Uma partilha do Facebook afirma que, na Austrália, a toma da quarta dose da vacina contra a Covid-19 foi proibida a menores de 30 anos, depois de as autoridades descobrirem um elevado risco de morte associado à toma da vacina. Publicações com as mesmas afirmações foram também feitas no Twitter. O conteúdo é enganador.

Até agora, a Austrália já vacinou cerca de 88,25% da sua população com, pelo menos, uma dose. Mas, nas últimas semanas, o número de casos de pessoas infetadas pelo novo coronavírus tem vindo a aumentar. O que levou o Ministério da Saúde australiano a deixar novas orientações à população.

O ministro da Saúde, Mark Butler, revelou, no passado dia 15 de novembro (o dia anterior à publicação que o Observador verifica), as medidas sugeridas pelo ATAGI, o grupo técnico que aconselha o governo australiano sobre as questões de imunização. Uma nova dose da vacina foi recomendada aos cidadãos mais velhos e a grupos de risco, mas não para toda a população. 

Na Austrália, qualquer pessoa com mais de cinco anos pode ser vacinada, contudo, o número de doses administradas é diferente por grupo etário — à semelhança do que é feito em Portugal. No último pico de casos de Covid-19 registado na Austrália, em julho deste ano, o governo já não estava a fazer o reforço a jovens com menos de 30 anos. E, com o decorrente aumento de casos, a decisão mantém-se.

O Governo australiano não mencionou que a decisão seja tomada por risco de miocardites ou risco de morte, ao contrário do que diz a publicação. Mas um dos membros do ATAGI revelou que não é provável que os menores de 30 anos (sem patologias associadas) venham a ser vacinados. Segundo o Sydney Morning Herald, Allen Cheng disse que a decisão se prendia com o “risco acrescido de miocardite e a falta de benefícios notórios” na tomada do reforço nesta faixa etária. “A vacinação é benéfica e protege as pessoas mais novas, mas quanto mais doses forem administradas menos benefício retiramos delas”, explica o académico. “Alguém com 30 anos que seja infetado com Covid-19 não vai provavelmente desenvolver complicações, ao contrário de alguém com 60 ou 70 anos”, acrescenta, dizendo que um jovem com três doses da vacina ainda se encontra “otimamente protegido”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são raros os casos em que a miocardite é provocada pela vacinação contra a Covid-19. A instituição diz ainda que o risco é maior pela infeção do que pela toma da vacina.

Conclusão

Uma publicação que surgiu em várias redes sociais afirma que o governo australiano decidiu proibir a terceira dose da vacina contra a Covid-19 aos menores de 30 anos. Segundo a partilha, a decisão está assente na descoberta de riscos de reações e morte “altíssimos”. Mas nem tudo isto é verdade.

Já há algum tempo que as autoridades de saúde da Austrália deixaram de recomendar o reforço a menores de 30 anos, mas nenhuma comunicação foi feita sobre os riscos de morte para esta faixa etária. Um dos membros do ATAGI (o conselho australiano para a imunização) disse que a decisão se prende por estar a expor os cidadãos ao risco de efeitos secundários, tal como miocardite, por um benefício que pode não ser notório. “A vacinação é benéfica e protege as pessoas mais novas, mas quanto mais doses forem administradas menos benefício retiramos delas”, explica. Já a OMS reconhece o risco de miocardite nesta faixa etária, mas revela que são mais os casos em que esta acontece por infeção do que por vacinação. 

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.

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