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A Rumble é uma empresa canadiana criada em 2013, até há bem pouco tempo uma desconhecida

Bloomberg via Getty Images

A Rumble é uma empresa canadiana criada em 2013, até há bem pouco tempo uma desconhecida

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Rumble, a plataforma de vídeo que acolhe os “incanceláveis” afastados do YouTube

A Rumble desenvolve “tecnologias imunes à cultura de cancelamento” e tem sido a escolhida por muitas personalidades, a maioria conservadoras, para contornarem os bloqueios das grandes plataformas.

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“Acredito que estamos numa posição para ir atrás do YouTube”, diz sem rodeios Chris Pavlovski, CEO da Rumble, uma empresa com dez anos de vida, que até há pouco tempo era apenas uma ilustre desconhecida. Pavlovski quer transformar um dos negócios da companhia, a plataforma de vídeo Rumble, numa alternativa às soluções das grandes tecnológicas, como o YouTube ou o Twitch.

Mas há algo de diferente nesta plataforma: a ideia de que desenvolve “tecnologias imunes à cultura do cancelamento” e onde a liberdade de expressão impera. “Existimos para as pessoas que têm alguma coisa a dizer e a partilhar, que acreditam em expressão autêntica e que querem controlar o valor das suas próprias criações”, lê-se no manifesto da plataforma, que diz estar numa “missão para proteger uma internet livre e aberta”, através de uma “plataforma neutra de vídeo”. “Somos um movimento que não limita, censura ou pune a criatividade e a liberdade de expressão.”

Nos últimos dois anos ganhou tração com um tipo específico de criador de conteúdo: os conservadores norte-americanos. Também existam na Rumble vídeos de jogos ou receitas, mas é difícil escapar aos conteúdos de comentário político e críticas ao que dizem ser uma “woke culture”. Normalmente, os vídeos são de tom inflamado sobre temas da atualidade — um dos conteúdos preferenciais da semana foi o tiroteio numa escola católica em Nashville – apresentados com títulos em maiúsculas e imagens chamativas, com chamas ou até caricaturas de caras conhecidas do partido democrata, de Joe Biden até à senadora Elizabeth Warren.

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A Rumble recebeu de braços abertos quem foi bloqueado no YouTube e nas redes sociais e quem diz estar a ser “censurado” por perspetivas alegadamente diferentes da opinião geral. Nos Estados Unidos, onde está a maioria dos utilizadores da Rumble, a Covid-19 e as vacinas foram um tema fraturante, que levou as big tech a bloquear criadores de conteúdo ou a sinalizar vídeos por desinformação. Dan Bongino, um conservador e comentador na Fox News, é um desses casos: no ano passado foi banido permanentemente do YouTube por desinformação ligada à Covid-19. Transferiu-se para a Rumble, onde atualmente protagoniza um programa diário, que tem habitualmente milhares de visualizações.

O comediante conservador Steven Crowder tem uma história semelhante: entrou em rota de colisão com o Daily Wire, o site fundado pelo também conservador Ben Shapiro, e agora integra o lote de criadores de conteúdo que trabalham exclusivamente com a Rumble. Andrew Tate, que foi banido do YouTube, Tiktok, Facebook e Instagram por comentários misóginos, também se refugiu na plataforma da empresa canadiana até ter sido preso na Roménia por suspeitas de crime organizado e tráfico humano. E, embora não seja assumidamente da ala conservadora, o comediante britânico Russell Brand tem conteúdos nesta plataforma desde que se decidiu afastar do YouTube por aquilo que considerou ser “censura” a comentários sobre a Covid-19.

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O cartão de visita das vozes conservadoras tem contribuído para o aumento da base de utilizadores, que no final de 2022 chegava aos 80 milhões de utilizadores mensais ativos. Mas a empresa canadiana não tem apenas a plataforma de vídeos: está a desenvolver uma infraestrutura cloud própria, já tem uma estrutura de anúncios e tem o Locals, o seu próprio serviço de subscrições.

Os números que regem a plataforma Rumble

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A empresa apresentou esta semana as contas de 2022. No final do ano, tinha 80 milhões de utilizadores ativos mensais, um aumento de 142% em relação aos 33 milhões que tinha no fim de 2021. A grande maioria (81%) dos utilizadores estava nos EUA e Canadá.

Por dia, foram carregados 10.373 minutos de vídeo, o que representou um aumento de 216% em relação aos 3.278 de 2021. A média de minutos vistos por mês aumentou 31%, para 11,1 mil milhões.

A empresa gerou mais receitas no ano passado, passando para 39,4 milhões de dólares, um aumento de 316% em relação a 2021. Também as despesas aumentaram significativamente, passando dos 20 milhões de dólares (18,4 milhões de euros) em 2021 para 75 milhões no ano passado (69 milhões de euros), especialmente devido ao aumento dos custos de serviços, categoria onde estão as despesas com conteúdo, como os contratos de exclusividade ou alojamento de vídeos.

Feitas as contas, a Rumble teve um prejuízo de 11,4 milhões de dólares no ano passado (10,5 milhões de euros), ainda assim uma redução face aos 13,4 milhões de dólares de prejuízo (12,3 milhões de euros) do ano anterior.

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A Rumble integra o grupo das chamadas plataformas “alt-right”, viradas para um público mais conservador, ao lado de nomes como a Gab ou a Palmer, que também tentam promover a ideia de discurso livre e com menos restrições em comparação com o YouTube. Chris Pavlovski, CEO da empresa, diz que a “audiência da Rumble é uma das mais valiosas do planeta”, argumentando que os conservadores são por vezes “subestimados”. Na sua ótica, só na Rumble é que há espaço para “autenticidade a sério”, sem as amarras que supostamente existem nas plataformas das big tech.

Rumble, plataforma de vídeo alt-right

A página inicial da Rumble

“É uma questão de marketing”, explica ao Observador Robert W. Gehl, investigador e professor associado de estudos da comunicação e media na Universidade de York. “A Rumble está a tentar replicar uma tática antiga usada pelos empreendedores nos media alternativos, incluindo os media de direita: fazer alegações de que os seus conteúdos não são permitidos nas opções de massas e que este é um canal para todos aqueles deixados de fora das outras plataformas.” Depois a atenção é transformada em anúncios, remata.

“Quem utiliza tem uma sensação de entusiasmo por ver coisas que supostamente ‘não são permitidas’ noutros sítios, enquanto a Rumble conquista uma fatia do mercado ‘alt-right’.” Mas, segundo o investigador, isto nem sempre corresponde à verdade. “Se olharmos para muitos dos canais que estão na Rumble percebemos rapidamente que também estão a publicar conteúdo noutras plataformas de redes sociais, incluindo naquelas que ‘cancelam’ pessoas. Tudo isto é pose, uma tentativa de lucrar com a indignação.”

É frequente encontrar vídeos sobre tiroteios, críticas aos chamados “media liberais” ou aos apelidados de “lunáticos” membros do partido democrata. No ano passado, a consultora Pew Research analisou as ditas plataformas alternativas, incluindo a Rumble, e concluiu que, por ordem de importância, as armas, o aborto, temas LGBTQ, o ataque ao Capitólio e as vacinas eram os assuntos mais populares. Ainda que só 20% dos norte-americanos adultos afirmassem conhecer a Rumble e que ainda menos (2%) a usassem regularmente para obter informações, 76% simpatizavam com o partido republicano. A Pew Research chegou à mesma conclusão que o professor Robert W. Gehl: 55% das contas mais relevantes na Rumble continuavam a publicar os mesmos conteúdos noutros sites, incluindo Facebook, Twitter e YouTube.

Gehl reconhece que existe na Rumble “um conservadorismo mais ou menos convencional”, especialmente quando se compara com outras plataformas. “A Gab é um caso único, porque aceita de forma aberta nazis”, refere. “Não há uma enorme diferença entre essas posições nos Estados Unidos agora, mas ainda há alguma”, nomeadamente no facto de “os supremacistas brancos apresentarem de forma aberta as suas visões racistas e transfóbicas, enquanto os conservadores mainstream tendem a usar maior subtileza”.

“Se olharmos para muitos dos canais que estão na Rumble percebemos rapidamente que também estão a publicar conteúdo noutras plataformas de redes sociais, incluindo naquelas que ‘cancelam’ pessoas. Tudo isto é pose, uma tentativa de lucrar com a indignação.”
Robert W. Gehl, investigador

Embora valorize o público atual, que procura os tais conteúdos dos “incanceláveis”, o CEO da Rumble não escondeu durante uma entrevista dada a Matt Kohrs, um dos criadores de conteúdo da Rumble, que quer atrair outras demografias e ter mais do que conteúdo político. Parte da estratégia assenta na inclusão de mais desporto e de conteúdos de jogos. “Queremos atacar em todas as frentes”, explicou Chris Pavlovski. “Acho que não há nenhuma área que seja fora de pé para nós, mas acho que o desporto abre-nos o caminho.” A Rumble não quer os conteúdos da NBA, a liga de basquetebol dos EUA, mas sim desportos que “vão crescer e que vão ser importantes dentro de 10 anos”. Por agora, está a apostar na Power Slap, uma competição em que se tenta atingir o adversário com a bofetada mais poderosa possível.

Ainda com “papelada pela frente” para ter novos criadores em regime exclusivo, o CEO da Rumble acredita que a base de utilizadores vai continuar a crescer nos próximos tempos. “2024 vai ser o nosso Super Bowl”, no sentido de ser um ano de ampla atenção. Em parte, esta expectativa está ligada aos conteúdos políticos. “Já tivemos números significativos com as eleições intercalares” nos EUA. “As eleições presidenciais [norte-americanas] vão ter um efeito massivo na Rumble, que nos vai levar a um novo patamar.” Donald Trump, que tem a Truth Social, escolheu a plataforma de anúncios desenvolvida pela empresa canadiana para fornecer infraestrutura à Truth e abriu um canal na Rumble, onde tem partilhado algumas das suas intervenções.

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A Rumble acredita que tem condições para concorrer com o YouTube. Dá espaço às vozes mais conservadoras, que acreditam estar a ser limitadas nas plataformas de massas

SOPA Images/LightRocket via Gett

Embora o CEO da Rumble queira estabelecer uma divisória clara em relação às big tech, há pelo menos um tema em que vai seguir as tecnológicas: a rivalidade com o TikTok. “É esperado que os vídeos curtos verticais (para competirem com o TikTok) cheguem à Rumble em abril”, foi anunciado no Twitter da empresa este mês. “Estes vídeos curtos vão ficar no carrossel no topo da aplicação mobile e nas áreas de descoberta quando forem lançados. Estamos a trabalhar de forma árdua para lançar esta funcionalidade.”

Empresa tem regras de moderação de conteúdos, mas não abre muito o jogo sobre o tema

A Rumble apregoa a lógica de expressão livre, mas faz moderação de alguns conteúdos. É proibido material “pornográfico, obsceno ou de natureza sexual” nos vídeos, “conteúdo que é grosseiramente ofensivo para a comunidade online”, incluindo “racismo, anti-semitismo e ódio” ou conteúdo que “promova, apoie ou incite indivíduos e/ou grupos que se envolvam em violência ou atos ilegais, incluindo mas não limitado a grupos Antifa [grupo anti-fascista] e pessoas afiliadas à Antifa, o KKK e grupos supremacistas brancos”. Estão também proibidos atos de “difamação ou violação de direitos individuais à privacidade”.

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Mas há um aviso claro nos termos e condições do serviço: “Ao visitar o site da Rumble ou a ver conteúdo através do Rumble player ou de outras formas, pode ser exposto a materiais que considere ofensivos ou inapropriados e assume o risco e a inteira responsabilidade pela exposição a esse tipo de conteúdo e material”.

Robert W. Gehl refere que o facto de ser uma plataforma de absolutismo do discurso livre e ainda assim ter algumas linhas vermelhas “não faz sentido”. “É uma contradição, mas é necessário para eles.” “Não podem realmente ser absolutistas do discurso livre porque assim teriam de alojar conteúdo ilegal. Mas podem usar essa ideia como marketing para atrair audiência”, reconhece o investigador. O Observador tentou perceber junto da Rumble o número de vídeos removidos por violação das regras de conteúdo, mas não obteve, até ao momento, qualquer resposta.

Em setembro, a empresa entrou em bolsa através de uma SPAC, as “empresas com especial propósito aquisitivo”, também conhecidas como companhias “de cheque em branco”. A Rumble passou a ser cotada no índice tecnológico Nasdaq, usando a designação “RUM”.

Ser uma empresa cotada obriga a uma série de requisitos. O professor da Universidade de York acredita que isso leva a que a empresa tenha de ter mesmo alguma moderação nos conteúdos, bem como as restantes fontes de negócio, como a plataforma publicitária. “É um dos elementos moderados da Rumble. Ao ser cotada e ao pretender vender espaço de anúncios tem de ter algumas questões mais ‘respeitáveis’”, sustenta. “A maioria dos anunciantes não quer os seus anúncios apresentados ao lado de conteúdo anti-semita.”

Chris Pavlovski, CEO da plataforma de vídeos Rumble

À esquerda, Chris Pavlovski, CEO da plataforma de vídeos Rumble

O CEO da Rumble explicou que a empresa quer ter uma infraestrutura de cloud própria não só para ter uma fonte de negócio mas também para evitar ficar dependente dos fornecedores big tech, como Amazon, Microsoft e Google — e não seguir o caminho da Parler. Em 2021, após o ataque ao Capitólio, a rede social de direita, usada pelos apoiantes de Trump, ficou offline devido à suspensão do contrato da Amazon Web Services (AWS). “A AWS disponibiliza tecnologia e serviços a clientes ao longo do espectro político e continuamos a respeitar o direito da Parler de determinar por si mesma os conteúdos que permite no seu site”, disse a empresa numa carta citada pela CNN. “No entanto, não podemos disponibilizar serviços a um cliente que não consegue identificar de forma eficaz e remover conteúdo que encoraja ou incite à violência contra outros.”

Robert W. Gehl, professor da Universidade de York, não acredita que o desenvolvimento de infraestrutura cloud torne a empresa mais resiliente, “já que é incrivelmente dispendioso e, se não conseguirem fazer receita suficiente com a publicidade, isso poderá ser um peso”.

O litígio com a Google e a “desistência” do mercado francês

Não são só os conteúdos da Rumble a terem uma dose de polémica. A empresa já entrou em rota de colisão com a Google, recorrendo à justiça em 2021 por desconfiar que a gigante da internet estava a favorecer os vídeos do YouTube nas pesquisas e no sistema operativo Android. No texto inicial do processo, a empresa canadiana argumentou que o seu “sucesso era muito menor do que poderia” e que isso resultava “do comportamento anticoncorrencial, de exclusão e monopolista da Google”. Em agosto do ano passado, um juiz considerou que o caso tinha condições para prosseguir.

Do outro lado dos Estados Unidos, em Nova Iorque, a Rumble discordou de uma lei federal focada no discurso online, que obrigaria as tecnológicas a uma série de regras, incluindo a necessidade de criar canais para que os utilizadores se pudessem queixar de conteúdo de ódio. A empresa encarou a questão como uma forma de “limitar o discurso online”, alegando que violava a primeira emenda da Constituição norte-americana, nomeadamente o direito à liberdade de expressão. Avançou para a justiça e recebeu um veredito a seu favor.

Mas as relações conturbadas não se limitam aos Estados Unidos – também houve um braço de ferro com França, devido às sanções impostas à Rússia. Quando Moscovo invadiu território ucraniano, a 24 de fevereiro de 2022, a União Europeia incluiu num dos pacotes de sanções o bloqueio dos canais Russia Today (RT) e Sputnik, financiados por Moscovo, referindo que podiam ser canais de desinformação. Bruxelas exigiu a suspensão da transmissão dos canais RT em inglês, RT Reino Unido, RT Alemanha, RT França e RT Espanha.

As plataformas digitais, como o YouTube ou o Twitter, cumpriram com o pedido e bloquearam o acesso às redes sociais da entidade russa. Mas a Russia Today encontrou refúgio na Rumble, que continua até hoje a assegurar as transmissões em direto deste meio financiado pelo estado russo. A Rumble recusou-se a cumprir a ordem do executivo francês para bloquear a RT e preferiu abandonar o mercado francês.

“Recentemente, o governo francês exigiu-nos que eliminássemos certas fontes de informação russas da Rumble. Como parte da nossa missão para restaurar uma internet livre e aberta, comprometemo-nos a não mover os postes das balizas que delimitam as nossas políticas de conteúdo”, explicou a plataforma em novembro de 2022. “Os utilizadores com pontos de vista impopulares são livres para aceder à nossa plataforma da mesma forma que milhões de outros utilizadores.”

“Assim, decidimos bloquear o acesso à Rumble aos utilizadores em França enquanto desafiamos a legalidade desta exigência do governo. Esta decisão não vai ter efeito material no nosso negócio, já que França representa menos de 1% dos nossos utilizadores”, foi dito em novembro de 2022. “No entanto, o povo francês vai perder acesso a um leque alargado de conteúdo da Rumble devido às exigências do governo. Esperamos que o governo francês reconsidere esta decisão para podermos restaurar o acesso.”

Os utilizadores europeus podem representar um número diminuto da base de utilizadores da Rumble, mas a chegada de nova legislação europeia, como a Lei dos Serviços Digitais, que exige responsabilização às plataformas pelos conteúdos que apresentam, deverá obrigar a empresa a mudanças. O investigador Robert W. Gehl acredita que, se o cenário se complicar, a companhia pode escalar o que fez em França. “Consigo imaginar que aumentem o bloqueio se sentirem que não conseguem cumprir com as regulações europeias. Dito isto, a Europa é um mercado vasto e os executivos da Rumble podem encontrar uma forma de estar em conformidade, ao mesmo tempo que propagandeiam ainda a sua postura anti-cancelamento.”

Combate a conteúdos ilegais, desinformação e coimas avultadas. A Lei dos Serviços Digitais é o ponto de rotura entre o Twitter e Bruxelas?

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