Portugal saiu do Mundial de râguebi, no passado mês de outubro, com uma participação histórica: os Lobos venceram as Ilhas Fiji na despedida da fase de grupos, carimbando o primeiro triunfo de sempre na competição, e voltaram a colocar um país inteiro a olhar para a modalidade. De lá para cá, porém, a realidade no râguebi português tem sido mais complexa.

A saída do selecionador Patrice Lagisquet já era um dado adquirido após o Campeonato do Mundo e a verdade é que a Federação Portuguesa de Râguebi não demorou muito a escolher um sucessor, com a opção a recair no francês Sébastien Bertrank. Menos de um mês depois do anúncio, porém, surgiu o divórcio — por solicitação do treinador e com efeitos imediatos, sem que tivesse sequer orientado um único jogo.

Era sem selecionador, portanto, que Portugal surgia no Rugby Europe Championship, a maior competição europeia de seleções para lá do Torneio das Seis Nações, que é um evento privado. Inserida no Grupo B, em conjunto com Roménia, Polónia e Bélgica, a Seleção Nacional era orientada por uma equipa técnica provisória: um trio de consultores da World Rugby liderado pelo antigo selecionador da Argentina, Daniel Hourcade, e que também inclui os antigos selecionadores do Uruguai e do Brasil, Esteban Menses e Rodolfo Ambrósio. Como treinador propriamente dito, porém, era apresentado João Mirra, até aqui adjunto de Patrice Lagisquet.

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Portugal estreava-se este sábado contra a Bélgica, na cidade belga de Mons, e procurava começar um caminho de sucesso numa competição que conquistou em 2004 e onde ficou no segundo lugar em 2023, face à vitória final da Geórgia. A Seleção está em total processo de renovação, algo que ficou notório com o facto de mais de 10 jogadores presentes no Mundial terem sido substituídos na convocatória por vários estreantes, e João Mirra explicou na antevisão da partida que esse movimento será “gradual”.

“Temos a obrigação de não pensar só no próximo fim de semana, mas também nos próximos anos. Nesta altura temos de começar a ver alguns jogadores com potencial que já tinham sido identificados e agora vão ser testados em treino e em competição para termos mais escolhas. Depois de iniciar a competição, neste fim de semana, começamos a perceber onde estamos, onde estão as outras equipas, mas nunca na vida vamos para a Bélgica a pensar em daqui a três semanas [visita à Roménia]. Agora, a nossa final do Campeonato do Mundo é a Bélgica”, atirou o também treinador do Belenenses, que garantiu que o “objetivo mínimo” é chegar às meias-finais.

Na Bélgica, porém, quase nada correu bem a Portugal. A Seleção até começou a vencer, com um pontapé de penalidade convertido por Hugo Aubry, mas um ensaio e um pontapé de penalidade quase consecutivos por parte dos belgas deram a volta ao marcador. Uma nova penalidade de Aubry ainda reduziu a desvantagem antes do intervalo, mas a verdade é que os portugueses terminaram mesmo a primeira parte a perder (10-6). Nada mudou no segundo tempo, mantendo-se o resultado, e Portugal estreou-se mesmo no Rugby Europe Championship com uma derrota perante a Bélgica.