A viagem do Homem à Lua já serviu de inspiração a livros, música, filmes, mas, sobretudo, a muitas teorias da conspiração. Desde o facto de não existir “vento” na Lua, à falta de estrelas no céu, são muitas as ideias partilhadas por quem não acredita que a Humanidade deu esse pequeno/grande passo. Agora, uma publicação vem dar força à ideia de que, na verdade, um dos momentos mais importantes da história recente foi, afinal, gravado num estúdio.

No post, o utilizador escreve, em tom de ironia, que “o primeiro homem na Lua foi o operador de câmara de Neil Armstrong”, para sugerir que a história da viagem de 1969 foi, de alguma forma, falsificada. A publicação recorre a uma fotografia que, alegadamente, mostra Armstrong — nome que ficou célebre por ser a primeira pessoa a pisar a Lua — a descer o Módulo Lunar Apollo, parte da nave usada no projeto Apollo. Mas uma simples pesquisa pelos arquivos da NASA permite-nos perceber que a imagem mostra, na verdade, um outro astronauta: Edwin “Buzz” Aldrin, a segunda pessoa a pisar o solo lunar.

Fact Check. A fotografia “mais nítida da superfície do sol” foi divulgada pela NASA?

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“A fotografia nunca podia ser do Neil Armstrong”, explica ao Observador o astrónomo José Augusto Matos, “até porque era preciso estar alguém na Lua, para o fotografar. As imagens são do segundo homem que desceu à Lua, Edwin Aldrin”. O especialista da Universidade de Aveiro sublinha que o que “existe” de Armstrong é uma imagem que o mostra “a descer as escadas do módulo, mas visto de cima“. Tal acontece porque “o módulo lunar tinha uma câmara agarrada à nave“, esclarece o astrónomo, e conseguiu assim filmar o momento histórico.

É engraçado que, não tendo sido ele o primeiro homem a pisar a Lua, se olharmos para as fotografias mais icónicas do Apollo 11, elas são do Aldrin”, lembra José Augusto Matos. “E há muitas fotos do Aldrin. O Armstrong é que andava com a câmara e foi tirando registos.”

Na página na internet, a NASA descreve que a imagem em questão mostra o “piloto Edwin Aldrin a descer as escadas até à superfície da Lua” e foi fotografa pelo “comandante Neil Armostrong”. A agência espacial norte-americana especifica que “Aldrin pisou a superfície” às primeiras horas do dia “21 de julho de 1969 e tornou-se a segunda pessoa a caminhar na Lua“. Armstrong, claro, foi a primeira, 13 minutos antes. Uma transcrição do diálogo trocado entre os dois astronautas pode ser encontrado online.

Nos arquivos que disponibiliza online, a NASA confirma, também, que “Armstrong tirou a maioria das fotografias na Lua”. Uma das raras imagens registadas por Aldrin mostra Neil Armstrong a “arrumar amostras lunares” recolhidas no âmbito da missão Apollo 11.

Neil Armstrong na Lua

“As teorias da conspiração em torno da viagem à Lua começaram logo nos anos 70, pouco tempo depois da missão, e foram-se difundido”, lembra ao Observador José Augusto Matos, “Até Stanley Kubrick [realizador de 2001 — Odisseia no Espaço] surge ligado a isso”. O astrónomo admite que é “curioso” que ainda se fale das mesmas teorias da conspiração nos dias de hoje, mas defende que o facto de estarem “mais acessíveis, via internet” contribui para que continuem a ser difundidas, décadas depois. Esta publicação é apenas mais uma.

Conclusão

Ao contrário do que alega a publicação, a fotografia mostra Edwin “Buzz” Aldrin — o segundo homem a pisar a Lua — e não o astronauta Neil Armstrong. Arquivo histórico da NASA prova que imagens de Armstrong em solo lunar são “raras” e foram tiradas já depois de dados os primeiros passos. Ao Observador, astrónomo José Augusto Matos confirma que missão Apollo 11 é com frequência alvo de teorias da conspiração — a ideia de que foi tudo “encenado” num estúdio de gravação é uma das mais populares.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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