemente Mao. Deixo aqui algumas linhas (traduzidas de Andrew Walder, um dos meus sinólogos preferidos, em China Under Mao).
‘Hoje ele usa esta força para atacar aquela; amanhã usa aquela força para atacar esta. Hoje ele usa palavras doces e conversa melosa para aqueles que enfeitiça, e amanhã condena-os à morte por crimes fabricados. […] Alguém que ele inicialmente apoiou que não tenha, no fim, tido uma sentença de morte política? Há uma única força política com que ele tenha sido capaz de trabalhar do princípio ao fim? Os seus poucos camaradas de armas e aliados de confiança foram enviados para a prisão por causa dele.’ Deixo aos leitores verificarem a quem se adequa, fora penas de morte arbitrárias, esta descrição.