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Há algumas semanas que já estão instalados no aeroporto Humberto Delgado e no Cais do Sodré os logos coloridos e de dimensões pouco discretas da Web Summit. É sinal de que, daqui a alguns dias, Lisboa vai ser inundada de visitantes de 160 países que se vão concentrar no Parque das Nações durante quatro dias. Pelas contas da organização, deverão ser 70 mil.
Nesta que é a nona edição em Portugal, há estreias, como a de um Governo PSD, mas também o regresso de rostos familiares, incluindo o de Paddy Cosgrave. O CEO da cimeira está de regresso ao cargo, após o episódio do boicote de Israel pelas declarações feitas no ex-Twitter sobre o conflito com o Hamas.
Onde decorre e em que datas?
A Web Summit de 2024 arranca esta segunda-feira, 11 de novembro, e termina na quinta-feira, dia 14. O mês de novembro foi o escolhido pela equipa de Paddy Cosgrave para organizar o evento desde que se instalou em Lisboa, em 2016.
O local é o mesmo de sempre: o palco principal da Web Summit estará montado no Meo Arena, na zona do Parque das Nações, em Lisboa, e os stands das empresas, startups e outras organizações ficarão distribuídos ao longo dos cinco pavilhões da Feira Internacional de Lisboa (FIL).
Como chegar ao evento?
Os transportes públicos são a melhor opção para quem quer aceder à Web Summit. É possível chegar ao Parque das Nações de comboio, metro ou autocarro. Também é possível ir de carro, mas haverá limitações à circulação (ver abaixo) e o estacionamento é sempre um desafio.
Para quem vai de comboio ou de metro, a estação do Oriente é a melhor opção, já que se situa a poucos metros do recinto. Para quem vai de autocarro, as linhas 705 e 744 vão do aeroporto até à Web Summit. Já do centro de Lisboa para o evento é possível apanhar vários autocarros: 708, 728, 744, 759, 782 e 794.
Tal como em anos anteriores, os transportes lisboetas vão disponibilizar um passe especial para a Web Summit. Pode ser adquirida a modalidade de 1, 3 ou 5 dias. Segundo o documento disponibilizado pelo Metro, Carris e CP, o passe dá acesso à rede de transportes públicos de Lisboa, “incluindo autocarros, ascensores, elevadores, metro, elétricos e comboios”. Até esta sexta-feira, o passe esteve disponível com desconto, mas a partir de dia 9, sábado, os preços são mais elevados.
Pode ser comprado online no site do Metro de Lisboa, e resgatado nas máquinas de venda do Metro de 7 a 17 de novembro, através de um código gerado no momento da compra que deve ser guardado. Também pode ser adquirido nos balcões de venda de passes de viagem Web Summit, que estarão disponíveis no aeroporto de Lisboa, de 9 a 12 de novembro, e na Estação Intermodal da Gil Lisboa nos dias 12 e 13 de novembro.
Entre 9 e 14 de novembro, os preços são os seguintes:
1 dia – 9,50 € (cartão Navegante ocasional incluído);
3 dias – 22,00 € (cartão Navegante ocasional incluído);
5 dias – 30,00 € (cartão Navegante ocasional incluído).
A Carris também vai manter o habitual shuttle que circula entre a Praça do Comércio e a Estação do Oriente. A empresa prevê que o intervalo médio de passagem desta carreira especial seja de 22 minutos. Para andar neste shuttle é preciso título de transporte, seja o passe ou um bilhete comprado a bordo.
Para quem optar por apanhar um Uber, Bolt ou um táxi haverá um ponto de recolha na Rua do Caribe.
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Como se divide o espaço?
Ainda antes de entrar no recinto, vai precisar de fazer o registo e recolher a acreditação. Esse processo decorre no Pavilhão de Portugal, onde também tem um espaço para guardar bagagem.
Na Web Summit propriamente dita, terá o palco principal do evento no Meo Arena, onde os lugares são livres, mas de disponibilidade limitada. Na noite de abertura, que acontece esta segunda-feira a partir das 18h00 (as portas abrem às 17h00) , é comum ficarem participantes à porta. Nos restantes dias do evento, a disponibilidade de cadeiras não costuma ser um problema.
Se quiser aproveitar o bilhete ao máximo e não ficar apenas pelo Meo Arena, terá cinco pavilhões na FIL com muitos eventos por onde escolher. Na aplicação da Web Summit é possível criar uma agenda de acordo com os temas e oradores que mais lhe interessam. Tal como na última edição, os palcos voltam a não ter nomes. Estão numerados, de 3 a 16.
Ainda antes de entrar nos pavilhões, terá uma zona de restauração ou, como lhe chama a organização, uma food summit. Há mais espaços com oferta de comida entre cada um dos pavilhões e na parte lateral junto à Alameda dos Oceanos.
Quem vão ser os oradores?
Longe vão os tempos em que a página onde a Web Summit anuncia os speakers (ou oradores) de cada ano se enchia de líderes políticos, CEO’s de grandes empresas, ativistas, estrelas de cinema, músicos de renome ou personalidades conhecidas do grande público. Ainda assim, na edição de 2024, há alguns nomes ‘grandes’ a reter.
Na noite de abertura, as atenções vão estar voltadas para Pharrel Williams, músico norte-americano, com talentos noutras áreas, que vai falar com o responsável de marketing da Visa sobre a “intersecção entre cultura e comércio”. Além do artista, a noite de abertura terá o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e o fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave.
Outro dos grandes momentos da cimeira tecnológica costuma estar reservado para o encerramento, que terá lugar na quinta-feira, dia 14, à tarde. Marcelo Rebelo de Sousa e os seus ‘passou-bem’ a Paddy Cosgrave já foram uma imagem de marca da cimeira, mas no ano passado o Presidente da República não subiu ao palco, por estar fora do país, em visita oficial à Guiné. Este ano também não irá falar, e pelo mesmo motivo. Na próxima semana, Marcelo estará no Equador para a Cimeira Ibero-Americana.
Na agenda que a Web Summit disponibiliza neste momento, o último evento previsto para o palco central é um debate com o CEO da Vinted que termina às 16h10. O que deixa antever que ainda haverá novidades a anunciar para o encerramento, que costuma acontecer pelas 17h00.
Nos restantes dias da Web Summit, será possível escutar nomes como Brad Smith, presidente da Microsoft e presença habitual do evento, Lidiane Jones, CEO do Bumble, Carmelo Anthony, ex-estrela da NBA, ou Yulia Navalnaya, que lidera a Human Rights Fundation e é a viúva do ativista russo Alexei Navalny.
Tenho de preparar alguma coisa antes? O que devo levar?
A preparação para a Web Summit começa ainda antes do evento. O primeiro passo é instalar a aplicação do evento no smartphone (pode descarregá-la para Android e iOS). É na aplicação que está o bilhete do evento, que tem de ser apresentado para poder ter acesso a dois elementos que vão ser de uso obrigatório nos espaços do evento: a credencial com a identificação e a pulseira. Sempre que quiser entrar no recinto, estes dois elementos vão ser verificados, assim como o bilhete na app.
Os passos após a instalação da app são simples. Tem de inserir o código de acesso, uma combinação curta de letras e números, que se recebe previamente no email. Depois são pedidas algumas informações para criar um perfil (profissão, setor de atividade, etc). Também é preciso escolher tópicos de interesse, que em teoria vai ditar as sugestões de contactos e sessões. Nota ainda para o facto de a aplicação também permitir criar um calendário de evento e estar em contacto com outros participantes ou até perceber que empresas estão na Web Summit a tentar recrutar.
Também pode levantar a credencial antecipadamente para evitar filas. Há um balcão disponível no Aeroporto Humberto Delgado, no terminal 1, com os seguintes horários:
- 9 de novembro: das 9h30 às 23h;
- 10 e 11 de novembro: das 7h3o às 23h;
- 12 de novembro: 7h30 às 15h.
Já no Parque das Nações, a credencial pode ser levantada no Pavilhão de Portugal, nos seguintes horários:
- 9 e 10 de novembro: das 12h às 18h;
- 11 de novembro: das 12h às 20h;
- 12 a 14 de novembro: as 7h30 às 17 horas.
Lembre-se de levar um documento de identificação com fotografia para poder levantar a credencial.
Posso levar comida?
Sim, é permitido entrar no recinto com comida, mas também haverá opções para compra no evento, com opções vegan, vegetarianas e sem glúten. Todos os pagamentos são feitos em cartão, com a organização a justificar que permite evitar tantas filas na área de restauração.
À nona edição, mudou alguma coisa?
Algumas, incluindo o regresso de um rosto familiar: Paddy Cosgrave, após uma demissão motivada por declarações sobre o conflito entre Israel e o Hamas.
Na edição do ano passado, a Web Summit ainda lidava com a onda de choque do boicote de Israel e a retirada de vários oradores do evento. Katherine Maher, nomeada para o cargo pouco tempo antes do evento, ainda estava a ambientar-se quando teve de dar a cara por uma edição que foi atribulada na preparação. A estadia da norte-americana, ex-líder da Wikimedia Foundation, foi curta na Web Summit, anunciando a saída para a NPR ao fim de três meses. Em abril, foi anunciado o regresso de Paddy Cosgrave, mas sem comentários sobre a saída no ano anterior.
Este ano, o irlandês não deu as suas habituais entrevistas de antecipação do evento à imprensa portuguesa e fica a dúvida sobre se manterá a postura descontraída no evento — Maher até usou a expressão “desbocado” para se referir a Cosgrave. A ‘CEO relâmpago’ regressa este ano como oradora.
Fora da liderança da Web Summit, também há outro fator diferente: é a primeira vez que a cimeira se realiza em Portugal com um Governo que não é socialista. Em 2016, quando a cimeira de tecnologia e startups aterrou em Portugal, já António Costa era o primeiro-ministro.
O atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, faz a estreia no palco da Web Summit logo na cerimónia de abertura, a 11 de novembro, mas não é ainda claro se terá mais intervenções ou visitas ao evento na agenda.
Tal como em edições anteriores, há presença do Governo ao longo dos vários dias de evento. Está prevista a participação de cinco ministros: Pedro Reis, ministro da Economia, Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização Administrativa, Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Joaquim Miranda Sarmento, ministro de Estado e Finanças, e Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação.
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Quantas pessoas são esperadas nesta edição?
Os números são redondos, mas iguais aos da edição anterior: 70 mil pessoas, de 160 países diferentes que vão andar distribuídas pelos vários pavilhões da FIL e pelas bancadas do Meo Arena. A cerimónia de abertura, logo na segunda-feira, é o ponto da agenda que costuma gerar maior afluência.
E quantas startups?
A organização prevê que haja cerca de 3 mil startups a participar nesta edição, um aumento em relação ao recorde de 2.608 do ano anterior.
No mês passado, numa publicação no LinkedIn, Paddy Cosgrave revelou que são esperadas 250 startups norte-americanas em Lisboa,”ultrapassando pela primeira vez o valor de 150″. O Reino Unido e a Alemanha deverão estar representados com 300 startups cada. O número de startups espanholas e italianas também aumentou: vão chegar a Lisboa 170 empresas de Espanha e uma centena de Itália. Um aumento “sem precedentes para a Web Summit”, declarou Paddy Cosgrave.
Também são esperadas várias startups portuguesas. Só através do programa Road2Web Summit, da Startup Portugal, está garantida a participação de 125 empresas, um crescimento de 10% face à participação de 2023. Destacam-se empresas de setores como a inteligência artificial (IA), tecnologia médica (medtech), fintech (tecnologia aplicada à área financeira) e tecnologias ambientais. Pelas contas da Startup Portugal, em conjunto, estas empresas já arrecadaram 37 milhões de euros em investimento.
Estou à procura de investimento. Há “anjos” entre os participantes?
Claro, é uma das aliciantes que costumam levar as startups à Web Summit. A organização promete a presença de mil investidores, de várias geografias. Haverá representação de várias empresas de capital de risco, como a californiana Khosla Ventures, que já investiu em empresas com ADN português, como a Sword Health e a Anchorage, ou a 500 Global, que investiu no Reddit, na Talkdesk ou na Canva.
A representação de investidores portugueses vai estar assegurada através de nomes como a Indico Capital ou a Armilar Venture Partners. A lista completa de investidores pode ser consultada aqui.
Não vou à Web Summit. Vou conseguir deslocar-me em Lisboa?
Por se realizar numa zona movimentada da cidade de Lisboa, é natural que a Web Summit acabe por causar constrangimentos de trânsito nessa área. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP já alertou, em comunicado, para os condicionamentos de trânsito “diversas artérias da freguesia do Parque das Nações”.
Assim, de 10 a 16 de novembro será “encerrada a circulação em toda a Alameda dos Oceanos (condicionada a veículos de emergência no sentido N/S entre a rotunda dos Vice-Reis e a Rua Mar da China) e na Avenida do Índico entre a Alameda dos Oceanos e a Avenida Dom João II, onde será garantido o acesso ao parque e a operações de cargas e descargas”.
Os condicionamentos estendem-se à Rua do Bojador, que vai ser encerrada à circulação no troço entre a Rotunda do Bojador e a Alameda dos Oceanos. A Avenida da Boa Esperança também estará condicionada à circulação entre a rotunda dos Vice-Reis e Hotel Myriad, “ficando apenas circulável para viaturas autorizadas”. A PSP garante que “entre o dia 16 e 20 de novembro, gradualmente, todas as vias serão reabertas e repostas”.