Dizem as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera que o longo verão de São Martinho a que Lisboa teve direito acaba definitivamente este domingo. Foi mais de um mês quase sem pinga de chuva na capital, mas as imagens de inundações no Algarve, no início de novembro, trouxeram à memória outros outonos bem menos soalheiros. No ano passado, entre o fim de setembro e o fim de novembro, Lisboa teve uma, duas, três grandes cheias. Todas elas foram causadas por chuvas de curta duração mas muito intensas e não demorou muito até que os lisboetas apontassem o dedo à Câmara Municipal de Lisboa, acusada de não fazer nada, de não limpar sarjetas, de reagir em vez de prevenir.
Em certo sentido, os críticos da autarquia tinham razão. Apesar de existir um plano de drenagem para a cidade, parecia que, durante anos, nada fora feito e que os episódios de 2014 eram apenas uma repetição do que já se tinha passado em fevereiro e outubro de 2008, quando zonas como o Rossio, Alcântara e Sete Rios ficaram completamente inundadas. Num reconhecimento implícito de que era preciso fazer qualquer coisa, o município apresentou em julho a revisão do Plano Geral de Drenagem de Lisboa, cujas ideias fundamentais foram sintetizadas em vídeo:
As duas infraestruturas mais emblemáticas desta nova versão do plano são os túneis que a câmara quer ver construídos até 2019. Um, mais pequeno, começará em Chelas e acabará no Tejo, junto ao Beato. O maior, com cerca de cinco quilómetros de extensão, vai atravessar na diagonal uma parte significativa do centro da cidade, começando em Monsanto e acabando em Santa Apolónia. O objetivo é evidente: quando chover muito, a água escorre para o túnel e vai parar diretamente ao Tejo. “No fundo, o que nós temos de fazer é como os nossos antepassados fizeram há oitenta anos e há cem. Obras caras? Sim. Investimento? Sim. Mas resolvemos a coisa para cem anos.” A frase é de José Saldanha Matos, professor de Hidráulica no Instituto Superior Técnico, fundador da empresa de gestão de recursos hídricos Hidra e o homem que dá a cara pela equipa de nove pessoas que elaborou o plano de drenagem.
Até se chegar à conclusão de que a construção dos túneis era o que melhor servia o propósito de “reduzir significativamente o risco de cheias”, — como o presidente da câmara, Fernando Medina, prometeu em julho — muito caminho se percorreu. Primeiro, entre 2006 e 2008, fez-se uma primeira versão deste plano. Só que, como muitos suspeitavam, “fez-se muito, muito pouco” do que estava previsto, explica Saldanha Matos ao Observador. “Praticamente não se fez nada.”
O que previa o plano de 2008?
Elaborado entre 2006 e 2008, o Plano Geral de Drenagem de Lisboa veio responder a uma necessidade concreta: até aí, apesar de terem sido feitos vários estudos sobre o assunto, não havia um plano sistemático de resposta às inundações que, de tempos a tempos, assolam a cidade. Desde meados da década de 1970 até 2008, pouco ou nada tinha sido feito. E um dos principais problemas com que os especialistas e a câmara se depararam foi a falta de informação concreta. “Não havia dados de campo. Nada. Praticamente nada”, revela Saldanha Matos, que é o responsável pelo plano desde o início.
O que é um piezómetro?
↓ Mostrar
↑ Esconder
Um piezómetro é um instrumento, de forma tubular, que serve para medir a pressão de um determinado recipiente com líquidos. No caso das condutas de água da chuva, o piezómetro é uma das formas de controlar o caudal que passa por um determinado local.
A ideia é reforçada por Carmona Rodrigues, o ex-autarca lisboeta que encomendou o plano e que é, também, professor de Engenharia e Gestão da Água e Resíduos na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova. Quando chegou à autarquia, diz, “não se sabia quais as capacidades de vazão dos coletores, não se sabia para que períodos de retorno é que os coletores estavam dimensionados, não se sabia muitas vezes qual era o material nem a antiguidade”. E enfatiza: “Antes de termos posto aqueles piezómetros na Baixa e os medidores de caudal, não havia um — e não estou a exagerar –, não havia um instrumento de monitorização do subsolo de Lisboa. Não estou a exagerar, tome nota.”
Inspirada pela solução adotada em Barcelona, onde as cheias se controlam através de um complexo sistema de reservatórios enterrados, a equipa do consórcio que desenvolveu o plano lisboeta apresentou, em 2008, ideias semelhantes para a capital portuguesa. Propunha-se, nessa altura, a construção de dois grandes reservatórios, um em Benfica e outro nas Avenidas Novas, mas a filosofia predominante até nem era essa. “Embora estivessem previstos reservatórios e muito pouco túnel — era quase um trechozinho –, as soluções eram muito baseadas em reforço. Isto é, se eu tenho uma infraestrutura que já não tem capacidade, eu tenho de fazer outra ao lado maior”, explica José Saldanha Matos.
Porque é que há cheias em Lisboa?
Esta afirmação do professor do Técnico é a chave para perceber porque é que há cheias em Lisboa. Em primeiro lugar, trata-se de uma cidade cujo subsolo é atravessado por diversas ribeiras, muitas das quais foram canalizadas quando a densidade populacional de Lisboa não era o que é hoje. “A cidade cresceu e foram-se estendendo coletores sem se ir reanalisando a capacidade dos coletores antigos face a novas urbanizações que iam crescendo”, refere Carmona Rodrigues. Pedro Garrett Lopes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos responsáveis por um laboratório de pesquisa sobre alterações climáticas, concorda. “O problema, principalmente na zona da Baixa, é que o sistema de escoamento em condutas está subdimensionado. A forma como aquilo está feito faz com que, praticamente todos os anos, haja uma cheia. São antigas ribeiras que foram canalizadas, o diâmetro dessas condutas não é suficiente para que haja escoamento e isso potencia o escoamento à superfície”, diz ao Observador.
No ano passado, Garrett Lopes liderou um projeto dedicado a mapear as zonas mais vulneráveis à ocorrência de cheias e a analisar os riscos daí decorrentes. O CIRAC, como o projeto se chamava, foi financiado pela Associação Portuguesa de Seguradores (parte obviamente interessada no assunto) e concluiu, entre outras coisas, que a Baixa de Lisboa é um dos sítios onde é mais provável a ocorrência de cheias. Não era preciso um estudo científico para dizer uma coisa que parece evidente a qualquer alfacinha, mas o trabalho da equipa de Pedro Garrett Lopes vai muito mais longe do que esta simples constatação. Através da criação de modelos computacionais e mapas onde são avaliados diversos fatores, o CIRAC criou uma ferramenta de trabalho e planeamento.
Simulação em computador do efeito de chuvas fortes na Baixa de Lisboa. Zonas como o Rossio, especialmente junto ao Teatro D. Maria II, são das mais vulneráveis da cidade. Em 2008, essa área ficou completamente inundada.
Os modelos do CIRAC também serviram de base ao trabalho de revisão do plano de drenagem. “Este modelo já estava feito, eles usaram este modelo, adicionaram as soluções e a partir daí conseguiram, de alguma forma, perceber até que ponto estas soluções são mais eficazes para resolver este tipo de problema”, explica Pedro Garrett Lopes. E isso é um aspeto que faz toda a diferença. “Todo o plano 2006/2008 é feito com estimativa. Neste plano nós olhámos para os resultados de campo: ‘Quando chove isto, o sistema reage aqueloutro'”, reforça Saldanha Matos.
Como acontecem as chuvas intensas?
↓ Mostrar
↑ Esconder
As inundações são provocadas por diversos fatores, mas antes de mais há um fenómeno meteorológico: a chuva. “A explicação não é muito complexa”, diz Pedro Garrett Lopes. “São fenómenos convectivos — massas de ar quente e húmido que quando chegam ao continente têm uma tendência para subir. Ao subir, esta massa húmida precipita logo, por isso é que são fenómenos intensos e de curto espaço de tempo. Acontece também porque a atmosfera está mais quente e é normal que este tipo de fenómenos aconteça com mais frequência”, afirma.
De 2008 a 2015, o que mudou?
Se “praticamente não se fez nada” do que estava previsto no plano de 2008, porque é que foi necessário fazer a revisão desse programa? “Aconteceu muita coisa” entretanto, afirma Saldanha Matos, dando alguns exemplos: “A problemática das alterações climáticas adensou-se, o sistema continuou a desenvolver-se, Lisboa continuou a ser ocupada, infraestruturas foram realizadas… Ou seja, quando os problemas não são resolvidos, aumentam.” Mas isso, esclarece o especialista, não justifica por si só o abandono da ideia de reservatórios e a opção pelos túneis. “Nós tivemos a sensibilidade para perceber o que é que a câmara queria. O presidente da câmara [ainda António Costa] foi muito explícito: cada vez que nós falávamos em obra… ‘epá…'”. E se a autarquia não queria esburacar a cidade em sítios como o Rossio, a Rua de São José, a Avenida da Liberdade e a Avenida Almirante Reis, “só tínhamos duas hipóteses”.
Hipótese 1
“Aumentar muito a reserva”, o que basicamente significa fazer reservatórios como os que há em Barcelona. Geralmente, para este tipo de soluções, aproveita-se um terreno ocupado por um parque, um jardim ou um campo de futebol. Por baixo, cria-se um depósito e, quando a água vem, vai toda parar lá abaixo. “Só na bacia de Alcântara, que é muito grande, eram precisos mais de 150 mil metros cúbicos de volume de reserva. Ou seja, eram reservas, e reservas, e reservas…”, sublinha Saldanha Matos. Além disso, outro problema se colocava. Um reservatório não trabalha sozinho, é preciso “todo um sistema de apoio, de know-how, de tecnologia, de equipamentos e de instrumentação que a câmara não tem. Descaradamente não tem. E é difícil ter a curto prazo.”
Hipótese 2
“Se eu não quero obras cá em baixo [Baixa] e se eu não quero reservas, só tenho uma hipótese: desviar o caudal. Não há outra.” Isto é, arranjar uma forma de pôr a água em excesso a ir para qualquer lado onde não cause transtorno. À primeira vista, parece evidente que o sítio onde a água menos causa problemas é no rio ou no mar, mas esse nem sempre foi o entendimento dos responsáveis políticos e técnicos. Em algumas ocasiões no passado, chegou-se a fazer túneis para zonas da cidade que ainda não estavam urbanizadas. Uns anos mais tarde, já lá vivia gente. “Ora, a gente não queria isso, não queremos passar de uma bacia para outra, que daqui a 20 anos tem problemas”, refere Saldanha Matos. E, por isso, a opção agora foi planear túneis que terminem no rio. É uma solução que “resolve sem complicar porque mete a água no estuário”, remata.
Túneis: a melhor opção?
Os túneis que estão previstos na revisão do Plano Geral de Drenagem terão um diâmetro de cerca de cinco metros, o que faz deles estruturas muito semelhantes aos túneis do Metropolitano. Aliás, uma das vantagens apontada tanto por Saldanha Matos como por Carmona Rodrigues é o facto de uma infraestrutura deste tipo ser polivalente. Vai levar água quando chover em excesso, sim, mas pode servir para outras coisas. O autor do plano sugere que se use parte do túnel para colocar canalização de água tratada, levando-a assim para zonas verdes que precisem de rega (como o Parque Eduardo VII — o túnel mais comprido vai passar muito perto). O ex-autarca até é mais ambicioso, sugerindo que parte da estrutura seja integrada na rede do Metro ou na rede viária da cidade.
Apesar de, até há pouco tempo, a informação sobre o subsolo da cidade não estar muito sistematizada, uma coisa é certa: há dezenas de entidades que mexem no chão de Lisboa — o Metro, as companhias de gás, de eletricidade, de telecomunicações, etc. Mas, ao contrário do que possa parecer, ainda há muito espaço para construir debaixo de terra. “Utilizando técnicas adequadas, ainda estamos muito longe” de uma situação de rutura, defende Fernando Marques, professor de Geologia de Engenharia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A pedido do Observador, o docente analisou o plano de drenagem que a câmara quer implementar e considera que o ‘excesso de túneis’ não serve de desculpa para que a obra não avance. Aliás, o especialista defende que, “se [o terreno da cidade] for tratado com cuidado, pode-se ainda fazer muita coisa”, como parques de estacionamento.
Para Fernando Marques, o túnel entre Monsanto e Santa Apolónia constitui um desafio para os engenheiros, sobretudo na parte final. Entre Campolide e as ruas próximas do Marquês de Pombal, os terrenos rochosos “não porão muitos problemas” à construção, mas a Rua de Santa Marta e a Avenida Almirante Reis são “as zonas que devem levantar mais problemas”. Ali, os terrenos são de “pior qualidade”, pois são maioritariamente compostos por argilas e areias, o que vai obrigar a “obras mais complicadas”. E a pressa é inimiga da perfeição, avisa. “Há uma componente muito aborrecida: os projetistas são muito pressionados com calendários. Às vezes dá muito mau resultado.”
Um argumento semelhante é usado por Carmona Rodrigues. “Com túneis, normalmente há cá em Portugal uma experiência que não é muito boa em termos de custo final quando comparado com a estimativa inicial. Normalmente, mais a mais no subsolo de Lisboa, que é muito heterogéneo, há grandes surpresas em termos de custos.” E não só. “Lisboa é uma cidade antiga, tem muita arqueologia, camadas de solos heterogéneos…”, alerta. A equipa do plano de drenagem promete que as obras não vão afetar a vida dos munícipes lisboetas e Saldanha Matos diz estar consciente das dificuldades do projeto. “O túnel tem zonas críticas. Nos vales, na Almirante Reis, na Avenida da Liberdade, Rua de São José… são zonas críticas onde ele passa a profundidades que não são grandes” e onde terá de existir um especial cuidado, admite.
169,124
São os milhões previstos na aplicação do plano entre 2016 e 2030. No documento de 274 páginas disponibilizado pela Câmara Municipal de Lisboa, estão investimentos em:
Duas “bacias de amortecimento” — 494 mil euros
No “reforço e reabilitação de coletores e redes secundárias” — 69,941 milhões
Na “separação e controlo de caudais” — 8,406 milhões
Na “minimização de perdas de carga localizadas” — 2 milhões
No “controlo da origem” — 1,583 milhões
No “levantamento do cadastro e inspeção” — 14 milhões
No “sistema de monitorização e aviso” — 1,35 milhões
Na “capacitação e gestão de ativos” — 1 milhão
Em “outras intervenções” — 13,350 milhões
Contas feitas, são 97,353 milhões de euros gastos entre 2016 e 2020 e 71,771 milhões para os nove anos seguintes.
“Eu diria que o túnel é uma solução muito… não quero dizer desproporcionada… mas é uma solução muito limite. Parece-me um pouco raro, como diriam os espanhóis”, refere Carmona Rodrigues. Neste ponto, tanto Fernando Marques como Pedro Garrett Lopes discordam do ex-presidente da câmara. O investigador do CIRAC considera que esta é uma solução “bastante interessante, quer do ponto de vista técnico como do ponto de vista económico”, embora deixe claro que as cheias em Lisboa não se podem eliminar definitivamente, apenas se podem controlar e minimizar. Já Fernando Marques admite que houve “uma única coisa” que o surpreendeu: “O porquê do túnel começar na parte superior do vale de Alcântara, indo sobrecarregar a descarga em Santa Apolónia”.
E deixa uma preocupação que não é só sua. “Quando temos maré alta, a maré alta pura e simplesmente tapa o escoamento das condutas. E o que acontece muitas vezes é que, na zona do teatro D. Maria II e no Rossio, as tampas dos coletores saltam e há retorno da água do rio para dentro da cidade”, alerta Pedro Garrett. Por isso, com um túnel, “tem de haver um desnível muito grande entre a água dentro do túnel e a água do Tejo”, acrescenta Fernando Marques. José Saldanha Matos reconhece que os custos iniciais da infraestrutura são elevados, mas afirma que tem vantagens face à criação de reservatórios. “Tem investimentos grandes, mas os encargos de operação e exploração são praticamente nulos. Aquilo é por baixo de terra, funciona por gravidade, não há bombagem…”
Túneis e mais além
O Plano Geral de Drenagem de Lisboa 2016-2030, resultante do trabalho de Saldanha Matos e restante equipa, tem um custo total de cerca de 170 milhões de euros. Deste montante, apenas 60 milhões serão destinados à construção dos túneis. É por isso que o professor do Técnico faz questão de salientar que “o plano não é só os túneis”, há outras componentes. “Se me disserem: ‘Faço os túneis e já não há inundações?’, eu digo ‘Não’. Porque eu tenho de fazer outras obras, estas de caráter mais descentralizado: reabilitação de coletores velhos, de sarjetas e sumidouros que estão entupidos… O pior é ter um coletor com capacidade e ter inundações cá em cima porque a água não está a entrar.” Mas Saldanha Matos coloca ênfase até num outro aspeto. “Para o dinheiro que se vai aplicar ser bem usado, o plano não pode ser só físico. Tem que se criar um sistema de gestão e isso só se consegue com conhecimento. O pior que pode acontecer é ter uma infraestrutura caríssima e que depois não se sabe explorar.”
Carmona Rodrigues também salienta este ponto. “Uma sala de comando com três, quatro pessoas com um computador à frente que estão a ver qual é o nível de água neste reservatório, qual é o caudal que passa naquele coletor… Isto não é ficção científica, é engenharia vulgar de Lineu, infelizmente em Portugal é que não está implementada. Vamos ali a Badajoz e já todo o mundo é diferente”, ri-se o professor.
Apesar das críticas e reservas levantadas pelo ex-presidente da autarquia a esta revisão do plano, Carmona pensa que este “está bem entregue, porque as pessoas [que o fizeram] têm grande capacidade e experiência”. Considera que a opção pelos túneis não é tão “normal” como os reservatórios e bacias de retenção, que preferia ver implementadas. “As bacias de retenção podem-se fazer de forma faseada. Hoje pode-se fazer uma ou duas, amanhã far-se-á uma terceira, ou seja pode-se ir gradualmente intervindo nos pontos mais críticos consoante as disponibilidades financeiras. O túnel não: ou se faz ou não se faz, não se faz faseado”.
Apresentado em julho à imprensa, o plano esteve em discussão pública até ao fim de setembro e, garante Saldanha Matos, os contributos dados pelos cidadãos foram tidos em conta. No início de novembro houve uma reunião entre a equipa de trabalho e a câmara, a última antes da validação final deste programa de investimentos. “Eu acredito que se não se fizer nada, ou se fizer muito pouco, ou se fingir que se faz mas no fundo não é nada, a realidade vai-se vingar”, lembra Saldanha Matos, que não deixa de fazer uma crítica mais ou menos velada aos responsáveis políticos. “Há uma coisa que vai piorar quase de certeza, que tem vindo sempre a piorar, que é a ocupação do espaço. Eu não vejo tirar bairros para fazer jardins, mas vejo o espaço ir sendo ocupado. A população está a diminuir, mas o espaço ocupado vai aumentando.” E isso não vai ajudar no combate às cheias.