O CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, demitiu-se da liderança da cimeira tecnológica. A decisão, que foi avançada pelo Irish Independent e confirmada pelo Observador, surge após declarações do empresário irlandês sobre Israel terem causado polémica e levado a um boicote ao evento por parte do país e de tecnológicas como a Amazon, a Google e a Meta.

Em comunicado divulgado este sábado à tarde, Paddy Cosgrave anuncia que renuncia ao cargo de CEO da Web Summit, que ocupava desde 2009, “com efeito imediato”. “Infelizmente, os meus comentários pessoais tornaram-se uma distração” para a “equipa, para os patrocinadores, para as startups” e para os participantes da cimeira tecnológica.

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Na nota, o empresário pede “mais uma vez desculpa por qualquer mágoa” que possa ter causado. Foi a 13 de novembro que na rede social X, antigo Twitter, Paddy Cosgrave disse estar “impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com exceção particular do governo da Irlanda”. “Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados e devem ser denunciados pelo que são”, acrescentou no post que gerou polémica e levou Israel a não participar na Web Summit.

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Ao Observador, um porta-voz da Web Summit indica que um novo CEO será nomeado “o mais rapidamente possível”. “A Web Summit 2023, em Lisboa, decorrerá como planeado” entre os dias 13 e 16 de novembro, garante, através do envio de respostas escritas. O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na capital portuguesa em 2016 — e deverá aí manter-se até 2028.

O Irish Independent escreve que os trabalhadores da Web Summit foram informados de que os seus empregos não estão, atualmente, ameaçados devido ao crescente boicote ao evento por parte das tecnológicas. Minutos após a renúncia começar a ser noticiada foi possível perceber que Paddy Cosgrave atualizou a sua página pessoa de Linkedin, para dar como encerrado o seu percurso à frente da empresa.

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Apesar da saída de várias personalidades da lista de oradores da cimeira tecnológica deste ano, como a atriz Gillian Anderson, vários ministros do Governo português continuam a constar. É o caso do ministro das Finanças, Fernando Medina, da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho e do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.

Ao Observador, até ao momento, apenas o último ministério respondeu a um pedido de comentário ao boicote (ainda antes de ser conhecida a demissão de Paddy Cosgrave), indicando “nada” ter a “referir quanto às presenças no evento”. Quanto à presença de António Costa Silva, “a mesma será comunicada oportunamente”. 

A Câmara de Lisboa também ainda não comentou a demissão de Paddy Cosgrave e o boicote anunciado por Israel e seguido por tecnológicas, nem confirmou se a presença do autarca Carlos Moedas se mantém ou não na Web Summit. O mesmo acontece com Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e António Costa, primeiro-ministro.