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O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos durante a visita a uma habitação que ardeu na freguesia de Macinhata da Seixa no âmbito da deslocação aos territórios afetados pelos recentes incêndios., em Oliveira de Azeméis, 23 de setembro de 2024. PAULO NOVAIS/LUSA
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Pedro Nuno Santos esteve dois dias nos concelhos (socialistas) afetados pelos incêndios

PAULO NOVAIS/LUSA

Pedro Nuno Santos esteve dois dias nos concelhos (socialistas) afetados pelos incêndios

PAULO NOVAIS/LUSA

Pedro Nuno só visitou e reuniu com autarcas de concelhos afetados pelos incêndios que são do PS

Pedro Nuno Santos entendeu que, como líder do PS, devia privilegiar o contacto com os municípios socialistas. Autarcas do PSD ignorados dizem estar de "braços abertos" para receber líder socialista.

O secretário-geral do PS e líder da oposição visitou ou reuniu com autarcas de catorze concelhos afetados pelos fogos durante o périplo pelas zonas afetadas pelos incêndios, mas todos eles liderados pelo Partido Socialista. Alguns dos municípios onde houve mais área ardida — como Albergaria-a-Velha (CDS), Sever do Vouga, Castro Daire, Nelas, Vila Pouca de Aguiar, Alijó, Águeda ou Peso da Régua (todos PSD) — não receberam a visita de Pedro Nuno Santos e muitos foram totalmente ignorados pelo líder socialista. “Absolutamente nada”, “optou por fazer visitas partidárias”, lamentam autarcas sociais-democratas ouvidos pelo Observador.

Pedro Nuno Santos visitou Oliveira de Azeméis, Baião, Carregal do Sal e Mangualde e reuniu com presidentes de autarquias desses quatro concelhos e de mais 10: Cinfães, Penalva do Castelo, Resende, São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva, Arouca, Gondomar, Marco de Canavezes, Paredes e Santo Tirso. Todos estes municípios são liderados pelo Partido Socialista. Questionado pelo Observador, o gabinete de Pedro Nuno Santos justifica que “o secretário-geral do PS tomou a opção de reunir com os autarcas do seu partido, uma vez que foi na qualidade de secretário-geral que visitou os concelhos afetados”. O PS considera que, não sendo governante, é natural que o líder socialista visite apenas as áreas afetadas em concelhos liderados pelo PS.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos (C-E), conversa com o presidente da Câmara Municipal do Carregal do Sal, Paulo Catalino Ferraz (C-D),durante a visita a uma das zonas destruídas pelo fogo em Cabanas de Viriato, no âmbito de uma visita aos territórios afetados pelos recentes incêndios, em Carregal do Sal, 24 de setembro de 2024. PAULO NOVAIS/LUSA

Pedro Nuno Santos com o presidente da câmara de Carregal do Sal, o socialista Paulo Catalino Ferraz

PAULO NOVAIS/LUSA

A presidente da câmara de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, disse ao Observador que “não houve qualquer contacto do líder do PS”, apesar de o concelho ter registado mais de 10 mil hectares ardidos, cinco casas destruídas, bem como três armazéns agrícolas, um armazém industrial, depósitos de água, e várias culturas atingidas. A autarca do PSD acrescentou, no entanto, que terá “todo o gosto” em receber Pedro Nuno Santos no município.

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O presidente da câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, disse também que “não houve absolutamente nenhum contacto” do líder do PS em nenhum momento. O autarca do PSD sublinhou que teria sido mais grave se “fosse um membro do Governo a fazê-lo”, e que a escolha de só visitar municípios socialistas é legítima, mas torna uma visita do líder da oposição numa “deslocação meramente partidária”. “Torna mais evidente que não privilegiou visitar os municípios por necessidade de ajuda, mas pela cor partidária”, concluiu o autarca social-democrata.

Já o presidente da câmara municipal de Águeda, distrito de Aveiro, pelo qual Pedro Nuno Santos foi eleito, disse que o líder do PS lhe ligou no dia 18 de setembro à hora de almoço. Jorge Almeida, do PSD, contou que “a conversa foi demorada e bastante focada nos problemas” e que o secretário-geral do PS até “manifestou disponibilidade para ajudar a encontrar soluções a implementar com o governo”. No entanto, em nenhum momento “mostrou intenção de ir a Águeda“. Durante o período dos incêndios, o líder do PS, que também é deputado eleito por Aveiro, contactou dois autarcas do distrito de concelhos afetados por mensagem (Ribau Esteves, de Aveiro, e António Loureiro, de Albergaria-a-Velha). Mas também não visitou estes concelhos — que são, respetivamente, PSD e CDS — neste périplo pelas áreas ardidas.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, durante a visita a uma das zonas destruídas pelo fogo em Cabanas de Viriato, no âmbito de uma visita aos territórios afetados pelos recentes incêndios, em Carregal do Sal, 24 de setembro de 2024. PAULO NOVAIS/LUSA

Pedro Nuno Santos a visitar a área ardida em Carregal do Sal

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O presidente da Câmara Municipal de Sever do Vouga também não recebeu qualquer contacto do líder da oposição para uma visita ao concelho. Pedro Lobo, em declarações ao Observador, deixou claro que estaria recetivo a receber Pedro Nuno Santos: “Estamos de braços abertos para receber todos os líderes partidários, hoje e sempre, independentemente da cor partidária. Quem vier por bem é sempre bem vindo.”

Ministro da Agricultura visitou dois concelhos do PS

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, ainda não foi ao terreno, mas o líder do PS já o desafiou ao dizer que devia ir às áreas ardidas para “ouvir a população, ouvir os autarcas e perceber que há um mundo para trabalhar para lá da mera perseguição ou punição de responsáveis, que devem ser perseguidos e punidos, obviamente, mas há todo um trabalho muito importante para fazer”. O próprio Pedro Nuno Santos só ouviu, no entanto, a população de concelhos em que o PS foi o partido mais votado.

Depois de o ministro Adjunto e da Coesão Territorial ter estado no terreno durante os incêndios, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, visitou esta terça e quarta-feira os concelhos afetados. Além de visitar quatro concelhos do PSD (Sever do Vouga, Nelas, Castro Daire, Vila Pouca de Aguiar), um do CDS (Albergaria-a-Velha), visitou dois do Partido Socialista (Penalva do Castelo e Marco de Canaveses).

O critério do Governo, ao que apurou o Observador, esteve relacionado com a área ardida e com as culturas agrícolas afetadas, tendo em conta a área de intervenção da tutela.

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