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“Nalgumas ruas das avenidas novas têm‑se construído e estão ainda em construção grandes prédios (…). A renda, porém (…), ultrapassa de tal modo as possibilidades de cada um de nós, que tem dado lugar às mais variadas discussões e mais ásperos protestos (…)! É claro que não são alojamentos desta categoria que fazem falta neste momento.”
A frase com que se inicia este texto, e que poderia ter sido retirada de um qualquer jornal português da última semana, mês ou ano, foi, na realidade, publicada em 1945 na revista A Arquitectura Portuguesa. O seu autor, Alberto A.C., dando mostras da inquietação que o assolava, deu ao seu artigo o título de Um problema, a palavra que, ontem, hoje, e muito provavelmente amanhã, mais vezes vemos associada à questão da habitação, mesmo sem contar com o famoso livro do poeta Ruy Belo, o qual, apesar de incluir o verso “uma casa é a coisa mais séria da vida”, é de outro campeonato, mais próximo do metafísico do que da materialidade da argamassa e da alvenaria.
Nesse ano de 1945, naturalmente sublinhado em todos os manuais de História de todos os países do planeta como aquele em que chega ao fim a II Guerra Mundial, ocorreu, em Portugal, o arranque de uma nova política pública de habitação, desta vez, ao contrário do que acontecera nos primeiros programas habitacionais do Estado Novo, focada no arrendamento e não no conceito que tinha animado o início da ditadura: o “cidadão-proprietário”, enraizado na sua pequena, modesta, mas higiénica moradia independente e unifamiliar, e devidamente disciplinado pelo braço forte do Estado.
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