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O português que é um dos líderes de topo da Google: “A robô Sophia é apenas teatro, não é a realidade”

Trabalha na Califórnia e é uma referência mundial em inteligência artificial. Fernando Pereira é um dos executivos de topo da Google e explica porque é que as máquinas nunca poderão ter sentimentos.

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Saiu de Portugal há mais de quatro décadas e desde 2008 que trabalha na sede da Google em Mountain View, na Califórnia – mais propriamente na Alphabet, empresa-mãe do gigante mundial de software. É ali, na zona que também é conhecida como Sillicon Valley — com vista para as Montanhas de Santa Cruz e para a Baía de São Francisco, costa oeste dos EUA — que o português Fernando Pereira lidera uma equipa de machine learning (ou aprendizagem automática), uma das áreas da inteligência artificial, da Google.

No final do mês de novembro, de visita aos escritórios lisboetas da tecnológica, no Marquês de Pombal, o português que se tornou numa referência mundial em inteligência artificial explicou ao Observador quais são as tecnologias que contaram com a sua intervenção e apontou que caminhos há por explorar nos próximos anos. 

Com leve sotaque americano e um olhar muito vivo, disse só aceitar o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial que estejam ao serviço das necessidades humanas. Robôs com sentimentos ou sistemas inteligentes que controlem a realidade não colhem o seu apoio. Considera até “negativos” projetos como o Sophia, o robô humanóide que tem participado em várias edições da Web Summit, em Lisboa. “Preocupa-me que as pessoas pensem que podem imbuir sentimentos humanos numa máquina”, comentou Fernando Pereira.

Nascido em Queluz há 67 anos, estudou no Instituto Superior Técnico e na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde fez uma licenciatura em matemática, mas em 1977 saiu para fazer um doutoramento em inteligência artificial na Universidade de Edimburgo, na Escócia, e nunca mais voltou. Hoje, a componente de redes neurais do Google Tradutor é integralmente gerida pela equipa de Fernando Pereira, por exemplo. 

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Fernando Pereira esteve, no final do mês de novembro, de visita aos escritórios lisboetas da Google, no Marquês de Pombal

“Projetos como o Sophia são negativos, porque dão uma ilusão de comportamento que parece humano. É apenas teatro”

Por que é que saiu de Portugal há mais de 40 anos?
Porque fiz o doutoramento em Edimburgo e, por cá, as contratações universitárias eram extremamente lentas. Não havia nenhuma possibilidade de ter um emprego imediato na área de investigação em Portugal. Recebi uma oferta de emprego nos EUA e fui.

Começou por trabalhar em que área?
Sempre nesta área da linguagem natural, da compreensão da linguagem. Trabalhei numa organização não governamental, que fazia investigação por contrato, na Califórnia. Depois, fui trabalhar na Dell Labs [atual  AT&T Labs], um laboratório de investigação em telecomunicações, e também fui professor na Universidade da Pensilvânia durante uns anos.

Qual é a tecnologia da Google que utilizamos e que contou com a sua intervenção direta?
É difícil dizer uma.

Todas?
Não todas. As nossas tecnologias estão espalhadas por muitos sítios diferentes, mas uma que é importante é esta:  quando faz uma busca no Google e uma das respostas que recebe está num retângulo. Às vezes, até aparece a resposta imediatamente. A pessoa pergunta quando é que D. Afonso Henriques conquistou Lisboa e no retângulo aparece a data; em princípio, aparece 1147. Isto é o resultado das tecnologias em que o meu grupo na Google tem trabalhado desde há 10 anos.

"Para nós ou para um animal simples, como um ratinho, sentir alguma coisa, negativa ou positiva, está relacionado com a sobrevivência, com o bem-estar, com a felicidade. É um fator totalmente dependente do mundo real. Ora, a máquina não depende do real. A única maneira de os sentimentos fazerem sentido para uma máquina seria através da evolução do mundo físico"

Acha que um dia vamos ter realmente um robô com aspeto humano, como o robô Sophia? Isso é desejável? As empresas estão a caminhar nesse sentido?
Vou dar uma opinião pouco popular: acho que projetos como o Sophia são negativos, porque dão uma ilusão de comportamento que parece humano. É apenas teatro, não é a realidade. Há uma diferença fundamental entre nós ou até os animais e as máquinas que criamos. Para nós ou para um animal simples, como um ratinho, sentir alguma coisa, negativa ou positiva, está relacionado com a sobrevivência, com o bem-estar, com a felicidade. É um fator totalmente dependente do mundo real. Ora, a máquina não depende do real. A única maneira de os sentimentos fazerem sentido para uma máquina seria através da evolução do mundo físico. [Por enquanto,] a única forma de a máquina ter sentimentos é interpretar a resposta dos seres humanos. 

Vamos supor que poderia comandar o meu carro por voz e que um dia começo a gritar com o carro, porque ele não fez o que mandei. Era bom que o carro interpretasse esses gritos e que, por exemplo, percebesse que algo não estava a correr bem e deveria parar de andar naquele momento. Se um dia – e não vai ser amanhã— tivéssemos uma máquina com sentimentos, seria uma máquina com uma conexão visceral ao mundo que a cerca. Não sabemos o que isso será nem temos motivos razoáveis para o fazer.

Um robô como o Sophia é teatro porque simula um avanço tecnológico que ainda não existe?
Exato. Está a fingir, é um ator mecânico.

Com que objetivo?
Não sei, nunca lhes perguntei. Nem todas as pessoas que trabalham com inteligência artificial pensam da mesma maneira.

Porque é que temos medo daquela ideia do robô inteligente que pode dominar o mundo?
Que eu saiba, temos desde sempre receio das forças imponderáveis, que estão fora do nosso controlo, e projetamos esse receio em diferentes coisas. Há milhares de anos, o medo dos relâmpagos era projetado em entidades misteriosas. Agora projetamos nas máquinas. Algumas pessoas com grande visibilidade têm criado essa imagem de perigo avassalador. A realidade, com os meios que temos, é muito limitada. Por outro lado, os assuntos informáticos são muito complexos e é difícil as pessoas entenderem-nos. Uma das responsabilidades maiores de quem desenvolve a tecnologia é criar mecanismos que permitam aos utilizadores controlá-la.

"Gosto de apresentar a explicação [de inteligência artificial] assim: como fazer máquinas capazes de interagir connosco em termos que nos sejam mais naturais e efetivos. Ou seja, máquinas a que possamos comunicar os nossos propósitos, de maneira a que os executem, e compreendam suficientemente o mundo à nossa volta, para que nos ajudem"

“Há quem tenha uma visão de ficção científica e pense criar uma inteligência artificial mágica, que tome conta do mundo. Para já, isso é tecnicamente impossível”

Parece haver divergências entre especialistas sobre o “quando” e “o quê” em termos de inteligência artificial.
O termo apareceu nos anos 50 e confunde muito, porque as pessoas que estavam a começar a desenvolver a ideia tinham muito pouca ideia do que seria difícil ou fácil. Por exemplo, concebiam os jogos de xadrez como as coisas mais difíceis, que precisavam de um poder intelectual extraordinário, porque eram seres humanos e era nesse tipo de áreas que se aplicava um nível mais alto de inteligência. Por outro lado, nessa época, pensava-se que seria simples uma máquina reconhecer que estão quatro copos em cima de uma mesa, algo que os humanos fazem instantaneamente, mas ainda hoje é extremamente difícil que sejam reconhecidos pelo sistema de visão de uma máquina.

Em vez de inteligência artificial, qual deveria ser o termo?
Não sei se há um termo mais adequado. Gosto de apresentar a explicação assim: como fazer máquinas capazes de interagir connosco em termos que nos sejam mais naturais e efetivos. Ou seja, máquinas a que possamos comunicar os nossos propósitos, de maneira a que os executam e compreendam suficientemente o mundo à nossa volta, para que nos ajudem.

Essa é a sua definição?
É a definição de inteligência artificial real, daquilo que, de facto, podemos e estamos a fazer. A diferença fundamental, face à ideia de inteligência artificial que vem da ficção científica, é que esta definição não está a pensar na imitação mecânica de um ser humano e sim na criação de máquinas mais cooperativas, mais capazes de nos ajudar a atingir os nossos propósitos e a resolver os nossos problemas.

"Os problemas mais difíceis [de resolver na inteligência artificial] são os que envolvem dois aspetos da capacidade humana: por um lado, compreender e movimentar-se num ambiente complexo em termos físicos e sociais; por outro, comunicar de maneira efetiva através de linguagem"

A inteligência artificial tem de ter materialidade?
Tem de ter sempre, não em neurónios, mas em transístores ou circuitos quânticos, o que seja. Tem sempre uma materialidade. Isso leva-nos a um ponto extremamente importante que foi ignorado no início da inteligência artificial, o que é natural. Os pioneiros, em particular John McCarthy [1927-2011], que inventou o termo, entendiam que o cume da inteligência era aquilo que os diferenciava de outros seres humanos: a sua capacidade matemática, o jogar xadrez ou resolver puzzles. Eram todos intelectuais, matemáticos, físicos. Focaram-se nesta visão muito restrita, que era a capacidade intelectual extremamente evoluída da lógica matemática como representação do conhecimento. Em contrapartida, esqueceram muitos dos aspetos do dia a dia. Por exemplo, o caminho que fiz do hotel até aqui, para vir dar esta entrevista, não tem nada a ver com problemas matemáticos sofisticados, mas tem muito a ver com o reconhecimento de que o sinal está vermelho e é melhor não atravessar a passadeira naquele momento.

Ou seja, os pioneiros pensavam dentro da lógica dos computadores rudimentares, que resolviam problemas matemáticos.
Hoje, os computadores são cada vez mais poderosos, em termos de memória, velocidade e capacidade de processamento de dados, mas não são fundamentalmente diferentes dos de então. Ambos têm mais ou menos o mesmo modelo, aliás inventado por John von Neumann [1903-1957], outra das granes mentes desta área, nos anos 40 e 50. Penso é que há uma diferença entre a ideia inicial de inteligência artificial, a maneira como a ficção científica e o público a absorveram, e a realidade. Os problemas mais difíceis [de resolver na inteligência artificial] são os que envolvem dois aspetos da capacidade humana: por um lado, compreender e movimentar-se num ambiente complexo em termos físicos e sociais; por outro, comunicar de maneira efetiva através de linguagem.

É isso que as grandes empresas hoje querem da inteligência artificial?
Queremos máquinas que possamos instruir e comandar e com que seja possível interagir em termos idênticos àqueles que utilizamos no dia a dia.

E tudo isso para quê?
Bom, já todos tivemos a frustração de tentar mudar alguma cosia no nosso computador e não conseguir. Queremos mudar a cor de uma janela e andamos de menu em menu, vamos ao manual… E se, em vez disso, puder dizer à máquina “muda a cor da janela para azul” e a mudança acontecer imediatamente? Ou então uma pessoa com limitações físicas que possa comandar por voz a cadeira de rodas e dizer “vira à esquerda” e obter como resposta da máquina “não posso virar à esquerda, porque há um obstáculo”. Todas estas coisas são tão naturais quando interagimos uns com os outros e permitem-nos ser efetivos na vida pessoal e no trabalho. A maneira como hoje  utilizamos os computadores ainda é muito laboriosa. As pessoas que trabalham na minha área pensam em encontrar formas de atingir os mesmos propósitos, mas de maneira mais eficiente e fluída.

"Por vezes, acontece que os avanços de inteligência artificial nos permitem conhecer alguns aspetos da inteligência humano. Isso é muito importante. No entanto, a maior parte do que faço é inteligência artificial como engenharia, não como ciência"

Só concebe a inteligência artificial para benefício das pessoas?
Só concebo trabalhar em inteligência artificial para benefício das pessoas. Que outros pensem outras coisas, não sei.

Que outros são esses e o que é que eles pensam?
Não vou nomear ninguém, mas penso que há quem tenha uma visão de ficção científica e pense criar uma inteligência artificial mágica, que tome conta do mundo. Para já, isso é tecnicamente impossível com os meios que temos hoje ou que consigamos imaginar com base científica. Depois, é um objetivo que não me parece razoável. Por vezes, acontece que os avanços de inteligência artificial nos permitem conhecer alguns aspetos da inteligência humana. Isso é muito importante. No entanto, a maior parte do que faço é inteligência artificial como engenharia, não como ciência.

Qual a diferença?
É como a diferença entre física e engenharia eletrotécnica. O estudo da inteligência artificial como ciência tenta perceber como é que um sistema físico de transístores ou de neurónios pode aprender e reagir a estímulos do exterior e depois comunicar. Os psicólogos e neurologistas que trabalham em inteligência artificial lidam com estas questões. Isso é a ciência. A engenharia pensa em construir um sistema que comunique de forma natural, que responda ao ambiente de forma efetiva. É a minha área.

“Preocupa-me que as pessoas pensem que podem imbuir sentimentos humanos numa máquina”

Qual é o desenvolvimento já disponível mais sofisticado que temos?
É o uso de métodos de aprendizagem automática para reconhecimento de padrões complexos, seja em comunicação humana seja na relação com o mundo exterior.

É a chamada machine learning?
Exato, machine learning, um dos aspetos da inteligência artificial. É a técnica mais poderosa que temos. Um exemplo simples é o teclado do telemóvel. Se o teclado aprender que certos padrões de letras são mais frequentes do que outros, torna-se mais eficaz.

A correção ortográfica do telemóvel parece um exemplo muito pouco surpreendente.
Mas devia surpreender, porque está muito melhor hoje do que há cinco anos. No fundo, a correção ortográfica de alta qualidade depende de a máquina ter formado um modelo mais preciso do que lhe é dito. Esse modelo vai buscar muito ao que é provável e comum as pessoas dizerem e escreverem. Está correlacionado com o significado que as pessoas querem exprimir. Mas dou outro exemplo: a busca na internet através de uma pergunta complexa dá uma reposta muito precisa. A pergunta pode ser complexa e ter múltiplas palavras, com uma relação sintática e semântica subtil. Hoje, conseguimos interpretar essa pergunta de maneira correta muito mais frequentemente do que há 10 anos.

"O motor de busca é um sistema de inteligência artificial, mas coletivo, observa que para certa pesquisa os utilizadores tendem a preferir certos resultados e, a partir daí, ajusta-se de maneira subtil, o que é separado do que cada utilizador individual está a fazer"

Há a ideia de que o algoritmo de um motor de busca é influenciado pelo histórico de pesquisas. Se uma pessoa costuma ir ao Google procurar notícias deste jornal ou daquele e um dia quiser pesquisar notícias de outro jornal qualquer, dificilmente encontra resultados satisfatórios. O algoritmo não percebe que nesta ocasião não deve dar os resultados habituais.
Não, o algoritmo depende simplesmente da pergunta feita e usa uma curta parte do histórico. Não há maneira nenhuma de utilizar um histórico de pesquisas muito antigo. Mesmo que quiséssemos, não era possível. Os nossos interesses e tarefas mudam constantemente, ter um algoritmo baseado no que a pessoa perguntou há 10 anos seria inútil. Há uma coisa que o sistema de busca faz: se a pessoa deixar estar o seu histórico – e pode eliminá-lo, se quiser –, ele lembra-se da pergunta que foi feita há algum tempo, se os termos utilizados agora forem os mesmos de há algum tempo. Aí não há nenhuma inteligência artificial, é um sistema de memorização.

Um motor de busca como o Google é um sistema de inteligência artificial?
É um sistema que aprende a partir do uso geral de todos os utilizadores. O que ele sabe de si é limitado. O motor de busca é um sistema de inteligência artificial, mas coletivo, observa que para certa pesquisa os utilizadores tendem a preferir certos resultados e, a partir daí, ajusta-se de maneira subtil, o que é separado do que cada utilizador individual está a fazer.

A inteligência artificial mais sofisticada que temos hoje é muito ou pouco inteligente?
Ainda é muito pouco inteligente. Há pouco tempo, a Google lançou o modelo PERT, que usa redes neuronais para aprender a modelar as relações entre as palavras de maneira mais precisa. Por exemplo, se escrevermos “voo de Londres para Lisboa” ou “voo de Lisboa para Londres”, hoje a máquina consegue distinguir. Há alguns anos não conseguia. Na última década, fizemos um progresso assinalável na maneira como a máquina reconhece que a gramática influencia o significado.

Esse progresso deve-se à Google ou está a a ser feito pelo mundo tecnológico em geral?
Em geral. Mas tenho orgulho por a Google estar à frente.

Terminou o doutoramento em 1982. Nessa altura, o que se ensinava e o que se sonhava estava muito longe daquilo que temos hoje?
Os problemas eram os mesmos, as soluções eram completamente diferentes. Em particular, a utilização de machine learning era algo de que poucos tinham ideia, ou então era mais focada no processamento de sinal ou de imagem do que na parte da linguagem. Uma das grandes diferenças, ainda presentes, é que certos aspetos da aprendizagem humana requerem muita prática: aprender uma língua estrangeira ou um desporto. Mas há aspetos da aprendizagem humana que são muito rápidos: definir uma palavra nova – sou capaz de aprender, assim sou exposto à reposta, mesmo que daqui a 10 anos não me lembre.

"Dialogar e fazer companhia são coisas diferentes. A companhia tem um aspeto emocional. Volto ao tema anterior, das máquinas com sentimentos. Preocupa-me que as pessoas pensem que podem imbuir sentimentos humanos numa máquina. O resultado será sempre postiço e uma desilusão. Prefiro criar máquinas que nos ajudem em situações do dia a dia"

A máquina não é capaz?
A máquina não, pelo menos, não fielmente.

Para lá caminhamos?
Sim, sim. Estive há dias em Zurique com um grupo de especialistas para tentarmos discutir esse problema.

Há muitos portugueses da Google nesta área da inteligência artificial?
Penso que haverá dois ou três.

Que ligação mantém a Portugal?
Tenho cá família, venho muitas vezes. De vez em quando, sou convidado pelo Instituto Superior Técnico. Tenho vindo dar palestras, fazer parte de júris de doutoramento. No próximo ano, venho para uma avaliação externa de um programa de doutoramento conjunto entre o Técnico e a Carnegie Mellon dos EUA. Também já fiz avaliação de projetos de investigação para o Ministério da Ciência.

Em que tecnologia trabalha agora? O que é que vem aí em termos de inteligência artificial?
Quando hoje usamos a voz para falar com a máquina, com o nosso telemóvel – ter mesmo uma conversa, não é dar apenas um comando de voz –, isso ainda não funciona muito bem. O diálogo ainda não é fluído. Uma das coisas em que estamos a investir agora é tornar esse diálogo entre a pessoa e máquina muito mais efetivo para o utilizador.

Para sistemas Android?
Não só.

Um dia, esse sistema vai estar tão evoluído que já nos faz companhia, já dialoga connosco como uma pessoa?
Dialogar e fazer companhia são coisas diferentes. A companhia tem um aspeto emocional. Volto ao tema anterior, das máquinas com sentimentos. Preocupa-me que as pessoas pensem que podem imbuir sentimentos humanos numa máquina. O resultado será sempre postiço e uma desilusão. Prefiro criar máquinas que nos ajudem em situações do dia a dia.

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