O ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, deixou as funções em janeiro de 2017, mas continua a ser alvo de várias publicações, muitas delas falsas ou enganadoras. No passo dia 9 de dezembro, surgiu uma publicação de Facebook que alegava que Obama tinha sido “preso a 28 de novembro de 2020 sob a acusação de conspirar com um parceiro de negócios, que também era um ex-oficial da CIA, por comunicar informações confidenciais aos serviços de inteligência da China”. O autor citou o site canadiano Conservative Beaver – que já não tem o artigo disponível. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa que já foi desmentida por fact-checkers internacionais.
Na verdade, o Conservative Beaver limita-se a plagiar um documento oficial do Departamento de Justiça norte-americano, datado de 17 de agosto de 2020, de um antigo funcionário da CIA, que foi detido e acusado de espionagem no Havai. De facto, Alexander Yuk Ching Ma foi acusado de ter partilhado informação confidencial, a nível top secret, com os serviços de inteligência da República Popular da China.
Um dos fact-checkers que verificou esta publicação foi a Agence France-Presse (AFP), que referiu que o artigo em questão não tinha o autor identificado, limitando-se a substituir o nome do espião acusado pelo do antigo presidente norte-americano. Alterou também a designação de “parente próximo”, que conspirou com Alexander Yuk, para “parceiro de negócios”, tal como é descrito na publicação original. Essa detenção verdadeira foi noticiada por diferentes órgãos de comunicação social, como a Reuters — que também verificou a publicação, considerando-a falsa — ou o The New York Times. No entanto, o documento oficial não faz qualquer referência a Barack Obama.
A detenção do antigo líder do Partido Democrata não foi destacada, em algum momento, pelas suas redes sociais. Olhando para a sua conta oficial de Twitter, são visíveis tweets dessa altura: a 25 de novembro, onde desejou um feliz dia de Acção de Graças, ou a 3 dezembro, para que os utilizadores se juntassem numa conversa entre o ex-líder dos EUA e senadores da Georgia. No dia seguinte, surgiu no talk-show norte-americano de Jimmy Fallon, o “The Tonight Show”, como se pode ver neste vídeo de Youtube:
Seria estranho, no mínimo, que Obama pudesse continuar a tweetar ou a surgir publicamente depois de uma detenção tão grave, onde existe a real possibilidade de enfrentar uma pena de prisão perpétua — tal como Alexander Yuk enfrenta, como se lê no documento da sua detenção.
Outros fact-checkers, como o Politifact ou o site do USA Today, também consideraram que a publicação era falsa. Este último chegou mesmo a contactar o site Conservative Beaver para uma reação, algo que acabou por não acontecer. Refere também que Barack Obama nunca foi detido, nem por espionagem nem por qualquer outro crime.
Convém também referir que, ao fazer-se uma pesquisa pela suposta detenção no Google, não é possível encontrar resultados credíveis que a comprovem.
Conclusão
Não é verdade que o antigo presidente norte-americano, Barack Obama, tenha sido preso por espionagem no passado mês de novembro. Essa informação falsa, que foi divulgada por um site canadiano, foi desmentida por vários fact-checkers internacionais. O artigo plagiou um documento oficial que conta a detenção de um funcionário da CIA, Alexander Yuk, que foi, de facto, detido por espionagem em agosto de 2020, por ter partilhado informações confidenciais com os serviços de inteligência da República Popular da China.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.