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A possibilidade de haver um atentado terrorista de larga escala preocupa as autoridades francesas

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A possibilidade de haver um atentado terrorista de larga escala preocupa as autoridades francesas

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Paris quer ser o local "mais seguro do mundo" — mas sabotagem russa, ameaças do Daesh e protestos pela Palestina ensombram Jogos Olímpicos

Ciberataques, sabotagem russa (que não pode içar a bandeira), protestos contra Israel e possível ataque do Daesh preocupam autoridades francesas os Jogos Olímpicos. Segurança é "principal prioridade".

“Paris será o local mais seguro do mundo.” A promessa tem sido feita pelo comité que organiza o Jogos Olímpicos, que começarão oficialmente esta sexta-feira. Para isso, foi montada uma complexa operação de segurança que envolverá 35 mil polícias, 24 mil membros das forças especiais e 18 mil soldados espalhados pela Île-de-France, a região a que pertence a capital francesa. Para os residentes e para o comité olímpico, foi implementado um sistema com códigos QR que permite aceder ao metro e ao Rio Sena, onde será a cerimónia de abertura, pela primeira vez numa região aberta e não num estádio.

A situação geopolítica conturbada explica em grande medida esta massiva operação de segurança. A guerra na Ucrânia, o facto de os atletas russos e bielorrussos poderem apenas concorrer sob bandeira neutra, o conflito na Faixa de Gaza e a ameaça que ainda representa o autoproclamado Estado Islâmico são os fatores que mais podem conturbar estes Jogos Olímpicos.

A possibilidade de haver um atentado terrorista de larga escala preocupa as autoridades francesas. Na memória, permanecem as recordações de dois grandes ataques em 2015: contra a sede do jornal Charlie Hebdo e contra o Bataclã durante o jogo de futebol que opôs França e Alemanha no Estádio de Saint-Denis. O autoproclamado Estado Islâmico reivindicou ambos. Nove anos depois, é certo que o Daesh-K está numa fase menos ativa — mas, ainda em março deste ano, atacou a sala de espetáculos Crocus, no coração da capital russa.

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Milhares de polícias estarão nas ruas da capital francesa

AFP via Getty Images

Contrariamente ao resto do autoproclamado Estado Islâmica, a fação Daesh-K, que emergiu na zona de Khorasan (no leste do Afeganistão), está mais ativa, tendo sido aliás a responsável pelo ataque terrorista em Moscovo. De acordo com o que apurou a CNN Internacional, existe preocupação entre as autoridades europeias sobre um possível ataque durante os Jogos Olímpicos. Através das redes sociais, o Daesh-K está a tentar que os adolescentes se juntem à causa. Assim, não é de estranhar que, nos últimos meses, a polícia francesa tenha detido vários jovens entre os 15 e os 18 anos — que poderiam ter como objetivo criar disrupções no evento desportivo.

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Além de haver o risco de um ataque, existe outra ameaça: a hipótese de um ciberataque de larga proporções que possa perturbar a organização dos Jogos Olímpicos. Vincent Strubel, diretor-geral da agência nacional da Segurança dos Sistemas de Informação, admitiu que o evento enfrenta um “nível sem precedente de ameaças”, mas também foi feito um “nível sem precedente de trabalho preparatório”. “Estamos um passo à frente dos hackers.” 

Nestes Jogos Olímpicos, não se verão nem bandeiras da Rússia, nem bandeiras da Bielorrússia, a maior aliada do Kremlin. O motivo? A invasão da Ucrânia (e o apoio bielorrusso à ofensiva militar). Para contestar e retaliar contra a decisão do comité olímpico, de não permitir a presença dos dois países, têm sido feitos vários alertas que indiciam que o Kremlin tem ambições de criar disrupções no evento, principalmente no que diz respeito à realização de ataques informáticos.

A Rússia já tentou perturbar os Jogos Olímpicos de 2020 (que acabaram por ter lugar um ano depois, por conta da pandemia de Covid-19), que se realizaram em Tóquio. Naquele ano, também não se avisou a bandeira russa, mas antes a do Comité Olímpico russo, após terem sido detetadas práticas irregulares de doping. Mas este ano a tensão é incomparavelmente maior — sendo que o Kremlin vê agora o Ocidente como inimigo.

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Rio Sena será o local da cerimónia de abertura

Hans Lucas/AFP via Getty Images

Há outro foco de tensão que promete complicar a vida à polícia francesa. A guerra na Faixa de Gaza já dura há mais de nove meses, sendo que vários países hostilizam diretamente Israel. Haverá inclusivamente, na capital francesa, protestos contra a presença daquele país nos Jogos Olímpicos e também a favor da criação de um Estado Palestiniano.

Na memória coletiva, está ainda presente o Massacre de Munique, em 1972. Naquele ano, nos Jogos Olímpicos organizados naquela cidade alemã, militantes a favor da causa palestiniana mataram dois atletas israelitas e fizeram nove reféns — que também acabaram por morrer após longas horas de tensão. Numa altura em que ocorre uma guerra na Faixa de Gaza, receios de que algo idêntico possa ocorrer estão a ser levados em conta.

Uma operação de segurança extensa que começou em 2022

A operação de segurança destes Jogos Olímpicos começou a ser elaborada em 2022, dois anos antes do evento. Houve vários simulacros e testes, sendo que o campeonato de mundo de râguebi que teve lugar em Paris em setembro do ano passado foi um momento importante para colocar em prática grande parte do dispositivo de segurança.

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Simulacros de segurança para estes Jogos Olímpicos começaram em 2022

PA Images via Getty Images

Para a cerimónia de abertura e para todas as competições que terão lugar na capital francesa (a grande maioria), haverá um “plano específico”, garantiu Tony Estanguet, o presidente do comité que organiza os Jogos Olímpicos de 2024. Citado pelo The Guardian, o responsável destacou que a “segurança” é a principal “prioridade”. “O sistema de segurança não tem precedentes no nosso país e em Paris.”

Nas ruas, estarão até 75 mil membros (entre forças de segurança e membros das forças armadas) para que não haja nenhum incidente. Daqueles 75 mil estão ainda 1.900 polícias estrangeiros, oriundos de 40 países. Serão auxiliados por uma equipa que estará vigiar atentamente o espaço aéreo. Serão usados caças Rafale, drones Reaper e helicópteros. Na cerimónia de abertura, ao longo do rio Sena, será imposta uma no-fly zone num raio de 150 quilómetros da capital francesa (não passam aviões, nem qualquer aeronovae ou drone será permitido).

Numa novidade que gerou controvérsia (e que obrigou inclusivamente a mudar das leis), foram instaladas 200 câmaras com inteligência artificial, que permitem detetar riscos, tais como objetos abandonados. Esta tecnologia inovadora já foi testada em outros eventos, como no concerto de Taylor Swift na capital francesa.

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Drones Reaper ajudarão força aérea a controlar céus franceses

AFP via Getty Images

Rússia e Gaza a política vai entrar nestes Jogos Olímpicos — e não haverá trégua olímpica

Uma prática habitual durante a realização deste evento consiste na trégua olímpica, que este ano dificilmente será colocada em prática. A Rússia não deverá cessar as operações militares na Ucrânia, uma vez que nem sequer participará diretamente nestes Jogos. De Israel e do Hamas, também não há sinais de que vão interromper as hostilidades.

Relativamente aos cidadãos russos e bielorrussos em Paris, o ministro da Administração Interna, Gérald Darmanin, disse será “prestada uma especial atenção”, dado que podem ser espiões que tentem criar disrupções nos Jogos Olímpicos. Ainda no domingo, um chefe de cozinha russo de 40 anos, que já morava em França há 14 anos, foi detido por estar alegadamente envolvido numa operação secreta com o FSB, um dos ramos dos serviços secretos russos, para perturbar a realização do evento.

O ministro da Administração Interna francês confirmou esta quarta-feira, numa entrevista ao canal de televisão BFM, que as autoridades acreditam que o homem de nacionalidade russa estava a “organizar operações de desestabilização, interferência e espionagem” — mas não do âmbito terrorista. “O suspeito está no sistema judicial e será possível confirmar as suspeitas da polícia.” Gérald Darmanin adiantou ainda que outros “indivíduos russos” foram detidos por conta das mesmas suspeitas.

epa11342614 French Interior Minister Gerald Darmanin leaves Elysee palace after a cabinet meeting in Paris, France, 15 may 2024. French President Emmanuel Macron requested including a decree to declare state of emergency in New Caledonia on the agenda of the cabinet meeting on 15 May, said a statement of the Elysee Palace, after three people were killed in riots amid violent protests over changes to voting rules.  EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Gérald Darmanin diz que o homem de nacionalidade russa estava a "organizar operações de desestabilização, interferência e espionagem"

CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

Neste contexto, Gérald Darmanin sinalizou que os atletas ucranianos terão uma proteção especial, tal como os israelitas. Sobre este último caso, um deputado da França Insubmissa, Thomas Portes, publicou um vídeo nas redes sociais a dizer que os atletas de Israel não seria bem-vindos em Paris. O governo francês, que neste momento é demissionário e ainda é controlado pela coligação centrista de Emmanuel Macron, veio tentar tranquilizar os ânimos, desmentindo a mensagem do parlamentar do partido de extrema-esquerda.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, veio a público assegurar, “em nome de França”, que a “delegação israelita é bem-vinda”: “Vamos recebê-los em França para estes Jogos Olímpicos”. Ainda assim, a contestação cresce, apontando para o duplo critério utilizado pelo Comité Olímpico — se a Rússia não pode participar com a sua bandeira, por que pode Israel?

O mesmo argumento foi usado durante o Festival Eurovisão da Canção, que teve lugar em Malmö, na Suécia, em maio de 2024. Sob fortes medidas de segurança, a cantora israelita Eden Golan (que nem podia sair do quarto do hotel) participou no evento, mas recebeu apupos do público. Apesar da contestação, a intérprete da canção “Hurricane” terminou em quinto lugar — e ficou em segundo lugar no televoto, tendo recebido inclusivamente 12 pontos do público português.

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Atletas israelitas terão proteção especial

Sportsfile via Getty Images

Os atletas israelitas deverão enfrentar um cenário idêntico em Paris, prevendo-se várias manifestações na capital francesa contra a sua presença. Mas nível de dificuldades para as autoridades é diferente do que na Suécia. Será mais difícil controlar 88 desportistas de Israel — com as suas respetivas delegações — que vão competir em 16 modalidades.

Apesar de todos os desafios geopolíticos que o mundo atravessa, França espera que estes Jogos Olímpicos ocorram sem problemas de maior. Tudo parece apontar que o controlo e a segurança serão apertados. Mas será suficiente?

 
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