- O que é a ansiedade da separação?
- Se é considerada normal, porque é que algumas crianças têm e outras não?
- Quais são as manifestações mais evidentes desta ansiedade?
- Como é que os pais devem lidar com a criança?
- A ansiedade da separação é normal ou uma doença?
- Quando é que os pais devem procurar ajuda? Quais os sinais?
- Qual é o impacto da ansiedade da separação na saúde mental das crianças e dos pais?
- Como se trata a ansiedade da separação?
Explicador
- O que é a ansiedade da separação?
- Se é considerada normal, porque é que algumas crianças têm e outras não?
- Quais são as manifestações mais evidentes desta ansiedade?
- Como é que os pais devem lidar com a criança?
- A ansiedade da separação é normal ou uma doença?
- Quando é que os pais devem procurar ajuda? Quais os sinais?
- Qual é o impacto da ansiedade da separação na saúde mental das crianças e dos pais?
- Como se trata a ansiedade da separação?
Explicador
O que é a ansiedade da separação?
É o medo que o bebé ou criança sente quando é fisicamente afastada das pessoas que lhe são mais próximas, geralmente os pais. Pode manifestar-se em situações como ser deixada na creche, ver a mãe a sair da sala ou passar do colo do pai para o de outra pessoa.
Embora nem todas as crianças a sintam, é considerada uma fase normal do desenvolvimento infantil — entre os seis meses e os três anos — e está relacionada com a dependência que a criança sente dos cuidadores principais e com o desejo de segurança que tem.
Se é considerada normal, porque é que algumas crianças têm e outras não?
Não há uma resposta evidente a essa pergunta, mas sabe-se que a personalidade da criança, a dos pais e o contexto influenciam a ansiedade que a criança sente. “Algumas crianças são naturalmente mais ansiosas e sensíveis às mudanças do que outras, o que as pode tornar mais propensas a desenvolver ansiedade de separação”, explica o neuropsicólogo Paulo Dias. A criança é “uma esponja emocional”, capaz de absorver de forma intensa o ambiente ao seu redor. “Estas características, combinadas com um estilo parental excessivamente protetor ou ansioso, poderá reforçar a ansiedade da criança.”
Por outro lado, o neuropsicólogo refere que pode haver situações stressantes e potencialmente traumáticas, que deixam feridas emocionais que potenciam os sintomas de ansiedade. Um exemplo disso são situações em que as crianças tiveram de lidar com o desaparecimento ou afastamento repentino e prolongado de um dos pais ou outra figura de referência.
Quais são as manifestações mais evidentes desta ansiedade?
“A intensidade e a duração [destas crises de ansiedade] podem variar”, diz Paulo Dias. “Algumas crianças demonstram apenas sintomas leves enquanto outras têm uma ansiedade mais pronunciada.”
Os sintomas mais típicos incluem choro excessivo [quando os pais se afastam], recusa em ir para a escola ou participar em atividades sem a presença dos pais, um apego extremo aos pais e queixas físicas como dores de barriga ou de cabeça que ocorrem sem causa aparente.
Estas crianças também têm tendência a agarrar-se aos pais com mais força quando estão em locais que não conhecem, sentir medo quando se aproximam pessoas estranhas, pedir companhia para adormecer e/ou acordar durante a noite a chamar pela mãe, pai ou outra pessoa de referência e manifestar uma preferência muito clara por um dos progenitores.
Como é que os pais devem lidar com a criança?
Paciência, compreensão e consistência. Estas são as palavras-chave, já que a criança frequentemente reflete as emoções dos pais. Como estratégias que podem ser benéficas para ajudar a sentir mais segurança e confiança em si própria, o neuropsicólogo sugere:
- Criar uma rotina consistente e previsível para despedidas e reencontros, o que ajuda a transformar momentos difíceis em algo esperado, logo menos assustador;
- As despedidas devem ser breves e otimistas, mas não recorrendo a fugas inesperadas e repentinas;
- A utilização de objetos de conforto, como uma mantinha ou um peluche especial, pode resultar muito bem, servindo estes objetos como substituto simbólico que proporciona segurança emocional quando os pais não estão presentes.
A ansiedade da separação é normal ou uma doença?
Tal como no adulto, a ansiedade pode ser uma emoção normal ou problemática.
Isso significa que, quando os sintomas são muito frequente, se prolongam para lá da idade esperada, causam muito sofrimento à criança e têm um impacto no bem-estar e nas rotinas habituais, é possível que já não se esteja perante uma ansiedade natural desta fase do desenvolvimento e sim perante uma Perturbação da Ansiedade da Separação, pelo que os pais devem procurar ajuda.
Quando é que os pais devem procurar ajuda? Quais os sinais?
No geral, sempre que os sintomas se prolongam no tempo ou são muito intensos, prejudicando o funcionamento da criança e da família. O neuropsicólogo Paulo Dias aponta seis situações que devem ser entendidas como sinais de alerta:
- Crises de pânico ou ansiedade antecipatória intensa sobre a separação;
- Necessidade de estar sempre junto dos pais, dentro ou fora de casa;
- Dificuldade em dormir sozinho;
- Pesadelos frequentes sobre separação, abandono ou morte do pai, mãe ou avós;
- Queixas físicas frequentes (como dores de cabeça ou de barriga) especialmente antes e durante os contextos de separação;
- Recusa persistente em ir à escola ou participar em atividades sociais.
Qual é o impacto da ansiedade da separação na saúde mental das crianças e dos pais?
Se a ansiedade da separação é muito intensa, muito frequente e/ou prolongada no tempo, pode ter um impacto grande na criança, nos pais e na relação entre todos, já que cria um ciclo vicioso de stress e angústia que influencia toda a dinâmica familiar.
“As crianças com ansiedade de separação podem apresentar dificuldades na aprendizagem, problemas de socialização ou até desenvolver um quadro de ansiedade generalizada. Para os pais, lidar com a ansiedade de separação de um filho pode ser extremamente exigente, causando sentimentos de culpa, frustração e exaustão.”
Como se trata a ansiedade da separação?
O tratamento pode envolver medicação — se os sintomas forem muito incapacitantes — psicoterapia ou ambas.
Na psicoterapia, o principal objetivo é mudar os padrões de pensamento e comportamento da criança, “além de desenvolver estratégias que promovem a segurança emocional necessária para tornar-se mais independente e confiante, bem como elevar a sua autoestima”, explica Paulo Dias. “Na maioria dos casos, é necessário incluir os pais na terapia, fornecendo-lhes ferramentas e estratégias para que possam lidar com a situação e dar o suporte necessário à criança.”