Os concertos de Taylor Swift em Viena, na Áustria, que pertencem à digressão ‘Eras Tour’, foram cancelados devido a ameaça de atentado terrorista. A polícia deteve dois suspeitos, um de 19 e outro de 17 anos. Alguns meios de comunicação, como a BBC, referem a existência de um terceiro suspeito, que não foi ainda detido, enquanto outros, como o El Mundo, afirmam que as autoridades não procuram outros envolvidos para além dos já detidos, que pertencem ao grupo terrorista Estado Islâmico. Os espetáculos estavam previstos para esta quinta-feira, sexta-feira e sábado, no Estádio Ernst Happel.

“Com a confirmação dos funcionários do governo de um ataque terrorista planeado no Estádio Ernst Happel, não temos outra escolha senão cancelar os três concertos programados para a segurança de todos”, publicou a Barracuda Music, organizadora do eventos, na noite de quarta-feira, dia 7 de agosto, no Instagram. No site oficial da cantora pode ler-se uma mensagem que refere que “todos os bilhetes serão reembolsados ​​automaticamente nos próximos 10 dias úteis”. A cantora ainda não se pronunciou sobre o caso e não foi ainda dito se os espetáculos cancelados terão novas datas. No total dos três dias de concertos eram esperadas 195 mil pessoas.

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O que se sabe sobre os suspeitos

As autoridades austríacas referem que o jovem de 19 anos, com ligações ao Estado Islâmico, detido na quarta-feira planeava matar “uma grande multidão” num ataque suicida durante o concerto da cantora pop e confessou que “pretendia realizar um ataque com recurso a explosivos e facas”. O jornal austríaco Kurier também informou que este jovem de 19 anos, que é o principal suspeito, roubou produtos químicos no seu antigo local de trabalho, uma empresa de processamento de metal na sua cidade natal, Ternitz. Além disso, tinha feito progressos na construção de uma bomba.

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O ministro do Interior da Áustria, Gerhard Karner, garantiu que “foi evitada uma tragédia” nos concertos de Taylor Swift em Viena, dado que o principal suspeito tinha a intenção de se fazer explodir em frente ao estádio onde iria decorrer o concerto. Além disso, foi ainda apurado que o jovem de 19 anos, cuja família é originária da Macedónia do Norte, planeava conduzir um carro contra a multidão que estaria reunida fora do estádio, à espera que abrissem as portas para o concerto, e também considerou usar machetes e facas. O suspeito, que foi detido em Ternitz, a cerca de 65 quilómetros a sudoeste de Viena, radicalizou-se através da Internet e prestou “juramento de lealdade ao Estado Islâmico” em julho, segundo as forças de segurança do país.

De acordo com o El Mundo, tem-se verificado uma nova tendência na Europa nos últimos meses: a atração de militantes muito jovens, alguns ainda menores, para o Estado Islâmico, contrariamente ao que acontecia há alguns anos. Além disso, para além da fixação em grandes eventos demonstrada em diversas ocasiões, esta célula terrorista parece continuar a atrair fiéis, que se fixam em território europeu. Desta vez a “tragédia” citada por Karner pôde ser evitada, mas este é um fenómeno que não poderá ser sempre impedido, principalmente se o número de ‘fiéis’ continuar a crescer.

O último ataque do Estado Islâmico, que parece estar a renascer no Afeganistão, aconteceu em março Moscovo. Por um ramo do grupo terrorista, o ISIS-K.

O que é o ISIS-K, o ramo afegão do Estado Islâmico autor dos ataques em Moscovo?

O chefe da Direcção de Protecção do Estado e Inteligência (DSN) da Áustria, Omar Haijawi-Pirchner, disse que as armas foram apreendidas na casa do principal suspeito e que “o seu objetivo era matar-se a si próprio e a uma grande multidão de pessoas hoje ou amanhã no concerto”. Ruf acrescentou que o jovem publicou um vídeo online a confessar o que iria fazer, deixou o emprego no final do mês passado e disse às pessoas à sua volta que tinha “grandes planos”, segundo refere a BBC.

O segundo suspeito, um austríaco de 17 anos de ascendência turca ou croata, era funcionário de uma empresa que teria “prestado serviços” no estádio onde Swift se apresentaria e também se radicalizou. A mesma publicação diz ainda que existe também um suspeito de 15 anos, que até agora se recusou a falar com as autoridades, e que estaria “nas imediações” do estádio.

Em conferência de imprensa, Gerhard Karner disse que o ataque foi frustrado com a ajuda dos serviços de informação internacionais, já que a lei austríaca não permite censura de aplicações de mensagens e não detetou comunicações suspeitas.

As reações dos fãs

Perante a impossibilidade de assistirem aos concertos, os fãs juntaram-se e têm estado a pendurar pulseiras de missangas numa “árvore de pulseiras da amizade” em Viena, umas das imagens de marcar da cantora norte-americana. Além disso, muitos foram aqueles que gastaram dinheiro em voos e alojamento para poderem estar presentes nos espetáculos — despesas que não são reembolsadas. Para ‘compensar’ aqueles que viajaram até à capital austríaca para assistirem aos concertos, a Vienna Tourist Board anunciou no Instagram que todos aqueles que são detentores de bilhetes para os concertos que a cantora iria dar na cidade podem entrar gratuitamente em alguns museus e outros pontos turísticos e clubes noturnos, como a U4 Vienna ou o CellaVie Aviation Club, assim como  aproveitar um hambúrguer grátis no Le Burger, entre muitos outros restaurantes, até ao próximo domingo, dia 11 de agosto.

“Estamos devastados por todos os ‘Swifties’ que queriam ver a Taylor Swift em Viena. Embora seja um momento difícil de digerir, vamos ligar-nos nos comentários e transformar a vossa viagem a Viena em algo especial!”, pode ler-se na publicação feita esta quinta-feira.

E há mais: alguns admiradores de Taylor publicaram vídeos nas redes sociais onde se pode ver uma multidão de fãs reunidos na praça Stephansplatz, em Viena, esta quinta-feira, para cantar músicas da cantora, como “I Knew You Were Trouble” e “Long Live”.

A rua Corneliusgasse, também na capital – cujo nome se assemelha a “Cornelia Street”, uma música de Swift – também se encheu de fãs, que se reuniram para trocar pulseiras da amizade e pendurá-los nas árvores.

Uma igreja localizada em Viena, a Lutherische Stadtkirche, abriu as portas aos fãs para ficarem a ouvir músicas da cantora esta quinta-feira, um momento partilhado no X (ex-Twitter). No vídeo podem ver-se fãs sentados nos bancos da catedral enquanto ouvem a música “Style”.

A Eras Tour passou por Lisboa este ano, tendo a cantora atuado no Estádio da Luz nos dias 24 e 25 de maio, que esteve completamente lotado. Os próximos concertos da digressão estão agendados para o estádio de Wembley, em Inglaterra, e decorrem nos dias 15, 16, 17, 19 e 20 de agosto. Até agora não há notícia de que venham a ser cancelados.

Este não é o primeiro incidente que envolve o nome da cantora norte-americana nos últimos dias. No passado dia 29 de julho um jovem atacou com uma faca um grupo de crianças que se encontravam numa aula de dança com a temática Taylor Swift em Southport, no noroeste de Inglaterra. Três acabaram por morrer. Do ataque resultaram ainda nove feridos.

A 22 de maio de 2017 uma dupla explosão no exterior da Manchester Arena após um show da cantora pop norte-americana Ariana Grande, às 22h35 causou 22 mortos e 112 feridos. O grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante assumiu a responsabilidade do atentado. O autor, um bombista suicida, foi identificado como Salman Abedi, um jovem de 22 anos, que era conhecido das autoridades. Salman era natural de Manchester, filho de imigrantes líbios, nascido numa família de “muçulmanos devotos”, mas sem laços com movimentos extremistas.