Pedro Passos Coelho
Levou a estratégia até ao fim, sem ceder um milímetro. E conseguiu vencer. Na Europa está a ser visto quase como um extraterrestre: um primeiro-ministro que aguenta quatro anos de austeridade, é acusado de ir ainda mais longe do que o exigido pelos credores e ainda assim consegue vencer as eleições. Tem à frente um país completamente polarizado, com uma maioria de esquerda que o despreza e a economia a precisar de voltar a crescer. Tem de governar (pela primeira vez) uma coligação em minoria, preparando a instabilidade que aí vem, com um parceiro de coligação que agora parece muito próximo, mas que pode não permanecer assim para sempre.
THIERRY CHARLIER/AFP/Getty Images
Paulo Portas
O líder do CDS/PP terá queimado mais uma das muitas vidas que tem de reserva. Depois da demissão “irrevogável”, continua como número dois do governo, mantém a liderança do partido sem contestação e tem mais uma hipótese de recuperar a dimensão de estadista que sempre procurou.
Num período de maior instabilidade, em que a política ganha nova dimensão e em que a sintonia na coligação terá de ser absoluta, será interessante ver como decorre a relação com o parceiro maioritário. E o mediador Pires de Lima já não estará no governo…
Gerardo Santos
António José Seguro
Queimaram-no em lume brando enquanto foi líder do PS, graças à marcação cerrada de António Costa (e de Sócrates). Quando foi derrotado pelo atual secretário-geral, resguardou-se ao silêncio e mandou as hostes fazer o mesmo. Com isso manteve a influência – e algum peso – no novo grupo parlamentar socialista, esperando agora que o poder lhe caia nas mãos.
Vai poder sempre alegar que a sua estratégia de colocar o PS ao centro teria melhores resultados que o derrotado plano de António Costa (o tal que desviou a agulha para a esquerda e viu o BE e a CDU crescerem).
TIAGO PETINGA/LUSA
Catarina Martins / Mariana Mortágua
Catarina Martins é deputada desde 2009, chegou à liderança do Bloco há menos de um ano. Os resultados dessa chefia chegaram agora, com a passagem do Bloco a quarta força política do país. Ultrapassar a CDU era um objetivo histórico do Bloco que é cumprido agora, quando ninguém o esperava.
Mas se o Bloco vence, isso deve-se também a Mariana Mortágua, que ajuda ao resultado histórico em Lisboa e à construção do enorme grupo parlamentar do Bloco. Ganhou notoriedade na comissão parlamentar sobre o BES e na defesa das causas fraturantes. Ambas foram uma dupla de sucesso que se vai manter acutilante na Assembleia.
MIGUEL A. LOPES/LUSA
André Silva
A nova força partidária com lugar marcado no parlamento é o Pessoas-Animais-Naturza. Virtualmente desconhecido dos portugueses, André Silva é o homem que vai empunhar a bandeira ambientalista e animalista na Assembleia da República. Assumindo-se como “utópico”, é vegetariano e quer passar a medir o pulso ao país em Felicidade Interna Bruta em vez do Produto Interno Bruto. Vai passar quatro anos a tentar influenciar positivamente os outros partidos para que aceitem as suas propostas na legislação portuguesa.
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Sondagens
Com as experiências da Grécia e no Reino Unido na retina, muitos desconfiaram dos vários estudos de opinião. Nas últimas três supersondagens, a coligação estava na casa dos 38% e o PS nos 32%.
Quando se percebeu que a abstenção ia ser menor, muitos vaticinaram o falhanço das sondagens. Mas o que se viu foi uma confirmação dos valores repetidamente avançados. Até os da Eurosondagem – que na semana anterior às eleições deu pela primeira vez a vitória à coligação.
David Ramos
António Costa
Teve a oportunidade única de defrontar uma maioria de direita que governou em ciclo de austeridade. Não conseguiu a maioria absoluta que sempre pediu nem a maioria relativa, ficando muito longe da coligação Passos/Portas.
Pior, depois de fazer uma campanha à esquerda, viu o Bloco de Esquerda e a CDU crescer em deputados e em votos. Perdeu na estratégia e perdeu nos resultados, deixando o PS ainda mais agitado e sem solução de longo prazo. Porque assumiu a derrota, mas não se demitiu, ainda deixou algumas ameaças no ar.
PATRICIA DE MELO MOREIRA (Photo credit should read PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/Getty Images
Rui Tavares
O historiador continua sem fazer história. Depois da cisão com o Bloco de Esquerda em 2011, ganhou o Twitter – tenso sido considerado o político mais influente dessa rede social num estudo de março de 2015. Ganhou a atenção especial dos media entre os pequenos, mas durante a campanha confrontou-se com a real medida de uma luta desigual: a falta de meios, a falta de relevância no debate e a falta de notoriedade na população. Será o fim do caminho para Tavares?
© Fábio Pinto
Joana Amaral Dias
A candidata do Agir tentou tudo, mas não conseguiu atingir nenhum dos seus objetivos. Depois de ter saltado do Bloco de Esquerda para o Podemos, piscando o olho ao PS e ao Livre, acabou por fundar o Agir (PTP/MAS) e arranjar uma solução de circunstância para poder ser candidata. Apareceu, grávida, sem roupa duas vezes, uma delas na popular revista Cristina, mas nem isso lhe valeu a eleição.
Facebook de Cristina Ferreira