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Quem tem medo do papão? As criaturas fantásticas do imaginário popular português

No que diz respeito às criaturas fantásticas, os mais pequenos estão mais familiarizados com vampiros, dragões ou fadas-madrinhas. Mas Portugal também tem as suas bruxas, anões e até gigantes.

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(Artigo originalmente publicado em 2017 e republicado por altura do Halloween de 2019)

Nuno Matos Valente tornou-se professor de artes visuais em 2002. Desde então, muita coisa mudou, incluindo os alunos. “Reparei que, nestes 15 anos, cada vez que perguntava o que é que ia acontecer nesta época do 31 de outubro, havia cada vez mais meninos que falavam no Halloween.” Ao contrário do que acontecia no tempo em que se tornou professor, já ninguém falava nas velhinhas tradições do “pão por Deus” ou do “bolinho”, que levavam as crianças de porta em porta no primeiro dia de novembro. “Em menos de uma geração”, como apontou Nuno em conversa com o Observador, as tradições portuguesa estavam a ser substituídas pelo mais popular e apelativo Halloween, uma celebração de origem celta que, apesar de ter nascido nas ilhas britânicas, foi a partir dos Estados Unidos da América, para onde foi levado pelos imigrantes irlandeses, que se espalhou pelo resto do mundo.

Apercebendo-se do que estava a acontecer, Nuno Matos Valente decidiu que tinha de fazer alguma coisa — era necessário preservar as antigas histórias portuguesas de monstros, bruxas e almas penadas e mostrar que “há uma alternativa” para “quem quer brincar com monstros, aos sustos”. Coisas que têm “um lugar fundamental no crescimento das crianças” e que podem ser feitas com histórias e criaturas “que têm mais a ver com a nossa tradição”. Foi assim que surgiu na cabeça do professor e autor a ideia que viria a transformar no livro Bestiário Tradicional Português que, apesar de ser dirigido aos mais pequenos, acaba por apelar a “muita gente”. Porque, tal como Nuno, há muitos outros adultos que “têm memória daquelas histórias”, que lhes foram contadas pelos pais ou pelos avós.

A segunda edição do Bestiário Tradicional Português, das Edições Escafandro, saiu em setembro, mesmo a tempo do Halloween

Apesar de o livro contar com as ilustrações de Natacha Costa Pereira, que desde 2006, trabalha na companhia de teatro de marionetas S.A. Marionetas — Teatro & Bonecos, em Alcobaça, como marionetista, cenógrafa, construtora de marionetas e dramaturga, a pesquisa ficou toda a cargo de Nuno Matos Valente. Durante quatro anos, o escritor de livros infantis reuniu dezenas de histórias a partir de obras de autores como o etnógrafo José Leite de Vasconcelos, Alexandre Herculano ou Teófilo Braga mas também de relatos orais. “Deslocámo-nos até pessoas que ainda vivem como vivíamos há 50 anos e ouvimos alguns relatos”, explicou Nuno. Ao todo, foram recolhidas 120 histórias, mas havia um problema: “Havia ali algumas criaturas que partilhavam o nome, mas que eram diferentes consoante a pessoa ou a região”. Isto significava que era difícil chegar a um consenso em relação à imagem final desses monstros para que Natacha pudesse passá-los para o papel. Por essa razão, muitas dessas criaturas tiveram de ficar de fora. Não havia como representá-las.

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“O Pai Natal não têm 20 formas como o olharapos, tem uma”, e isso tem a ver com a “capacidade que algumas culturas têm de cristalizar algumas imagens, de chegarem a um acordo.”
Nuno Matos Valente, autor

Nuno Matos Valente acredita que foi precisamente esta falta de definição que fez com que as tradições portuguesas começassem a ser substituídas por outras, nomeadamente pelo Halloween. E garante que já não é a primeira vez que isso acontecesse. “Aconteceu com o Pai Natal. A primeira vez que se fez uma árvore de Natal em minha casa já era maior de idade, e eu tenho 40 anos.” Antigamente, nas casas portuguesas, quem trazia os presentes na noite de Natal não era um velhinho de barbas brancas, mas o Menino Jesus. O Pai Natal, tal como o Halloween, é uma importação do norte da Europa que pegou com facilidade porque a sua imagem há muito que foi cristalizada. “O Pai Natal não têm 20 formas como o ‘olharapos’, tem uma”, e isso tem a ver com a “capacidade que algumas culturas têm de cristalizar algumas imagens, de chegarem a um acordo”. Em Portugal, pelo contrário, nunca chegou a haver este processo de fixação, algo que Nuno e Natacha esperam conseguir mudar com o Bestiário. Ou, pelo menos, “contribuir para a definição de uma imagem, para a cristalização, de forma a que alguém possa pegar neste trabalho e criar outro com base nestas figuras, de maneira a que as crianças possam ter uma imagem mais cristalizada” destas criaturas.

Nuno garante que as ilustrações que acompanham a descrição dos monstros e monstrinhos não são mais do que a “interpretação artística” dos autores e que há, naturalmente, pessoas que irão discordar. “Há pessoas que não vão concordar com a nossa interpretação, da minha e da ilustradora, da Natacha”, afirmou, acrescentando que também não é obrigatório que concordem porque são apenas uma “opinião”. “É a nossa proposta. O nosso trabalho tentou passar por definir como seriam aquelas criaturas. Por cristalizar, dar forma, a criaturas que só existiam em histórias. É um trabalho difícil, que fizémos à nossa maneira.” E assim, os dois autores tornaram-se em mais um “elo da longa cadeia popular” que trouxe estas histórias tradicionais “até nós”.

O que é certo é que, desde a publicação do Bestiário, foram várias as escolas que começaram a prestar mais atenção às histórias tradicionais portugueses. Nuno já visitou algumas. Uma das mais recentes foi o Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, que, em vez de comemorar o Halloween, decidiu dedicar uma semana às tradições assustadoras, de modo a incluir as portuguesas. Isso nunca tinha acontecido. “Exploraram com os alunos, fizeram construções, uma série de coisas. Permitiu que chegasse aos alunos e fez com que esta geração ficasse a saber mais sobre as tradições do folclore do que a minha”, disse Nuno Matos Valente. “São sementinhas que vamos deixado.”

“O nosso trabalho tentou passar por definir como seriam aquelas criaturas. Por cristalizar, dar forma, a criaturas que só existiam em histórias. É um trabalho difícil, que fizemos à nossa maneira."
Nuno Matos Valente, autor

A grandiosa caçada ao gambozino

Em setembro, Nuno Matos Valente e Natacha Costa Pereira decidiram lançar uma segunda edição aumentada do Bestiário Tradicional Português, que inclui agora cerca de 40 criaturas de vários pontos do país. Mas o trabalho está longe de ter terminado. No início de outubro, anunciaram que tinham uma lista de novos candidatos, composta por seres misteriosos como a “Luz da Caniceira”, o “Avejão” ou o “Cavalo de Água”, que poderão vir a integrar uma segunda versão revista e alargada ou um segundo volume (se houver material para isso). O que é certo é que terá de “haver uma continuação”, garantiu Nuno ao Observador. E essa continuação terá obrigatoriamente de incluir o “gambozino”.

Desde o lançamento da primeira edição que têm sido muitos os leitores a interrogar Nuno e Natacha sobre o paradeiro do “gambozino”. É que, para desgosto de muitos, ao longo das mais de 60 páginas do Bestiário, não existe uma única referência à criatura. Só que descobrir o que é um “gambozino” não é assim tão fácil — Nuno já reuniu cerca de 100 descrições diferentes que a única coisa que têm em comum é a figura de um saco. “A piada do ‘gambozino’ é não ter forma.” E se isto se aplica ao ‘gambozino’, “aplica-se a tantos outros”.

Além do “gambozino”, Nuno tem atualmente “mais uma série de criaturas” com potencial “para ilustrar”. “À medida que fomos recolhendo, fomos reparando que algumas se relacionam entre si. Há diferentes mitologias populares. As criaturas do Algarve são muito diferentes das de Trás-os Montes. Essas são mais terríveis — são anões, gigantes. No sul, no Algarve, também há almas penadas, mas são sobretudo histórias de pessoas que voam, que cavalgam. São mais heróicas. Há lendas que variam muito de região para região e algumas que se relacionam entre si. Há criaturas que só têm medo de determinadas criaturas.”

Exemplo disso é o “Homem do Chapéu de Ferro”. Natural do sul do país, trata-se de uma criatura colossal que tem um enorme chapéu de ferro enterrado na cabeça, corpo de bronze e boca rasgada. Só aparece à meia-noite ou quando os galos cantam, e anda sempre acompanhado por um animal, que pode ser um porco preto ou um enorme veado. Vingativo e violento, mata os homens que odeia, assaltando-os e matando-os. A única figura capaz de lhe fazer frente é a “Velha da Égua Branca”, de quem foge a sete pés. E quem é esta “Velha da Égua Branca”? Trata-se de uma figura benigna, que anda sempre a galope numa égua. Surge nas noites de lua cheia ou de muito luar. A sua história só é contada no sul do país, tal como a do “Homem do Chapéu de Ferro”.

“Há diferentes mitologias populares. As criaturas do Algarve são muito diferentes das de Trás-os Montes. Essas são mais terríveis — são anões, gigantes.”
Nuno Matos Valente, autor

Como estas duas personagens, existem muitas outras. E esse é o próximo desafio de Nuno — “criar uma história que as relacione”. Enquanto essa nova história não chega, reunimos algumas das criaturas fantásticas que podem ser encontradas no Bestiário de Nuno e Natacha, publicado pelas Edições Escafandro.

Bicho-Papão

Dimensão: variável (consoante a imaginação)

Alimentação: crianças mal-educadas e mal-comportadas

Habitat natural: cantos escuros, como sótãos ou armários

Não sabemos se o “Bicho-Papão” gosta de jogar à bola, mas é certo que gosta de se alimentar de crianças mal-comportadas (Ilustração: Natacha Costa Pereira/Edições Escafandro)

O “Bicho-Papão” é um das criaturas mais populares do imaginário português. As suas histórias, contadas de norte a sul do país, fazem há muito parte da memória coletiva dos portugueses. Além disso, pode ser encontrado em muitos outros países, como a vizinha Espanha, sob outros nomes. Comedor de crianças mal-comportadas e desobedientes, pode assumir várias formas e feitios, dependendo da imaginação de cada criança (ou adulto). Costuma aparecer durante a noite e esconder-se em lugares escuros ou pouco utilizados da casas, como vãos de escada ou armários vazios, onde fica à escuta dos meninos e meninas mal-educados que engole inteiros ou às postas, dependendo do seu tamanho.

Tardo

Dimensão: depende do animal em que se transforma

Alimentação: não costuma ter fome

Habitat natural: antigos caminhos, à noite

Os corredores de fado são uma das muitas espécies de animais fantásticos que podem ser encontrados no território português. De acordo com Nuno Matos Valente, tratam-se de pessoas normais que foram amaldiçoada, ou seja, obrigadas a “correr o fado”. A maldição pode surgir por várias razões: se padrinho se esquecer de dizer certas palavras durante o batizado, por exemplo, é certo e sabido que o bebé se irá transformar num corredor. O sétimo irmão também corre o risco de se vir a transformar num destes monstros, muito fáceis de identificar — costumam ser pessoas “muito pálidas, com olhos massados e mãos extremamente calosas”, explica Nuno Matos Valente no Bestiário.

Existem três tipos de corredores (e uma corredora, a “Pereira de Lobos”, menos comum): os “Tardos”, os “Lobisomens” e os “Corrilários”, três fases da mesma evolução. Estes podem encontrados um pouco por todo o país, mas mais dificilmente no literal, provavelmente por não existirem tantas zonas de arvoredo onde se podem esconder.

O “Tardo” é uma espécie de mutante. Pode transformar-se em qualquer animal, mas geralmente prefere ganhar a forma de um cão, um burro, um lobo ou um bode. A mutação acontece sempre à meia-noite, numa encruzilhada onde um animal tenha estado deitado, depois de o tardo se despir e pendurar a sua roupa na árvore mais alta que encontrar. Além deste cuidado extremo com a roupa que veste, sabemos que o tardo não tem por hábito magoar as pessoas que se atravessam no seu caminho — apenas as deixa desorientadas, provocando pesadelos nos que dormem. Segundo Nuno Matos Valente, as melhores noites para avistar um tardo são as de sexta-feira (calculamos que as que calham no dia 13 ainda são melhores), as de São João ou as de lua cheia.

Se durante sete anos ninguém quebrar a maldição — o “fado” — do tardo, este transforma-se num “Lobisomem”. E aí a coisa torna-se mais complicada — é que, ao contrário do tardo, o lobisomem é uma criatura feroz com gosto por sangue humano. Além de pequenos animais, a sua dieta alimentar costuma incluir crianças ou homens (de estatura baixa ou indefesos) que surpreende em caminhos que seguem em linha reta. Por razões que desconhecemos, o lobisomem não consegue correr por caminhos tortos.

Quando o lobisomem morre, transforma-se num “Corrilário”, ou seja, numa alma penada com forma de cão. Ao contrário do seu antecessor, o “Corrilário” pode andar por toda a parte, a qualquer hora do dia ou da noite, e percorrer caminhos tortos ou direitos. E é “ferocíssimo”. A única forma de evitar que um lobisomem se torne num “Corrilário” é quebrando a sua maldição. Para isso, é preciso fazê-lo sangrar ou disparar uma bala contra a sua sombra.

Verdugo Barbudo

Dimensão: do tamanho de uma cobra (coisa menos coisa)

Alimentação: pequenos animais

Habitat natural: zonas pedregosas

Um “Verdugo Barbudo” é uma cobra de grandes dimensões com uma barba igual à dos humanos, a única característica que a distingue de uma cobra de verdade. Característica da zona interior do país, gosta de se esconder entre as pedras e acatar os mais desprevenidos. Segundo Nuno Matos Valente, existem algumas “Moiras Encantadas” que se transformam em “Verdugos Barbudos” quando estão em “certas fases do seu encantamento”. As “Moiras Encantadas” são as criaturas sobrenaturais mais comuns em Portugal Continental, que assumem a forma de mulheres com longos cabelos loiros ou negros. São frequentemente as guardiãs de grandes tesouros subterrâneos e prometem entregá-los a quem as liberte do seu encantamento. O problema é que nem sempre cumprem o que prometem.

Cavalo do Pensamento

Dimensão: do tamanho de um cavalo

Alimentação: desconhecida

Habitat natural: céu

O “Cavalo do Pensamento” é uma criatura única no imaginário português, que é capaz de deitar fogo pelas narinas enquanto cruza os céus (Ilustração: Natacha Costa Pereira/Edições Escafandro)

Tem corpo de cavalo, asas de morcego e deita fogo pelos olhos, pela boca e às vezes pelas narinas. Parece uma criatura saída dos livros de J.K. Rowling, mas o “Cavalo do Pensamento” é bem português. Característico do norte e do sul do país, a sua história é também conhecida na ilha da Madeira. É assim chamado porque aparece em auxílio de quem pensa nele com força suficiente. Tem o poder de reunir as nuvens e provocar tempestades. De acordo com Nuno Matos Valente, não pode ser considerado nem bom nem mau porque, apesar de aparecer em auxílio de quem o chama, é conhecido por ter destruído povoações inteiras por capricho. “Ao contrário de outras criaturas mais numerosas só existe um ‘Cavalo do Pensamento’.”

Mulher Marinha

Dimensão: do tamanho de um humano

Alimentação: marinheiros

Habitat natural: à beira-mar, dentro e fora de água

A sereia é uma figura presente em várias mitologias. Portugal não é exceção. A sereia portuguesa, conhecida por “Mulher Marinha (ou “Fadas Marinha”), podia ser encontrada junto à costa onde, com a sua voz belíssima, atraía os marinheiros para a morte. A grande peculiaridade da sereia portuguesa era a de, da cintura para baixo, não ter apenas escamas — a barbatana termina em dois pés iguais aos das cabras. Além disso, tinha orelhas enormes, que lhe chegavam aos ombros.

Aventesma

Dimensão: maior do que um homem

Alimentação: desconhecida

Habitat natural: zonas rurais, antigos caminhos

A “Aventesma” é uma espécie de fantasma. Parece uma pessoa muito alta, vestida como uma batina ou com uma camisa até aos pés, e quanto mais se olha para ela, mais ela cresce. De tal forma que, se alguém olhar durante tempo suficiente, a criatura irá crescer tanto que formará um arco” que pode ser atravessado. Para saber se a “Aventesma” permite a passagem, deve atirar-se um tamanco pela abertura, explica Nuno Matos Valente. Se o tamanco passar, o seu dono pode passar por baixo do arco e seguir com o seu rumo. Se o tamanco voltar para trás, a passagem está interdita e abater-se-á uma grande desgraça sobre quem se atrever quebrar esta regra.

Olharapos

Dimensão: gigantesca

Alimentação: vacas, ovelhas ou pessoas

Habitat natural: regiões remotas e inacessíveis

O “Olharapos” é uma criatura gigantesca com três olhos na testa (Ilustração: Natacha Costa Pereira/Edições Escafandro)

Uma das cenas mais famosas da Odisseia, de Homero, relata o encontro de Ulisses com Polifemo, um ciclope que vivia numa gruta perto da Sicília. Além do tamanho fora do normal, havia uma coisa que caracterizava Polifemo (e que fazia dele um ciclope) — o único olho que tinha, no meio da testa. Apesar de a história ter origem grega, os ciclopes não são exclusivos daquela região. Longe disso. Há até uma espécie de ciclope que vivia aqui em Portugal, mas que é conhecida por outro nome (mais difícil de pronunciar) — é o “Olharapos”.

Como explica Nuno Matos Valente, o “Olharapos” é uma criatura gigante que pode ter apenas um olho no meio da testa, três olhos ou até mesmo dois à frente e dois na nuca. Tal como Polifemo, não é muito dados a simpatias (apesar de não serem muitos inteligentes, têm muita força e são extremamente violentos). Alimenta-se de quase tudo o que encontram, incluindo seres humanos, e vive em cabanas ou casebres que ele próprio constrói no meio do mato. A melhor forma de evitar qualquer contacto com um “Olharapos” é usar uma “camisa invulnerável” ou “camisa de socorro”. A “camisa invulnerável” é, de acordo com o autor, “um objeto com propriedades mágicas que deverá ser tecida e confecionada numa só noite”.

Ilustrações do “Bicho-Papão”, “Cavalo do Pensamento”, “Aventesma” e “Olharapos” cedidas pelas Edições Escafandro

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