A 26 de novembro surgiu uma publicação no Facebook que continha um frame de um vídeo de um alegado escândalo na Eslovénia. Uma enfermeira eslovena terá dito que vários políticos do país que receberam a vacina da Covid-19 foram, na verdade, vacinadas com placebo e com uma solução salina. É também garantido que quem tomasse uma das vacinas teria, daqui por dois anos, cancro. O vídeo foi, entretanto, apagado do Facebook. Não há registo de notícias credíveis relacionadas com o caso. Trata-se de uma publicação falsa.
O alegado escândalo foi repartilhado em várias publicações e chegou a alguns sites. Ainda assim, nenhum deles está associado a um órgão de comunicação social credível. Até porque, nesses sites, os textos encontrados são praticamente iguais aos da publicação original e relatam a mesma história: uma enfermeira, da University Medical Center em Liubliana, que denunciou um escândalo na Eslovénia, onde foram vacinados vários políticos com uma solução salina ou placebo aquando da toma da vacina da Covid-19.
No entanto, o Faltograf, fact-checker esloveno e parceiro do Observador nesta área e, também, membro do Poynter Institute, já desmentiu esta publicação. No seu artigo citam o portal esloveno 24ur, que chegou a falar com o hospital onde trabalharia a alegada enfermeira, sendo certo que toda a informação partilhada é falsa. E ainda há outro ponto importante: a enfermeira não trabalha naquele hospital esloveno. Garantem também que o diretor do hospital, Zdenka Mrak, pediu para que os cidadãos eslovenos se vacinassem contra a Covid-19.
Depois, o site em causa que partilhou o vídeo, segundo o 24ur, foi registado na Islândia em 2016 e o seu dono tem um registo em Belize. O conteúdo circulou, de forma mais rápida, pela VKontakte (uma rede social russa muito semelhante ao Facebook), especialmente em grupos anti-vacinas.
O vídeo foi originalmente publicado em julho deste ano e não em novembro, como pode transparecer pelo autor da publicação original. Segundo a Our World Data, a Eslovénia tem, neste momento, apenas 42,7% da população totalmente vacinada.
Conclusão
Uma teoria da conspiração online garante que rebentou um escândalo na Eslovénia depois de uma enfermeira ter denunciado que foram administradas soluções salinas e placebo em vez de vacinas Covid-19 a políticos daquele país. Pouca ou nenhuma informação na internet e nos órgãos de comunicação social credíveis corrobora o que é revelado pelo vídeo da publicação original. Um fact checker esloveno já veio desmentir o que foi defendido. Não há, por isso, qualquer prova de que o vídeo relate uma situação real.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.