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Com Manuel Pestana Machado, Ana Catarina Peixoto, Marta Leite Ferreira, Cátia Bruno, Diogo Lopes e Ana Pimentel
Começa esta segunda-feira às 18h20, com Paddy Cosgrave a dar as boas-vindas às mais de 70 mil pessoas que esgotaram a quarta edição portuguesa da Web Summit. Durante três dias e meio, a FIL e o Altice Arena vão encher-se de oradores vindos dos quatro cantos do mundo para falar de temas como a análise de dados, as criptomoedas, a sustentabilidade, relações internacionais, geopolítica ou 5G. De 4 a 7 de novembro, os olhos da comunidade tecnológica estão focados na maior conferência de tecnologia e empreendedorismo da Europa, que até 2028 se realiza em Lisboa. De Edward Snowden ao conselheiro legal de Julian Assange, passando pela CEO da Wikipedia ou pela portuguesa Daniela Braga, são estes os 19 oradores que achamos que não pode perder nesta Web Summit.
Um breve Beginner’s Guide para a Web Summit (porque manual para iniciantes não teria piada)
Edward Snowden, um espião ou um abre-olhos?
O pai trabalhava para o Estado. A mãe e a irmã mais velha também. Edward Snowden seguiu-lhe as passadas e tornou-se funcionário subcontratado da CIA, os serviços secretos norte-americanos. Foi aí que deparou com uma série de programas de vigilância de cidadãos, que estavam a ser promovidos pela Agência de Segurança Nacional (NSA) e pela Five Eyes — uma aliança de vigilância assinada entre a Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos — em colaboração com governos europeus e empresas de telecomunicação. Snowden decidiu expor o que sabia ao mundo em 2013 e abriu um debate sobre privacidade que dura até hoje.
Edward Snowden fala na Web Summit à distância. Seis anos após ter entregue a documentação que expunha os programas de vigilância ao The Guardian e ao The Washington Post, ainda enfrenta as acusações feitas pelo governo norte-americano. Em causa está a violação da Lei da Espionagem de 1917, segundo a qual os EUA se reservam ao direito de punir atos que ponham em causa as informações secretas do país ou que, de alguma forma, perturbem o funcionamento da nação. Depois de lhe terem anulado o passaporte norte-americano, Snowden encontrou abrigo na Rússia, onde poderá viver até 2020. Pelo meio, em 2016, tornou-se presidente da Fundação para a Liberdade de Imprensa.
De patriota a traidor da nação, Edward Snowden protagonizou uma das maiores fugas de informação nos Estados Unidos, que alertou o mundo para a fragilidade da privacidade nos tempos das novas tecnologias. Snowden não vem a Portugal, mas faz-se ouvir por cá numa altura em que o país depara com o mesmo tema em relação a Rui Pinto — mero hacker para uns; denunciante de alegados crimes cometidos na esfera futebolística para outros.
*Segunda-feira (4/11) entre as 18h35 e as 18h56 no Centre Stage
Katherine Maher: a maior enciclopédia da internet é dela
Quando entrou na Fundação Wikimedia, primeiro como diretora de comunicação e depois como diretora executiva da empresa que detém a Wikipédia, Katherine Maher, com apenas 33 anos, já tinha passado pelo Banco Mundial e pela UNICEF. O currículo rico em experiência nas áreas de cibersegurança, censura e liberdade no universo online faziam dela a candidata perfeita para liderar a maior enciclopédia online. Na era da batalha contra as fake news, a Wikipédia assumir-se-ia como a espada do Facebook e do YouTube.
Fluente em árabe, francês, alemão e inglês, Katherine Maher começou os estudos em Língua Arábica. A passagem pelo Cairo e depois pela Síria, Líbano e Tunísia fizeram com que nutrisse uma verdadeira (e assumida) paixão pela cultura do Médio Oriente, o que lhe valeu um bacharelato em Estudos Médio-Orientais e Islâmicos. Depois de ter trabalhado para a HSBC pela Europa e no Canadá, regressou aos EUA para ser responsável pela comunicação da UNICEF. Foi ela quem liderou o movimento da instituição para usar a tecnologia para melhorar a qualidade de vida nos países em desenvolvimento. Foi aí que tomou contacto pela primeira vez com a Fundação Wikimedia.
No entanto, ainda antes de entrar para a liderança da instituição, os projetos sociais na área tecnológica levaram-na até ao Banco Mundial, onde continuou a trabalhar em projetos com base tecnológica para desencadear reformas nas instituições e civilizações dos países em desenvolvimento. Foi com essa missão em mente que aceitou, em 2016, seguir para a empresa mãe da Wikipédia, mas com um objetivo acrescido: encontrar modos de proteger o direito humano do acesso à informação em todo o mundo.
*Terça-feira (5/11) entre as 16h35 e as 17h00 no Centre Stage
*Quarta-feira (6/11) entre as 15h50 e as 16h10 no Future Societies
Manik Gupta, como na Uber se “desloca X do ponto A para o ponto B”
Manik Gupta faz parte da nossa vida muito antes de se ter tornado diretor de produto da Uber, com a missão de “deslocar X do ponto A para o ponto B”. Onde quer que esteja, dentro das grandes cidades ou nas aldeias mais isoladas, tenha internet ou não, é graças a Manik Gupta que qualquer pessoa consegue aceder ao Google Maps e encontrar um rumo. Foi ele quem durante sete anos liderou a criação de todos os mapas e dados de empresas que fazem do Google Maps o mapa mais preciso e completo do mundo.
Pode ser o homem perfeito para liderar equipas em crise — como aquelas em que a Uber e outras aplicações semelhantes estiveram envolvidas por causa das regulações exigidas em cada país, incluindo Portugal. O motivo? As suas raízes. “Cresci na Índia e as coisas nem sempre eram estruturadas. Aprendi a gerir a incerteza e a importância de ter um plano B numa idade muito precoce. Enfrentei muitos micro problemas em tempo real que precisavam de micro soluções e acho que aprimorei essa habilidade ao longo do tempo”, explicou à Tech Crunch.
Essa gestão tornou-se naquilo em que Manik Gupta tem trabalhado. Mas o que se pode esperar no futuro da Uber? Na mesma entrevista, o diretor de produto fala da questão cultural dentro da empresa: “Uma das coisas que aprendi quando estive na Google é que nós realmente precisamos de capacitar as equipas que trabalham localmente”, acrescentou. É disso que vai falar no Centre Stage, da Web Summit. Poucos minutos depois, no palco Auto/Tech and TalkRobot, também vai falar sobre o futuro, mas dessa feita vai concentrar-se em analisar como é que as cidades vão mudar à conta das novas tecnologias urbanas.
*Terça-feira (5/11) entre as 14h00 e as 14h20 no Centre Stage
*Terça-feira (5/11) entre as 14h45 e as 15h05 no Auto/Tech and TalkRobot
Rohit Prasad: Alexa, conta-nos mais sobre o teu pai
“O meu pai chama-se Rohit Prasad, veio da cidade indiana de Ranchi, é engenheiro eletrotécnico e foi considerado pela Recode a décima quinta pessoa mais importante do mundo da tecnologia, numa lista com 100 entradas publicada em 2017.” Não fosse Alexa programada para responder simplesmente: “Eu fui criada pela Amazon” quando questionada sobre os seus criadores, esta seria a resposta mais precisa. Rohit Prasad é o sopro de vida de uma das assistentes virtuais inteligentes mais famosas do planeta. E vai estar em Portugal para falar sobre a evolução da inteligência artificial.
Rohit Prasad é a terceira geração de uma família dedicada à tecnologia. O avô trabalhou na Heavy Engineering Corporation, uma das maiores empresas públicas na Índia dedicada à engenharia. O pai era funcionário na MECON Limited, outra companhia de consultoria na área da engenharia siderúrgica. E o filho seguiu os mesmos passos. Faltavam muitos anos quando terminou o curso em 1997. Mas já nessa altura, sem o saber, começou a erguer os alicerces da Alexa ao estudar codificação de voz em dispositivos sem fios.
Em 2013, Rohit Prasad entrou na Amazon e transformou aquilo que parecia ficção científica numa realidade quase tão desejável como a de um eletrodoméstico de cozinha. A inspiração? Start Trek: “A viagem tem sido entusiasmante. Se olharmos cinco anos para o passado, falhar para um dispositivo à distância, no meio do barulho, era simplesmente ficção científica. Crescemos na era Star Trek e essa foi a nossa inspiração”, contou ele no Times of India. A viagem, no entanto, ainda não acabou. Agora, Rohit Prasad quer humanizar Alexa, torná-la mais inteligente e capaz de responder a comandos ambíguos e complexos. É sobre isso que se vai debruçar a intervenção do engenheiro na Web Summit.
*Terça-feira (5/11) entre as 15h25 e as 15h45 no Centre Stage
Kevin Weil, de rede social em rede social até à criptomoeda do Facebook
Primeiro, foi vice-presidente sénior de produto do Twitter. Depois, tornou-se vice-presidente de produto do Instagram. E a seguir, já dentro do universo Facebook, quer entrar pela carteira dentro dos utilizadores. Mas não é uma carteira qualquer. De rede social em rede social, Kevin Weil é o vice-presidente de produto da Calibra, uma subsidiária facebookiana responsável por erguer os serviços financeiros e o software por trás da nova moeda digital do Facebook, a Libra. É sobre como construir a nova carteira da maior rede social do mundo que Kevin Weil vai falar na Web Summit.
O desafio não lhe assusta. Está bem habituado a elas. É ultramaratonista, está na direção de uma aplicação dedicada ao fitness, ao ciclismo e à corrida chamada Strava; e formou-se em física e matemática com o mais alto nível de distinção da Universidade de Harvard. Logo no início da carreira, deixou o nome em algumas das maiores empresas tecnológicas — Cooliris, Tropos Networks, Microsoft Research e Centro de Aceleração Linear de Stanford, que já produziu três Prémios Nobel da Física. Mas foi nas redes sociais que se destacou, após ter assumido a liderança das equipas responsáveis pelo estudo de consumidores, crescimento das aplicações e monetização de produtos.
Agora, Kevin Weil chegou à Calibra com uma missão muito clara: “Tornar as transferências de dinheiro tão fáceis quanto mandar uma mensagem”, assumiu ele em entrevista ao The Verge. “Para nós, o WhatsApp e o Messenger são ótimos lares para a Libra. Há milhões e milhões de pessoas a usarem-nos. O Messenger é para conversar com os amigos e familiares próximos. E esses são exatamente os tipos de pessoas para quem se envia dinheiro. Há muita sobreposição entre o que se deseja de uma carteira e o que se deseja de um aplicativo de mensagens”, considerou.
*Terça-feira (5/11) entre as 10h45 e as 11h10 no Centre Stage
Brittany Kaiser, a mulher da Cambridge Analytica que travou o “Great Hack”
A utilização indevida dos dados privados dos utilizadores do Facebook Facebook através da Cambridge Analytica. A possível intervenção russa nas eleições presidenciais norte-americanas através de fake news e de propaganda nas redes sociais. O papel do Facebook no resultado do referendo britânico para a saída do Reino Unido da União Europeia. São temas que vieram pôr a descoberto a (falta de) proteção da privacidade online e que ainda hoje, anos depois de virem à tona, continuam na ordem do dia. E no meio de tudo isto, está Brittany Kaiser.
Brittany Kaiser era diretora de desenvolvimento de negócios no SCL Group, empresa mãe da Cambridge Analytica, a empresa que usou indevidamente dados de 87 milhões de perfis de Facebook para influenciar o sentido de voto dos norte-americanos e ajudar a eleger Donald Trump como presidente dos EUA. A polémica levou Mark Zuckerberg a pedir desculpa ao mundo todo, a ser ouvido durante 10 horas no Congresso norte-americano e a pagar uma multa de 5 mil dólares. Brittaany Kaiser é uma das peças-chave deste enredo, que a plataforma de streaming online Netflix transformou em documentário: “Nada É Privado: O Escândalo da Cambridge Analytica”. Na Web Summit, falará em quatro palcos diferentes.
No documentário, a denunciante explicou como funcionava o esquema de influência de votos: “A maior parte de nossos recursos foi direcionada àqueles cujas mentes pensámos que podíamos mudar. Chamavamo-los persuadíveis. Bombardeavamo-los com de blogs, sites, artigos, vídeos, anúncios, todas as plataformas que se possa imaginar. Até que eles viam o mundo como nós queríamos. Até votarem no nosso candidato”.
*Terça-feira (5/11) entre as 12h15 e as 12h35 no Centre Stage
*Quarta-feira (6/11) entre as 10h10 e as 10h30 no Future Societies
*Quarta-feira (6/11) entre as 15h15 e as 15h35 no DeepTech
*Quarta-feira (6/11) entre as 16h15 e as 16h35 no ContentMakers
Michel Barnier, o negociador europeu que teve mão no Brexit
O nome chegou a ser murmurado para o cargo de candidato a presidente da Comissão Europeia e não falta quem, dentro do Partido Popular Europeu, lamente não ter sido esse o caminho que acabou por trilhar. Em vez disso, Michel Barnier acabaria por ter um desvio de percurso e inscrever-se na História europeia de uma outra forma: como negociador-chefe de Bruxelas nas conversações com o Reino Unido para o Brexit.
A novela da saída do pais da União Europeia (UE) ainda não está terminada, mas não é possível menosprezar o papel de Barnier até agora. Manteve todos os outros 27 líderes europeus a falar a uma só voz no processo (mesmo a mais afetada Irlanda ou os países mais indisciplinados como a Hungria ou a Polónia) e conseguiu negociar não um, mas dois acordos de saída: o primeiro com a primeira-ministra Theresa May, o segundo com Boris Johnson. Ambos sem ceder no princípio fulcral para os europeus de que os britânicos não poderia ter uma Europa “à la carte” — que é como quem diz, não fez a vida fácil aos governos May/Johnson.
Além de estar no centro da ação de um dos processos políticos mais importantes do presente, Barnier tem um longo currículo como político experiente, quer em França, quer nos corredores de Bruxelas. Ocupou vários cargos como ministro no seu país (Ambiente, Agricultura, Negócios Estrangeiros…) e foi comissário europeu não uma, mas duas vezes (com as pastas de Política Regional e Mercado Interno). Não admira que, quando Jean-Claude Juncker o nomeou para conduzir as negociações do Brexit, tenha afirmado: “Queria um político experiente para este trabalho difícil.”
*Terça-feira (5/11) entre as 11h30 e as 11h45 no Centre Stage
Tony Blair, o homem da “terceira via” que quer repensar a globalização
A última vez que o Partido Trabalhista venceu uma eleição no Reino Unido foi com este homem à frente, há quase 15 anos. Tony Blair venceu não uma, mas três eleições consecutivas (algo inédito para um líder do Labour) e foi primeiro-ministro britânico durante dez anos, todos bem recheados de eventos.
Ícone da chamada “terceira via” da social-democracia, o seu legado ficaria, no entanto, mais marcado pela política externa do que pelo reformismo económico. Internamente, foi um dos responsáveis políticos pela assinatura do Acordo de Sexta-Feira Santa e pode, por isso, gabar-se de ter ajudado a trazer paz às Irlandas. Já o seu papel na chamada “Guerra ao Terror”, como braço direito do Presidente norte-americano George W. Bush nas intervenções militares no Iraque e no Afeganistão, deixaram marcas profundas e contribuíram para a sua perda de popularidade.
Tony Blair está atualmente envolvido precisamente com o Médio Oriente, na tentativa de ajudar a alcançar a paz na região através do seu Institute for Global Change. E não só: “Fazer a globalização funcionar para a maioria” é o lema da organização. Como se não bastasse, Blair mantém-se ainda interessado em estudar o extremismo, em particular na Europa, e não tem pejo em comentar abertamente o Brexit e a situação política no seu país.
*Quarta-feira (6/11) entre as 10h55 e as 11h25 no Centre Stage
Guo Ping, o dragão chinês (e da Huawei) na sala
Guo Ping é o chairman rotativo da Huawei, um cargo semelhante a presidente do Conselho de Administração com mandato finito em Portugal. Trabalha na Huawei desde 1988, empresa na qual já desempenhou cargos como responsável de projetos de investigação, gerente da cadeia de fornecimento, diretor executivo, responsável máximo jurídico, presidente executivo rotativo. Nos últimos anos — especialmente nos últimos meses — tem sido a cara de uma empresa num período crucial: a Huawei está acusada de espionar a favor do governo chinês e proibida de vender produtos em vários países.
Ping, que nasceu em 1966 e tem um mestrado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, tem reiterado a ideia de que a Huawei é segura. E não falamos só dos telemóveis, falamos da próxima corrida ao ouro, o 5G. Com Guo Ping na liderança, e mesmo com toda a incerteza quanto ao futuro da empresa, a Huawei tem conseguido dezenas de contratos para ficar responsável pelo fornecimento de infraestruturas 5G em vários países.
Na Web Summit, vai falar da sua visão para o futuro do 5G numa conferência que, como o futuro da Huawei, tem uma incógnita: “5G+X: Criar uma nova era?”
*Segunda-feira (4/11) das 19h29 no Centre Stage
Marc Raibert, onde estão os robôs que nos prometeram?
É 2019 e o máximo de robôs que temos nas nossas casas são aspiradores em forma de círculo ou umas batedeiras sofisticadas a que insistimos chamar de “robôs de cozinha”. Onde é que estão os robôs que nos foram prometidos nos Jetsons, no Perdidos no Espaço ou até no Exterminador Implacável? Não desespere, Marc Raibert está a trabalhar nisso (sim, infelizmente, também — se calhar — num exterminador).
Marc Raibert nasceu em 1949 e é o fundador e presidente executivo da Boston Dynamics. O antigo professor do MIT, universidade na qual se doutorou, é o responsável por uma das empresas de robótica mais conhecidas. A Boston Dynamics já esteve nas mãos da Google, que a comprou por um valor nunca revelado, e está agora nas mãos dos japoneses dao Softbank. Há produtos como burros (sim, o animal) robôs que o exército norte-americano comprou mas nunca usou por serem demasiados barulhentos para cenários de guerra, mas com os erros também se aprende. E a Boston Dynamics tem mostrado isso.
Nos últimos anos, a empresa liderada por Raibert tem mostrado cães robô ultravelozes e até robôs humanóides capazes de fazer parkour. Em suma, se uma Skynet precisar de veículos, é na Boston Dynamics que pode encontrá-los. No entanto, a empresa diz que estas máquinas que está a criar vão facilitar a vida dos humanos.
*Quinta-feira (7/11) das 14hoo às 14h25 no Centre Stage
Brad Smith, o presidente da Microsoft que já é a Ivete Sangalo da Web Summit: marca presença pela terceira vez
Texto publicado originalmente a 5 de novembro de 2018 e atualizado para a Web Summit de 2019
Brad Smith é o jurista da Microsoft: todos os assuntos legais da gigante norte-americana passam por Smith. Há 26 anos a trabalhar na Microsoft, lidera agora mais de 1300 consultores jurídicos em 55 países. Desde 2015 que é uma das principais caras da empresa, acumulando os títulos de presidente e diretor de assuntos jurídicos.
Nasceu no Wisconsin, nos EUA, em 1959. Formou-se em 1981, com distinção, na Universidade de Princeton. Em 1985, pela Escola de Direito da Universidade de Columbia, concluiu os estudos em Direito. Após o curso, trabalhou como conselheiro de juiz no tribunal federal americano, uma honra normalmente dada aos melhores alunos. De 1986 até 1993 foi advogado associado e sócio na sociedade de advogados Covington & Burling LLP.
Em 1993, tornou-se conselheiro jurídico na Microsoft Europa, tendo, em 2002, passado a responsável pela assessoria jurídica a nível global. Smith é conhecido por ter tido um papel crucial nas batalhas jurídicas que a Microsoft nas últimas duas décadas teve em matérias como propriedade intelectual, direito da concorrência ou cibersegurança. Em 2007, foi descrito pela revista Fortune como “a cara credível e amável de uma Microsoft não monopolista”. Tem sido presença na Web Summit desde 2016, sendo também orador no Collision, um dos eventos irmãos no Canadá. Vai falar sobre os desafios e promessas da Inteligência Artificial e como a ciberdiplomacia pode ser uma solução para salvar o mundo.
*Terça-feira (7/11) entre as 15h25 e 15h40 no Saas Monster
*Quarta-feira (6/11) entre as 10h30 e as 10h55 no Centre Stage
*Quarta-feira (6/11) entre as 11h50 e as 12h10 no Future Societies
Michael Kratsios, até a Casa Branca tem um CTO a mandar na tecnologia
Michael Kratsios é o equivalente à americana do secretário de estado português para a modernização administrativa. Obviamente, sendo dos EUA, Kratsios tem um título mais à americana, é CTO (Chief Technical Officer, em português diretor de tecnologia) da Casa Branca. O cargo foi criado por Barack Obama, mas continuado por Donald Trump, que convidou Kratsios para o ocupar quando este tinha apenas 29 anos.
Mesmo sendo jovem, o responsável na administração Trump para o avanço tecnológico (e adjunto direto do presidente do EUA), foi presidente da Business Today, uma organização não governamental de estudantes da universidade de Princeton. Além disso, trabalhou para o Barclays Capital, para o Lyford Group International e foi diretor financeiro de uma empresa de fundos de investimento. Um curriculum pequeno para 10 anos de carreira, não é? Mas ainda falta a parte que conta que foi o braço direito de Peter Thiel, cofundador da PayPal.
Desde que chegou à controversa administração Trump, já foi responsável por uma Summit para tecnologias emergentes e está responsável pelos planos da aplicação da inteligência artificial nos serviços estatais norte-americanos. Na Web Summit, vai dar a conhecer o olhar da Casa Branca sobre o mundo tecnológico. Isto, no mesmo palco em que Guo Ping, presidente executivo da Huawei, vai subir.
*Quinta-feira (7/11) entre 15h35 e 16h00 no Centre Stage
Kathleen Kennedy, a mulher que tem a Força da Star Wars a seu cargo
Kathleen Kennedy é presidente da Lucasfilm e foi produtora de filmes como “E.T. – O Extra-Terreste”, “Jurassic Park” e “Star Wars”. Em 2016, Kennedy foi considerada pela Vanity Fair “a mulher mais poderosa de Hollywood”. No evento, vai falar no palco principal com Rob Bredow, produtor de um dos filmes da saga espacial (Solo).
Depois de George Lucas, criador da saga “Star Wars” e responsável direto pelo seis primeiros filmes, ter vendido a LucasFilm, foi Kathleen Kennedy quem tomou o leme dos estúdios que fazem um dos franchises mais rentáveis de sempre. Ao todo, Kennedy já esteve envolvida em mais de 60 filmes, muitos ligada a Steven Spielberg, como a trilogia de “Regresso ao Futuro” ou “Indiana Jones e o Templo Perdido”.
A produtora vai à Web Summit perto do lançamento, a 19 dezembro, do nono capítulo da saga,“Star Wars: A Ascensão de Skywalker”, depois de o último filme da, “Solo”, não ter cumprido as expectativas de bilheteira e “Star Wars: Os Último Jedi” ter recebido inúmeras críticas pelos fãs. Há quem culpe Kennedy, mas há também quem diga que é a mulher que vai conseguir fazer renascer o franchise com este próximo filme.
*Quinta-feira (7/11) entre as 15h35 e 16h00 no Centre Stage
Nikolay Storonsky, o senhor Revolut que concorre com a banca tradicional
O cofundador e atual presidente da Revolut, o russo Nikolay Storonsky, é o líder da “fintech” em crescimento mais rápido em todo o mundo. A startup de tecnologia financeira poderá atingir uma avaliação de 10 mil milhões de dólares numa transação que estará a ser preparada. A história começou, contudo, com um “trader” bolsista que vivia em Londres e ficou incomodado com as comissões bancárias que pagava sempre que viajava e precisava de converter moedas.
Na Web Summit, “Nick” vai falar sobre como “o dinheiro está morto. O que virá a seguir?”. Não é exatamente o dinheiro (money) que está morto mas, sim, o dinheiro (cash) que está rapidamente a desaparecer, isto é, as notas e moedas que estão a perder o seu papel na forma como compramos e vendemos bens e serviços, em prol do dinheiro eletrónico.
E Storonsky, um antigo campeão nadador que cresceu nos arredores de Moscovo, vê-se na vanguarda deste movimento das financeiras tecnológicas que estão a crescer velozmente e a impor-se num setor — a banca — que está a viver uma crise existencial. As “gigantes” tecnológicas, como Google, Apple e Facebook, estão muito atentas ao mercado no qual ganha mais dinheiro quem descobrir a fórmula perfeita para servir os novos clientes bancários.
Mais de oito milhões clientes em todo o mundo já são utilizadores ativos da Revolut — a maioria começou pela conversão fácil e gratuita de moedas mas o Revolut não esconde que quer ser mais do que uma “app”: aliás, já tem licença bancária na Europa, pelo que a ambição vai muito além de ser um complemento dos bancos — a ideia é tomar o seu lugar, e por isso é que a Revolut é frequentemente descrita como a “Amazon dos bancos”.
*Quinta-feira (7/11) entre as 12h30 e as 12h55 no Centre Stage
Jaden Smith não é só o filho de Will Smith
Costuma-se dizer que filho de peixe sabe nadar, mas este caso merece uma adaptação: filho de Will Smith sabe cantar, representar e muito mais. Jaden Christopher Syre Smith é o primeiro filho do protagonista de “Homens de Negro” e da sua segunda mulher, Jada Pinkett Smith — a primeira foi Sheree Zampino, com quem teve uma criança. Nascido em 1998, Jaden Smith, como é mais conhecido, é um dos nomes grandes do cartaz desta Web Summit por ser uma celebridade internacional, claro, mas olhando para a sua (ainda curta) história de vida, percebe-se que há mais para lá do “jet set”.
Foi desde muito pequeno que o seu percurso começou a ser trilhado: na escola primária que frequentou já dava lições nas áreas da tecnologia e matemática, por exemplo, e toda a restante formação foi feita em casa, com os pais Will e Jada como professores. A par deste percurso “académico” foi desde cedo desenvolvendo a sua veia artística. A estreia num “blockbuster” de Hollywood deu-se quando tinha apenas oito anos no filme “Em Busca da Felicidade”, onde contracenou com o pai. Seguiram-se muitos outros papéis, um deles como protagonista do remake de “Karate Kid”.
Jaden também recusou ficar-se apenas pelo grande ecrã e apostou na música, com estreia na canção “Never Say Never”, de Justin Bieber (que conquistou cinco discos de platina só nos EUA); mas partindo depois para coisas a solo sempre com um pé no hip-hop e outro no R&B. Aos poucos, foi se consolidando como celebridade e já na adolescência começou a promover causas sociais. Foi o primeiro homem a desfilar com roupas de mulher da marca Louis Vuitton. Criou depois a sua própria marca de roupa, a MSFTSrep.
Como se tudo isto não fosse motivo suficiente para vir ao Parque das Nações, há ainda o trabalho que tem feito pela democratização da indústria da água potável, muito através das marcas: a 501CTHREE.org e a Just Water. Será sobre estes últimos temas (as empresas e a água) que irá falar — seguramente vai valer a pena ouvir.
*Segunda-feira (4/11) entre as 19h29 e 19h50 no Centre Stage
Juan Branco, advogado franco-espanhol, filho de um português, que defende Julian Assange
Podia ter seguido o caminho do cinema ou da psicanálise, tal como os pais, mas foi na área do direito que encontrou vocação, apesar de juntar todas as influências. Juan Branco é do mundo: nasceu em Espanha, vive em França, mas tem também raízes portuguesas — é filho do produtor de cinema português Paulo Branco. Viveu aquilo a que chamamos de “vida de elite”, mas sempre recusou a superioridade que isso poderia trazer.
Hoje, com 30 anos, é advogado especialista em leis de crime internacional e faz parte da equipa de advogados de Julian Assange, o fundador do Wikileaks que esteve sete anos em asilo na embaixada do Equador em Londres. O percurso pela advocacia começou dez anos antes, quando estudou filosofia e direito na prestigiada École Normale Supérieure, em França, e iniciou também um caminho em movimentos estudantis.
Além de advogado, Juan Branco tem também uma presença forte na política: trabalhou com o antigo Presidente francês François Hollande, escreveu dois livros onde critica o sistema político estabelecido pelo presidente francês Emmanuel Macron, candidatou-se pela França Insubmissa às eleições legislativas de 2017 e foi um grande apoiante dos Coletes Amarelos. Parou quando a violência tomou conta do movimento.
*Quinta-feira (7/11) entre as 10h30 e as 10h50 no Future Societies
Kate Brandt, a mulher responsável por tornar a Google mais verde
Kate Brandt viveu a infância entre as montanhas, florestas e piscinas naturais na zona de Muir Beach, em São Francisco. As vivências ensinaram-na, desde cedo, a perceber a importância crescente da conservação ambiental. Hoje, com 34 anos, é ela quem está ao leme de todas as decisões relacionadas com sustentabilidade na Google, incluindo o momento em que ajudou a gigante tecnológica a tornar-se no maior comprador de energia renovável para compensar a energia utilizada pelos seus centros de dados e escritórios.
Ainda antes de embarcar na Google, Kate Brandt integrou também vários projetos no governo norte-americano: começou por se licenciar em Relações Internacionais, em Cambridge, fez parte da campanha de Obama, integrou a equipa da transição presidencial Obama-Biden, foi conselheira sénior no Departamento de Energia, e em 2015 foi escolhida para ser a primeira diretora federal de sustentabilidade dos Estados Unidos, durante o governo de Barack Obama. “Foi uma grande honra e um capítulo incrível na minha carreira”, relembrou em entrevista à Corporate Knights.
Um ano e meio depois, quando Obama deixou a presidência, Kate Brandt decidiu aceitar outro desafio e entrar na equipa da Google como diretora de sustentabilidade, com o objetivo de tornar a empresa 100% verde. Diz ter juntado a curiosidade pela indústria tecnológica ao interesse em criar soluções inovadoras com objetivos ambientais. Agora, está também de olhos postos no uso da Inteligência Artificial, que permitiu à empresa desenvolver um sistema para arrefecer os centros de dados (onde há um grande uso de energia) e melhorar a sua eficiência.
*Terça-feira (5/11) entre as 15h55 e as 16h10 no planet:tech
*Quarta-feira (6/11) entre as 14h45 e as 15h10 no Centre Stage
Daniela Braga, a portguesa que mostra que tecnologia é uma palavra feminina
Daniela Braga tem 41 anos e é presidente executiva e cofundadora da DefinedCrowd. Oito anos depois de ter começado a trabalhar na Microsoft, nos Estados Unidos, saiu para fundar a sua própria startup de análise de dados com recurso a inteligência artificial. Em três anos, angariou 12 milhões de euros a investidores como a Portugal Ventures, o fundo norte-americano de capital de risco Alexa Fund ou a empresa MasterCard. Além de um escritório nos EUA, em Seattle, a DefinedCrowd tem outros três em Tóquio, no Japão, em Lisboa e no Porto. Além disto, este ano foi a premiada na primeira edição do Prémio João Vasconcelos – “Empreendedor do Ano”.
Em entrevista ao Observador em fevereiro, Daniela Braga assumiu que chegou onde chegou não por discriminação: nem positiva, nem negativa e nem só de género [também por ser académica de base e não empreendedora]. A fórmula para estar hoje a liderar uma equipa de 170 pessoas em três continentes diferentes (e está a contratar mais 30) passou por um doutoramento em tecnologia de discurso, um mestrado em linguística aplicada, um curso de Literatura e Língua Portuguesa na Universidade do Porto e oito anos de trabalho na Microsoft, onde desenvolveu ferramentas de software de linguagem. Além disso, explicou que “saber vender” também foi um dos trunfos.
A empreendedora é uma imagem feminina numa indústria que ainda tem bastante caminho para desbravar no que toca à igualdade de genéro. Sobre isso, ao receber o prémio João Vasconcelos pelas mãos da StartUp Lisboa, Daniela disse: “Além de crescerem formatadas para desempenhar um determinado papel, as mulheres que estão em empresas ainda são muito associadas a indústrias tradicionalmente femininas como a moda ou as artes e isso é outro estigma que tem que se rebentar”. E afirma que faltam “exemplos” de mulheres nesta área.
Na Web Summit, na sessão de abertura, a empresária vai falar sobre o papel de Portugal na indústria tecnológica e, dois dias depois, já noutro palco, sobre a importância de se aproveitar o máximo sobre o tratamento de dados.
*Segunda-feira (4/11) entre as 18h56 e as 19h08 no Centre Stage
*Quarta-feira (6/11) entre as 13h55 e as 14h15 no DeepTech
Margrethe Vestager, o David que continua a enfrentar os Golias empresariais
Texto publicado originalmente a 4 de novembro de 2017, atualizado para a Web Summit 2018 e outra vez para a de 2019
Lembra-se quando, em agosto de 2016, a Comissão Europeia exigiu à Apple que pagasse 13 mil milhões de euros em impostos atrasados? A marca da maçã só pagava 0,005% dos impostos por causa de benefícios fiscais cedidos ilegalmente pela Irlanda. Por detrás da decisão estava Margrethe Vestager, uma mulher a quem os monopólios nunca agradaram. Desde que assumiu o cargo de comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager já mobilizou um batalhão de 900 investigadores e abriu investigações contra a Amazon, o McDonald’s, a Google, a Starbucks, a Gazprom e a Fiat por desconfianças de taxação ilegal de impostos no Luxemburgo. Os resultados já se começam a ver, em 2018, em agosto, a Google foi sancionado em 4300 milhões de euros, a maior coima aplicada pela União Europeia, tudo na liderança de Vestager.
Vestager: “Não sou inimiga de Silicon Valley, sou inimiga do mau comportamento”
Considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, Margrethe Vestager até é chamada de “superstar” pelo embaixador norte-americano na União Europeia, Anthony Gardner. “Os políticos devem dar a todas as pessoas oportunidades e permitir-lhes fazer escolhas livres”, disse ela ao The Guardian. Uma posição que vincou numa entrevista à Bloomberg: “Se ganhares no mercado, isso é ótimo e nós vamos parabenizar-te. Mas se fizeres batota enquanto sobes, isso começa a ser um problema nosso”. Quando questionada sobre se ia continuar a bater o pé agora que Trump está na presidência, Margrethe Vestager respondeu que “se alguém quiser fazer negócio na Europa terá de o desenvolver segundo as nossas regras”.
Na Dinamarca, de onde é natural, há uma palavra que expressa a importância que alguém dá à honra. É aerekaer. Para a eurocrata, a aerekaer é a coisa mais importante da caminhada política. Quando, em 2008, a embaixada da Dinamarca no Paquistão foi alvo de um ataque terrorista, uma jornalista perguntou-lhe se concordava que o país estava na mira dos fundamentalistas islâmicos tal como os EUA. Ela, que liderava um pequeno partido liberal dinamarquês, disse que “se isso for verdade, então há que repensar a nossa política de imigração”. A frase fez manchetes minutos depois. É que Vestager não gosta de meias palavras: “Para fazer um bom acordo, é preciso ter um ponto de partida muito forte para que as pessoas saibam com o que estão a lidar”. Foi essa filosofia que a lançou na carreira política com apenas 20 anos.
São também esses pilares que fazem dela uma das pessoas mais respeitadas nos corredores de Bruxelas. Não só respeitada, mas também adorada, disseram os colegas de trabalho numa entrevista à Bloomberg. Porque Vestager também é feita de proximidade à equipa de 900 pessoas com que lida diariamente no escritório no Berlaymont, forrado com fotografias das filhas e de desenhos da artista Kristina Gordon. Pela janela, tem uma vista para o horizonte belga. Para a semana, a vista vai mudar: a comissária vai estar em Lisboa para falar sobre como se deve construir uma economia digital mais justa. Na Web Summit, vai falar sobre o seu trabalho contra as grandes tecnológicas.
*Quinta-feira (7/11) entre as 13h55 e as 14h15 no Centre Stage