Juergen Mueller é o diretor tecnológico (CTO) da SAP, “provavelmente a maior empresa que ainda não conhecem”, como foi referenciada na Web Summit, onde o gestor foi entrevistado pelo Observador. Para o jovem líder alemão (tem 38 anos), os tempos de pandemia têm-lhe trazido sucesso. Em novembro de 2020, um ano depois de ter sido promovido a CTO, foi reconhecido pela revista Fortune como um dos 40 líderes mais influentes abaixo dos 40 anos. De “um dia para o outro”, as 10 mil pessoas que tem a cargo passaram a trabalhar remotamente — e “funciona”, diz. Mas alerta para alguns enganos.
Segundo o líder tecnológico da empresa, a SAP — multinacional alemã que tem o seu software por detrás de inúmeros negócios em todo o mundo — está a mostrar como o futuro vai estar na cloud (na nuvem, em português). Esta área tem levado a organização a mudar o seu modelo de negócio para esta área — este setor já representa cerca de 35% da receita da empresa. Além disso, conta como agora apostam em novas formas de gestão, e apesar dos já 50 anos da SAP, investe-se hoje em dia num modelo híbrido de trabalho para agradar aos mais “experientes” e criar “cultura” de trabalho. Ao mesmo tempo, querem dar mais flexibilidade a quem assim o pretender — que são normalmente os mais jovens como Juergen, refere o próprio (é o único membro do conselho de administração que não trabalha na sede).
Na entrevista, Muller, que entrou em 2013 na SAP para liderar a área de inovação da empresa, refere ainda como nos últimos anos o investimento da tecnológica passa pela inteligência artificial — que precisará sempre de “humanos” –, e como este tipo de recursos tem mudado os produtos que fazem.
Como é que a pandemia afetou o negócio da SAP?
Na pandemia realmente aceleraram-se as tendências que já víamos antes. Portanto, navegar na nuvem é muito mais rápido agora que fazemos análises regulares aos nossos clientes ou a potenciais clientes. Fazem mais trabalho presencial? Quando vão para a nuvem, permanecem no local? Isso mudou completamente, mesmo noutros setores não tão óbvios. Esses também se movem, como o setor público, por exemplo, que agora entendem que a nuvem é o futuro. Para a SAP, acho que agora perto de 70%/80% e muitas das receitas recorrentes [vêm] do mercado da nuvem. Pode simplesmente inovar-se mais rapidamente com SAP e os nossos clientes podem aproveitar isso. Porque, no passado, uma mudança de versão de SAP no local podia ser um projeto de cinco anos. Agora temos empresas que fazem isso no mês. Há muito mais inovação para os nossos clientes, e isso é o mais importante.
Quantas pessoas tem a seu cargo?
Mais de 10 mil.
Na Europa só ou também no resto do mundo?
Na verdade, é uma boa combinação. É Europa, mas também Ásia e EUA.
Considera que o trabalho remoto deve ser a norma?
Em primeiro lugar, mostrámos que é possível. Como CTO da SAP moro em Berlim, sou o único membro do conselho de administração na Alemanha que não está na sede, e funciona. É claro que saio a cada 10 semanas ou a cada três meses. Mas funciona. Pode gerir-se uma empresa de forma totalmente remota.
Podemos dizer que o SAP opera total e remotamente mais de dez mil pessoas?
Ou mais. Chegámos a ter remotamente algo como cerca de 100 mil. Quase 100 mil pessoas foram enviadas para casa para trabalhar remotamente de um dia para o outro.
E vai continuar assim, mesmo com o fim da pandemia?
Cooperamos sempre com outras organizações, por isso perguntamos-lhes sempre. A maioria das pessoas e equipas diz que quer voltar dois a três dias por semana. Porque também há um aspeto social nisso. As conversas online são muito eficientes, mas não se fala mais com as outras pessoas. No escritório, conhece-se a equipa e outros departamentos que lá trabalham. Criam-se ideias que não aconteceriam se fosse online.
Vemos que será uma mistura, as pessoas voltarão ao escritório, talvez dois a três dias por semana. Agora temos equipas que trabalham mais remotamente. Então, talvez uma vez por trimestre, mas, durante uma semana, voltamos a aproximá-los. Estamos a experimentar diferentes formas de fazer novos trabalhos. E, depois, veremos. Atualmente, estamos a adequar os nossos escritórios, a remodelá-los para ter espaços menos atribuídos diretamente, modelos de trabalho mais flexíveis. Queremos tornar possível que se uma equipa de 10 pessoas entrar na empresa se sinta parte da casa no seu próprio espaço. Então, pensamos em como podemos agora fazer isso para que se sintam mais bem-vindos digitalmente. Este é o seu espaço de uma nova maneira.
Vão aplicar este modelo a todos os países?
Há regulamentos locais e também diferenças culturais. Se se pensar em Portugal, Alemanha, na Europa, mas também nos EUA, o trabalho remoto não é um desafio. Porém, o Japão já tem uma cultura muito mais chegado aos escritórios. Portanto, haverá regulamentos locais aos quais aderiremos, mas também, claro, questões culturais. Mas acho que, em geral, vamos aplicar isto mundialmente.
São umas das maiores empresas tecnológicas do mundo que, como referiu, nem toda a gente conhece… [interrompe a pergunta]
… para o próximo ano fazemos 50 anos.
São importantes para Alemanha, para a União Europeia, para o mundo. Mas é difícil explicar o que fazem. Quando lhe perguntam o que faz, como é que explica?
Digo que a SAP pode ajudar todas as empresas a trabalhar eficiente e sustentavelmente. Isso aplica-se a processos de vendas e aos respetivos custos associados como quando precisa de comprar algo: um telefone ou uma cadeira. Ou, se for uma empresa química que precisa de comprar ingredientes. Também estamos no lado da contratação, onde as pessoas decidem tudo desde o recrutamento até à finalização [de um processo]. A SAP ajuda-o a gerir tudo isso. Por último, mas não menos importante, toda a produção.
Portanto [estamos] desde a fase inicial de design do produto até ao fim. Por exemplo, temos uma enorme quota no mercado nas giga fábricas. Quando projeta uma bateria, a SAP ajuda-o com isso, até à gestão de toda a cadeia de produção e de fornecimento. Além disso, monitorizamos continuamente enquanto estiver em produção.
As giga fábricas, como as da Telsa?
Sim, como as da Tesla. Sei disso quanto ao norte da Índia, por exemplo, que é uma região nossa [onde tem a maior quota]. Ou nos países nórdicos, ou em França. Temos, assim, 70% de quota de mercado em giga fábricas.
Sendo um CTO novo numa empresa grande, isso afeta a maneira como olha para esta questão do trabalho remoto?
Penso que sim. Sendo um CTO novo, mas também temos um conselho de administração novo na SAP, por isso pensamos a longo prazo. Queremos que a SAP tenha sucesso nas próximas décadas. Quanto ao trabalho remoto vimos uma tendência de que pessoas mais experientes gostariam de voltar ao escritório de forma um pouco mais agressiva. Mas, como um CTO jovem, vejo que funciona remotamente, mas também acho que não nos devemos enganar. Estarmos juntos e ter algum tipo de vínculo cultural é muito importante, também para a integração de novas pessoas. A minha parceira mudou de empresa durante a pandemia, por exemplo. E não se vê ninguém, é tudo remoto. É muito difícil saber todos os detalhes, a cultura.
Está numa função crítica para a SAP, que é uma empresa crítica para muitas empresas em todo o mundo nos últimos anos. Considera que a cibersegurança é o maior desafio que enfrenta no seu trabalho?
A segurança está no topo das prioridades. Sabemos que os nossos clientes executam os seus processos mais críticos em SAP. Portanto, a segurança é um dos principais temas quando se trata de disponibilização em nuvem que seja também fiável. Se se utilizar a nuvem, mas não for fiável, também será um problema. Juntamente com a conformidade [compliance, em inglês] dos sistemas, estas são as duas prioridades que adicionaria à segurança.
Este ano vimos um grande número de páginas de internet a irem abaixo devido a uma falha na Cloudflare. Como é que isso afetou o vosso negócio?
Acho que isso não afetou o nosso negócio, de todo. Temos outros meios de implementação de conteúdo. Quero dizer, foi um problema de Content Delivery Networks [referente à forma como intermediários de páginas na internet guardam dados em servidores em cada região]. Usamo-los em algumas áreas, mas também temos alguns meios de redundância. Por outras palavras, aquela falha em particular não nos afetou. Mas, ainda assim, a fiabilidade é a prioridade no escalar na nuvem. Mesmo um data center, por exemplo, pode ter problemas. E é preciso ter recursos caso algo falhe. Isso é algo em que colocamos muito esforço, tempo e energia.
Falhas na Cloudfare põem em baixo vários sites no mundo todo
Estão preparados para as maiores ameaças de cibersegurança?
O problema é que não se conhecem as maiores ameaças, muitas vezes as que acontecem são as que são desconhecidas. Portanto, ninguém pode dar uma garantia disso. Mas temos segurança em afirmar que é realmente uma das nossas maiores prioridades.
Os clientes confiam-nos os seus dados específicos dos processos mais críticos. Se o nosso software não funcionar, a linha de produção para. Cadeias de fornecimento param. E, por isso, temos isso como uma das maiores preocupações.
Acha que Portugal está preparado para as ameaças de cibersegurança que existem?
Quanto à cibersegurança em Portugal não posso fazer um juízo de valor. Simplesmente não sei. Espero que as infraestruturas críticas dos governos tenham tudo pronto para terem este ponto como uma das prioridades mais altas. Há problemas, ataques de ransomware, entre outras situações. Não sei se algo assim atingiu alguém em Portugal ainda.
Há alguns casos…
Será sempre um problema porque existem hackers profissionais. A segurança é sempre uma corrida, há os atacantes e os defensores. Nunca queira ser o alvo mais fácil. É como na selva ou na savana, se um leão estiver atrás de si, não precisa ser o primeiro se há cinco pessoas que também estão a correr. No entanto, não deve ser o último. Será derrotado e a segurança é um pouco semelhante. É o mesmo que ter a porta aberta e não fechada, certo? Virão até si sem fazer nenhum esforço para arrombar outra porta. Portanto, é muito importante ter protocolos em vigor. O que vejo também é que, em termos de talentos, a cibersegurança é um tópico nas universidades.
Exigem requisitos de cibersegurança às empresas que trabalham com a SAP em Portugal ou ajudam-nas a tê-los depois de aceitarem o vosso negócio?
A segurança é sempre um tópico no começo. A vantagem é que a SAP é conhecida pelas suas capacidades muito fortes nesta área. Fazemos essa verificação com cada cliente, mas antecipadamente. É como com um banco: se puser todo o dinheiro que tenho numa conta bancária, preciso de ter confiança suficiente que precisam de ter os certificados para operar como um banco, etc.
Como é que a inteligência artificial está a afetar o negócio da SAP?
Muito, muito. A minha equipa e eu começámos a explorar esse tema da inteligência artificial (IA) há muitos, muitos anos. Estamos a incorporá-la em todos as nossas aplicações e em todos os processos de negócios. Por exemplo, em processos financeiros, em processos logísticos, em reconhecimento de caracteres.
A título de exemplo, se digitalizar algo que recebeu, ou que está numa fatura quando vai viajar, só precisa de digitalizar o seu recibo e, com programas que temos, vai detetar tudo automaticamente e colocar no sistema. Ou no caso [da gestão] de recursos humanos, quando se publica uma nova função, temos um sistema de recomendação para uma linguagem de género apropriada. Às vezes certas palavras estão mais associadas ao masculino e isso pode ser um problema. E temos também o SAP Workflow [plataforma da empresa]. Se se fizer um pedido ou uma solicitação de aprovação para uma viagem, há suporte à decisão [através desta tecnologia]. Um humano verá se devo aceitar ou rejeitar uma determinada solicitação com base em mais dados. E, é claro, um humano ainda está a controlar a operação. Há a decisão humana, mas há também muito mais suporte de IA.
No futuro próximo, com todo o trabalho que estão a desenvolver, o input humano vai acabar?
Não totalmente, mas nas tarefas muito repetitivas sim. A IA vai fazer muito automaticamente, mas é preciso um humano permanecer no controlo. O que isso significa para o SAP Workflow? Por exemplo, depois de usar o sistema de recomendação do programa, pode dizer-se: ok, se a IA for 90% fiável, então aprova-se ou rejeita-se automaticamente [algo]. Mas o humano ainda obtém as informações e pode sempre ignorá-las. É preciso ter sistemas para detetar desvios de modelos porque é preciso treinar regularmente os modelos de IA. Caso contrário, quando a tarefa muda, o modelo de IA também precisa evoluir. Aí, novamente, é precisa ter humanos a verificar isso, porque não se sabe se estará na direção certa ou na direção errada. Os modelos de IA, por assim dizer, estão ainda a desenvolver-se.
E acredita que será sempre assim? Nos próximos 10, 20 anos, ou até daqui a 100 anos?
100 anos é interessante, mas isso é muito difícil de prever. Quero dizer, se se olhar para 100 anos atrás, muita coisa pode acontecer daqui 100 anos, ninguém será capaz de prever isso. Agora, nos próximos 10, 20 anos? Sim, veremos a IA a ser difundida em aplicações empresariais. A SAP é líder nessa área. Em 10, 20 anos, veremos uma IA mais ampla em dispositivos móveis. Atualmente, temos uma IA muito concisa para uso de caso específicos. O que há atualmente é alguns conjuntos de dados para treinar a IA e esta tomar essas decisões.
Hoje em dia, é como um trabalho muito repetitivo que se pode evitar que os humanos façam. Mas, mais tarde, tarefas potencialmente mais complexas, tarefas que envolvem conhecimento, também serão realizadas pela IA. Mas, vamos ver. O humano é muito bom. Somos muito bons porque não precisamos do tal treino conciso. Em IA pode treinar-se algo para fazer uma coisa, e então a IA fará isso perfeitamente. Mas assim que houver um novo requisito, é preciso ter um modelo totalmente novo e treiná-la novamente.
O trabalhador do futuro vai ter de saber programar?
Sim.
Mesmo que a IA evolua para isso ser desnecessário?
Sim, acho que não é programação em si, mas é algo que chamamos capacidades “low-code, no-code” [aplicações que permitem a quem é leigo fazer programas básicos]. Adquirimos uma empresa este ano, a AppGyver, na Finlândia, e acabamos de lançar o AppGyver SAP Khiva. Esse é realmente um ambiente low-code. Por exemplo, se está numa situação de comércio e precisa de alguma adição, alguma extensão da aplicação, isto aplicar-se-á.
Vamos pegar no Workflow. Imagine que está a vender alguns produtos e quer ter o conhecimento para dizer, ok, isso é de uma fonte sustentável? Isso é sustentável? Qual é a pegada de CO2? Ou, houve trabalho infantil envolvido na cadeia de abastecimento? Agora, o que pode fazer é estender facilmente o sistema existente por campos adicionais. Houve pegada de CO2 ou houve trabalho infantil ou não? Nesse caso, pode ter as chamadas API [interface de programação de aplicações] em outros sistemas para obter essas informações. No futuro, não vai precisar de habilidades de programação para essa integração. Não sei o número ao certo, mas três, quatro, cinco milhões de pessoas fazem programação no ecossistema SAP, consultoria, etc. E os utilizadores finais da SAP são mais de 250 milhões. E, idealmente, permitiremos que também participem. Isto fará com que tenham empregos de valor mais alto, estarão seguros em seus empregos, etc.
Há outras empresas a fazer isso aqui em Portugal, como, por exemplo, a Outsystems. Veem-nos como concorrentes ou como alguém que vos pode ajudar a criar esse futuro?
Nós seguimos o nosso próprio caminho. Portanto, temos os recursos de que precisamos para estender os sistemas SAP, e a OutSystems e outros também atuam nesse espaço. Eles também terão isso, há tanta procura por competências e recursos de TI atualmente, muito mais do que temos de oferta de desenvolvedores, informáticos, engenheiros, entre outros na área. Portanto, acredito que empresas como a OutSystems e outras vão ser bem sucedidos, mas no espaço SAP utilizará ferramentas SAP, como o SAP AppGyver, por exemplo.
O que é que as empresas tradicionais que ainda avançaram totalmente na digitalização dos negócios podem fazer para recuperar o ritmo?
Não é científico. Mas discutimos muito sobre como a economia se desenvolverá agora, como é que recuperará. Em forma de V ou em forma de W, ou L. Acho que será mais como a boca de crocodilo. Então, como mencionou, empresas que são muito boas em digitalização estão a progredir bem. E muitas outras empresas têm dificuldades. E o bom é que aqueles que estão a ter dificuldades, podem, por exemplo, entrar em contacto com a SAP para que também possam adaptar as melhores práticas rapidamente.
A coisa boa agora é que com a nuvem pode-se começar a trabalhar rapidamente em algumas semanas e meses. Não é o caso de precisar de anos para construir algo. Agora, na nuvem, é muito rápido. O melhor caso para essas empresas é dar um salto maior porque todas as empresas de sucesso implementaram isso há alguns anos. Se for agora para a tecnologia mais recente e melhor, pode até ter uma vantagem. Mas vejo que essas empresas devem agir rápido. Caso contrário, não poderão recuperar, e os fundos do governo só podem mantê-las vivas por um tempo. Mas precisam de se ajustar rapidamente.
As mudanças climáticas são um problema muito falado atualmente. Os servidores para manter a nuvem, e tudo à volta, consomem enormes quantidades de energia que podem ser provenientes de fontes não renováveis. Têm isso em consideração quando criam novos produtos?
Sim, 100%. Os nossos data centers funcionam com energia renovável. Na SAP, em geral, para tudo o que fazemos temos isso em atenção. Tentamos evitar viagens fazendo encontros virtuais, por exemplo. E vamos ser neutros em carbono em 2023.
Em dois anos? E isso sem utilizar energia nuclear?
Energia renovável, excluindo nuclear. Não vemos o nuclear como uma energia renovável. O nosso plano original era até 2025, mas com a pandemia pudemos acelerar porque as viagens reduziram-se, etc.
Então, de certa forma, podemos dizer que a pandemia foi boa para a SAP?
Sim, houve uma aceleração na nuvem e temos as tecnologias certas para isso. Nesse sentido, sim. Não vou dizer que a pandemia foi boa — com pessoas a morrer — mas percebo o que está a dizer. Reconheceu-se que a digitalização é importante, que todas as empresas estão a tornar-se numa organização digital. E a SAP está a oferecer o mais amplo portefólio em tudo — no lado do comércio e do cliente, no lado das compras, na logística, produção da cadeia de fornecimento, das pessoas. Oferecemos um portefólio mais amplo, fizemos o nosso trabalho de casa integrando muito bem esse portefólio.
Outras empresas devem olhar para SAP e o modelo que aplicaram na pandemia (aposta na nuvem) para voltarem maiores do que já eram antes da pandemia?
Espero que sim. Algumas empresas já teriam, outras contactaram diretamente a SAP. Mencionei no meu painel um exemplo sobre a Zuellig Pharma na pandemia. São a maior empresa de materiais médicos na Ásia e no Pacífico. Mais ou menos de um dia para o outro passaram a aceitar pedidos por email, telefone, fax, WhatsApp. Tudo, e de um dia para o outro. Tinham 100 mil pedidos por dia. Foram para o SAP com este modelo e passaram para a automação de processos robóticos inteligentes, com insights de IA, IA a monitorizar os diferentes canais e, em seguida, tentando interpretá-los: se disser que preciso de 10 mil recipientes de vidro para a produção de vacinas, então a IA tentará interpretar o que isso significa, qual o produto que está no sistema. Aí, fará uma proposta para a pessoa e lidará com o pedido. Até mesmo o canal do WhatsApp é rastreado por automação de processos robóticos. Desta forma, passaram a processar todos aqueles pedidos e ainda ser eficientes e dar os melhores medicamentos a fornecedores da maneira mais rápida possível.
Porque é foi importante para a SAP estar aqui (em Portugal, na Web Summit) este ano?
Este ano, é a primeira vez que temos um orador em palco para falar realmente da SAP e mostrar-nos. Como o moderador nos introduziu, somos “provavelmente, a maior empresa que ainda não conhecem”. A SAP está por detrás de tantas outras empresas e não é tão visível. Ajuda as organizações já estabelecidas mas também as startups a conhecerem a SAP. Isto para que quando cresçam um bocado e querem tornar-se mais profissionais também usem a SAP e possamos ajudá-las. A nossa presença aqui é também sobre startups. Temos um novo programa com o qual ajudamos startups com serviços na nuvem em áreas como finanças, manufatura, cadeias de fornecimento e damos isso de graça por meio ano para os ajudar.
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