"De maneira nenhuma me tomem como um deusinho de coisa nenhuma, sou um sujeito cheio de defeitos. Mas há uma coisa, eu diria duas, que não sou: nem sacana, nem desleal. Tenho outros defeitos."
Entrevista ao Público (2008)
"Demorei anos a solucionar o desgosto da morte do meu pai. Não verti uma lágrima, não fui capaz de chorar. Foi um desgosto profundo, profundo. Depois fui-me reencontrando. O meu pai morreu e eu, 24 horas depois, era patrão de 23 pessoas."
Entrevista à revista Selecções do Reader’s Digest (2005)
"Tive um período na minha adolescência em que contestei o fado seriamente. Não queria ouvir fado, achava-o uma coisa menor, terrível. Qual é palavra que usam agora em relação aos mais velhos? Careta! achava o fado careta."
Entrevista à Blitz (2008)
"Houve um período em que fui muito mal tratado (...) A democracia era recente e a tomada de posições era mal interpretada. Mas as pessoas têm de tomar uma posição e eu tomei-a. Sou um homem de esquerda e espero morrer assim. Não sou feijão frade, não sou uma pessoa de circunstância, que é de esquerda hoje porque é o que está a dar e a seguir é de outra coisa."
Entrevista ao Diário de Notícias (2008)
"Um artista é um perigo. Convida-se um artista para ser político e se há qualquer coisa que não está a correr bem, a gente parte a loiça toda."
Entrevista à Notícias Magazine (2014)
"Quando vou fazer um concerto, vou como os touros nas pegas, levo tudo à frente. Vou com gana, com vontade... Tenho muito gosto em fazê-lo"
Entrevista à Máxima (2014)
"Há uma coisa que me sinto desde sempre: um portuga que gosta de ser portuga. (…) Todas as vezes que cantei lá fora, e canto, é das primeiras coisas que digo no palco quando saúdo: 'Venho de Portugal, é um país pequeno, periférico e pobre, mas que tem um povo valioso que vale platina.' Portanto é a quem eu pertenço."
Entrevista ao Portal de Angola (2014)
"Eu sou um grande maluco. Tenho este ar assim muito certinho, mas gosto de que tudo o que são tabus e barreiras seja derrubado. "
Entrevista ao Diário de Notícias (2008)
"Não me peçam agora que por ganhar o Grammy esteja calado e não faça ondas para não desagradar aos banqueiros e aos patrocinadores. Não me peçam isso. Agora já é tarde."
Entrevista ao Público (2014)
"Tinha 22 anos e estava convencidíssimo de que ia ser um engenheiro hidráulico de olhos azuis, director de uma unidade hoteleira no estrangeiro…"
Entrevista à revista Selecções do Reader’s Digest (2005)
"O [Jacques] Brel, a Elis [Regina], a minha mãe [Lucília do Carmo], a Maria Teresa de Noronha, a Amália, com certeza, o Marceneiro, o Carlos Ramos. Tudo isso está cá dentro da cabeça e por isso é que não se canta duas vezes da mesma maneira."
Entrevista à Blitz (2008)
"Até aos 50 anos fui uma locomotiva. Mas depois caí de um palco em Bordéus e fiquei muito mal. Nunca mais fui o mesmo homem. Depois, ao 60, tive o aneurisma. Ia morrendo com as três operações. Depois, tive uma tuberculose e agora há pouco tempo tive problemas de coração outra vez."
Entrevista ao Diário de Notícias (2008)
"Faz-me impressão ver uma rapariga nova, encostada a uma parede, a cantar fados tristes. Aquilo não bate certo, ela devia cantar sobre a juventude, a alegria de viver, pedir a alguém que lhe escrevesse letras sobre os dias que correm, a tecnologia, já que ela existe."
Entrevista à revista Visão (2013)
"Não faria sentido termos a liberdade e, para não desagradar a umas senhoras ou senhores, dizer que a minha política era o trabalho... As pessoas tomam as suas posições. Bem ou mal... Cantar o fado em liberdade é muito bom."
Entrevista ao Diário de Notícias (2008)
"Na década de 1980, a década mais dura, perguntavam-me muito se o fado iria acabar. E eu pensava que a Amália estava a cantar e andava por esse mundo fora, eu estava a cantar e andava por esse mundo fora e por cá tínhamos o guardião dos bastidores disto tudo que era o Fernando Maurício. Por isso, pensava: “Isto não acaba, têm é de aparecer miúdos”. Começaram a aparecer e nunca mais parou."
Entrevista ao Público (2014)
"A minha lista telefónica é um obituário. Um gajo chega à minha idade e perdeu pelo caminho gente com 40, 50, 70 anos. Todos os dias há um amigo que tem um cancro, outro tem não sei quê."
Entrevista à Blitz (2014)
"Acho que é uma grande treta quando os artistas dizem que é um incómodo andar na rua, mas um artista sem público é como um jardim sem flores, não é? Nem sequer é um preço que se paga, é um preço que se recebe."
Entrevista ao Portal de Angola (2014)
"O meu fado é tosco agasalho mas também pode aquecer."
Entrevista ao Diário de Notícias (2014)
"Fui muito assediado, obviamente, qual é o artista que não é? Elas assediavam-me mesmo à frente da minha mulher."
Entrevista à Notícias Magazine (2014)
"Sou um gajo todo marcado: tenho um pacemaker, seis anestesias gerais, uma tuberculose…"
Entrevista à Blitz (2014)
"Quando me disseram: 'Ganhaste o prémio [Goya], eu ouvi a mulher dizer o nome e disse assim: 'Isto não é possível.' Fiquei com as mãos geladas e tal, a olhar para aquilo e disse assim: pois é, pá, estás cheio de sorte, estás vivo, estas coisas vão-te acontecendo.”
Entrevista ao Diário de Notícias (2008)
"Portugal faz-me lembrar um barco que tem bombordo e estibordo e que está todo virado a estibordo, todo no litoral, com meia dúzia de gatos a bombordo, o interior deserto. Isto não tem nenhum sentido. Não há um pensamento estruturante e enquanto não houver os nossos velhos e os nossos jovens vão sofrer muito."
Entrevista à Notícias Magazine (2014)
"Nunca subestimei Portugal, cantei em tudo o que era mundo e nunca permiti, em cima de um palco, que Portugal fosse tratado como um país menor. Eu não tenho medo da palavra: eu sou um patriota. Gosto muito de Portugal, de ter nascido aqui, e acho que a minha terra tem potencialidades que estão todas por tratar."
Entrevista à Blitz (2014)
"[O fado] Deu-me uma vida boa, ajudou-me a construir uma família, deu-me a conhecer o mundo, tive durante muitos anos uma vida desafogada, deu-me imensas alegrias."
Entrevista ao Público (2012)
"Não me levanto de manhã. Já tenho participado em coisas à tarde e sabe Deus a dificuldade! Já tenho o relógio montado."
Entrevista ao Público (2013)
"O fado só pode ser rico na diversidade. Lembro-me sempre da velha geração: o que é que a Lucília [do Carmo] tinha a ver com a Maria Teresa de Noronha? O que é que a Maria Teresa tinha a ver com a Amália? O que é que a Amália tinha a ver com a Hermínia? E a Maria José da Guia, a Berta Cardoso..."
Entrevista ao Público (2013)
"O fado é uma canção da alma. E com as canções da alma não se brinca. Ou se tem ou não se tem. Porque se não tínhamos dez milhões de pessoas a cantar o fado. E essa alma não se vende. A gente vende o trabalho, não vende a alma."
Entrevista ao Público (2013)
"A Amália era contemporânea da minha mãe. Houve um período em que tive um relacionamento maravilhoso com a Amália, ainda rapaz. Quando comecei a cantar ela começou a achar-me menos graça. Considero-a uma voz única no século XX. Tivemos maneiras de sentir e pensar sobre a vida diferentes e isso pode ter-nos afastado um pouco."
Entrevista ao Público (2008)