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Na Marina de Vilamoura, os restaurantes notam um aumento do movimento, mas ainda longe de encher esplanadas e de lhes permitir respirar de alívio
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Na Marina de Vilamoura, os restaurantes notam um aumento do movimento, mas ainda longe de encher esplanadas e de lhes permitir respirar de alívio

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Na Marina de Vilamoura, os restaurantes notam um aumento do movimento, mas ainda longe de encher esplanadas e de lhes permitir respirar de alívio

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Onde estão os 5.500 britânicos anunciados para o Algarve? Em Vilamoura, ainda não chegam para encher esplanadas

Na marina de Vilamoura, os clientes aumentaram com o avançar da noite, embora longe de encher esplanadas. "Íamos contratar quando ouvimos falar da chegada de britânicos, mas desistimos dado o ritmo."

A música que sai do bar irlandês O’Neills, um dos primeiros na Marina de Vilamoura, chama a atenção pela energia de quem a canta. Bruno Mariano, um cantor que tem a “sorte” de ter a agenda cheia, apesar dos tempos, repete uma e outra vez o conhecido verso de Sting — “Be yourself no matter what they say” —, antes do célebre “I’m a legal alien“. Mas, na esplanada, estão apenas quatro pessoas a ouvi-lo e não há muitas mais a passar por ali. Não que isso lhe tire força. “I’m an Englishman in New York“, canta, como se a plateia fosse de cem.

“Hoje [terça-feira] está mais calmo, mas ontem foi a nossa melhor segunda-feira em muito tempo. Não é espetacular, mas nota-se alguma diferença”, diz Samuel Tilley, o britânico proprietário daquele bar, em conversa com o Observador. Os 5.500 britânicos que o presidente da Região do Turismo do Algarve estimou que chegariam à região só na segunda-feira, a par do reforço de voos, não são suficientes para se fazerem notar num único sítio, nota Samuel. “Estão espalhados por mais de 150 km de costa. Vai demorar até que consigam encher os espaços.”

Samuel Tilley é o proprietário do bar O'Neills, com música ambiente. Alguns dos turistas que lá passam não resistem a dar um pézinho de dança

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Ali, na Marina de Vilamoura, o movimento foi aumentando com o avançar da noite, mas já passa das 21h e as esplanadas estão longe de estarem cheias. “Já se veem mais caras britânicas, mas não estamos nem a 10% da atividade que tínhamos num maio antes da pandemia“, desabafa ao Observador o gerente de um outro restaurante, poucas portas à frente. Ainda assim, é dos que mais clientes tem, um feito que não é particularmente difícil quando há esplanadas com um par de clientes.

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É esse “ambiente calmo” que é destacado por Ella e Louis, britânicos que chegaram a Vilamoura na segunda-feira — o primeiro dia em que Portugal autorizou viagens não essenciais do Reino Unido — para descansar uns dias, mas também para darem ao filho, Cruz, de um ano e meio, “uma experiência de normalidade”. “Estivemos grande parte do tempo em confinamento, ele não sabe o que é uma vida normal“, lamenta Ella. Por isso, quando souberam que poderiam viajar para Portugal, o único país da “lista verde” do Reino Unido que conheciam, onde Louis já tinha estado, não hesitaram. “Está muito calmo o ambiente. Acho que mais para o fim da semana se verá mais movimento. As pessoas estavam a aguardar para ver o que ia acontecer antes de reservarem”, atira Louis.

Ellla e Louis realçam o ambiente "calmo". Com o cair da noite, o movimento foi aumentando, mas sem enchentes

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Três testes para poder viajar? “Os portões não estão completamente abertos. Só vem quem pode pagar”

Samuel Tilley tem outra explicação: o número de testes que os britânicos têm de fazer para poderem viajar e regressar ao país — um antes de saírem do país de origem, outro antes de partirem de Portugal e mais um dois dias depois de chegarem ao Reino Unido. “Isso é muito confuso para os britânicos. Não é como se os portões estivessem completamente abertos e toda a gente pudesse vir. Não é assim. Só vem quem pode pagar esses testes e está desesperado por vir.”

As notícias de que os britânicos poderiam voltar a viajar para Portugal sem terem de fazer quarentena no regresso animam o negócio, mas Samuel acredita que ainda não é desta que vai ter um verão normal no bar. Ainda assim, está “confiante” de que conseguirá faturar o suficiente para se “aguentar”. O O’Neills, que em 2020 faturou apenas 35% do valor de 2019, tem agora 12 empregados — “não despedimos ninguém durante a pandemia, não é a nossa política” —, mas num ano pré-pandemia já teria o dobro nesta altura.

Britânicos regressam a um Algarve “sem concorrência”. Associações anteveem verão melhor, mas Norte está pessimista

Depois dos avanços e recuos do ano passado — em que os britânicos só tiveram luz verde para Portugal numa parte de agosto —, Samuel não se quer já comprometer em aumentar a força de trabalho, na região que foi mais fustigada pelo desemprego oriundo, sobretudo, do turismo. “Não posso empregar novas pessoas agora sem saber se vamos ter muita ocupação. Vamos trabalhar até ao nosso limite e depois contratamos, se tivermos necessidade“.

Quem já tinha planos para contratar nesta altura, depois de ouvir o anúncio da chegada dos 5.500 britânicos, era um outro restaurante, no lado oposto da marina de Vilamoura, de comida italiana. Um dos empregados, que prefere não ser identificado, conta ao Observador que a intenção acabou por cair, para já, depois de se aperceberem que o ritmo, embora tenha aumentado, não iria crescer assim tanto como aquele anúncio fazia crer. “Íamos contratar quando ouvimos falar da chegada de britânicos, mas desistimos dado o ritmo que se vê.”

Covid-19. Reino Unido inicia nova etapa de desconfinamento com viagens de férias para Portugal 

Se os britânicos não vieram já como se esperava — talvez mais para o final da semana, vamos ouvindo dizer —, há outras nacionalidades a fazer férias no Algarve. Há muitos portugueses, franceses, e até belgas. Rik e Brigitte, um casal de 61 e 60 anos da Bélgica, chegaram no domingo e vão ficar uma semana. “No ano passado tínhamos uma viagem marcada para aqui, mas por causa da pandemia cancelámos. Reagendámos para agora”, conta Rik. O facto de já terem recebido a primeira dose da vacina contra a Covid-19 — a segunda só chega em junho — ajudou na decisão de voltarem a viajar. Assim como os 30 graus que se fazem sentir em Portugal, comparados com os 12 da Bélgica.

Rik e Brigitte já não saíam da Bélgica desde 2019, quando foram visitar a Suécia. Este ano, estão mais otimistas e até já têm outra viagem marcada: para a Noruega, no verão. Mas ali, em Vilamoura, esperavam “ver mais gente”. “Devem estar a chegar, digo eu”.

Rik e Brigitte, belgas, já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, o que os deixa mais seguros para viajar

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Ainda antes de saberem que Portugal lhes ia permitir entrada, três amigos compraram voos por 20 libras. “Porque não?”

Diretamente de Manchester, Kielam, Hong e Majd chegaram esta terça-feira a Portugal, praticamente duas horas antes de o Observador os encontrar num passeio pelas ruas quase desertas de Albufeira, perto da Praia dos Pescadores, à hora de maior calor: 32 graus pouco depois das 15h. A viagem foi marcada de forma “espontânea”, contam, ainda antes de saberem se Portugal lhes iria permitir entrada. “Na semana passada, vimos uns voos baratos, 20 libras [cerca de 23 euros] e pensámos: Porque não? Havia alguma incerteza sobre se poderíamos entrar. Mas eram 20 libras, nem importava se fosse cancelado“, dizem.

Foi só na sexta-feira, dia 14, que o Governo português anunciou que as viagens não essenciais de e para o Reino Unido passariam a ser permitidas a partir desta segunda-feira, bastando para isso apresentar um teste negativo à Covid-19 realizado nas 72 horas anteriores. Só a partir dessa data passou a ter efeito a entrada de Portugal na lista “verde” britânica.

Kielam, Hong e Majd estão a aproveitar três dias de férias depois de uma árdua semana de exames escolares

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Para Kielam e Hong, os exames escolares já chegaram ao fim, Majd sabe que ainda terá de continuar. Mas pelo menos com mais energia, depois de uns “curtos” três dias de férias de praia. “Tivemos um ano complicado, é bom relaxar. Já não viajávamos há dois, três anos para fora de Inglaterra. Só dentro, mas as praias não são boas”, refere Kielam. “Aqui são bem melhores“, completa Hong.

Os amigos estavam “à espera de ver muito mais gente”. “O avião vinha com dois terços da capacidade. Os aeroportos, tanto de Faro como de Manchester, não estavam muito cheios. Acho que para a semana é quando os turistas chegam. As pessoas não tiveram tempo suficiente. Nós fomos espontâneos, mas agora as pessoas sabem com certezas que podem vir“. Para já, dão nota positiva às regras da pandemia. “A primeira coisa que notámos quando chegámos foi que toda a gente em Portugal é muito mais cuidadosa. No comboio, toda a gente usava máscara. Em Inglaterra, só metade usaria. É completamente diferente”.

Lá em baixo, na praia, Zoe e Mahe dançam ao som da música que sai do telemóvel. Uma forma de celebrar o 21.º aniversário de Mahe. Chegaram um dia antes a Albufeira, e ainda vão passar por Lagos e Lisboa antes de darem a semana por terminada. “Em França, está tudo fechado. Não conhecíamos Portugal, os voos estavam baratos. Queríamos apanhar sol e vir à praia”, diz Zoe. “E ir a restaurantes”, acrescenta Mahe, algo que não podem fazer no país de origem, onde há recolher obrigatório às 19h. Ainda assim, aquela noite será de “churrascada”.

Zoe, Mahe, Harrold e William vão ficar uma semana em Portugal. Antes de voltarem a França, vão passar por Lagos e Lisboa

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No caso deste grupo de amigos (quatro no total), a viagem já foi planeada com mais antecedência, há dois meses. A Zoe e Mahe juntam-se, pouco depois, Harrold e William, e começam a abrir garrafas de álcool. Ficam surpreendidos quando percebem que não é permitido beber álcool na via pública. “Ah não? Podemos ser multados? Vamos ter cuidado, então“.

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