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ILUSTRAÇÃO: Rodrigo Mendes/OBSERVADOR
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ILUSTRAÇÃO: Rodrigo Mendes/OBSERVADOR

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Pedro Caldeira, o “Encantador de Ricos”, entre o “jet set” de Cascais e o faroeste da bolsa

Corretor bolsista foi figura marcante no final dos anos 80 e início dos anos 90, quando fugiu depois de perder os milhões que lhe confiaram. O Observador recorda a história e traz novas revelações.

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Pedro Caldeira foi o símbolo maior, em Portugal, dos yuppies, tendência que se popularizou nos anos 80 nos EUA, com epicentro em Wall Street, local da Bolsa de Nova Iorque. Os young urban professionals, ou “jovens, profissionais e urbanos”, destacavam-se pela figura aprumada, o cabelo penteado para trás, cigarro na ponta dos dedos e, claro, os imprescindíveis suspensórios por baixo do casaco. E pelo gosto pelo lado bom da vida e obviamente, por terem dinheiro. Quanto mais, melhor.

E Caldeira conseguiu ter muito dinheiro. E muita fama. Mas só a determinada altura da sua vida.

É sobre aquele que chegou a ser o maior contribuinte do fisco português, o príncipe da Bolsa que depois caiu em desgraça, o novo podcast do Observador, o “Encantador de Ricos”.

O homem que se transformou no ícone da bolsa portuguesa entrou nos mercados financeiros por acaso e tornou-se corretor graças a “um golpe de sorte”. Foi assim que acabou na primeira linha de uma bolsa de valores que, nos anos 80, viveu uma autêntica “febre”. Os mercados internacionais tiveram anos de ganhos estratosféricos e esse efeito foi amplificado, em Portugal, pelo facto de se viver naquela altura a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da União Europeia (UE).

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[Ouça aqui o primeiro episódio de “O Encantador de Ricos”, que estreou na terça-feira 7 de novembro. O segundo episódio estreia terça-feira 14 de novembro.]

Estreia. “O Encantador de Ricos”. Episódio 1: A máquina de fazer dinheiro

Caldeira era jovem, inovador, poliglota, viajado e tinha um otimismo contagiante, muito longe da dos poucos corretores da época. E, em contraste com a figura que popularizou os yuppies no cinema – o frio e calculista Gordon Gekko, imortalizado pelo ator Michael Douglas em Wall Street –, o grande trunfo de Pedro Caldeira era fazer qualquer pessoa sentir que já eram amigos há décadas, mesmo que só se tivessem conhecido alguns minutos antes.

Como um encantador de serpentes, Pedro Caldeira encantava ricos e poderosos. Achava-se de tal forma invencível que os outros acreditavam que o dinheiro ia sempre aparecer. E ele também.

Era o homem certo, no local certo e na hora certa. A quem acabou por dar tudo errado.

“Uma pessoa de pessoas” a definhar no curso de engenharia

Pedro Caldeira dava de facto ares de ator de Hollywood, apesar de ter nascido em Sobral de Monte Agraço. Era filho único e passou parte da infância em África, nos anos 50, acompanhando as missões do pai, oficial do Exército.

Quando regressou a Portugal, aos 12 anos, a família instalou-se na Linha de Cascais e foi logo aí que Caldeira fez alguns amigos que lhe abriram a porta para os círculos mais influentes da política e economia portuguesas. Um deles foi Henrique Linhares de Andrade, filho de um deputado da União Nacional — o partido único do tempo da ditadura do Estado Novo —, que viria a ser sócio dele no futuro.

Nunca foi um aluno brilhante nem era especialmente bom nas matemáticas. Mas acabou por entrar em Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico – mais para fazer a vontade ao pai do que outra coisa. O pai queria ver o filho levar uma vida pacata, longe da vida militar. Mas qualquer um via que Pedro Caldeira era mais uma “pessoa de pessoas”, do que um apaixonado pelas máquinas e pelos engenhos.

A história da bolsa de Lisboa. Ganhou 11% por ano desde 1900 e bateu, de longe, os depósitos a prazo

Em 1972, tinha 22 anos quando um amigo o convidou para ir com ele à bolsa de Lisboa, ver quanto valiam umas ações que lhe tinham calhado em herança. Pedro Caldeira apaixonou-se por aquele frenesim que se vivia na Praça do Comércio – onde ficava, então, a bolsa de valores.

Era um ambiente “fascinante” e foi “amor à primeira vista”, viria a dizer Pedro Caldeira, mais tarde. Quando lá encontrou um dos (poucos) corretores da bolsa, Abílio de Sousa, que era seu primo por afinidade, o jovem não se foi embora sem marcar um almoço com ele.

Pediu 20 contos ao pai (hoje, seriam pouco mais do que cinco mil euros, de acordo com a calculadora de correção monetária do INE) e, com esse dinheiro, comprou as primeiras ações, que eram títulos físicos, em papel. Passou a ir à bolsa todos os dias, até que o primo o convidou para trabalhar no seu escritório a ganhar 10 contos por mês – só para começar. Era o dobro do que ganhava o pai e ainda somavam as comissões por lucros que conseguisse realizar.

Caldeira não pensou duas vezes. Abandonou o Técnico, contra a vontade do pai, e nunca mais olharia para trás.

A primeira vaga de “febre” bolsista em Portugal

Embora houvesse muitas trocas de ações fora de bolsa, até na pastelaria da esquina, todos os negócios bolsistas tinham de passar pelos corretores. E, na altura, havia pouco mais de meia dúzia em todo o país.

Nos mercados financeiros modernos, há grandes empresas com computadores a processar milhões de operações por segundo. Mas, na altura, tudo era feito à mão por um pequeno grupo de pessoas, nos seus pequenos escritórios.

Um monitor mostra os valores do PSI-20, o índice que agrega as 20 maiores empresas cotadas na Euronext Lisboa, em Lisboa, 8 de novembro de 2021. MÁRIO CRUZ/LUSA

Nos mercados financeiros modernos, há grandes empresas com computadores a processar milhões de operações por segundo. Mas, na altura, tudo era feito à mão por um pequeno grupo de pessoas.

LUSA

No início dos anos 70 há muitas empresas cotadas, cerca de 85. As ações mais negociadas são as das grandes empresas da altura, que hoje já não existem: da Lisnave, da Siderurgia Nacional, da Mabor. Mas também da Tabaqueira e até da TAP.

Nuno Valério, professor de história económica no ISEG, recorda que foram anos de especulação desenfreada. “Estamos na fase final da segunda e maior época de ouro na economia mundial com, em quase todo o mundo, as maiores taxas de crescimento que devem ter existido desde sempre – e o mesmo se passava em Portugal. Nesse contexto, gerou-se ali nos anos 71-73 alguma bolha no mercado financeiro…”, diz o académico, entrevistado pelo Observador para o “O Encantador de Ricos”.

As pessoas formam fila, logo de manhã, para serem as primeiras a jogar na bolsa, como se de um casino se tratasse. Toda a gente que tem algumas poupanças quer entrar. Vêem o vizinho e o amigo a ganhar dinheiro rapidamente e não querem ficar de fora. Em muitos casos, fazem-se fortunas de um dia para o outro.

Maria Cândida Rocha e Silva, atualmente presidente do Banco Carregosa e a primeira mulher a receber a licença de corretora em Portugal, lembra que “houve pessoas que ganharam muito dinheiro e mais: houve pessoas que foram endividar-se junto da banca para poderem especular”.

“Era uma atividade muito tentadora”, recorda, “porque as pessoas ganhavam dinheiro com muita facilidade e muito rapidamente, daí o caso de pessoas que se endividavam junto da banca para poderem especular. Nem sempre corria bem: “Antes do 25 de Abril, lembro-me, perfeitamente, ter havido casos de pessoas que se suicidaram, por exemplo, porque realmente houve casos muito complicados…“

Cristina, a namorada do telefonema por acaso à mulher que sempre esteve ao lado de Caldeira

Pedro Caldeira estava a dar os primeiros passos na bolsa quando conheceu a mulher com quem se casaria menos de um ano depois, em 1973. Cristina, filha de pai português e mãe basca, passou a infância e juventude em Espanha mas mudou-se antes de fazer 18 anos para Cascais, onde vivia sozinha e trabalhava numa boutique de roupa.

Simpática e desembaraçada, Cristina entrou com facilidade nos círculos da alta sociedade de Cascais. Pelos contactos que faz com as clientes na loja, mas também através dos trabalhos como baby-sitter em casas de boas famílias. Conhece Caldeira graças a uma brincadeira de uma amiga: trocam agendas e têm de ligar a um contacto ao acaso. Ela liga ao corretor por ser o único com o nome completo. À primeira desiste. À segunda ele mostra pouco interesse. Depois de muitas insistências marcam o primeiro encontro e começam logo a namorar e menos de um ano depois casam.

Quando a bolsa de Lisboa fecha após a revolução de 1974, Pedro Caldeira chega a ter um convite para trabalhar no Banco de Portugal – mas Cristina vê aquele trabalho como rotineiro, enfadonho, não incentiva o marido a aceitar. E ele não vai.

Pedro Caldeira continua a trabalhar no escritório até que, com a bolsa fechada vários anos, deixa de haver dinheiro para pagar ordenados. E só então sai da corretora de Abílio de Sousa, que tinha sido um dos muitos homens de negócios que saíram do país com medo de serem presos por “sabotagem económica” no PREC.

Pedro Caldeira entrevistado no seu escritório pela RTP em 1991, com fotografia da mulher em segundo plano.

No período seguinte, com Pedro Caldeira a tentar a sua sorte em vários setores, dos recortes de jornais aos macacos pneumáticos, é Cristina quem faz mais sucesso. Abre a própria loja de roupa – a “Cachet” – e começa a tornar-se ainda mais famosa em Cascais, a movimentar-se no jet set e a aparecer nas festas da alta sociedade.

Dali a alguns anos, será comum ver Cristina e Caldeira na imprensa cor de rosa, ao lado de figuras como Lili Caneças ou Margarida Prieto, mulher de Manuel Damásio, empresário que viria a ser presidente do Benfica. Caldeira não vai apenas para se divertir, mas também e sempre para fazer negócios, enquanto socializa.

O casal tem a primeira filha em 1978 e mais um segundo filho em 1981.

O “golpe de sorte” que deu a Caldeira um escritório na baixa (de graça)

A bolsa de Lisboa só reabre em 1977, e muito lentamente. Dois anos depois, quando a atividade o justifica, Caldeira é convidado por Abílio de Sousa para regressar ao escritório.

Volta ao lugar de “número 2” do corretor. É ele quem tem a responsabilidade de gerir o dia a dia do escritório onde estão milhões de contos em ações e obrigações, em papel, empilhadas num cofre gigante.

Nessa altura, só há três corretores em Lisboa. Um é Abílio de Sousa. Outro é Eduardo Ricciardi – o bon vivant que terá sido a grande paixão da fadista Amália Rodrigues. E, por fim, o veterano Valentim Lourenço, que tinha um bom escritório na Rua de São Julião, número 138, no coração da baixa lisboeta.

Valentim não tem filhos e a tem o futebol do Benfica como a sua segunda casa. Sabe que está no final da vida, e procura alguém que possa continuar o negócio.

Foi Abílio de Sousa, já falecido, que contou a Maria Cândida Rocha e Silva, como tudo se passou. “Havia um corretor, em Lisboa, que era o Valentim que, sentindo-se velho e não tendo herdeiros, foi procurar junto do Dr. Abílio se lhe dava uma ideia sobre o que devia fazer, se devia fechar o escritório, como é que devia fazer…”. E aí Abílio disse a Valentim: “Eu sei que para o Pedro Caldeira, esse é o sonho da vida dele, é ser corretor…

Valentim convida Caldeira a ser, numa primeira fase, “proposto” dele, uma espécie de adjunto do corretor – e Caldeira aceita, claro, com o aguçado sentido de oportunidade que tinha. Mas, a viragem dos anos 70 para os 80, Valentim Lourenço fica doente e ausenta-se durante longos períodos. Pedro Caldeira fica a tomar conta do negócio. Na prática, em boa parte do tempo, já é ele o corretor.

Aos poucos, o negócio anima, graças à lista de clientes que Caldeira conquistou antes de a bolsa fechar por causa da revolução. E, quando Valentim regressa, o jovem promissor já tinha feito aumentar o movimento. Deram frutos os dias inteiros que passou ao telefone a tentar persuadir antigos investidores, traumatizados pelas perdas, a voltarem à bolsa. Caldeira “era um ótimo comercial”, recorda Maria Cândida Rocha e Silva.

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A bolsa de Lisboa, na altura, ficava na Praça do Comércio, ao lado do Ministério das Finanças. No outro torreão ficava o tribunal militar, onde trabalhava o pai de Caldeira.

AFP via Getty Images

Quando volta ao escritório, o patrão, Valentim, vê em Caldeira a solução para não ter de fechar. E o convite que lhe estava na cabeça há já algum tempo surge enquanto os dois comem um bife no restaurante Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço, não muito longe do edifício onde a bolsa funciona em Lisboa.

A proposta é simples: no imediato, Pedro fica a ganhar um terço do salário que tinha antes. Mas a contrapartida é aliciante: receber o trespasse do negócio de graça quando Valentim se afastar em definitivo, dentro de dois anos. “O Pedro apareceu no mercado como corretor precisamente por causa disso, porque teve um golpe de sorte…”, diz a presidente do Banco Carregosa.

A 23 de junho de 1983, Caldeira herdou o escritório do patrão e rapidamente se irá destacar entre os corretores na bolsa de Lisboa – ao fazer o primeiro grande negócio que é contado no primeiro episódio deste Podcast+ do Observador: a intermediação da venda de um enorme lote de títulos de dívida (obrigações) que lhe rendeu uma comissão de mil contos (cerca de 600 mil euros hoje).

A “febre” regressa, na entrada de Portugal na CEE

Pedro Caldeira apareceu na bolsa com ideias novas e a saber que para enriquecer a sério naquela profissão não se podia limitar a fazer o trabalho de forma administrativa e enfadonha. É preciso alargar horizontes, trazer investimento estrangeiro. E é preciso aparecer, estar nos jantares e nas festas onde se fala dos próximos grandes negócios entre a sobremesa e o café.

A partir de 1985, em Portugal, gerou-se uma nova “febre” na bolsa de valores, que se vai prolongar ao longo de todo o ano de 1986 (ano da adesão à Comunidade Económica Europeia, ou CEE) e estender-se até outubro de 1987.

Todos ganham com esta nova “bolha” na bolsa, que ficou conhecida como a época das OPV, as “operações públicas de venda”. Ganham as empresas, que conseguem dinheiro vendendo as próprias ações que, pela primeira vez, são postas no mercado. Ganham os bancos, que dão crédito fácil para a compra dessas ações e é depois com esse dinheiro que as empresas pagam o que devem à banca. E, numa fase inicial, ganha o Governo, que promove a formação do capitalismo popular.

Quando Cavaco Silva chegou a primeiro-ministro, em 1985, o ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, desafiou as empresas a entrar em bolsa e deu incentivos fiscais tentadores aos dois lados: a quem vendia e a quem comprava. Empresas, acionistas, bancos, investidores, até o Estado. A todos interessava que as ações sejam vendidas em bolsa a valores elevados.

Cavaco Silva e o seu ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, deram incentivos fiscais relevantes ao investimento na bolsa.

No espaço de apenas três anos, o volume de títulos negociados aumentou quatrocentas vezes: de 500 mil contos para 197 milhões. Uma das cotadas que criou fortunas foi a Caima, uma empresa de celulose que entretanto foi absorvida pela Altri do empresário Paulo Fernandes. Entrou na bolsa a valer 6 contos e quinhentos. No auge da euforia, cada ação chegou a valer 380 contos.

O pequeno investidor voltou em força, formando filas que dobravam o quarteirão à porta dos corretores. Há até quem leve cadeirinhas para se sentar, à espera de vez para dar ordens de compra e venda. Formavam-se “clubes de investidores” e adolescentes convenciam os pais a deixá-los investir em nome deles. Querem fazer fortunas instantâneas, comprando e vendendo ações de empresas que, muitas vezes, não conhecem minimamente.

Há muitos milhões a circular pelas mãos dos corretores, mas a bolsa não tinha estruturas para aguentar com aquele movimento todo. E muito menos tinham os corretores e, até, os bancos. Pedro Caldeira, que se tinha tornado o mais importante corretor da bolsa, tem tanto movimento que um dia decide que o escritório tem de estar sempre a funcionar. Os outros também trabalham até de madrugada, mas com ele funciona-se 24 horas por dia.

Só que é impossível controlar tudo o que se passa. A dada altura, uma funcionária levou para dentro do cofre do escritório um homem com quem se envolve romanticamente, um importante cliente da corretora… Por sorte, a única consequência é que, nove meses depois, Caldeira ganha um afilhado.

A dada altura, Caldeira vai encontrar mesmo um pintor, durante as remodelações do escritório, a usar títulos valiosíssimos para proteger o chão dos salpicos de tinta. No meio do caos, os erros são inevitáveis. E não apenas no super movimentado escritório de Caldeira. Há gente a dar ordem para comprar 10 ações e, em vez disso, por lapso, compram-se 100. Há clientes a receber na conta o dobro ou o triplo daquilo que tinham de receber. Alguns, os mais sérios, avisam o corretor. Outros fingem simplesmente que não vêem.

Caldeira e a mulher, Cristina, vedetas do jet set

O corretor bolsista tornou-se um habitué das revistas cor de rosa, o que é o mesmo que dizer da Olá Semanário, que era de longe a mais importante publicação desse género. Maria João Vieira, que foi editora nessa revista, explica que a Olá “era uma revista de glamour, no final dos anos 80, quando a situação económica e política começou a melhorar, mostrava como é que vivia a alta sociedade portuguesa, aquela alta sociedade da Foz do Porto, de Cascais e do Estoril”.

Aparecer naquelas páginas não era para qualquer um. “Eram umas páginas muito cobiçadas, toda a gente ao sábado queria ver para comentar. E acho que era o sonho de imensa gente era um dia ter a fotografia publicada na Olá. Lembro-me que recebíamos imensos pedidos de publicação de casamentos, imensos telefonemas de pessoas a perguntar quanto custava publicar a festa de anos, porque não tinham sequer a noção de que não era uma coisa paga”, explica Maria João Vieira.

Pedro Caldeira nunca precisou de pedir para aparecer na revista. Nem mesmo quando o negócio começou a ter problemas, depois do crash mundial que ficou conhecido como “A Segunda-Feira Negra”, em outubro de 1987. Caldeira nunca deixou de figurar entre os rostos mais bem conhecidos da alta sociedade de Lisboa e Cascais.

Alguns anos mais tarde, a festa de aniversário de Cristina Caldeira, em julho de 1989, pareceria mesmo um casamento real. A mulher que ainda há poucos anos era uma simples empregada de loja de roupa em Cascais, tem agora a brindar em honra dela figuras da nobreza europeia. O local da festa é o restaurante “La Meridiana”, nas colinas de Marbella, o local preferido dos ricos e famosos nas noites quentes de verão. Um dos convidados é a rainha incontestável do jet set da Costa do Sol – a Condessa Gunilla von Bismarck, bisneta do histórico chanceler alemão Otto von Bismarck. Também lá está o irmão de Fabíola da Bélgica, “Don” Jaime de Mora y Aragón, ator espanhol que tinha um dos bigodes aristocráticos mais repuxados da alta sociedade europeia.

Dias depois a imprensa espanhola vai referir-se ao evento como a “festa dos milionários portugueses“. Nada faria crer que, nessa altura, o negócio de Caldeira tinha dado para o torto e que o seu património pessoal estava a delapidar-se a grande velocidade. Tanto que o corretor teve de se socorrer das pessoas mais abastadas que conhecia e dar uso aos seus talentos de “Encantador de Ricos”.

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