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Ao início, quando foi convidado por Barack Obama para ser seu número dois, Joe Biden não se deixou convencer facilmente. No final, lendo o que ex-Presidente escreve no recém-editado primeiro volume das suas memórias políticas, “Uma Terra Prometida”, foi Barack Obama que não se convenceu com Joe Biden.
Nas 784 páginas de “Uma Terra Prometida” (livro que teve lançamento mundial esta terça-feira e que chega a Portugal pela chancela da Objectiva) Barack Obama começa o seu relato em 1961, ano em que nasceu no Havai, deixando depois nalgumas pinceladas, umas breves e outra nem tanto, o seu caminho até Washington D.C.. Se esse percurso já era conhecido de outros relatos, tanto pela pena de Barack Obama como pela de outros, faltava porém conhecer o seu relato de quando chegou à Casa Branca. É a partir daí que o ritmo de “Uma Terra Prometida” abranda e os detalhes abundam, numa escrita que só pára nos dias seguintes à captura e execução de Osama Bin Laden, a 2 de maio de 2011.
Porém, apesar de abrandar claramente o ritmo das memórias quando franqueia as portas da Casa Branca, há um tema e uma pessoa com os quais o ex-Presidente não parece perder muito tempo: o seu número dois, e agora prestes a ser número um dos EUA, o vice-Presidente e agora Presidente eleito Joe Biden. Merecedor de pouco mais do que breves passagens, o retrato que Barack Obama faz de Biden está longe de dar conta de um braço direito. Por um lado os elogios são por norma à sua personalidade afável e à sua dedicação à família; por outro são notórias as passagens em que demonstra ser muito pouco aquilo que partilha com ele — desde a maneira de estar, à maneira de governar.
Não são raras as vezes em que no livro, a seguir a um elogio a Joe Biden, o autor logo junta uma adversativa. Ao longo do tempo, Joe Biden viria a aperceber-se disso mesmo.
A atração dos opostos
Os destinos de Barack Obama e de Joe Biden cruzaram-se pela primeira vez em 2004. Foi nessa altura em que o recém-eleito senador do Illinois passou a cruzar os corredores e as câmaras do Congresso com Joe Biden, que por ali andava já desde 1972. Porém, a primeira menção de Barack Obama ao que viria a ser o seu número dois não foi por estarem do mesmo lado, mas antes em lados opostos. Mais do que isso, em competição.
O cenário eram as eleições primárias do Partido Democrata que Barack Obama viria a vencer, em 2008. Ainda em 2007, quando a corrida em causa ainda estava longe se centrar no duelo que viria a marcá-la — em que Barack Obama desafiou e venceu Hillary Clinton —, também Joe Biden fazia parte dos inscritos. Não foi por muito tempo. Desistindo da campanha logo após a primeira paragem, o Iowa, por ali só ter conseguido 1%, Biden desvaneceu-se do pensamento de todos. Porém, 12 anos depois, o homem a quem viria a chamar “chefe” mais à frente não se esqueceu de algo que ele lhe disse.
O episódio remonta para um discurso sobre política externa em 2007 que, sabendo-se o que veio a acontecer anos mais tarde, correu particularmente bem a Barack Obama. O tema era o Paquistão, país com o qual os EUA mantinham à altura uma aliança de vantagens dúbias — algo que já era claro à altura, perante o facto de naquele país proliferarem os movimentos jiadistas, com destaque para a fronteira com o Afeganistão. A suspeita era simples: a de que, à semelhança de tantos outros terroristas, Bin Laden estaria escondido naquele país. E a promessa era igualmente simples: se fosse preciso, os EUA matá-lo-iam em solo paquistanês.
“Se tivermos Osama Bin Laden na nossa mira, e se tivermos esgotado todas as outras opções, devemos abatê-lo antes que ele planeie matar outros 3 mil americanos”, disse Barack Obama. “Acho que isso é senso comum.” À altura, Joe Biden não achou o mesmo e disse num debate frente a Barack Obama e os restantes candidatos que o seu então adversário na corrida à Casa Branca não estava “pronto” para o cargo. “Acho que ele pode vir a estar pronto, mas neste momento não creio que esteja”, disse. “A presidência não é algo que se preste a quem aprende à medida que trabalha.”
Este é um momento de fácil e conveniente memória para Barack Obama — afinal de contas, como se viria a perceber quatro anos mais tarde, Osama Bin Laden estava mesmo no Paquistão. E, tal como prometera, Barack Obama não hesitou em dar licença para matar aquele líder terrorista.
Esse episódio, como se sabe, não viria a marcar de forma definitiva a relação entre os dois homens. A menção seguinte a Joe Biden é breve — a da sua desistência — e a que vem logo depois é a mais longa.
Já vencedor das primárias do Partido Democrata, Barack Obama estava a fazer uma pausa no Havai quando a questão se tornou mais premente do que nunca: “Quem seria o meu parceiro de candidatura?”. Pela sua explicação, havia dois homens na contenda: Tim Kaine, senador da Virgínia; e Joe Biden.
Tim Kaine, que em 2016 viria a ser o número dois de Hillary Clinton, merece vários elogios de Barack Obama — até porque olhava para ele como quem se olha ao espelho. “Tínhamos aproximadamente a mesma idade, raízes semelhantes no Centro-Oeste, temperamentos parecidos e até currículos quase idênticos”, escreve Obama.
E depois Joe Biden. “Não podíamos ser mais diferentes”, diz. Não era só pelas questões visíveis: além da cor da pele e das geografias que marcaram as suas vidas, Joe Biden levava à altura 35 anos no Senado, onde fora presidente da Comissão Judiciária e da Comissão de Relações Externas. Era também pela personalidade.
“Se eu era visto como temperamentalmente sereno e comedido, ponderado e comedido no uso das palavras, Joe era todo ele ardor, um homem sem inibições que adorava partilhar o que lhe viesse à cabeça”, lê-se nas páginas 193 e 194. Barack Obama faz aqui o elogio de Joe Biden, que descreve como alguém que “desfrutava verdadeiramente das pessoas”. Mas, depois, vem logo a adversativa: “O entusiasmo de Joe tinha o seu inconveniente”.
“Numa cidade cheia de gente que gostava de se ouvir a si mesma quando falava, não havia par para ele. Se um discurso estivesse programado para quinze minutos, Joe alargava-se pelo menos por meia hora. Se estivesse programado para meia hora, era impossível adivinhar quanto tempo falaria”, diz.
Aqui, Barack Obama não esquece aquela que é provavelmente a primeira gaffe de Joe Biden que o visou. No dia em que lançou a sua campanha presidencial em janeiro de 2007, o então senador do Maryland parecia já desencorajado pela concorrência de Obama. A ideia, porém, não lhe saiu bem. “Quer dizer, pela primeira vez há um afro-americano que é articulado, inteligente, limpo e bem parecido. É uma história digna de livro, meu!”, disse Biden.
Poucos se lembram disto, mas Barack Obama não se esqueceu do momento para juntar às adversativas das suas memórias sobre o agora Presidente eleito. “O facto de não ter filtros deixava-o periodicamente em apuros, como quando, no decurso das primárias, uma expressão que decerto pretendia ser um cumprimento, mas foi interpretada por alguns como insinuando que tais características num homem negro eram notáveis”, lê-se em “Uma Terra Prometida”.
E Barack Obama não se esquece também que, ao início, Joe Biden se fez de difícil. “A princípio, resistiu”, escreve. “Como a maioria dos senadores, Joe tinha um ego robusto e não lhe agradava a ideia de ficar com o papel de segundo violino. O nosso encontro principiou com ele a explicar todas as razões por que o trabalho de vice-presidente poderia ser uma despromoção para si”, recorda Obama. Ainda assim Biden explicou também os seus méritos. “Quero poder dar-te o melhor do meu saber e os meus conselhos mais sinceros”, disse. E fez apenas uma exigência: “Quero ser o último na sala a pronunciar-me sobre cada decisão importante”.
O lado emocional de Barack Obama e dos seus principais conselheiros à altura, David Axelrod e David Plouffe, apontava para Tim Kaine. Porém, o lado racional sugeria antes que Joe Biden seria a melhor escolha.
Aqui, a adversativa vai ao contrário. Primeiro, Barack Obama volta a carregar em todos os defeitos e riscos associados a Joe Biden, descrevendo-o como um homem da “velha escola” que “gostava de ser o centro das atenções” e que poderia tornar-se “irritadiço” ao ser desconsiderado por um “chefe bastante mais novo”. Depois, admite ainda assim que a “experiência na política externa” seria útil, tal como as “suas relações no Congresso” e o “seu potencial para apelar aos eleitores ainda perturbados com a ideia de eleger um presidente afro-americano”. Acima de tudo isto, Barack Obama diz de qualquer modo que “o mais relevante” era que “Joe era decente, honesto e leal”. A partir daqui, Barack Obama refere-se quase sempre ao seu número dois apenas como “Joe”.
No final, escolheu Joe Biden. “Não ficaria desapontado”, sublinha Barack Obama. Porém, o que as páginas seguintes demonstram, é que enquanto Presidente não parecia esperar muito do seu número dois por mais que ele se esforçasse.
O baby-sitter que agia como um “míssil sem direção”
No Congresso do Partido Republicano de 2020, e em torno deste, Joe Biden foi descrito por Donald Trump e pelos seus aliados como um “Cavalo de Tróia para o socialismo”. O que já parecia claro mas que Barack Obama deixou por escrito com as suas memórias políticas é que ele próprio utilizou Joe Biden como o seu próprio Cavalo de Tróia junto dos republicanos no Congresso.
Ali, no Capitólio, nenhum homem foi tão inconveniente a Barack Obama quanto Mitch McConnell, líder do Partido Republicano no Senado, tanto em minoria como em maioria. Logo em 2010, disse que era preciso “terminar o trabalho” e, quando questionado sobre que “trabalho” era esse, respondeu: “Conseguir que o Presidente Obama seja um Presidente de um só mandato”.
Nas alturas em que precisava de passar pelo Senado, Barack Obama mandava Joe Biden à frente. Fosse para convencer Mitch McConnell (tarefa difícil e raramente cumprida) ou outros republicanos moderados como o duo do Maine (Susan Collins e Olympia Snowe) ou democratas relutantes à agenda do Presidente (como Bill Nelson, da Flórida, ou Arlen Specter, da Pensilvânia), Joe Biden era várias vezes o emissário de Barack Obama.
“Um dos motivos por que escolhera Joe para agir como intermediário — para além da sua experiência no Senado e perspicácia legislativa — fora a noção que tinha de que, na mente de McConnell, as negociações com o vice-presidente não atiçavam a base republicana da mesma maneira que qualquer aparência de colaboração com Obama (socialista negro e muçulmano) atiçaria”, defende Barack Obama na página 678, em alusão ao tratamento que recebia de alguns bastiões conservadores, do Senado à Fox News.
Com o extremar de posições entre a administração de Barack Obama e o Partido Republicano, a partir do qual despontava o movimento Tea Party e que começava a criar o espaço onde Donald Trump viria mais tarde a crescer, Barack Obama perdeu a esperança na arte da negociação. Já fora do âmbito temporal de “Uma Terra Prometida”, em 2013, fez um discurso no descontraído e geralmente bem-humorado Jantar dos Correspondentes da Casa Branca onde, pelo meio de uma piada, demonstrou que em nada valia a pena falar com Mitch McConnell.
“Há gente que acha que eu não passo tempo suficiente no Congresso. ‘Porque é que não bebe um copo com Mitch McConnell’, perguntam-me. A sério?! ‘Porque é que não bebe um copo com Mitch McConnell?’?!”, insistiu, com a voz alçada numa indignação tão exagerada como verdadeira. “Desculpem, às vezes fico frustrado.” Mais tarde, ao Politico, colaboradores próximos de Joe Biden diriam que o então vice-Presidente não percebeu a piada — ou, mais adequado ainda, não viu nela razões para rir.
Momentos houve em que, mesmo quando Barack Obama não pedia que Joe Biden fosse para a sua frente, ele fê-lo na mesma. Nesses momentos, fazendo fé no relato do ex-Presidente, o seu número dois agia como seu baby-sitter, investido na difícil tarefa de garantir que Washington D.C. não o devorava. Não foram poucas as vezes, porém, em que o jovem Barack Obama acabou por tomar as decisões contrárias ao que Joe Biden defendia em diferentes reuniões com os vários ramos a administração dos EUA.
Um desses momentos foi quando o Washington Post publicou, a 21 de setembro de 2009, pelas mãos de Bob Woodward, um artigo onde se lia que o comandante Stanley McChrystal, responsável pela missão norte-americana e da NATO no Afeganistão, dava como essencial para conter os talibã e outros terroristas o destacamento de mais tropas para o Afeganistão. Àquele artigo, juntaram-se as vozes de “republicanos intransigentes como John McCain e Lindsey Graham” e avolumou-se uma certeza: a de que Barack Obama não cumpriria tão cedo (e acabou por não fazê-lo de todo) a sua promessa de retirar tropas do Afeganistão.
Na administração de Barack Obama, o mais revoltado com a jogada orquestrada a partir do Pentágono era o próprio Joe Biden. “É revoltante, porra!”, terá gritado Joe Biden, de acordo com o relato de Obama. Mas o certo é que, mais tarde, foram mesmo mais militares para o Afeganistão, com o Presidente a resignar-se a essa ideia que Joe Biden nunca viria a aceitar.
Nessas reuniões, julgando pelo relato Barack Obama, Joe destacava-se mesmo naquilo que o ex-Presidente descreveu como uma “cidade cheia de gente que gostava de se ouvir a si mesma quando falava”. Um desses exemplos parece ser quando Joe Biden explicou Stanley McChrystal “o que era necessário para levar a cabo uma operação contra-terrorista” — um momento que levou o principal responsável militar dos EUA naquele país a “cerrar os olhos”.
Momentos como este estão descritos com maior perícia — e sobretudo à-vontade — nas memórias políticas de Ben Rhodes, vice-conselheiro de Barack Obama para a Comunicação em Segurança Nacional. O título atabalhoado esconde o seu verdadeiro papel na Casa Branca de Barack Obama, de quem era um importante conselheiro para a política internacional e também escritor de discursos. Mesmo depois da saída de Barack Obama da Casa Branca, Ben Rhodes continuou ao lado de Obama — incluindo na escrita de “Uma Terra Prometida”, como o ex-Presidente deixa claro nos agradecimentos.
As memórias políticas de Ben Rhodes são, nalguns dos episódios em que se cruzam com “Uma Terra Prometida”, em grande parte mais expansivos do que a obra assinada por Barack Obama. Curiosamente, o título do livro de Ben Rhodes — “The World As It Is”, sem publicação em Portugal — é o mesmo da quinta de sete partes do livro de Barack Obama. E, naquela obra publicada em 2018, a descrição de Joe Biden é ainda mais crítica.
“Na Sala de Crise, Biden podia ser algo como um míssil sem direção. Biden entrava em longos discursos sobre porque é que seria um tontice pensar que poderíamos fazer outra coisa no Afeganistão que fosse para lá de matar terroristas, e pediu conselhos militares fora da cadeia de comando”, lê-se. “Polvilhava os seus comentários com histórias da sua longa carreira no Senado, repetindo de forma deliberada que a sua experiência fê-lo perceber que ‘toda a política internacional é uma forma relações pessoais’.” Como prova disso, conta Ben Rhodes, Joe Biden fazia gala de saber os nomes de todos os netos do líder do Curdistão iraquiano.
Mas, muito para lá do Afeganistão, é sobre o raide de 2011 que acabou por levar à execução de Osama Bin Laden que Barack Obama deixa claro no seu livro que, tal como em 2007, Joe Biden estava errado. Aqui, o vice-Presidente não estava sozinho — também o secretário de Defesa, Robert Gates, se opôs àquela operação.
Quando foram todos chamados para a Sala de Crise para assistir à missão em direto — em que helicópteros com perto de 30 soldados de elite aterraram no complexo de Abbottabad, onde Osama Bin Laden estava —, Joe Biden sentou-se ao lado de Barack Obama.
Cerca de 15 minutos depois de os helicópteros terem aterrado, ouviram as palavras que mais antecipavam — e mais depressa do que esperavam. “Geronimo ID… Geronimo IMA”, ouviu-se. “Geronimo” foi o código escolhido para Osama Bin Laden e aquelas siglas chegam para contar a história: Inimigo Identificado, Inimigo Morto em Ação.
Quando os helicópteros levantaram, garantindo a segurança dos militares envolvidos, alguém pousou a mão no ombro de Barack Obama e, depois de apertá-lo, disse: “Parabéns, chefe”. Era Joe Biden, o homem que quatro anos dissera que sugerir um desfecho como aqueles era apenas algo que alguém com pouca preparação para a Casa Branca.
Essas reações efusivas em momentos de vitória são uma reação habitual de Joe Biden, de acordo com os relatos que se lêem no livro. No meio de um abraço, Barack Obama recorda-se também de ouvir ao seu número dois, quando foi aprovada a lei de saúde Affordable Care Act, as efusivas palavras: “Conseguiste, meu!”. É possível até que tenha sido outra a formulação — “Conseguimos!” —, mas não é assim que Barack Obama parece recordar o momento.
A dúvida de ter “Joe” como “chefe”
Espera-se que Joe Biden chegue à Casa Branca a 20 de janeiro de 2020 — mas nem isso é 100% seguro neste momento. Declarado vencedor pelos órgãos de comunicação social (que desde 1848 têm essa incumbência oficiosa perante o moroso processo burocrático que é o de determinar um vencedor numa federação de 50 estados), a certeza de que Joe Biden é oficialmente vencedor surgirá apenas a 14 de dezembro, data para o Colégio Eleitoral votar. Surge, depois, a possibilidade de nem aí o ainda Presidente Donald Trump aceitar a derrota.
O cenário em que Joe Biden chega à Casa Branca é, pois, infinitamente mais complexo do que aquele que viu Barack Obama chegar em 2008. No Capitólio, Joe Biden não parece ter vida fácil pela frente. Por um lado, vai encontrar uma Câmara dos Representantes democrata mas que, nessa maioria, inclui diferentes matizes — onde se inclui a mais radical do Partido Democrata, encabeçada por Alexandria Ocasio-Cortez, que não lhe promete tranquilidade. Por outro, terá um Senado ainda desconhecido — e apenas determinado pelo destino dado aos dois lugares livres da Geórgia, que serão definidos em eleições no início de janeiro.
Em “Uma Terra Prometida”, Barack Obama não deixa pistas sobre aquilo que acredita estar ou não dentro das capacidades de Joe Biden para fazer frente ao que aí vem — e talvez não fosse esse o melhor sítio para fazê-lo. Mas mesmo noutras ocasiões, já tinha ficado a dúvida.
Depois de esperar até que todos os candidatos às primárias democratas se afastassem da corrida, Barack Obama apoiou Joe Biden num vídeo de 11 minutos e 58 segundos onde dizia que ele tinha “todas as qualidade de que precisamos num Presidente agora” e garantiu: “Sei que ele se vai rodear com boas pessoas”. São por si só palavras cordiais, mas ainda assim parcas quanto ao que o mesmo homem de disse de Hillary Clinton quatro anos antes: “Não creio que tenha alguma vez havido alguém tão qualificado para este cargo”.
Do livro “Uma Terra Prometida”, Barack Obama oferece uma descrição de Joe Biden como um bom companheiro — “decente, honesto e leal”, como diz ter pensado na altura de escolhê-lo para seu número dois. O que o livro não descortina, porém, é se Barack Obama acredita que ganhou politicamente com a sua companhia — e muito menos explica o que é que o país terá a ganhar agora que “Joe” está prestes a ser o “chefe”.