O “pequeno passo para o Homem” foi dado por Neil Armstrong, quando pisou pela primeira vez na história da Humanidade o solo da Lua.
Aconteceu a 20 de julho de 1969. E desde então somam-se as teorias que procuram mostrar que a aterragem na Lua — ou alunagem — nunca aconteceu. Nas últimas décadas têm acrescentado argumentos a estas teorias da conspiração, desde a aparente agitação ao sabor do vento da bandeira norte-americana deixada na Lua a imagens que mostram a ausência de estrelas no céu negro.
Todos os argumentos já foram rebatidos, pela NASA, por especialistas e por artigos de verificação de factos. E o Observador não é exceção.
Em 1969, a Apollo 11 levou apenas três astronautas à Lua — Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins —, mas a missão envolveu mais de 400 mil pessoas. E é precisamente Buzz Aldrin, o piloto do módulo lunar da missão e o segundo homem a pisar a Lua, que está a ser alvo de várias publicações nas redes sociais que garantem que “nunca o homem foi à Lua”.
Em causa, está um curto vídeo que combina várias entrevistas a Buzz Aldrin — que hoje tem 93 anos. Uma delas mostra a seguinte declaração do antigo astronauta: “Mais assustador? Não aconteceu.”
E foi desta forma que Buzz Aldrin negou que a Apollo 11 tivesse aterrado na Lua? Não. O vídeo original remete-nos para uma conferência de imprensa realizada em 2015, na Universidade de Oxford, no Reino Unido, que contou a participação do antigo astronauta.
Na conferência, que durou mais de uma hora, Buzz Aldrin respondeu a perguntas do público universitário. Ao minuto 30′, é questionado por uma mulher da plateia sobre qual foi o momento mais “assustador” da viagem. Ao que Aldrin responde com a frase que é tirada do contexto: “Mais assustador? Não aconteceu. Podia ter sido muito assustador.”
Ao analisar a conferência, de uma ponta à outra, o Observador constatou que se torna claro que Buzz Aldrin não negava a viagem à Lua em 1969 (não o faz em relação a qualquer pergunta do público) e que simplesmente afirmava que não aconteceu qualquer momento “assustador”, apesar de ter havido essa possibilidade: “Podia ter sido muito assustador.”
Não deixa de ser caricato que Buzz Aldrin seja acusado de negar a viagem à Lua em 1969. Afinal, em 2002, o astronauta, que na altura tinha 72 anos, deu um esmurrou um instigador de teorias da conspiração na cara, Bart Sibrel, quando este perseguiu o antigo astronauta e o acusou de mentir sobre a aterragem da Apollo 11 na Lua. Sem surpresas, o incidente foi amplamente divulgado.
As viagens à Lua voltaram, mais recentemente, aos temas na ordem do dia. Em 2023, voltou a fazer-se História. A Índia tornou-se o quarto país a pousar na Lua com sucesso — depois dos Estados Unidos, Rússia e China. No mesmo ano, a Rússia viu a sua missão despenhar-se na superfície lunar e, nos meses que se seguiram, os Estados Unidos tentaram voltar à Lua — 50 anos depois. O foguetão Vulcano não tinha combustível suficiente e teve que voltar para trás, mas se fosse bem sucedido teria sido a primeira missão privada a chegar à Lua.
Conclusão
Não é verdade que Buzz Aldrin, um dos três astronautas que em 1969 pisaram a Lua, tenha dito que a missão “nunca aconteceu”. O vídeo que está a circular nas redes sociais reúne excertos de declarações do antigo astronauta que são tiradas do contexto.
Em 2015, numa conferência na Universidade de Oxford, Buzz Aldrin disse de facto a frase que lhe está a ser atribuída: “Mais assustador? Não aconteceu”, mas ao analisar a conferência na íntegra é fácil verificar que o astronauta estava a responder a uma pergunta sobre se tinham existido sustos durante a viagem. Disse Buzz Aldrin: “Mais assustador? Não aconteceu. Podia ter sido muito assustador.”
Aliás, ajuda a compreender que o antigo astronauta não é adepto de teorias da conspiração quando, em 2002, deu um soco a um autor dessas mesmas teorias, depois de o homem ter acusado o antigo astronauta de mentir sobre a ida do homem à Lua em 1969.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.