Foi um ano letivo atípico, boa parte dele passado em casa, a ver os professores por um ecrã de computador. Para além da mudança para o ensino à distância, a pandemia de Covid-19 obrigou o Ministério da Educação a mudar as regras dos exames nacionais, com consequências diretas nos rankings das escolas divulgados todos os anos. Apesar disso, os padrões são semelhantes aos de anos anteriores e os alunos de escolas privadas continuam a ter, nos exames, médias superiores aos dos colegas da rede pública.
Em 2020, os primeiros 50 lugares do ranking são ocupados por colégios, quando no ano anterior eram 36. Apesar disso, a fatia da rede privada que consegue entrar para o top 100 diminuiu: este ano está quase nos 61% (60,7%) do total de todas as escolas privadas, quando em 2019 chegava aos 71,7%%.
Uma escola de música no topo
Como está, então, o topo da tabela? Em primeiro lugar aparece a Academia de Música de Santa Cecília, em Lisboa. O segundo lugar é para o Colégio Arautos do Evangelho, em Guimarães, e, o terceiro, para o Colégio Efanor, em Matosinhos, nomes que não costumamos encontrar no topo do ranking.
Academia de Música é a melhor escola. “As pequenas falhas põem grupo em causa e todos sabem disso”
Na Academia de Música de Santa Cecília, a média obtida pelos alunos é de 18,17 valores, um número bastante mais alto do que o recorde do ano passado (15,62), alcançado no Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, e que este ano aparece em 4.º lugar (17,61). Santa Cecília, para além do 1.º lugar, obteve também a média mais alta a Geometria Descritiva (20 valores com 2 exames feitos), empatada com mais 7 escolas. A Física e Química (17,92), com 20 provas realizadas, teve a segunda média mais elevada do país.
O que nos dizem os rankings? Em 15 gráficos, perceba como andam as secundárias de Portugal
Embora não seja invulgar as escolas de música terem alunos com excelentes notas, elas destacam-se no ranking do 9.º ano. Quando chegam ao secundário, as notas não descem, mas o número de alunos sim, acabando por não ter provas em número suficiente para serem consideradas no ranking. É o que acontece com as escolas que este ano aparecem nos lugares cimeiros.
Em todas elas foram feitos menos de 80 exames, o valor mínimo, em anos anteriores, para uma escola poder ser considerada na ordenação feita pelo Observador, em parceria com a Nova SBE, com base nos dados do Ministério da Educação.
Este ano, devido à mudança de regras, essa exigência cai. Sem pandemia, estas três escolas — que fizeram 64, 4 e 76 exames respetivamente — não apareceriam na tabela.
O quarto lugar, como já dissemos, é para um nome familiar: o Colégio Nossa Senhora do Rosário para onde, nos últimos anos, tem ido sempre o primeiro lugar do secundário.
Segue-se, em quinto lugar, o Colégio D. Diogo de Sousa, também uma escola habitualmente no topo da tabela. Logo a seguir está o Colégio Cedros, onde os alunos também alcançaram a média mais elevada, de 18,48 valores, a Biologia e Geologia — este, tal como as escolas que aparecem nos 3 primeiros lugares, num ano normal não teria lugar no ranking já que, no total, só foram feitas 39 provas.
Para fechar o top 10 seguem-se o Grande Colégio Universal, o Colégio de Nossa Senhora da Assunção, o Colégio de S. Tomás e o Colégio São João de Brito.
Para além de Geometria Descritiva, também na disciplina de Matemática acontece algo inusitado: a média mais alta entre as escolas que aparecem no ranking é de 20 valores, obtida pelo único aluno da Escola Secundária de Figueira de Castelo Rodrigo que fez esta prova.
Públicas. Melhor resultado em Viana do Castelo
Quando se olha para as escolas públicas que estão nos lugares cimeiros da tabela, acontece o mesmo que com as privadas: três delas fizeram menos de 80 provas e sem as regras alteradas não apareceriam no ranking. São elas a Escola Básica e Secundária Miguel Torga, em Bragança, que com 78 exames ficou em 3.º lugar; a Secundária de Vale do Tamel, em Lijó, Barcelos (52 provas, 8.º lugar entre as públicas) e a Secundária Engenheiro Dionísio Augusto Cunha, em Nelas (68 exames, 9.º lugar).
As médias subiram e as privadas melhoraram. O que aprendemos com os exames da pandemia?
O melhor resultado dos alunos de escolas públicas encontra-se em Viana do Castelo. Com 88 provas realizadas, a média dos estudantes da Escola Básica e Secundária de Arga e Lima, em Lanheses, é de 15,21 valores, garantindo-lhe o 51.º lugar no ranking global. Olhando para as médias por disciplinas, o melhor resultado dos estudantes desta escola é a Filosofia: 18,80, conseguidos com 3 exames, e que lhe garantem o 8.º lugar no ranking da disciplina.
O segundo lugar entre as escolas públicas é para a Secundária Quinta das Palmeiras, na Covilhã, que com 418 exames realizados tem uma média de 15,12 valores e o 55.º lugar da tabela. O terceiro lugar é para a escola de Barcelos e o quarto para a Infanta D. Maria, em Coimbra (59.º), uma secundária que costuma conseguir bons resultados, para além de ser a mais bem classificada do seu concelho. Segue-se uma escola de Lisboa, a Secundária D. Filipa de Lencastre, onde os alunos realizaram 544 exames e conseguiram uma média de 14,93 valores. É também a mais bem cotada do concelho.
Para fechar o top 10, falta ainda a Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim (64.º), a Alves Martins, em Viseu (65.º com 1.480 exames realizados, o número mais elevado entres as 10 públicas com melhores resultados), e a Domingos Sequeira, em Leiria (70.º).
Este ano, em relação à última ronda de exames sem Covid-19, houve várias alterações. Para começar, em 2020 não houve provas do 9.º ano e, assim, este ano o único ranking possível é o do ensino secundário. Também aqui houve mudanças: só se fizeram 16 dos habituais 20 exames e as provas não foram requisito obrigatório para concluir o ensino obrigatório. Assim, os alunos que não se candidataram ao ensino superior não fizeram exames e, para aprovação, só contaram as notas internas, atribuídas pelos professores.
Os exames serviram apenas como específicas para ingresso no ensino superior, o que fez com que o número de alunos que fizeram provas tenha caído. Cada um deles teve também fez menos exames do que o habitual. As regras de correção e a própria estrutura dos exames mudaram: cada prova teve um número limitado de perguntas obrigatórias e, entre as opcionais, só contaram as respostas em que os alunos tiverem melhor classificação. Por tudo isto, os rankings de 2020 não são comparáveis com outros anos letivos anteriores.