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O país começou esta semana a sair à rua após um mês e meio de confinamento
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O país começou esta semana a sair à rua após um mês e meio de confinamento

O país começou esta semana a sair à rua após um mês e meio de confinamento

Vêm aí os dias D para perceber o impacto do desconfinamento na evolução da Covid em Portugal

Aumento de casos devido ao desconfinamento é expectável. Se acontecer, é já a partir desta sexta, mas só estarão nas estatísticas a partir de quarta — já depois de o Governo ouvir os especialistas.

Começa esta sexta-feira o período crucial para avaliar o impacto da primeira fase do desconfinamento na evolução da epidemia de Covid-19 em Portugal. Já se sabe que o regresso gradual à normalidade, que começou no início da semana, vai levar a um aumento do número de novos casos de contágio no país, mas esse efeito só agora se vai começar a sentir. Segundo especialistas consultados pelo Observador, a maioria das pessoas que tiverem contraído o vírus a partir de segunda-feira como consequência do desconfinamento deverão adoecer a partir desta sexta-feira — embora se estime que estes casos só comecem a refletir-se nos números oficiais a partir da quarta-feira.

Na próxima terça-feira, especialistas e líderes políticos voltam a reunir-se nas instalações do Infarmed, em Lisboa, para avaliar como correu a primeira semana de desconfinamento após um mês e meio de estado de emergência. O Governo decidiu que a reabertura seria realizada em fases, aumentando a cada 15 dias o número de serviços e atividades que podem voltar a funcionar. Porém, na próxima terça-feira, momento em que o Governo deverá perceber junto dos especialistas se há ou não condições para prosseguir para a segunda fase do desconfinamento, é possível que ainda não haja um retrato claro de qual foi o impacto real da primeira fase.

O desconfinamento em Portugal começou esta semana. A segunda fase está marcada para o dia 18 deste mês

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Especialistas ouvidos pelo Observador sublinham que, tendo em conta o comportamento do coronavírus, os efeitos do desconfinamento iniciado na segunda-feira vão sentir-se com maior intensidade a partir desta sexta-feira, uma vez que, em média, as pessoas infetadas começam a registar os primeiros sintomas entre cinco e sete dias depois do contágio. Mas o período que decorre entre os primeiros sintomas e a obtenção dos resultados de um teste de diagnóstico, passando pelo momento em que o doente dá o primeiro passo e procura ajuda médica, deve remeter o reflexo destes novos casos nas estatísticas oficiais para a próxima semana — em média, a partir do décimo dia após a reabertura, ou seja, a partir da próxima quarta-feira.

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No último dia de abril, o Governo anunciou que, com o fim do estado de emergência, se iniciaria a primeira fase do desconfinamento, depois de o país ter estado sob fortes medidas de isolamento durante quase dois meses. O processo arrancou na segunda-feira, com a reabertura de alguns serviços e transportes públicos. Para os dias 18 de maio e 1 de junho estão previstas as fases seguintes do desconfinamento, com a abertura gradual de mais serviços e a retoma das restantes atividades.

Infografia. Que serviços reabrem e em que dia?

Contudo, desde o início, o Governo deixou bem claro que as decisões seriam reavaliadas a cada 15 dias, uma vez que o progressivo regresso à vida normal levará a um inevitável aumento do número de novos casos de Covid-19. Resta saber se o sistema de saúde tem capacidade para lidar com esse aumento provocado por cada medida — e se o desconfinamento não faz subir o famoso “R” (número médio de pessoas que cada doente infeta) para um valor acima de 1, conduzindo a um potencial descontrolo da epidemia no país.

O maior problema, nesta altura, está na região de Lisboa, que tem um R de 1, segundo os dados mais recentes. Está, assim, acima da média do país, que continua nos 0,9.

Efeitos do desconfinamento a partir de sexta-feira, mas só para a semana surgem nos boletins

A decisão do Governo de definir um plano de desconfinamento gradual com várias fases que permitam avaliar o impacto de cada medida vem na linha do que foi recomendado pela Comissão Europeia e que está a ser aplicado em todos os países que já começaram ou estão a preparar-se para o regresso à normalidade.

Em Portugal, a opção foi a de deixar um período de duas semanas entre cada fase, permitindo aos especialistas perceber de que forma a primeira fase — que passou pela reabertura das lojas mais pequenas, cabeleireiros e barbeiros, stands de automóveis, transportes públicos, livrarias e serviços públicos — influenciou a evolução do número de doentes de Covid-19 no país.

A grande maioria das pessoas que adoecerem (porque há quem não chegue a ficar doente) vão sentir os sintomas “entre o quinto e o sétimo dia” após o contágio, diz o médico Filipe Froes

Apesar de o coronavírus ser ainda, em grande medida, uma novidade, a comunidade científica já dá como certos os tempos em que o vírus atua. O período de incubação pode ir até aos 14 dias após o contacto com o vírus — mas, em média, os sintomas da doença surgem entre o quinto e o sétimo dia.

Ao Observador, o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, advertiu para a necessidade de fazer uma monitorização diária dos números, lembrando que, apesar de o desconfinamento ter começado oficialmente no dia 4 de maio, já tinha havido mais movimentação nas ruas portuguesas na semana anterior — o que pode estar já a influenciar os números desta semana.

Segundo Filipe Froes, o padrão temporal em que o vírus faz efeito pode resumir-se da seguinte forma: a partir do contacto com a fonte da infeção, a doença surge “nunca antes de dois dias depois”; depois, “99% das pessoas que adoecerem vão registar os sintomas até ao 14.º dia”; mas a grande maioria das pessoas que adoecerem (porque há quem não chegue a ficar doente) vão sentir os sintomas “entre o quinto e o sétimo dia” após o contágio.

O impacto do desconfinamento que começou esta semana só deverá refletir-se nas estatísticas a partir da próxima quarta-feira

OCTAVIO PASSOS/OBSERVADOR

Isto significa que os efeitos do desconfinamento iniciado na segunda-feira vão começar a sentir-se a partir desta sexta-feira, o quinto dia depois do regresso às ruas. Se esta primeira fase do desconfinamento provocar um aumento significativo do número de pessoas doentes em Portugal, esse aumento vai sentir-se a partir do fim-de-semana.

Porém, não quer isto dizer que os boletins epidemiológicos divulgados pela Direção-Geral da Saúde na sexta, sábado e domingo reflitam este aumento, como alerta ao Observador Ricardo Mexia, médico de Saúde Pública do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.

Apresentando a mesma explicação que Filipe Froes, Ricardo Mexia diz que é preciso também considerar o tempo que as pessoas demoram a contactar os serviços de saúde e a fazer um teste de diagnóstico. “Sabemos que o tempo de incubação mediano é entre os cinco e os seis dias. Ou seja, as pessoas que adoecem hoje foram infetadas há cinco ou seis dias”, explica o médico. “Portanto, cinco ou seis dias depois de uma exposição é quando tendencialmente há o pico das ocorrências.

"Diria que, tipicamente, o mais provável é o impacto [do desconfinamento] sentir-se dez dias depois"
Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública

“O desconfinamento começou na segunda-feira. As pessoas que venham a desenvolver os sintomas vão desenvolver a doença na sexta ou no sábado”, continua Ricardo Mexia. “Mas o boletim só vai registar esses casos uns três dias depois. Até terem recorrido aos serviços de saúde depois de terem os sintomas, as pessoas demoravam um ou dois dias, embora agora estejam a demorar menos, e depois ainda é preciso fazerem o teste e terem o resultado. Diria que, tipicamente, o mais provável é o impacto sentir-se dez dias depois.

Ou seja, os números que forem registados na próxima semana, especialmente a partir de quarta-feira, serão os mais indicados para refletir o efeito do desconfinamento — embora, antes disso, o efeito possa verificar-se, de forma mais imperfeita, num eventual aumento do número de casos suspeitos ou de pessoas a aguardar o resultado dos testes.

Se o desconfinamento tiver provocado um aumento significativo do número de casos em Portugal, esta é a linha temporal aproximada com que os efeitos se vão produzir. ILUSTRAÇÃO: ANA MARTINGO/OBSERVADOR

Ambos os especialistas destacam, contudo, que apesar de ser necessário prestar uma atenção redobrada aos números relativos ao próximo fim-de-semana, não se pode descurar a monitorização diária. “É preciso olhar a evolução diária ao longo dos próximos dias”, diz Filipe Froes. Até porque, como acrescenta Ricardo Mexia, “já estamos a sentir o impacto de um certo desconfinamento” iniciado antes de segunda-feira.

Aumento “inevitável” obriga a monitorização permanente

Que o desconfinamento vai levar a um aumento do número de casos de Covid-19 é uma inevitabilidade que a ninguém deve surpreender. Aliás, foi essa inevitabilidade que marcou toda a discussão que tornou famoso o “R” — o número de reprodução do vírus, um indicador que reflete o número médio de pessoas que cada infetado contagia. Se esse número for superior a 1, então a epidemia cresce; se o número for inferior a 1, a epidemia caminha para a extinção.

Este “R”, que chegou a ser de 2,49 no início do surto em Portugal (antes da implementação de qualquer medida de confinamento), foi gradualmente descendo até aos 0,9, altura em que a possibilidade de levantar as restrições começou a ser discutida. Nesse momento, os especialistas alertaram que ainda era cedo. Seria preciso descer ainda mais o “R” — o valor de 0,7 foi apontado, com base na experiência internacional, como meta a alcançar — para aumentar a margem de manobra. Sendo inevitável que o contágio iria acelerar com o desconfinamento, era essencial garantir que o “R” não voltava a subir acima de 1, o que poderia levar novamente ao descontrolo da epidemia e até a um novo confinamento.

Ao Observador, fonte oficial da Direção-Geral da Saúde esclareceu que o “R” português continua em 0,9. Porém, embora a média nacional seja essa, a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo é mais preocupante: ali, o valor do “R” é de 1. Nas regiões Norte e Centro é de 0,9.

A inevitabilidade é, aliás, assumida pelo próprio Governo. “O levantamento gradual das medidas de confinamento conduzirá inevitavelmente a um aumento dos novos casos de infeção com o coronavírus, pelo que se torna necessário assegurar um acompanhamento constante dos dados epidemiológicos, podendo as medidas tomadas ser adaptadas ou reintroduzidas novas medidas para que a pandemia se mantenha controlada”, lê-se na resolução do Conselho de Ministros que aprovou o plano de desconfinamento.

"O levantamento gradual das medidas de confinamento conduzirá inevitavelmente a um aumento dos novos casos de infeção com o coronavírus"
Resolução do Conselho de Ministros sobre plano de desconfinamento

Foi por isso que Portugal definiu que o “calendário da estratégia de levantamento de medidas de confinamento contém um período de 15 dias entre cada fase de desconfinamento” — “para que sejam avaliados os impactos das medidas na evolução da pandemia”.

Foram essas também as recomendações que chegaram de Bruxelas através de um documento elaborado em abril pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. “É amplamente entendido entre os especialistas em epidemiologia que, mesmo com medidas de confinamento, o vírus continua a circular, e que qualquer nível de alívio gradual do confinamento irá inevitavelmente levar a um aumento correspondente do número de novos casos”, escreveram os líderes europeus nas orientações dadas aos Estados-membros.

“Isto vai obrigar a uma monitorização constante e detalhada, bem como uma preparação para ajustar e reintroduzir novas medidas se necessário”, vinca o documento europeu, acrescentando que o levantamento tem de ser “gradual, uma vez que as medidas deverão ser levantadas em passos distintos e deve ser deixado tempo suficiente entre cada passo (por exemplo, um mês), já que o efeito do levantamento só pode ser medido com o tempo”.

Desconfinamento na Europa está a correr bem

Embora o exemplo dado pela União Europeia seja o de deixar um mês entre cada medida de desconfinamento, a maioria dos países estão a optar, tal como Portugal, por planos graduais com medidas a cada 15 dias. É o caso de Espanha, que esta semana iniciou uma “fase zero” do desconfinamento, uma espécie de antecâmara para um processo faseado de retoma da atividade económica que deverá começar na próxima segunda-feira e que contará com várias fases com duração mínima de 15 dias.

Outro exemplo é o da Finlândia, que começou o desconfinamento ao mesmo tempo que Portugal — e que por isso deverá começar a sentir os efeitos do retorno à normalidade sensivelmente ao mesmo tempo. De acordo com o calendário de desconfinamento divulgado pelo governo finlandês, o processo também será faseado: esta semana começaram a reabrir as bibliotecas, estando a reabertura de escolas, restaurantes, eventos desportivos e outras atividades prevista para as duas próximas fases, a 14 de maio e 1 de junho.

A vida está a ser retomada, mas ainda longe da normalidade antes da pandemia

OCTAVIO PASSOS/OBSERVADOR

Mas é possível tirar algumas lições olhando para os países que começaram a retomar a atividade normal há mais tempo. É o caso da Noruega, cujo governo anunciou, logo no início de abril, as primeiras datas para o regresso à normalidade depois de o “R” do país ter chegado aos 0,7 (foi, aliás, o exemplo norueguês que os especialistas apresentaram aos políticos portugueses na reunião em que se começou a discutir o horizonte do desconfinamento).

O governo norueguês decidiu que a partir do dia 20 de abril poderiam abrir os jardins de infância e que a partir do dia 27 de abril seriam reabertas as escolas primárias. A partir do dia 20 de abril puderam também reabrir os serviços clínicos que tinham sido suspensos (como psicólogos) e a partir de 27 de abril foi a vez de serviços como cabeleireiros e esteticistas (que tiveram de seguir protocolos rigorosos de higiene), bem como de outros serviços de maior necessidade. Porém, a maioria dos cafés e restaurantes mantiveram-se fechados, enquanto os eventos de massas, como os desportivos, se mantêm proibidos até ao dia 15 de junho.

Ainda assim, olhando para os números da pandemia na Noruega, é possível perceber que não houve um problema de descontrolo da epidemia na sequência do desconfinamento. Os dados divulgados pelo Instituto de Saúde Pública da Noruega (que publica o número de casos associados ao dia em que o teste é feito, e não ao dia em que o resultado é conhecido) mostram que houve uma subida do número de novos casos uma semana depois do arranque da primeira fase de desconfinamento (entre o sexto e o sétimo dia houve mesmo uma duplicação do número de novos casos, de 35 para 72), mas o valor começou rapidamente a estabilizar de novo em torno dos 40.

Desconfinamento na Noruega começou a 20 de abril. Nas duas semanas seguintes, após um aumento do número de casos, o valor estabilizou e a epidemia não saiu do controlo das autoridades

Folkehelseinstituttet

A Áustria tem sido outro dos países apontados como um caso do sucesso. A 14 de abril, o país permitiu a reabertura de algumas lojas, nomeadamente aquelas com áreas inferiores a 400 metros quadrados, sob fortes medidas de segurança e higiene. A segunda fase da reabertura — que inclui bares, restaurantes, igrejas, escolas e outros serviços — está agendada para o dia 15 de maio.

Também no caso austríaco, a primeira fase do desconfinamento não provocou alterações significativas na curva epidemiológica. De acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde austríaco, uma semana depois da implementação da primeira fase do desconfinamento, o número de casos diários era já cerca de metade do que no dia da reabertura. Dez dias depois — para seguir o mesmo critério apontado pelos especialistas em Portugal —, registavam-se 82 novos casos na Áustria, contra 148 no dia em que começara o desconfinamento. Até hoje, o número de novos casos tem-se mantido estável, não tendo ainda ultrapassado aquele valor do décimo dia.

Na Áustria, as primeiras lojas começaram a abrir a 14 de maio, mas o número de novos casos manteve-se estável nas semanas que se seguiram ao início do desconfinamento

Bundesministerium für Soziales, Gesundheit, Pflege und Konsumentenschutz

Em Itália, o grande plano de desconfinamento — a prometida “Fase 2” da luta contra a Covid-19 num dos países que mais sofreram com a doença — também arrancou esta segunda-feira, com o regresso ao trabalho de 4,4 milhões de italianos, sobretudo nas áreas da produção industrial e construção civil, após dois meses de confinamento. Para um segundo momento, com início a 18 de maio, está em cima da mesa a possibilidade de reabertura de cabeleireiros e serviços similares e também de ginásios e recintos desportivos, sob fortes restrições. As escolas mantêm-se fechadas e, embora tenha havido discussões no país sobre a possibilidade de ainda reabrirem este ano letivo, o governo italiano continua a apontar a reabertura para setembro.

Porém, o país fez uma experiência de reabertura logo a partir de 14 de abril, permitindo a um pequeno conjunto de estabelecimentos — livrarias, papelarias e lojas de roupa para crianças e bebés — a possibilidade de retomarem a atividade. Esta fase intermédia, destinada a avaliar o impacto de uma reabertura da economia em maior escala, deixou de fora algumas regiões do norte do país, mais afetadas pelo vírus.

De acordo com os dados oficiais da Proteção Civil italiana, o número de novos casos não sofreu uma variação significativa na sequência desta reabertura — aliás, dez dias depois deste primeiro e tímido desconfinamento, o número de novos casos começou a tendência de queda acentuada que ainda se mantém. Porém, o efeito do desconfinamento em maior escala só poderá ser medido na próxima semana.

A primeira experiência de reabertura em Itália, que arrancou a 14 de abril, não conduziu a um aumento significativo no número médio de novos casos por dia no país

Dipartimento della Protezione Civile

A Alemanha também já começou o processo de desconfinamento gradual. A 20 de abril, o país permitiu a abertura das lojas com menos de 800 metros quadrados — embora alguns estados tenham aplicado esta medida de reabertura em dias diferentes ao longo dessa semana. As escolas estão a reabrir de forma gradual ao longo deste período, havendo diferenças nos calendários entre os vários estados que compõem a república federal, depois de os governos regionais terem manifestado opiniões diferentes sobre qual seria o melhor momento para retomar as aulas.

Esta quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que a primeira fase da pandemia estava “ultrapassada”. Depois de uma reunião com os líderes dos governos regionais, Merkel mostrou-se otimista com a forma como o país conseguiu “abrandar a disseminação do vírus” e disse que havia chegado a hora de reabrir o país. As medidas de distanciamento social mantêm-se pelo menos até ao dia 5 de junho, mas a generalidade do comércio, da indústria e dos serviços já tem luz verde para reabrir a partir desta semana — e até os jogos da Bundesliga vão ser retomados, à porta fechada, a partir do meio do mês.

A 20 de abril, as lojas começaram a reabrir na Alemanha, mas o número de casos novos continuou a descer (a azul, os casos à data de início da doença; a laranja, em alternativa, pela data do registo)

Robert Koch-Institut

Tal como no caso italiano, só dentro de uma semana é que os efeitos deste desconfinamento em larga escala se poderão fazer sentir na Alemanha. Mas é possível avaliar o impacto das primeiras medidas de desconfinamento, nomeadamente no que diz respeito à reabertura das lojas mais pequenas. De acordo com os números oficiais do instituto de saúde pública alemão, ajustados ao dia de início da doença, mostram que nas duas semanas seguintes ao início do desconfinamento o número de novos casos manteve a trajetória descendente.

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