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O que é um "people pleaser"?

O termo não tem tradução direta para português, mas refere-se a alguém que tem como característica a necessidade excessiva de agradar aos outros, muitas vezes à custa de colocar de parte as suas próprias necessidades e desejos.

São pessoas que valorizam muito a aprovação dos outros, tendem a dizer “sim” a tudo e a colocar o bem-estar alheio à frente do seu.

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Que problemas de saúde mental podem estar associados a este comportamento? 

Este comportamento é conveniente para os outros mas acaba muitas vezes por ter um impacto psicológico e emocional para a própria pessoa.

“Está associado a diversos problemas de saúde mental a médio e longo prazo, como o aumento de ansiedade, o aumento da sintomas de depressão, o burnout, dificuldade em estabelecer limites e relações saudáveis e duradouras, sentimentos de fadiga e frustração, e até uma desconexão e isolamento social”, diz a psicóloga Joana Gentil Martins.

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Mas como é que um "people pleaser" se comporta?

Geralmente, as características mais evidentes de um “people pleaser” são a dificuldade em dizer “não”, o evitamento de situações de discórdia ou conflito, uma autoestima baixa e uma necessidade constante de validação, por exemplo, de receber elogios.

No entanto, há um conjunto de outras características e comportamentos, que é habitual encontrar nestas pessoas:

  • Dificuldade em reconhecer as próprias emoções e necessidades;
  • Problemas em estabelecer limites e terminar relações;
  • Responsabilização em excesso pelo bem-estar dos outros;
  • Alteração do comportamento e valores conforme a pessoa com quem estão, para lhe agradar;
  • Dificuldade em procurar ou pedir ajuda, com receio que os outros interpretem isso como uma fraqueza;
  • Dificuldade em dar a sua opinião;
  • Pedir desculpa constantemente, mesmo em situações em que não tem culpa;
  • Dificuldades em estabelecer prioridades;
  • Preocupação excessiva com o julgamento dos outros;
  • Autocrítica muito elevada.
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Qual é a origem deste comportamento? 

Há habitualmente vários fatores que, em conjunto, levam a pessoa a comportar-se assim.

A psicóloga Joana Gentil Martins explica que a necessidade de agradar excessivamente aos outros se deve geralmente a fatores que incluem “baixa autoestima, crenças limitantes, elevada sensibilidade à rejeição, o medo da desaprovação e aprendizagem durante a vida de que agradar ao outro é mais seguro ou vantajoso”.

A psicóloga exemplifica: uma criança que cresceu num ambiente onde o amor e a aceitação estavam dependentes de ela cumprir algumas condições, sendo castigada, repreendida ou rejeitada quando não cumpria, pode desenvolver esta tendência de ter sempre comportamentos agradáveis.

Um “people pleaseré alguém que habitualmente desenvolveu crenças falsas, às quais os psicólogos costumam chamar distorções cognitivas. A psicóloga exemplifica algumas:

  • “Se eu não agradar a esta pessoa, ela vai deixar de gostar de mim”;
  • “Se eu digo ‘não’, ele deixa de ser meu amigo”;
  • “Se eu me colocar em primeiro lugar sou egoísta”;
  • “Só está a elogiar-me para ser simpático”.

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É possível mudar este comportamento?

Sim. Quando a pessoa o identifica e percebe que lhe traz problemas e sofrimento, pode e deve procurar ajuda e é possível mudar.

“Em terapia”, explica a psicóloga clínica, “trabalhamos com estas pessoas para saberem identificar as suas crenças centrais disfuncionais, como a ideia de que o seu valor depende de agradar aos outros. E ensinamos estratégias para desafiar esses pensamentos”.

É um trabalho gradual, frisa, mas com grande hipótese de ser bem-sucedido. “É possível desaprender este padrão e construir relacionamentos mais equilibrados — com os outros e consigo.”

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E além de fazer psicoterapia, há exercícios que seja possível fazer sozinho?

Sim. Qualquer pessoa que identifique este comportamento em si pode praticar a “auto-observação” e o “auto-questionamento”. Por outras palavras: estar atento ao que faz e ao que sente e fazer perguntas sobre isso.

Joana Gentil Martins deixa um conjunto de perguntas que são relevantes para quem se sente neste padrão:

  • Onde, na sua vida, sente que está a dizer “sim” quando quer dizer “não”?
  • Quando foi a última vez que se sentiu desconfortável ou desrespeitado/desrespeitada numa relação ou situação?
  • Quais são as situações ou pessoas que drenam a sua energia?
  • Quais são as suas necessidades? Está a ignorá-las?
  • Estou a fazer isto porque realmente quero, ou porque acho que “tem de ser”?
  • Se eu dissesse “não”, o que realmente aconteceria? A outra pessoa deixaria de gostar de mim, ou estou a catastrofizar? Quando alguém me disse ” não” a mim, eu deixei de gostar/falar com a pessoa?
  • Se a pessoa deixar de gostar de mim porque eu digo “não” para me priorizar, será que é uma pessoa que eu queria tanto assim na minha vida?
  • O que é gostar verdadeiramente de alguém? Está dependente dos seus “sins” e “nãos” ou é mais do isso?